Nesta edição, começaremos a falar dos números do homem e do anticristo, buscando explicar o significado do 6 e esclarecendo porque o 666, o número da besta, tornou-se tão presente em nossos dias.

O evangelista norte-americano Jack Van Impe (1931-2020), um dos mais conhecidos estudiosos das profecias bíblicas nos Estados Unidos, mapeou mais de 30 grandes empresas e importantes organizações que usam abertamente o número 666 com o propósito de ampliar seus negócios. Seria a popularização do 666 mais um sinal do fim dos tempos?

O apóstolo João finaliza sua descrição da besta que subiu da terra com um enigma: Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, porque é número de homem; e o seu número é seiscentos e sessenta e seis (Ap 13.18).

Tanto no hebraico como no grego, as letras têm valor numérico. Diferente do latim, que apenas uma vogal e cinco consoantes – I=1; V=5; X=10; L=50; C= 100; D=500 – constituem o sistema numérico romano [Observação: o M foi adotado posteriormente]. É significativo que a soma dessas letras romanas dê 666.

Alguns acreditam que, embora tenha escrito em grego, João referia-se à numeração hebraica. Outros, que a besta seria mesmo identificada na escrita grega. Por fim, existe um terceiro grupo que procura atribuir o 666 a conhecidos inimigos da Igreja, valendo-se de algarismos romanos.

Misterioso 666 – O imperador romano Diocleciano (244-311) – Diocles Avgvstvs – tem o valor de 666. Usando-se os mesmos algarismos romanos, o sombrio 666 já foi associado até mesmo à autora norte-americana Ellen Gould White (1827-1915), cofundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia e profetisa do sabatismo. Consideraram, nesse caso, como se fazia no passado, o U como V, e o W como dois V – convém salientar que, em português e em inglês, o nome do W é duplo U, ao passo que, no espanhol, é duplo V.

A Bíblia identifica as bestas como homens no sentido restrito da palavra, e não como uma mulher ou um sistema religioso ou político, como o papado, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a Organização das Nações Unidas (ONU), a União Europeia. Com o passar dos séculos, esse foi o método largamente empregado para interrogar dezenas de inimigos e perseguidores do cristianismo e dos judeus desde o período apostólico até nossos dias.

O significado do número – Sendo 6 o número do homem, o 666 representaria então a imperfeição máxima e radical do ser humano. Simbolizando uma espécie de autossuficiência, uma extrema e frontal recusa em chegar ao 7, que é o número de Deus. A Bíblia mostra de muitas maneiras a relação do homem com o número 6:

a) Foi criado no sexto dia e deve trabalhar seis dias na semana.

b) No episódio de Davi e Golias, o gigante era da altura de seis côvados e possuía uma lança de 600 siclos de ferro. Então, saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo. Trazia na cabeça um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas; e era o peso da couraça de cinco mil siclos de bronze. E trazia grevas de bronze por cima de seus pés e um escudo de bronze entre os seus ombros. E a haste da sua lança era como eixo de tecelão, e o ferro da sua lança, de seiscentos siclos de ferro; e diante dele ia o escudeiro (1 Sm 17.4-7).

c) A estátua de Nabucodonosor apresenta o número 6 e seus múltiplos: O Rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja altura era de sessenta côvados, e a sua largura, de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia (Dn 3.1).

d) Em Golias, vemos o homem na sua força desafiando os exércitos de Deus e o próprio Deus. Na imagem de ouro de Nabucodonosor, vemos o resultado do orgulho humano, buscando para si mesmo um nome. Em ambos os casos, tanto o gigante filisteu como o rei babilônico são precursores do anticristo.

Outras presenças do 6 na Bíblia:

a) A serpente foi criada no sexto dia; o sexto mandamento está relacionado ao pior pecado: o assassinato; os descendentes de Caim são dados apenas até a sexta geração; em Gênesis 22, o holocausto é mencionado seis vezes (versículos 2, 3, 6, 7, 8 e 13), uma vez que o sétimo seria o cordeiro que o próprio Deus proveria.

b) Nos Salmos 9 e 10, que tratam do “homem da terra”, há um acróstico e é curioso notar que faltam exatamente seis letras do alfabeto hebraico. E mais: a Bíblia menciona seis terremotos; a rainha Atalia (mãe de Acazias) reinou por seis anos (2 Rs 11.1-3); Jesus foi acusado seis vezes de ter demônios; há seis palavras empregadas para o homem, a serpente tem seis nomes.

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