Conectados com Cristo | Revista Graça/Show da Fé
Missões – 254
01/09/2020
Entrevista – 254
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01/09/2020
Foto: Becca Tapert / Unsplash

CONECTADOS COM CRISTO

A presença de pastores e líderes evangélicos nas redes sociais tem se mostrado relevante para o crescimento do Reino de Deus

Por Ana Cleide Pacheco

O isolamento social mostrou que pode ser feito muito pela difusão das Escrituras por meio da internet. Com o fechamento temporário das igrejas, as atividades ministeriais tiveram de se adaptar. Para chegar às pessoas, pregações ao vivo, no YouTube, nas páginas do Facebook e nos perfis do Instagram, tornaram-se comuns. Desse modo, a web ofereceu um púlpito de alcance quase ilimitado, para que milhares de pastores e pregadores prosseguissem com a obra do Senhor.

Os ministros do Evangelho que não estavam inseridos nesse ambiente virtual foram obrigados a se ligar a ele sob pena de não poderem cumprir a missão para a qual foram chamados. “Temos visto um movimento bastante interessante”, observa o psicólogo Júlio César Silveira. Ele, que também é mestre em Ciências da Religião e professor universitário, compara os dias atuais às décadas passadas, quando os grandes influenciadores cristãos eram aqueles que reuniam multidões em cruzadas evangelísticas. Hoje, avalia Silveira, embora essas concentrações de fé continuem sendo relevantes, com o advento das redes sociais, abriu-se uma gama de novas oportunidades por meio dos canais digitais. “Ao contrário do que acontece nos eventos presenciais, não é possível saber quem está sendo atingido pelas ministrações no mundo virtual.”

O psicólogo Júlio César Silveira lembra que, “ao contrário do que acontece nos eventos presenciais, não é possível saber quem está sendo atingido pelas ministrações no mundo virtual”
Foto: Arquivo pessoal

Em sua análise, o docente evidencia que o público é variável na internet. Há desde membros da própria igreja do pregador até cristãos de outras denominações, que conheceram o ministro por meio das plataformas eletrônicas. Ele acentua que existem os que não são cristãos ou nem sequer têm religião, e que parte da audiência pode estar tanto no Brasil quanto em qualquer outro lugar do planeta. “De fato, trata-se de um ambiente propício. Por meio dele, os influenciadores mudaram a forma de comunicar o Evangelho. Considero isso positivo e promissor”, opina Silveira, que frequenta a Igreja Batista da Água Branca, na zona oeste de São Paulo (SP).

Dados recentes coletados pela empresa norte-americana Interactive Advertising Bureau – que promove levantamentos sobre o ambiente digital – mostraram que, no Brasil, cerca de 130 milhões de indivíduos estão cadastrados em alguma rede social. Pesquisa de mercado conduzida pela GlobalWebIndex põe o país em segundo lugar em tempo de uso de mídias sociais, perdendo apenas para as Filipinas. Foi revelado que os brasileiros navegam, em média, 225 minutos por dia nas redes sociais (3h45) contra 241 minutos dos filipinos (4h01). Nos Estados Unidos, essa média de navegação é de 117 minutos (2h03).

O Missionário ao lado da fonoaudióloga e psicopedagoga Nabel Ribeiro
Foto: Lucas Postigo / Postigo Produções

Alcance impressionante – A Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), um dos maiores ministérios evangélicos do país em número de templos e pontos de pregação, também tem se destacado por sua presença maciça nas redes sociais. O Missionário R. R. Soares, influenciador que está nas mídias tradicionais há mais de quatro décadas, ocupa um espaço significativo na rede mundial de computadores. Por meio de seus perfis nas redes sociais, Soares está presente em mais de 191 países, com mais de 7 milhões de seguidores no Facebook (somando os perfis em português e em outras línguas), 300 mil no Instagram, quase 200 mil no Twitter e 1,5 milhão no YouTube.

Tal influência nas redes pôde ser sentida quando começou a Live com o Missionário, em 30 de julho, transmitida de segunda a sexta-feira, a partir das 15h, pela Rede Internacional de Televisão (RIT), simultaneamente ao YouTube, Facebook, Instagram e Nossa Rádio. Em cada programa, R. R. Soares entrevista profissionais de diversas áreas do conhecimento, como fez com o gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestivo Jorge Manaia, a fonoaudióloga e psicopedagoga Nabel Ribeiro, a nutricionista clínica Tatiana Ferreira, o fisioterapeuta e PhD em Neurociência Renato de Paulo, a nutricionista esportiva funcional Luma Monteiro e o psicólogo, psicanalista e teólogo Leonardo Távora. “Parece que a gente chegou no momento de Deus, porque as pessoas estão dando lindos testemunhos e o programa tem agradado. É bonito fazer a obra do Pai”, celebra R. R. Soares, deixando claro que a programação pertence ao Senhor. “Se Ele quiser, a gente estende a live. E, se chegar a hora de parar e mudar, assim faremos.”

R. R. Soares com o fisioterapeuta Renato de Paulo
Foto: Tiago Peres

Apascentar e inspirar” – Os meios digitais são bastante usados pelo Pr. Antônio Júnior, da Igreja Presbiteriana do Brasil em São Sebastião do Paraíso (MG). Segundo ele, lançar mão deles aumenta a responsabilidade dos servos do Altíssimo. “Na maioria das vezes, não é possível voltar atrás naquilo que se fala ou se escreve no ambiente virtual. Por isso, a opinião deve estar embasada na Bíblia”, sublinha. O pastor assinala que “evita gravar e publicar vídeos por impulso” e busca sempre falar do amor de Cristo.

Ele enfatiza o caráter democrático das redes sociais. Nelas, qualquer pessoa pode proclamar as Escrituras, seja um ministro consagrado, seja um leigo. “O lado positivo é que, se antes isso era um privilégio de pastores e líderes, agora, muita gente pode pregar a Palavra. O lado negativo é alguns atuarem sem sabedoria ou discernimento, o que pode acarretar julgamentos equivocados em relação ao Evangelho.” Na visão dele, a web deve servir para que vidas sejam tocadas pelo Senhor, e não para que inimizades sejam criadas, com discussões e brigas ideológicas desnecessárias. “Estamos ali para atender com amor, e não para criticar esse ou aquele sujeito. Usar o Evangelho para aconselhar, apascentar e inspirar deve ser o principal objetivo de um pastor ou influenciador cristão, como muitos nos denominam.”

Foto: Arte sobre foto de Saulo Mohana / Unsplash

Motivação sincera” – O administrador de empresas Volney Faustini, que estuda as transformações do mercado há anos, concorda que a liberdade construída pelas redes sociais é interessante para a pregação das Boas-Notícias. No entanto, ele sinaliza que isso requer alguns cuidados. “Existem pastores sérios, que estão na internet para propagar o Evangelho. Porém, é preciso cautela com as ciladas.”

Pr. Antônio Júnior: “Usar o Evangelho para aconselhar, apascentar e inspirar deve ser o principal objetivo de um pastor ou influenciador cristão, como muitos nos denominam”
Foto: Arquivo pessoal

Ele frisa que o ambiente virtual é propício para o surgimento de figuras carismáticas, por vezes sem alicerce espiritual sólido, que são facilmente alçadas à condição de celebridades. Faustini diz ser necessário observar a experiência dessas pessoas – jovens, em sua maioria – com o Evangelho, buscar saber se a mensagem que transmitem tem base bíblica e se há compromisso verdadeiro com o Criador. “Considere o jeito do influenciador, o modo como se comporta, e responda à pergunta: Eu gostaria que ele ou ela estivesse em minha casa, na mesa de jantar, com meus familiares?”, questiona. “Cabe à parcela da Igreja Evangélica que tem bom conteúdo, compromisso de fé e motivação sincera ocupar cada vez mais esses espaços”, convoca Volney Faustini, membro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo (SP).

Ponto de luz – É incontestável que a Era da Informação tornou a comunicação mais rápida, fluida e múltipla. Percebe-se, devido ao período de afastamento social, que um novo tempo pode ter sido inaugurado, consagrando a web como um meio de comunicação essencial para os ministérios cristãos. É cedo para afirmar isso com plena certeza. Contudo, como salienta o Pr. Tiago Kopp Pereira, em toda a sua história, a Igreja tem passado por mudanças na forma de comunicar o Evangelho sem jamais perder sua essência: a Verdade que liberta. “A internet tornou a Palavra acessível, permitindo que vários povos a ouçam e sejam abraçados por ela. Portanto, homens e mulheres de Deus devem estar conectados para falar do Salvador”, aponta o líder da IIGD de Fazendinha, em Curitiba (PR).

O administrador de empresas Volney Faustini: “Cabe à parcela da Igreja Evangélica que tem bom conteúdo, compromisso de fé e motivação sincera ocupar cada vez mais esses espaços”
Foto: Divulgação / ABEMD
Pr. Tiago Kopp Pereira: “A internet tornou a Palavra acessível, permitindo que vários povos a ouçam e sejam abraçados por ela. Portanto, homens e mulheres de Deus devem estar conectados para falar do Salvador”
Foto: Arquivo pessoal

O pastor sinaliza que, paralelamente a essa boa causa, as redes sociais são bastante criticadas, em especial por psicólogos, pois alimentam comparações frustrantes entre as pessoas. Apesar disso, o líder reforça que, nesse universo virtual, há um ponto de luz e equilíbrio, graças aos diversos homens de Deus presentes ali. “Esses pregadores levam a Palavra, quebrando cadeias nesses ambientes”, esclarece. O pastor cita o exemplo da IIGD e sua presença em nações onde não se pode pregar a mensagem da cruz. “É fundamental haver pregadores e influenciadores digitais cristãos, agindo com seriedade, retidão e pureza na internet”, conclama.


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