Sal e luz | Revista Graça/Show da Fé
Vida Cristã
01/04/2020
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Foto: Icons8 Team / Unsplash

Sal e luz

O cristão deve se destacar no trabalho pela competência profissional e pelo bom testemunho

Por Ana Cleide Pacheco

Metas a cumprir, cobranças dos superiores, competição entre colegas, busca por ascensão profissional. Eis uma “radiografia” resumida do mundo do trabalho na atualidade. Destacar-se dos demais é a palavra de ordem. Contudo, para aqueles que professam a fé em Jesus, ser bem-sucedido ultrapassa esses desafios. Significa demonstrar, por meio de palavras e, principalmente, de ações, a sua submissão a Cristo.

Foi o que revelou um estudo, realizado nos Estados Unidos pelo instituto de pesquisas Barna Group, sobre o comportamento dos cristãos no ambiente de trabalho. De acordo com a maioria dos entrevistados, determinadas questões, como ética e integridade moral, devem pautar a conduta deles no mundo corporativo. Os participantes do estudo também acreditam que exercer as funções de maneira excelente é essencial para glorificar a Deus. Ressaltaram ainda que resistir a tentações, assim como não enganar colegas ou patrões, é outra forma de demonstrar o compromisso com valores cristãos. O mesmo levantamento sublinhou que os servos de Deus não querem chamar a atenção para si e que fazem amizade com não convertidos a fim de pregar-lhes o Evangelho.

Ao comentar o estudo, a estagiária de Administração de Empresas Cristiane Teixeira de Barros Marvila, 31 anos, disse que a postura do salvo fala por si. “Nosso comportamento, bom ou mau, é um testemunho, pois somos observados. Ter atitudes que demonstrem Cristo em nós é essencial para levar Jesus às pessoas.” Ela se alegra quando algum colega de trabalho, ou alguém que não a conhece, pergunta se ela é evangélica, apenas observando sua postura. “Acredito que estou no caminho certo, que não pertenço a este mundo. Estou sendo sal e luz [Mt 5.13 e 14]. Isso é gratificante”, conta Cristiane, membro do Ministério O Vínculo da Paz, no bairro Engenhoca, em Niterói (RJ).

“Algo diferente” – Ser sal da terra e luz do mundo é uma marca do conhecedor da Palavra, lembra a especialista comercial Ingrid Santos Silva de Araújo, 33 anos, da Filadélfia Church, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). “O sal não pode passar despercebido”, assinala, frisando que a presença desse ingrediente nos alimentos é sempre perceptível e que assim deve ser o redimido. “As pessoas podem até não saber exatamente a nossa religião, porém sabem que há algo diferente em nós.”

Contudo, o ambiente de trabalho pode ser desafiador para o convertido. Essa é a avaliação da técnica em Enfermagem Quézia Pereira da Silva, 43 anos. “Precisamos pedir sabedoria a Deus, todos os dias, para suportar as pressões e permanecer sendo sal.” Ela conta que, no passado, esteve submetida a uma gestora “amarga”, que tratava os membros da equipe com rispidez. “Em um dos plantões, ela foi grosseira comigo na frente dos colegas. Não respondi.”

Segundo Quézia Silva, o fato de ser cristã pesou para que a chefe tivesse aquele comportamento em relação a ela. Mas, tempos depois, quando não estava mais na equipe, a técnica em Enfermagem pôde ajudá-la quando ela atravessava um momento difícil, após a perda de um ente querido. “Importante é viver em Cristo, pois os frutos são perceptíveis”, opina Quézia, membro da Assembleia de Deus Ministério Ebenézer, em Araruama (RJ).

“Momentos difíceis” – Há crentes que enfrentam, com certa frequência, situações claras de intolerância religiosa no exercícios de suas funções laborais. Que o diga a supervisora de Departamento Pessoal Márcia Firmiano Sousa, 41 anos, membro da Comunidade Shamah, em Icaraí, na cidade de Niterói (RJ). Ela já passou por diversas situações de preconceito, pelo fato de ser cristã, mas afirma que jamais se deixou abater. “Nunca me intimidei com as afrontas e perseguições. Pelo contrário, elas me fortaleciam, e eu me achegava mais a Deus, buscando sabedoria e Sua vontade boa, perfeita e agradável.” Márcia conseguiu ajudar muitas pessoas que buscavam conselhos, e, assim, encontraram a Palavra libertadora de Cristo. “Sou feliz por não ter entrado em conflitos desnecessários, porém ainda mais feliz por nunca ter recuado nos momentos difíceis”, assinala.

A assistente financeira Verônica Peçanha, 46 anos, membro da Primeira Igreja Batista em Duque de Caxias (RJ), concorda com Márcia Sousa e relata, com tristeza, que a perseguição e o deboche, inúmeras vezes, vêm até de outros irmãos na fé. “Ao me converter, mudei completamente meu linguajar, minhas roupas e minha postura. Por isso, uma pessoa, também cristã, começou a me perseguir. Ela ria e debochava de mim.” Por outro lado, o comportamento de outra colega de trabalho fez toda a diferença em sua vida, antes mesmo de Verônica aceitar Jesus. “Nela, eu via Cristo. Inclusive foi ela que me apresentou o Senhor. São 20 anos de conversão, graças ao testemunho de uma serva genuína. Ela mal abria a boca para falar que era cristã, mas agia como Jesus ali”, compara.

“Todas as ações” – Outro ponto citado no estudo do Barna Group diz respeito à Igreja e ao papel desempenhado por ela entre os salvos. A instituição funciona como um importante incentivo à fé e à integração dos cristãos no trabalho. É o que pensa a Pra. Regiane Cardozo Miranda, 43 anos, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Funcionários II, em João Pessoa (PB). Ela acredita que, se o cristão estiver alicerçado na Palavra, terá êxito em qualquer local. “Trabalhei em algumas empresas e sempre percebi o anseio das pessoas em nos ver como sal, luz, referência.”

A pregadora lembra que as aflições são inerentes à vida cristã. “Na Bíblia, vemos histórias de heróis da fé, como Moisés, Abraão e tantos outros, que passaram por lutas e perseguições, mas não esmoreceram.” Segundo Miranda, quando se tem um propósito dado por Deus, a missão se torna maior do que os problemas. “Assim, seguimos em frente. O importante é ter essa consciência cristã. Isso, sim, fará a diferença na jornada.” [Leia, no final desta reportagem, o quadro A Bíblia e o trabalho]

A pastora auxiliar Alexsandra Gualberto Costa, 43 anos, da sede estadual da IIGD em Belo Horizonte (MG), pensa de forma semelhante. “Creio em uma Igreja atuante e firme, formando uma geração de adoradores e trabalhadores qualificados e éticos. Prova disso é que algumas empresas preferem contratar funcionários cristãos, por causa da boa índole deles”, informa Alexsandra Costa. Ela lembra que, embora os ensinamentos da Palavra sejam a base de uma vida justa e digna, nem sempre agradam, porque implicam mudanças radicais. “Infelizmente, algumas vezes, o cristão sofre por fazer o que é certo em um mundo onde isso não tem importância e, não raramente, onde prevalece o erro.” No entanto, ela diz que cabe a todo servo de Deus ser transparente, sem esconder a fé em Jesus. “Agindo assim, dará bom testemunho e, provavelmente, ganhará almas para o Reino.”

A Bíblia e o trabalho

A Palavra de Deus traz diversas passagens sobre esse tema. Afinal, segundo as Escrituras, Deus mesmo criou a primeira profissão humana: E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar (Gn 2.15). Confira algumas delas:

Quando também segardes a sega da vossa terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega. Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o SENHOR, vosso Deus (Lv 19.9,10).

Viste um homem diligente na sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte (Pv 22.29).

E também que todo homem coma e beba e goze do bem de todo o seu trabalho. Isso é um dom de Deus (Ec 3.13).

Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade (Ef 4.28).

[…] se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem (2 Ts 3.10-13).

(Fonte: Bíblia Sagrada)


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