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Foto: Sasan Rashtipour / Unsplash

Frutos na velhice

O crescimento do número de idosos exige a adequação das igrejas para integrar esse público à vida eclesiástica

Por Ana Cleide Pacheco

O Brasil está envelhecendo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem atualmente mais de 29 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no país. Estima-se que, até 2060, esse número chegue a 73 milhões, o que representaria um aumento de 160% em apenas quatro décadas. Em meio ao quadro atual – e diante de tão sérios prognósticos –, segmentos da sociedade, como os serviços de saúde, estão se adequando à crescente demanda desse público. Nas comunidades cristãs, não tem sido diferente.

A líder do Ministério Melhor Idade na Graça de Deus, da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Paulo, Vera Lúcia Krauniski, 65 anos, afirma que as congregações estão se adaptando, dia a dia, a essa nova realidade. “Tenho visto o empenho das igrejas que, em sua maioria, vêm oferecendo cursos e atividades voltadas às pessoas acima dos 60 anos.” Segundo Krauniski, a Igreja da Graça olha, de maneira especial, essa faixa etária e desenvolve trabalhos voltados a integrá-la ao Corpo de Cristo. “Acreditamos na sabedoria dos nossos idosos. Eles ainda serão bastante usados para a glória de Deus.”

O Rev. Reginaldo Pinho Borges frisa que, além do bem-estar espiritual, a Igreja deve se preocupar em oferecer boa acessibilidade. De acordo com Borges, que é o secretário nacional do ministério da terceira idade da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), é necessário desenvolver – urgentemente – políticas eclesiásticas para atender essas pessoas. Segundo ele, a direção da IPB tem buscado conscientizar as suas igrejas a fim de promoverem atividades para seus membros mais longevos. “Temos trabalhado a questão de acessibilidade em nossas instalações, que vai desde os sanitários até o púlpito, além de tratar de determinados temas, como cidadania e inclusão. Realizamos, ainda, encontros sociais, passeios, com o objetivo de desenvolver a vida espiritual e a consciência cidadã. Buscamos envolver toda a Igreja no projeto, tudo para que a pessoa com mais idade seja acolhida, amada e respeitada.”

A participação do idoso na vida eclesiástica igualmente pode ajudá-lo a minimizar alguns problemas pertinentes à idade, como as demências. É o que defende Alessandro Rangel da Silva, líder do ministério da terceira idade da Igreja Batista Memorial de Jundiaí (SP). “As doenças neurodegenerativas acabam causando mais dificuldades quando o idoso fica sem atividades e perde o convívio. Por isso, cremos que o segredo da longevidade é incentivá-los a ter uma vida social ativa. Emocionalmente, os sentimentos de tristeza, abandono, inferioridade, desprezo e solidão são amenizados com o convívio em sua comunidade também.”

Ativos e capazes – A Pra. Rosângela Nunes de Andrade, da Igreja Batista Betânia, em Realengo, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), lidera o ministério dos idosos. Ela explica que o objetivo é fazer os integrantes perceberem a importância de seus legados ao longo da existência deles. “Costumamos fazer rodas de conversa com assuntos pertinentes à vida, de modo geral, dando voz a cada um. Compartilhamos experiências familiares e profissionais. A minha intenção é que se sintam à vontade com a idade e a maturidade que possuem, sem que isso os incomode”, relata a pastora, assinalando que os incentiva a sonhar e a entender que ficar velho não significa esperar a morte. “Eles assimilam lições que revelam o valor que possuem como intercessores e compreendem que são ‘colunas’ de intercessão e orientação no seio familiar e eclesiástico.”

A aposentada Dione Lima da Costa, 65 anos, uma das integrantes do grupo, tem compreendido bem esses princípios. “Em algumas congregações, as pessoas têm a ideia de que os idosos só fazem quentinhas para entregar aos moradores de rua ou ficam ‘no banco’ do templo. Mas não: são ativos, capazes e têm muito a contribuir”, explica Dione. Ela participa do ministério de intercessão, do coro e ainda trabalha no berçário da Igreja. “A Pra. Rosângela nos encoraja a largar o ‘coitadismo’ para investirmos em nossos sonhos e não deixar a vida passar. O ministério nos ajuda a sonhar e a realizar.”

Comunhão e integração – Agnes Barbosa de Almeida Carvalho, líder do ministério da terceira idade da Igreja Batista da Liberdade, no bairro da Bela Vista, na região central de São Paulo, concorda com a Pra. Rosângela de Andrade e cita o Salmo 92.12-15: O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano.Os que estão plantados na Casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus.Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes,para anunciarem que o SENHOR é reto; ele é a minha rocha, e nele não há injustiça.

As ações do grupo liderado por Agnes Carvalho são mensais. “Ora nos encontramos para palestras e mensagens abençoadoras de profissionais e pastores, ora para assistirmos a um filme e discutirmos sobre o tema tratado, buscando aplicação prática para nossa vida.” Os participantes do ministério vão a eventos externos, como congressos, encontros, passeios e intercâmbios, com membros de outras igrejas. “Nossas atividades são abertas a toda a congregação, a irmãos de outras igrejas e a todos do bairro. A intenção primordial é a integração.” Tanto que, segundo Agnes, participantes de outros ministérios, especialmente os jovens, são convidados a contribuir para as programações da terceira idade. “Entendemos que jovens e idosos têm bastante a aprender e a ensinar mutuamente.”

Integração, comunhão e cuidado são palavras-chaves no cotidiano dos idosos que participam do Desaposente-se, o ministério da terceira idade da Igreja Batista Central em Nova Odessa (SP), liderada pelo Pr. Renaldo Hervin Zeeberg. Segundo ele, integrá-los é o caminho para que experimentem mais tranquilidade nessa fase tão especial da vida. Nova Odessa, onde a igreja está localizada, é uma cidade pequena da região metropolitana de Campinas (SP), em que os moradores – principalmente os mais velhos – se conhecem e mantêm laços de amizade há anos.

Na igreja, não é diferente. Mensalmente, eles participam de reuniões com momentos de intercessão e de adoração, além de palestras sobre situações que enfrentam no dia a dia. “Uma delas é a Casa Segura, em que abordamos o tema segurança e prevenção de acidentes domésticos, como possíveis quedas em escadas, escorregões em tapetes”, informa Zeeberg, o qual assinala que estão, na agenda do Desaposente-se, alguns jantares, festas e outros eventos. Tudo com o intuito de fazer com que não se sintam solitários. “A ideia é manter uma vida ativa. Muitos deles frequentam academias, nadam e estão presentes em outras atividades particulares. Prestamos todo o tipo de ajuda, desde material (com cestas básicas) a atendimentos psicológicos, mas não descuidamos do lado espiritual, do ensino bíblico e das orações. Eles são amados e cuidados por Deus e por nós”, conclui.


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