Falando de História | Revista Graça/Show da Fé
Jornal das Boas-Novas – 255
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Abraão de Almeida

Novas correntes teológicas (parte 3): a teologia evolucionista

Na edição anterior, falamos sobre a teologia da esperança. Neste exemplar, trataremos da teologia evolucionista.

Considerada por seus fundadores e críticos uma nova interpretação do Gênesis, ela aceita o darwinismo como verdadeira ciência e, por isso, descrê de doutrinas bíblicas fundamentais e desaconselha a pregação delas. Não admitindo o sobrenatural bíblico, tais teólogos veem a hipótese evolucionista como uma explicação lógica para várias questões em estudo nos tempos modernos, em especial a da origem do homem.

Essa corrente teológica não deixa de ser um subproduto da Alta Crítica da Bíblia, como já vimos, segundo a qual alguns eruditos, à luz da ciência e do pensamento modernos, começaram a analisar a Palavra do ponto de vista puramente intelectual e a criticá-la sem reverência. Em seus comentários acerca do Texto Sagrado, esses doutores desprezam o sobrenatural dele e julgam ser mito tudo aquilo que a razão não pode explicar.

Foto: Watchara Khamphonsaeng

Quanto à nossa origem, os teólogos evolucionistas acreditam que Deus realmente nos criou, não da maneira apresentada pelas Escrituras, mas, sim, na forma primitiva de uma simples célula viva, e isso há algumas centenas de bilhões de anos. Argumentam que dessa única célula se originaram os reinos vegetal e animal. A partir dessa explanação, aceitam integralmente o evolucionismo.

John F. Haught, filósofo norte-americano criador do conceito da teologia em questão e autor do livro Deus após Darwin: uma teologia evolucionista (2002), afirmou, em entrevista à Revista IHU On-Line, que a ciência evolucionista mudou drasticamente nossa compreensão do mundo. Assim sendo, qualquer percepção que tenhamos de um Deus que cria e mantém este mundo precisa considerar o que Darwin e seus seguidores nos disseram sobre ele. […] A teologia em geral deixou de pensar sobre Deus de uma maneira que levasse em conta o processo da evolução.

Professor de Teologia da Universidade de Georgetown (Estados Unidos) e membro sênior do Woodstock Theological Center, John Haught sustenta a ideia (absurda) de que o retrato da vida proposto pelo naturalista inglês Charles Darwin constitui um convite para ampliarmos e aprofundarmos nossa percepção do Criador. A compreensão de Deus que muitos e muitas de nós adquirimos em nossa formação religiosa inicial não é grande o suficiente para incorporar a biologia e a cosmologia evolucionistas contemporâneas. […] Uma teologia da evolução, por outro lado, percebe todas as características perturbadoras contidas na explicação evolucionista da vida, […] precisa mostrar que os aspectos mais fundamentais da fé bíblica não contradizem o caráter evolutivo do mundo; pelo contrário, eles o iluminam.

John F. Haught, criador do conceito da teologia evolucionista: método capcioso de interpretação do Livro Santo Foto: Divulgação / University of Sudbury

Exame crítico – Com seu método capcioso de interpretação do Livro Santo, esses pretensos doutores da Bíblia estão disseminando, entre o povo de Deus, o mortífero veneno da sua heresia. São eles lobos devoradores vestidos de ovelha. Em grande parte, também são os principais responsáveis pelo caos moral e espiritual reinante em diversas comunidades ditas cristãs, que estão impotentes para cumprir a sua missão na Terra.

Não é difícil descobrir as bases da teologia evolucionista. A Bíblia ensina que duas coisas, entre outras, deveriam acontecer em nossa época: progresso da ciência e diminuição da fé. É o que expressam estas passagens:

E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará (Dn 12.4).

Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra? (Lc 18.8)

E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará (Mt 24.12).

A cada novo sucesso, a ciência, arrogantemente, propõe-se a ir um pouco mais além e, de fato, tem ido. Por isso, a luz que ela está projetando no mundo atual, graças ao empenho de um exército de publicitários, tenta ofuscar as demais luzes.

Iludidos pelas promessas científicas, os teólogos evolucionistas raciocinam que é antiquado crer em uma criação especial, como narra o Gênesis. No entanto, a ciência moderna planeja criar vida em laboratório e pretende realizar clonagens humanas a partir da seleção e do congelamento de genes para futuras procriações dentro de determinadas particularidades.

O naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), autor da teoria da evolução Foto: Julia Margaret Cameron

Cristo é a Luz do mundo para os que nasceram de novo; porém, a ciência, em linhas gerais, tem sido um farol para os não regenerados. Por conseguinte, verifica-se, em toda parte, uma revolução no comportamento e pensamento humanos: religiões tradicionais se modificam perante novos conceitos filosófico-científicos, estando contadas algumas organizações chamadas cristãs que há muito deixaram de confiar na Bíblia, substituindo o cristianismo espiritual e vivo pelo teologismo intelectual, morto e apóstata.

Vejamos o que ocorreu em certa igreja vitimada por esses conceitos eivados de má filosofia e péssima ciência. Ao visitar um membro enfermo, o pastor – homem “atualizado” na teologia do mito (da qual falamos na edição 254 de Graça/Show da Fé) – desejou ler algo na Bíblia do moribundo para consolá-lo e lhe foi entregue, então, um volume em que faltavam versículos, capítulos e até livros inteiros. Surpreso, o líder religioso quis saber a razão de tanto desrespeito para com o Livro Sagrado, ao que o doente lhe respondeu: “Cada vez que o senhor ensinava que tal versículo não era verdadeiro, que certos capítulos e livros não eram dignos de confiança, eu os cortava. Acho que, se eu vivesse mais algum tempo e se o senhor continuasse como meu pastor, de toda a Bíblia, só me sobrariam as capas”.

Os verdadeiros sábios conhecem as limitações da razão e glorificam ao Altíssimo a cada nova conquista científica em benefício da humanidade. Somente os pseudocientistas – orgulhosos e materialistas – prometem os extravagantes milagres, atribuindo à ciência poderes que ela está longe de possuir.

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

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