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Bíblia de Gutenberg na Biblioteca Pública de Nova Iorque (DETALHE)
Foto: Wikimedia
Abraão de Almeida

A Bíblia fala por si mesma

Em todo o Texto Sagrado, há dois mil e oito registros de que Deus é seu Autor. No Novo Testamento, essa autoria divina é reclamada 225 vezes, cerca de 50 pelo próprio Senhor Jesus. Como Palavra de Deus, a Bíblia exerce poderosa e benéfica influência por onde é difundida. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar (Hb 4.12,13).

O Altíssimo mesmo afirma: Assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia (Is 55.11), e o apóstolo Paulo fala do Evangelho como o poder de Deus e da transformação gerada pela Palavra na vida de quem O aceita: E Nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Co 5.17).

A Bíblia apresenta-se como alimento (Am 8.11), fogo (Jr 23.29), luz (Sl 119.105), leite (1 Pe 2.2), mel (Sl 19.10), ouro (Sl 19.10), espelho (Tg 1.23-25), martelo que esmiúça a penha (Jr 23.29), espada (Ef 6.17) e semente (1 Pe 1.23).

São Jerônimo (347-420), óleo sobre tela do pintor italiano Caravaggio (obra de 1605)
Foto: Arte sobre foto de Galleria Borghese / Wikimedia

Como a Bíblia chegou até nós? – A palavra Bíblia vem de biblion, que no grego significa livro, e sugere a ideia de livros ou biblioteca. São Jerônimo (347-420) usou a expressão biblioteca divina para referir-se às Sagradas Escrituras. Esta, é composta por uma coleção de 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento (AT) e 27 no Novo Testamento (NT).

Para redigir Sua Palavra, o Senhor inspirou mais de 40 autores, entre eles os estadistas José e Daniel, o legislador Moisés, o poeta Davi, o sábio Salomão, os profetas Isaías e Jeremias, o médico Lucas, o filósofo Paulo, o cobrador de impostos Mateus e os pescadores Pedro, Tiago e João. Esses e muitos outros levaram 16 séculos na redação do Texto Santo, começando por volta de 1.500 e terminando no final do primeiro século da nossa Era. Apesar das épocas, dos lugares e dos estilos diferentes em que os livros foram escritos, nenhum deles foge ao vínculo que a todos unifica: a pessoa do Messias, o Salvador do mundo.

O AT foi escrito originalmente em hebraico, com as seguintes passagens em aramaico: Daniel 2.4; 7.28; Esdras 4.8-16,18; Esdras 7.12-26. E finalizado cerca de 434 (a.C.). Já o NT foi redigido no grego popular, o koin, contendo também algumas frases em aramaico. Seu surgimento aconteceu entre os anos 53 e 96 (d.C.). Portanto, entre o último livro do Antigo Testamento e o primeiro do Novo Testamento há um lastro de quase 500 anos, no qual se insere o período interbíblico, em que foram escritos os principais livros apócrifos, isto é, não inspirados por Deus.

Segundo alguns eruditos, foram os escribas Esdras e Neemias que agruparam os livros do Antigo Testamento, por volta de 480 (a.C.), na grande reforma religiosa daquela época. Até então, os livros sagrados dos judeus permaneciam separados uns dos outros. Ao serem reunidos, receberam o nome de texto Massorético – a Massorá, ou seja, a transmissão de qualquer tradição ou à própria tradição e, em um sentido amplo, a inteira corrente da tradição judaica –, o único reconhecido pelos judeus como verdadeiro e digno de toda a confiança. Nesse texto, baseiam-se as Bíblias modernas, principalmente as editadas pelas sociedades bíblicas evangélicas.

Códice de Aleppo, que data de cerca do ano 925: parte do manuscrito, em hebraico, de Deuteronômio
Foto: Ardon Bar Hama – The Yad Yitzhak Ben Zvi Institute / Wikipédia

Como não havia imprensa no período em que a Bíblia foi escrita, todos os seus livros foram redigidos à mão e divulgados por meio de cópias manuais. Os copiadores, chamados escribas, copistas ou massoretas, tinham tal respeito pelo Livro Sagrado e tão grande cuidado em não alterá-lo que, antes de iniciarem a copiação [reprodução manual de um texto] de qualquer parte da Bíblia, contavam o número de palavras e letras contido nela. Dessa forma, esses homens sabiam a quantidade exata das palavras e letras de cada um dos 39 livros do Antigo Testamento e também quantas vezes ocorria cada letra. Os copistas não admitiam nenhum tipo de rasura. Se, depois de pronta uma cópia, fosse constatada nela algum erro, mesmo o mais simples, a reprodução era destruída.

Apesar das épocas remotas em que foram copiados os livros bíblicos, a arte da escrita já havia alcançado significativo progresso, principalmente quanto à qualidade da tinta: uma mistura de carvão com um líquido desconhecido capaz de conservar o registro durante muitos séculos. O tipo de caneta usado pelos escribas dependia do material em que deveriam escrever. Se fosse o pergaminho, usavam uma cana cortada ou uma pena de ave. No caso da escrita em cera, utilizavam um estilete metálico.

Antes da imprensa, o preço de um manuscrito da Bíblia era altíssimo, levando-se em conta o penoso trabalho dos copistas, o longo tempo gasto nessas escrituras e o elevado custo do material necessário: cerca de 200 couros de cordeiros. Outros tipos de papel eram utilizados secundariamente: o papiro – derivado de uma planta do mesmo nome –, e o ostmkon – pedaços de vasilhas de barro e tabuinhas enceradas –, além de vários outros materiais.

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

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