Entrevista | Revista Graça/Show da Fé
Sociedade
01/02/2020
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01/02/2020

Questão de fé

Cientista cristão acredita que defender o evolucionismo exige uma postura de fé

Por Marcelo Santos

Mestre em Física pela Universidade Federal de Goiás, o professor Victor Giovanni Pina de Melo, 31 anos, é também formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Brasil. Ele leciona Física para cursos de Engenharia na Universidade Alves Farias da capital goiana e é pastor auxiliar na Segunda Igreja Presbiteriana de Goiânia. Como tantos cientistas do passado e do presente, Victor de Melo considera que ciência e fé se coadunam perfeitamente e afirma que as atuais descobertas têm apontado cada vez mais para o relato bíblico a respeito da criação. Por isso, o pastor e professor é um dos principais defensores da teoria do design inteligente (TDI) no Brasil. A TDI se opõe diametralmente à tese do evolucionismo, criada pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) no fim do século 19, e, por essa razão, sofre grande oposição no meio acadêmico. Nesta entrevista, o professor explica os motivos desses embates na academia.

No início de 2019, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que a Igreja Evangélica perdeu espaço na História e na ciência quando deixou a teoria da evolução entrar nas escolas sem questioná-la. O senhor concorda com essa afirmação?

No desenvolvimento da ciência, a influência cristã era totalmente relevante. Só que houve, de maneira deliberada, um movimento para retirar Deus de todas as áreas da ciência e do conhecimento. Veio Adam Smith [1723-1790] e tirou Deus da Economia; Nicolau Maquiavel [1496-1527] tirou Deus da política, de tal forma que o político deveria se envolver com religião somente se fosse vantajoso para ele; Sigmund Freud [1856-1939] tirou Deus da Psicologia ao falar que o homem é fruto simplesmente do meio, do desenvolvimento de sua infância. Darwin tirou Deus da ciência, da origem de todas as coisas, quando disse que a diversidade de animais e seres vivos existentes não precisava do Criador para ser explicada. Ele foi apenas mais um dos que caminharam dentro desse processo de tirar Deus de todas as áreas. Então, concordo com a ministra Damares, uma vez que os cristãos se acovardaram diante de tal ataque.

Pode fazer uma avaliação do avanço da teoria do design inteligente (TDI) no Brasil nos últimos anos?

O que está acontecendo em nossa nação é um desdobramento do que ocorre em todo o mundo. Existe um site, em inglês, Dissidentes de Darwin [www.dissentfromdarwin.org, uma lista com o nome de mais de mil cientistas que discordam abertamente da teoria da evolução]. É um movimento mundial, no entanto muitos não assinam com medo de perseguição. As pessoas têm procurado uma alternativa ao evolucionismo, e o que tem aparecido, de maneira sólida, é a teoria do design inteligente (TDI). A ideia do evolucionismo está baseada na cosmovisão naturalista. Segundo ela, tudo o que existe é apenas força, matéria e espaço. Sendo assim, por meio de causas naturais, é possível explicar toda a existência. Já a TDI vem para mostrar que há algo além de espaço, matéria e energia. Existe Alguém que, de maneira intencional, criou e planejou tudo. A ideia é encontrar evidências disso. No Brasil, temos o site da TDI [www.tdibrasil.com] e estamos chegando a cinco mil membros.

Alguns acusam a TDI de ser um criacionismo disfarçado de ciência. Quais são as diferenças entre o criacionismo e a teoria do design inteligente?

A diferença está no objeto de estudo de cada um. O do criacionismo é Bíblia. Os criacionistas olham a Escritura e tiram suas conclusões a partir dela. A teoria do design inteligente tem como objeto de análise o mundo. Com nossos métodos científicos, aparatos de conhecimento, nós investigamos o que está ao nosso redor e, a partir disso, tiramos nossas conclusões. A TDI não se propõe a ser um movimento religioso, e sim uma teoria científica, e, como tal, qualquer pessoa, das mais diferentes religiões, pode se alinhar conosco. Busca ser uma crítica ao evolucionismo, ao darwinismo, mostrando que só com força, espaço e energia não se explicam todas as coisas. Para que haja uma explicação sobre o nosso mundo, precisamos de uma ação inteligente externa.

Quais são as principais falhas da teoria evolucionista?

Ela não torna claras coisas básicas, como o surgimento da primeira bactéria viva. Qualquer livro de Biologia dirá que existiu um rato primitivo, e, na árvore genealógica dele, por um lado, há uma baleia, e, por outro, um morcego. Imagine quantos milhões de animais existem entre um rato primitivo e uma baleia; e entre um rato primitivo e um morcego. Então, a pergunta mais razoável é: onde estão esses fósseis? Darwin se deparou com essa pergunta e disse que, à medida que a crosta terrestre fosse explorada, os fósseis seriam encontrados.

Por que existem perseguições aos cientistas teóricos do design inteligente por parte da academia científica?

Elas, de fato, acontecem porque, em última instância, o evolucionismo é um objeto de fé. Então, quem acredita no darwinismo defende uma postura de fé. O próprio Darwin, na teoria que desenvolveu, usou um pouco de fé para acreditar nela. E, quem acredita, hoje, necessita de mais fé ainda porque os fósseis [dos seres intermediáriosentre o rato e a baleia ou entre o rato e o morcego] nunca foram encontrados. Também não conseguiram explicar o surgimento do DNA ou do primeiro ser vivo. Os evolucionistas ficam incomodados com uma proposta alternativa, e existe uma perseguição aberta. É como uma intolerância religiosa, uma caça às bruxas. Eles entendem que é melhor incomodar e eliminar a concorrência desse pensamento alternativo.

Victor Giovanni Pina de Mello
Professor e físico formado na Universidade Federal de Goiás

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