A religião pura | Revista Graça/Show da Fé
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01/04/2020
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Foto: Skiathos Greece / Unsplash

A religião pura

Pregar o Evangelho e atender os necessitados são tarefas da Igreja

Por Ana Cleide Pacheco

Diz o texto de Tiago 1.27: A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. Por sua vez, o autor de Provérbios destaca: O que despreza ao seu próximo peca, mas o que se compadece dos humildes é bem-aventurado (Pv 14.21). Em Atos 20.35, o apóstolo Paulo afirma aos líderes da Igreja de Éfeso: Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.


Diversas passagens bíblicas salientam que o cuidado com os desvalidos é uma responsabilidade dos servos de Deus. As Escrituras ensinam que, além de pregar o Evangelho, os cristãos precisam demonstrar o amor transformador de Cristo mediante ações práticas, principalmente na ajuda aos desamparados. “Precisamos entender o trabalho social como um todo”, analisa a Pra. Raquel Francelina Gonçalves Santiago, líder do departamento social da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Paulo. “Tudo o que a Igreja faz é em favor do próximo.”


Para a pregadora, as ações espirituais e sociais são inseparáveis. Em sua Igreja, os pastores acolhem todos os que chegam procurando ajuda, com qualquer problema, de ordem espiritual ou material. Dependendo da necessidade, essas pessoas podem receber doações de cestas básicas, roupas ou, em alguns casos, até móveis. “Mas nosso papel vai além do social. É também espiritual, o qual faz o ser humano se levantar, permanecer de pé e andar em vitória.”

A Pra. Raquel Francelina Gonçalves Santiago lembra que as ações espirituais e sociais são inseparáveis: “Nosso papel vai além do social. É também espiritual, o qual faz o ser humano se levantar”
Foto: Arquivo pessoal

“Por conta própria” – O Pr. Daniel Ferreira de Souza, coordenador administrativo da Convenção das Igrejas O Brasil para Cristo do estado de São Paulo, concorda com a Pra. Raquel. Em sua opinião, as igrejas precisam agir em duas frentes, oferecendo não apenas o peixe, o alimento material, mas também o Pão da Vida, que é Jesus. “As igrejas de qualquer denominação são responsáveis por transformar a sociedade”, frisa Souza, que ministra treinamento na área de capelania. Ele capacita os interessados a darem assistência espiritual e social em hospitais, abrigos para idosos, instituições para menores, comunidades terapêuticas, presídios, entre outros locais.
Com experiência de 38 anos em trabalho social, ele reconhece que a atuação da Igreja ainda é pouca. “A maioria dos que atuam nessa área o fazem por conta própria”, lamenta o Pr. Daniel Souza, acreditando que o ideal seria todas as igrejas terem um departamento norteador das ações junto à comunidade, coletando os recursos financeiros para cumprir a missão.

Membro da Assembleia de Deus no bairro Belém, em Angra dos Reis (RJ), no Sul Fluminense, o auxiliar administrativo Márcio da Silva Lopes, 42 anos, desde 2016, dedica parte de seu tempo a atividades de cunho social e evangelístico em áreas empobrecidas da cidade, dominadas pelo tráfico de drogas. “É necessário sair das quatro paredes para falar do amor de Cristo.

A Igreja tem a responsabilidade de conduzir as almas perdidas para a vida eterna. Todos nós temos nosso chamado pessoal, e o meu é ir a esses locais e falar de Jesus.” Apesar de trabalhar sozinho, Márcio não menospreza o papel da Igreja em seu ministério. “Ela é o local onde essas pessoas são acolhidas. Isso, por si só, é um enorme trabalho social.”

Não é caridade – Certas congregações mobilizam centenas de pessoas para essas atividades sociais. É o caso da Igreja Onda Dura, em Joinville (SC), onde a Pra. Julia Vieira Leitzke de Andrade lidera o projeto Hope (esperança, em inglês). “Somos mais de 400 mulheres e há muitos voluntários. Atuamos em presídios e hospitais e fazemos visitas a menores no Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (CASEP). Desenvolvemos ainda um trabalho com crianças em um condomínio popular dominado pelo tráfico, atendemos dependentes químicos e distribuímos cestas básicas e roupas a quem precisa.”

A técnica de Enfermagem Fabiana Pery: “Quando abençoamos um irmão, nós nos movemos de íntima compaixão, que era o que Jesus fazia”
Foto: Arquivo pessoal

Para ela, quando o Corpo de Cristo se mobiliza e vai em direção aos que necessitam, está cumprindo o Ide de Jesus, registrado em Marcos 16.15. “Não é fazer caridade, e sim anunciar as Boas-Novas que darão uma nova vida às pessoas. De nada adianta alimentarmos os pobres, as viúvas, os órfãos e visitarmos os presos se não apresentarmos o verdadeiro Pão da Vida que sacia toda fome. O dever da Igreja é ser a expressão viva e real para os sem esperança.”

É o que pensa a Profª. Débora do Nascimento Ferreira, 52 anos. Ela acredita que, quando a Igreja atende desfavorecidos, está mostrando a face de Cristo. “Jesus veio nos reconciliar com o Pai. Ele nos ensinou a amar o outro, a ser solidários com a dor e o sofrimento do próximo e a compartilhar o que temos com os necessitados”, recorda-se Débora, que participa das ações sociais de sua igreja, a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ).
A exemplo da educadora, a técnica de Enfermagem Fabiana Pery, 43 anos, também se dedica ao seu semelhante. “Sempre faltará algo, mas isso não pode nos limitar”, defende ela, que é membro da Igreja Sara Nossa Terra do Fonseca, em Niterói (RJ). “Uma visita, uma cesta básica e um agasalho entregues a quem precisa são um ato de amor. Quando abençoamos um irmão, nós nos movemos de íntima compaixão, que era o que Jesus fazia”, conclui.

O DESAFIO DA ADOÇÃO

A assistente social e teóloga Maria José Correa
Foto: Arquivo pessoal

Entre as várias ações sociais evangélicas, uma das mais desafiadoras é a adoção de menores. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem, atualmente, no Brasil, mais de 47 mil crianças e adolescentes afastados de suas famílias naturais por decisão judicial. Essas vítimas de negligência, violência física e psicológica estão abrigadas em serviços de acolhimento institucional ou familiar e podem ser legalmente adotadas.
Para incentivar a adoção dessas crianças, a assistente social e teóloga Maria José Correa coordena o Conta de Novo, projeto cristão de apoio e orientação à adoção e à convivência familiar, sediado em São Paulo (SP) e vinculado à Associação Beneficente e Comunitária do Povo (ABCP), da Igreja Batista do Povo (IBP). O objetivo é influenciar e direcionar interessados no processo adotivo, desmistificando o medo e o preconceito com relação ao tema. Maria Correa diz que a Igreja tem se esforçado em cumprir seu papel nesse processo, mas pode e precisa fazer mais. “Se nos uníssemos como Corpo de Cristo, seríamos mais eficazes”, afirma Correa, membro da IBP no bairro de Vila Mariana, na capital paulista.


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