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Foto: Ben Peacock / SWBTS

A tempo e fora de tempo

Pastores e líderes defendem que ações evangelísticas presenciais e virtuais são complementares entre si e geram muitos frutos

Por Evandro Teixeira

Em sua segunda carta a Timóteo, Paulo encoraja o jovem pastor a pregar a Palavra de Deus em quaisquer circunstâncias. No entendimento do autor da epístola, o Evangelho precisa ser anunciado a tempo e fora de tempo (2 Tm 4.2). Quase dois mil anos depois, as palavras do apóstolo seguem bastante atuais – especialmente em tempos de distanciamento social, quando as igrejas nem sempre podem permanecer com as portas abertas e, por causa da pandemia, muitas abordagens evangelísticas tradicionais são inviáveis. 

Assim, diante da inviabilidade de pôr em prática o Ide de modo convencional, pregadores, em todo o mundo, têm descoberto novas possibilidades ministeriais, especialmente por meio da internet. Valendo-se da tecnologia, as lives (transmissões ao vivo pelas redes sociais), por exemplo, ganharam um destaque que não tinham anteriormente entre os cristãos.

Em determinado momento da pandemia, as ações restritivas foram flexibilizadas em vários municípios, permitindo a reabertura dos templos religiosos e algumas ações de evangelismo pessoal dentro dos protocolos de segurança estabelecidos pelas autoridades de saúde pública. Contudo, como essa crise na saúde mundial não chegou ao fim, inúmeras igrejas adotaram um modelo ministerial híbrido que integra cultos presenciais, quando possível, e transmissões via web. Um levantamento feito pelo instituto de pesquisas Barna, nos Estados Unidos, avaliou o comportamento dos cristãos norte-americanos em relação à participação nos encontros on-line e nos templos. A pesquisa, que ouviu 1.302 adultos, mostra um crescimento do número de igrejas que estão se adaptando ao modelo de atividades mistas, presenciais e virtuais. No entanto, em termos de evangelização, parte dos entrevistados que voltaram a frequentar a igreja – após as medidas sociais tomadas em 2020 contra o coronavírus – afirmaram que se sentem mais confortáveis em convidar um amigo para ir ao templo (62%) do que a uma reunião de adoração virtual (40%). Por outro lado, aqueles que já frequentavam uma igreja que utilizava o modelo misto antes da pandemia tinham quase o dobro de probabilidade de dizer que preferiam convidar alguém para atividades on-line da congregação.

Grande alcance – Um exemplo de comunidade cristã bem-sucedida no modelo misto é a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), um dos maiores ministérios evangélicos do país em número de templos e pontos de pregação. Muito antes desse caos na saúde, já tinha presença maciça nas redes sociais. O Missionário R. R. Soares está nas mídias tradicionais há mais de quatro décadas e ocupa um espaço significativo na rede mundial de computadores, por meio do portal Ongrace, de seu canal no YouTube e de suas páginas em redes sociais, como o Facebook, em mais de 191 países. Seguindo a mesma direção de R. R. Soares, o Pr. Alexandre Pontes, auxiliar na Igreja da Graça em Manaus (AM), desenvolve um trabalho de evangelização voltado para questões nas áreas sentimental e conjugal nas redes sociais. Ele e a esposa, Carla, formam o Casal Pontes, nome do perfil que eles mantêm nas plataformas. O líder vê a internet como um elemento essencial em seu ministério atualmente, pois, por meio dela, é possível atingir pessoas de todas as partes do mundo. “Uma mulher de Luanda (Angola), que havia terminado um relacionamento, estava pensando em tirar a própria vida. Após orientá-la pelo Facebook, ela desistiu da ideia”, compartilha o pastor. 

O Pr. Alexandre Pontes, que, com a esposa Carla, desenvolve um trabalho de evangelização nas redes sociais, lembra: “Nenhum encontro virtual se compara a uma experiência de adoração na casa de Deus”
Foto: Arquivo pessoal

Apesar dos bons resultados obtidos nas redes sociais, o pregador enxerga as modalidades de evangelismo virtual e pessoal como ações que se complementam. Para Alexandre Pontes, uma pessoa que tinha dificuldade para ir à Igreja, mesmo antes da propagação do coronavírus, pode ser alcançada por um culto on-line e se interessar por frequentar as reuniões presencialmente. “Nenhum encontro virtual se compara a uma experiência de adoração na casa de Deus”, afirma o ministro, assinalando que, para quem evangeliza pela internet, é crucial orientar os alcançados a procurar uma comunidade cristã física na qual sejam amparados. A impossibilidade de acompanhar a evolução espiritual dos novos irmãos na fé, segundo o pastor, é o ponto negativo das atividades evangelísticas pelo canal digital.  

Prática cristã – O Pr. Danilo Gomes Rogério, líder regional da IIGD em Ipatinga (MG), posta mensagens evangelísticas todos os dias. Ele reafirma que esse espaço virtual é fundamental devido ao seu enorme alcance. O pastor citou um morador do Ceará que lhe pediu ajuda para retornar aos caminhos do Senhor. Após receber oração e ser orientado na Palavra, ele enviou uma mensagem dizendo que havia voltado para Jesus. “A internet é uma ferramenta que pode proporcionar o primeiro contato daquele que precisa ter a fé fortalecida com o Senhor”, pontua o líder. Ele sublinha que, após esse primeiro encontro, convém  a pessoa ser orientada sobre o ato de congregar e ter o auxílio de um pastor atuante, que poderá acompanhar melhor seu crescimento espiritual. “Por mais que os cultos on-line sejam mantidos, deve ficar claro para os irmãos que a adoração presencial no templo é uma prática cristã.”

O Pr. Danilo Gomes Rogério pontua: “A internet é uma ferramenta que pode proporcionar o primeiro contato daquele que precisa ter a fé fortalecida com o Senhor”
Foto: Arquivo pessoal

O estudante Isaque Emanuel Rodrigues Lima, 17 anos, membro da IIGD em Curvelo (MG), é um evangelista atuante nas mídias digitais. Há um ano, tem pregado a Palavra de Deus por meio do Facebook e do Instagram. Para ele, os testemunhos de cura e libertação são provas da eficácia dessas iniciativas. Porém, Isaque reconhece que o contato virtual não é suficiente para conhecer as reais necessidades de quem está do outro lado da rede. Por isso, reafirma a necessidade de estar frente a frente com aquele que está sendo evangelizado. “A Bíblia nos ensina sobre a necessidade de estarmos congregados. Dessa forma, podemos encontrar pessoas prontas a nos ajudar no enfrentamento de nossas lutas espirituais”, comenta o estudante, admitindo, entretanto, que é possível usar os recursos tecnológicos oferecidos por alguns aplicativos, como a videoconferência, para manter contato com os irmãos que, por algum motivo, não puderem congregar. 

O estudante Isaque Emanuel Rodrigues Lima diz que o contato virtual não é suficiente para conhecer as reais necessidades do outro: “A Bíblia nos ensina sobre a necessidade de estarmos congregados”
Foto: Arquivo pessoal

Satisfeita com os frutos do trabalho realizados pela página do Facebook da IIGD em Taguatinga Sul (DF), a professora Marina de Jesus Tosta, responsável pela atualização de conteúdo dessa rede social, conta que, a partir do início da pandemia, em 2020, suas tarefas se intensificaram. Por meio das mensagens de fé, pessoas que estavam fechadas dentro de casa e com medo da doença foram alcançadas. “Recebemos muitos pedidos de oração em favor de familiares que estavam internados ou com depressão”, lembra-se Marina Tosta, membro da IIGD no Recanto das Emas (DF). E, justamente nesse momento em que se aproximar do próximo requer cuidados especiais, ela observa: “Nessas circunstâncias, as ações pela internet têm dado um bom suporte à evangelização”.

A professora Marina de Jesus Tosta fala da importância da web em tempos de pandemia: “Nessas circunstâncias, as ações pela internet têm dado um bom suporte à evangelização
Foto: Arquivo pessoal

Ide e pregai Integrante da equipe de comunicação da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus do Piauí, na capital Teresina, a jornalista Suzana Aires reconhece a importância das programações on-line. Todavia, ela faz questão de ressaltar que existe uma diferença marcante entre congregar na Igreja e participar de um culto virtual. “A comunhão com os demais irmãos, que também fazem parte do Corpo de Cristo, é essencial. Aqueles que permanecem apenas on-line perdem esse privilégio. O cristão precisa se esforçar para manter frequência nos cultos presenciais.”

A jornalista Suzana Aires ressalta: “A comunhão com os demais irmãos, que também fazem parte do Corpo de Cristo, é essencial. Aqueles que permanecem apenas on-line perdem esse privilégio”
Foto: Arquivo pessoal

Esse mesmo princípio vale para as atividades evangelísticas. Por isso, após a flexibilização de algumas restrições em Teresina, as equipes de evangelismo da IIGD voltaram às ruas da cidade. Respeitando o distanciamento social e usando sempre máscara e álcool em gel, os grupos da Igreja fazem ações evangelísticas nos semáforos, entregando exemplares da revista Graça/Show da Fé embalados em saco plástico higienizado. “Não podemos perder o contato com as pessoas, pois o Senhor disse: Ide e pregai”, comenta a obreira e evangelista Mirian Pereira da Silva, referindo-se ao texto de Marcos 16.15.

A obreira e evangelista Mirian Pereira da Silva comenta, referindo-se ao texto de Marcos 16.15: “Não podemos perder o contato com as pessoas, pois o Senhor disse: Ide e pregai
Foto: Divulgação / Suzana Aires

A mesma orientação bíblica é citada pelo vigia Patrick Ferreira da Silva, 34 anos, auxiliar voluntário da Igreja da Graça no bairro de Morro Alto, em Vespasiano (MG), cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Ele destaca que o evangelismo corpo a corpo sempre foi o maior gerador de crescimento da Igreja ao longo de sua história. “Seguindo todas as recomendações de saúde, temos mantido nossas ações evangelísticas”, comenta Patrick, acrescentando que, apesar das limitações sanitárias, as pessoas têm sido receptivas à Palavra, estão aceitando Jesus e vão sendo libertas e curadas. 

Patrick Ferreira da Silva, auxiliar voluntário da Igreja da Graça no bairro de Morro Alto, em Vespasiano (MG): “Seguindo todas as recomendações de saúde, temos mantido nossas ações evangelísticas”
Foto: Arquivo pessoal

Para o servo de Deus, frutos semelhantes têm sido gerados a partir das ações desenvolvidas nas redes sociais. Indagado sobre a relevância de pregar a mensagem de Cristo àqueles que estão perdidos e necessitados da salvação, seja nas ruas seja nas redes, ele aponta a passagem de Romanos 10.13-15: Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! “Esse é o momento de todos sairmos, respeitando os protocolos de saúde, para levar as Boas-Novas ao mundo.” 


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