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Minha Resposta – 293
22/12/2023
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Foto: Divulgação / SBB

Campeão mundial

Brasil é o maior distribuidor de Bíblias do planeta

Por Evandro Teixeira

Mesmo sendo o livro mais lido no mundo, a Bíblia Sagrada ainda é inacessível a inúmeras pessoas. Mudar essa realidade é o objetivo das Sociedades Bíblicas Unidas (SBU), organização presente em dezenas de países. De acordo com as SBU, em 2022, cerca de 35,5 milhões de exemplares completos das Escrituras foram distribuídos no planeta. Desse total, 4,8 milhões foram disponibilizados pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), número quase duas vezes maior que o do segundo colocado, os Estados Unidos (2,6 milhões), e o do terceiro, a Índia (2,5 milhões).

O diretor-executivo da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), Rev. Erní Seibert, destaca o papel da organização: “Queremos que as Escrituras transformem as pessoas”
Foto: Divulgação / SBB

Segundo o diretor-executivo da SBB, Rev. Erní Seibert, as Sociedades Bíblicas Unidas têm um critério de distribuição no qual cada país considera o fornecimento no próprio território. “O trabalho da SBB se sustenta na parceria mantida com as igrejas e os cristãos”, informa o reverendo, destacando que 82% do fornecimento da Palavra de Deus em nossa nação é feito via comunidades cristãs ou organizações evangélicas. “Se a igreja tem uma escola, essa instituição faz a distribuição de Bíblias.” Os demais 18% são comercializados. “Isso indica que o Brasil tem uma Igreja viva que evidencia sua fé.”

O compromisso da SBB vai além da distribuição da Palavra. A organização também acompanha e avalia periodicamente os resultados de seu trabalho. “Queremos que as Escrituras transformem as pessoas”, destaca Seibert. Segundo ele, para mensurar o alcance da Bíblia em braile, por exemplo, são realizados encontros e rodas de conversa com representantes do público-alvo, a fim de analisar o impacto que a leitura bíblica causa em seus leitores.

O Pr. Luiz Renato Maia assinala: “Dentro ou fora do país, a obra missionária precisa de exemplares da Palavra, para que o Evangelho seja apresentado de maneira mais eficaz”
Foto: Arquivo pessoal

Apesar dos esforços e resultados positivos da SBB e de outras organizações que publicam a Bíblia em nossa nação, o Texto Sagrado ainda tem pouca presença em algumas regiões brasileiras. “É o caso do Sertão Nordestino”, lembra o Pr. Luiz Renato Maia, presidente da Missão em Apoio à Igreja Sofredora (Mais). “Dentro ou fora do país, a obra missionária precisa de exemplares da Palavra, para que o Evangelho seja apresentado de maneira mais eficaz”, destaca o líder, assinalando que ter uma Bíblia impressa ainda está fora do alcance de muita gente, principalmente nos países fechados ao Evangelho. “Existem comunidades que trabalham com, no máximo, duas Bíblias a serem compartilhadas por toda a igreja, devido à perseguição. Apesar dessa limitação, a leitura de uma porção das Escrituras Sagradas tem levado vidas a Cristo.”

O Pr. Silas Marchiori Tostes pontua: “Apenas distribuir a Bíblia não resolve a questão. Sabemos de heresias que surgem a partir de interpretações equivocadas das Escrituras. Precisa haver uma orientação, para que haja o entendimento correto dos registros bíblicos”
Foto: Arquivo pessoal

Mesmo considerando que diversas pessoas possam ser alcançadas pelo Senhor mediante essa leitura, há quem aponte o papel fundamental das igrejas locais no crescimento da fé. É o que pensa o Pr. Silas Marchiori Tostes, presidente da Missão Antioquia. Ele entende que, para dar continuidade à obra de conversão iniciada pelo Espírito Santo, o novo crente precisa ser amparado por uma comunidade cristã. Dessa forma, ainda que haja a distribuição eficiente de Bíblias, a presença de alguém capaz de ensinar a Palavra ao recém-convertido é importante. “Apenas distribuir a Bíblia não resolve a questão. Sabemos de heresias que surgem a partir de interpretações equivocadas das Escrituras. Precisa haver uma orientação, para que haja o entendimento correto dos registros bíblicos”, pontua o ministro.

Assim como Tostes, outros pastores, teólogos e missionários entendem que, após ter um encontro real com Cristo, é necessário que o salvo se aprofunde na Palavra. Entretanto, isso dependerá do nível de liberdade no país de origem desse servo e das condições de acesso a uma igreja, ainda que esta seja um grupo de cristãos reunidos secretamente. Esse foi o caso de Moussa [nome fictício], um ex-muçulmano que se converteu ao Evangelho em 2018, em um país onde a perseguição aos cristãos é acirrada. Ele creu em Cristo como Salvador após ler o Novo Testamento em árabe. Moussa estudou os Evangelhos e cresceu espiritualmente com a ajuda de uma congregação local. Segundo informações da Missão Portas Abertas, agência missionária de apoio aos cristãos perseguidos, Moussa se mudou com a família para Camarões, país do Oeste Africano de 30 milhões de habitantes. Lá, ele dirige uma igreja doméstica, na qual os membros se reúnem em sigilo, devido à perseguição religiosa.

”O Pr. Diego da Silveira de Souza observa que o conhecimento bíblico é libertador: “Para ler a Bíblia, é preciso tê-la. Os benefícios de associá-la a uma boa prática de leitura diária são inquestionáveis”
Foto: Arquivo pessoal

Com base em testemunhos como o de Moussa, o Pr. Diego da Silveira de Souza, da Primeira Igreja Batista em Jardim Meriti, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense (RJ), observa que o conhecimento bíblico é libertador. O pregador lembra que o legado deixado pela Reforma Protestante foi, entre outros, facilitar o acesso dos fiéis às Escrituras. Segundo ele, naquele tempo, os reformadores traduziram o Livro Santo – antes acessível apenas em latim – para os idiomas falados nos países alcançados pelo movimento. “Para ler a Bíblia, é preciso tê-la. Os benefícios de associá-la a uma boa prática de leitura diária são inquestionáveis”, atesta Souza.

O teólogo e professor de História Raphael Guimarães Novato Rabelo esclarece: “A falta de leitura bíblica, oração e testemunho é um dos grandes problemas do nosso tempo”
Foto: Arquivo pessoal

Por outro lado, o teólogo e professor de História Raphael Guimarães Novato Rabelo esclarece que a distribuição de milhões de exemplares não garante que as pessoas leiam as Escrituras. “A falta de leitura bíblica, oração e testemunho é um dos grandes problemas do nosso tempo.” O ministro reforça que a oferta de Bíblias, especialmente no formato digital, é indispensável ao cumprimento do Ide de Cristo (Mc 16.15). Entretanto, a Palavra oferecida por meio de aplicativos de celular apresenta um ponto negativo: o risco das distrações, pois o leitor pode ter a atenção dividida com outros apps. “Usar um exemplar de papel ajuda a manter o foco”, opina Rabelo.

O Pr. Hilton dos Santos Júnior ensina: “Somente nas Escrituras encontramos alimento para a alma e renovo espiritual. Quanto mais conhecemos a Bíblia, mais nos aproximamos de Deus”
Foto: Arquivo pessoal

Para muitos pastores e missionários, independentemente do formato, o importante é incentivar a meditação na Palavra. É o que pensa o Pr. Hilton dos Santos Júnior, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) na Romênia. “Somente nas Escrituras encontramos alimento para a alma e renovo espiritual. Quanto mais conhecemos a Bíblia, mais nos aproximamos de Deus”, ensina.

O Pr. Paulo Cesar da Silva informa: “Em países onde há liberdade religiosa, dificilmente alguém poderá alegar que não ouviu falar de Jesus. A distribuição das Sagradas Escrituras, somada a uma leitura dirigida pelo Espírito Santo, resultará em vidas salvas e cristãos fortalecidos”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Paulo Cesar da Silva, líder da Igreja da Graça em Luziânia (GO), concorda com o colega de ministério. Citando Oseias 4.6, ele reafirma o papel da Palavra como o manual da vida abundante: O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento. De acordo com Silva, somente Jesus é capaz de preencher nosso vazio existencial, e a leitura bíblica é preponderante nesse processo.

Na visão do pastor, a Bíblia continua sendo a publicação mais lida do mundo, devido à sede de conhecimento da mensagem. Ele lembra que os significativos números de exemplares distribuídos no mundo só confirmam tal fato. Em termos nacionais, Silva acredita que a quantidade de Bíblias entregues em nosso território tende ao crescimento, fazendo com que aumente o acesso da população à Verdade. “Em países onde há liberdade religiosa, dificilmente alguém poderá alegar que não ouviu falar de Jesus. A distribuição das Sagradas Escrituras, somada a uma leitura dirigida pelo Espírito Santo, resultará em vidas salvas e cristãos fortalecidos”, conclui.

Foto: Divulgação / SBB

Tendência de crescimento

De acordo com as Sociedades Bíblicas Unidas (SBU), em todo o planeta, foram distribuídos cerca de 35,5 milhões de exemplares completos das Sagradas Escrituras ao longo de 2022 – 3 milhões a mais do que o volume entregue em 2021. Levando em consideração as porções bíblicas do Antigo e do Novo Testamento, esse número chega a 166,4 milhões. Outro dado relevante é a quantidade de downloads do Livro Santo, que continua crescendo. Em 2022, cerca de 28% das Bíblias foram baixadas pela internet; em 2021, 21%.

Tais números foram compilados a partir de dados anuais fornecidos pelas sociedades bíblicas de cada país. A distribuição, assim como a tradução, está profundamente enraizada no coração de nossa fraternidade. Garantir que cada pessoa tenha uma Bíblia está intimamente ligado à distribuição eficiente, declarou o secretário-geral das SBU, Dirk Gevers (foto), informando que as Sociedades Bíblicas são as maiores tradutoras e distribuidoras das Escrituras do planeta. Cerca de 70% das traduções completas do Texto Sagrado no mundo são fornecidas por elas.

(Élidi Miranda, com informações das SBU)

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