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Próspero e abençoado

Para o cristão, a busca por conquistas materiais é lícita, mas deve ser fundamentada na Palavra

Por Evandro Teixeira

Em 1 Reis 3, está registrado o início do reinado de Salomão sobre Israel e Judá. No texto, fica evidente o amor desse soberano pelo Criador, O qual lhe aparece em sonho, dando a ele a liberdade para pedir o que quiser. Embora pudesse solicitar riquezas e poder para derrotar todos os seus oponentes, o filho do grande rei Davi faz um único pedido ao Senhor: sabedoria para governar. A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? (1 Rs 3.9).

Foto: Divulgação: Graça Editorial

A escolha do monarca deixou o Todo-Poderoso muito satisfeito, e, como recompensa por não ter pedido bens materiais ou triunfo sobre seus inimigos, o Altíssimo lhe concedeu sabedoria inigualável, além de riquezas e glória como jamais se viram em Israel. E disse-lhe Deus: Porquanto pediste esta coisa e não pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos, mas pediste para ti entendimento, para ouvir causas de juízo; eis que fiz segundo as tuas palavras, eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual se não levantará. E também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias  (1 Reis 3.11-13).

A partir de então, Salomão se tornou exemplo de governante próspero, e suas conquistas foram consequência de sua fidelidade ao Pai celeste. Assim como ele, as Escrituras mostram que outros servos fiéis experimentaram prosperidade, como Abraão: muito rico em gado, em prata e em ouro (Gn 13.2) e Jó: E, assim, abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas (Jó 42.12). Esses  exemplos deixam claro que honrar a Deus é um princípio e deve ser seguido à risca por todo cristão. É o que assevera o texto de 1 Samuel 2.30: Portanto, diz o Senhor, Deus de Israel: […] porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão envilecidos.

A empresária Iara Marília Anastácio Dionísio Bastos, ex-funcionária de uma lanchonete, em seu restaurante. Negócio assumido após consagração
Foto: Arquivo pessoal

No livro As bênçãos que enriquecem (Graça Editorial), o Missionário R. R. Soares pontua que o capital, dependendo da maneira como é usado, pode se tornar instrumento de bênção ou maldição. Nos ensinamentos do Mestre acerca do uso do dinheiro, percebe-se claramente que Ele não o censurava, antes, admitia ser natural a preocupação do homem com questões financeiras. O que o Nazareno criticava, em algumas ocasiões, era a inclinação diabólica de colocar o coração naquilo que é material, ensina R. R. Soares. Ainda de acordo com o autor, outro fundamento para o enriquecimento segundo os padrões divinos é a fidelidade do crente em Jesus como dizimista e ofertante. 

Tomando posse – A empresária Iara Marília Anastácio Dionísio Bastos, 55 anos, teve uma experiência marcante quando decidiu abrir um restaurante, em 2009. Membro da sede regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Campos dos Goitacazes (RJ), ela desejava concretizar o sonho de ter o próprio negócio. Porém, sua condição financeira não lhe permitia fazer qualquer investimento desse tipo. “Na época, eu tinha três filhos pequenos e ainda ajudava meu esposo, que faleceu em 2019”, lembra-se a empresária, que era funcionária de uma lanchonete.

O gestor de pessoas Cleiton Pinheiro adverte que o desejo de ganhar dinheiro pode levar até mesmo um servo de Deus a se tornar infiel: “Movidas por esse sentimento, as pessoas tendem a se perder e cometem erros que podem prejudicar a vida delas”
Foto: Arquivo pessoal

A certeza de que teria o comércio veio após um período de consagração. De acordo com Iara, Deus lhe deu a confirmação de que seu sonho se realizaria por meio da passagem de Isaías 54.2,3: Amplia o lugar da tua tenda, e as cortinas das tuas habitações se estendam; não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque trasbordarás à mão direita e à esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.

Tomando posse dessa palavra e sendo fiel nos dízimos e nas ofertas, Iara continuou trabalhando. Passado algum tempo, ela foi procurada por uma pessoa próxima que havia aberto um restaurante, mas não estava em condições de continuar gerindo o estabelecimento. “Ciente dos custos que envolviam o empreendimento, mas, seguindo a orientação do Espírito Santo, decidi assumir o restaurante”, recorda-se. Desde então, o negócio, conduzido com a bênção do Senhor, tem prosperado há 14 anos. Sempre honrando a casa de Deus, a empresária tem colhido bons frutos de seu trabalho: reformou sua casa, comprou um carro e garantiu um padrão de vida mais confortável para ela e os filhos. Entretanto, faz questão de lembrar que o mais importante foi, e continua sendo, colocar o Altíssimo em primeiro lugar. “Graças ao Senhor, minhas portas não se fecharam por causa da pandemia, o que aconteceu com alguns estabelecimentos”, testemunha.

O Pr. Ezequiel Leopoldino da Silva afirma: “Cristo deixou evidente que o apego exagerado às coisas materiais pode constituir um problema. A dificuldade se dá pelo fato de a riqueza também oferecer prazer ao homem. Se não tivermos cuidado, ela pode dominar o nosso coração”
Foto: Arquivo pessoal

Por sua vez, o gestor de pessoas Cleiton Pinheiro, evangelista na ADalpha Church em Barueri (SP), adverte que o desejo de ganhar dinheiro pode levar até mesmo um servo de Deus a se tornar infiel. De acordo com ele, isso ocorre, principalmente, quando a pessoa quer enriquecer rapidamente e, para tanto, deixa de colaborar com a obra divina, visando acumular mais bens. O profissional lembra que a ansiedade gerada pela busca da riqueza é um grave erro, conforme alerta o autor de Provérbios: Não te canses para enriqueceres (Pv 23.4). “Movidas por esse sentimento, as pessoas tendem a se perder e cometem erros que podem prejudicar a vida delas.”

Na opinião do evangelista, as lideranças cristãs precisam incentivar os membros de suas igrejas a buscar conquistas financeiras, mas sempre advertindo-os de que o devem fazer seguindo os princípios contidos na Palavra. “O retorno dado por Deus dependerá da forma como o indivíduo administra essa busca”, afirma, referindo-se à parábola dos talentos, na qual um senhor recompensa seus servos de acordo com a maneira com que cada um utiliza os recursos que lhes foram confiados (Mt 25.14-30).

O Pr. Silas Rosalino de Queiroz enfatiza que verdadeiramente rico é quem tem a bênção divina: “Essa dádiva pode se manifestar de diversas maneiras, inclusive na obtenção de bens materiais, quando essa for a vontade do Criador”
Foto: Arquivo pessoal

Domínio do coração – Indagado sobre o tema, o Pr. Ezequiel Leopoldino da Silva, da Igreja Batista Renovada no bairro Valão, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), cita as palavras registradas em Eclesiastes: E quanto ao homem, a quem Deus deu riquezas e fazenda e lhe deu poder para delas comer, e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isso é dom de Deus (Ec 5.19). No entanto, recorda também a advertência feita por Jesus em Mateus 19.24: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus. O ministro esclarece que, na ocasião em que proferiu essas palavras, o Mestre havia sido abordado por um jovem rico, que O questionara sobre o que era preciso para ter a vida eterna. Ao sugerir que ele vendesse suas posses, o Filho de Deus colocou à prova o coração do rapaz, o qual possuía muitas propriedades. “Em sua resposta, Cristo deixou evidente que o apego exagerado às coisas materiais pode constituir um problema. A dificuldade se dá pelo fato de a riqueza também oferecer prazer ao homem. Se não tivermos cuidado, ela pode dominar o nosso coração.”

O Pr. Douglas dos Santos Paiva entende que os maiores tesouros para o cristão são os celestiais e diz que o servo de Cristo, enquanto estiver neste mundo, precisará buscar sabedoria do Alto para lidar com bens materiais de forma equilibrada
Foto: Arquivo pessoal

Embora o termo riqueza remeta de forma mais imediata a aspectos materiais, o Pr. Silas Rosalino de Queiroz, líder da Assembleia de Deus em Jardim Presidencial III, em Ji-Paraná (RO), enfatiza que verdadeiramente rico é quem tem a bênção divina. “Essa dádiva pode se manifestar de diversas maneiras, inclusive na obtenção de bens materiais, quando essa for a vontade do Criador”, pondera. Segundo Queiroz, entender o que significa, de fato, adquirir riqueza faz com que a pessoa se liberte da ganância e da avareza. Além disso, o ministro observa que nem sempre as conquistas financeiras podem ser vistas como bênção, pois é sabido que muitos acabam enriquecendo de forma injusta e criminosa. “A mão do Senhor nunca estará nisso”, adverte.

Pensamento semelhante é compartilhado pelo Pr. Douglas dos Santos Paiva, líder regional da Igreja da Graça em Santa Luzia (MG). Embora apoie a busca por prosperidade financeira, ele entende que os maiores tesouros para o cristão são os celestiais, referindo-se ao conhecido texto de Mateus 6.19-21: Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

Foto: artiemedvedev / Adobe Stock

Para o ministro do Evangelho, enquanto estiver neste mundo, o servo de Cristo precisará buscar sabedoria do Alto para lidar com bens materiais de forma equilibrada e, assim, enriquecer em todos os sentidos com as bênçãos de Deus. “Com a ajuda pastoral, o cristão poderá obter a clareza necessária para entender as questões que envolvem tanto a riqueza material quanto a espiritual”, ensina.

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