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Foto: Alejandro Escamilla / Unsplash

Longe da web

Jovens estão se afastando das redes sociais em busca de saúde mental

Por Ana Cleide Pacheco

Interagir com amigos pelos meios virtuais se tornou praticamente uma regra na modernidade. Estima-se que as mídias sociais concentrem hoje mais de 4 bilhões de usuários em todo o planeta, de acordo com o instituto de pesquisas alemão Statista. Mas, enquanto muitos consideram as redes algo quase vital, outros estão preferindo nadar contra essa corrente.

Um levantamento recente mostrou que um em cada cinco jovens com idades de 18 a 24 anos – integrantes da geração Z – desativou suas contas nas redes sociais. A principal razão teria sido os danos psicológicos que sofreram. No estudo, realizado no mês de abril pela agência de pesquisas britânica Dentsu Aegis Network, foram ouvidas 32 mil pessoas de 22 países.

A técnica de Enfermagem Esther Chazin da Luz: “O tempo que perdia nas redes dedico às coisas dEle, lendo a Bíblia, orando, jejuando, fazendo a obra. Isso fez uma grande diferença em minha vida” Foto: Arquivo pessoal

A técnica de Enfermagem Esther Chazin da Luz, 21 anos, está entre os que decidiram deixar as comunidades virtuais. Membro da Assembleia de Deus em Pilares, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), ela afirma que acessar as redes sociais diariamente era improdutivo. “Começava a rolar o feed de notícias, via o que os amigos postavam e, inevitavelmente, eu me comparava a eles”, revela Esther, destacando que uma amiga mostrava a foto do carro novo, outra exibia-se em sua última viagem, e uma terceira comemorava a conquista de um novo emprego. “Considerava minha vida monótona e, às vezes, até medíocre. Isso me causava angústia e tristeza.”

Com o tempo, Esther percebeu que algumas daquelas publicações não refletiam, necessariamente, o que as pessoas estavam vivendo. Mesmo assim, não se arrepende da decisão de ter abandonado as mídias sociais. “Hoje, meu coração está mais leve e até meu relacionamento dentro de casa, com minha família, melhorou consideravelmente. Muitas vezes, descontamos nossas frustrações nos outros, e eu fazia isso”, avalia a moça, assinalando que, agora, consagra uma maior parcela de seu dia ao Reino de Deus. “O tempo que perdia nas redes dedico às coisas dEle, lendo a Bíblia, orando, jejuando, fazendo a obra. Isso fez uma grande diferença em minha vida”, alegra-se.

O estudante e auxiliar de serviços gerais Valdeci Santana Ribeiro relata: “O vício de acordar e entrar na internet deu lugar à busca de um tempo com Deus, de oração e leitura bíblica” Foto: Arquivo pessoal

O estudante e auxiliar de serviços gerais Valdeci Santana Ribeiro, 24 anos, também se absteve das redes sociais. Membro da mesma igreja de Esther da Luz, ele afirma que o convívio com esses aplicativos o deixava ansioso. Além disso, roubava-lhe tempo. “Comecei a me dedicar mais à internet do que às coisas de Deus. Decidi sair porque aquilo estava prejudicando minha vida pessoal e espiritual. Deixava de estudar a Bíblia para ficar conectado. Não pretendo voltar tão cedo”, frisa o rapaz, salientando que tal afastamento será de, no mínimo, um ano. “O vício de acordar e entrar na internet deu lugar à busca de um tempo com Deus, de oração e leitura bíblica”, relata Valdeci, o qual já colhe os frutos da decisão: “Notei uma mudança extraordinária em minha vida espiritual: a angústia e a ansiedade acabaram. Hoje, tenho mais paz e qualidade de vida.”

Priorizando o Reino – O administrador de empresas Matheus Gonçalves de Brito, 26 anos, membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus na Itaoca, em Bonsucesso, zona norte do Rio de Janeiro, igualmente adotou a postura de desativar suas redes sociais temporariamente. Ele conta que empregava mais tempo com elas do que gostaria. “Foi difícil concluir que estava em uma espécie de prisão. Precisei tomar medidas drásticas para reverter aquele quadro. Ao fazer isso, tive a nítida sensação de estar passando por uma desintoxicação.”

O administrador de empresas Matheus Gonçalves de Brito: “Sem que percebamos, somos levados a um ciclo vicioso, que não nos permite ficar dez minutos sem olhar para o celular” Foto: Arquivo pessoal

Ficar tempo demais nas redes, sem se dar conta disso, é uma situação comum, pois, como os próprios criadores confirmam, tudo nelas funciona para manter os usuários entretidos: o layout, as notificações e os mecanismos de atualização das informações. “Sem que percebamos, somos levados a um ciclo vicioso, que não nos permite ficar dez minutos sem olhar para o celular”, confirma Matheus.

Ele voltou a utilizar as redes sociais recentemente, mas com cautela. “Tenho a prática de desativá-las esporadicamente sempre que percebo que estão me atrapalhando. É uma forma de dizer quem está no controle e aplacar qualquer sinal de dependência.” Segundo Matheus, os benefícios de ficar um período longe do universo on-line são inúmeros, especialmente para o cristão. “O tempo que gastava conectado afetava diretamente meus momentos de oração e leitura das Escrituras.” Dessa forma, desativá-las, de acordo com ele, contribuiu bastante para sua dedicação às disciplinas espirituais. “Toda vez que volto a usar as redes sociais, após um tempo off-line, percebo que tenho maior resistência, moderação e domínio sobre o uso do celular”, regozija-se.

Foto: Arte sobre foto de Mia Baker / Unsplash

Já a professora de Educação Física e massoterapeuta Thayná Cardoso Correia, 25 anos, pensa que os contatos virtuais, as “curtidas” e outras formas de interação nas redes criam a falsa sensação de que estão substituindo as interações reais. Outro problema é que a vida nesse ambiente nem sempre condiz com a realidade. Ela narra que, por um bom tempo, usou esse espaço para transmitir uma imagem irreal de si mesma, e isso só lhe causou sofrimento. “Acordava e logo pegava o celular, postava que estava feliz, mas não estava. Ou seja, eu me deixava levar por algo que não era verdadeiro.”

Após permanecer um longo período desconectada, a jovem começou a valorizar mais aquilo que, em sua opinião, realmente importa. “Hoje, consigo acordar, ajoelhar e agradecer; falo com as pessoas que moram comigo, tomo café e vivo meu dia com mais tranquilidade. Consigo, também, fazer leituras, meditar, escutar uma canção e sorrir bem mais”, lista Thayná, deixando claro que passou a fazer uso dessa tecnologia com equilíbrio. “Não me importo com a opinião e validação dos outros, e isso me traz paz. Minha vida espiritual mudou, e sou grata mesmo em dias de luta.”

A massoterapeuta Thayná Cardoso Correia: “Acordava e logo pegava o celular, postava que estava feliz, mas não estava. Ou seja, eu me deixava levar por algo que não era verdadeiro” Foto: Arquivo pessoal

Remir o tempo” – O Pr. Jarbas Rodrigues Dantas, 57 anos, da Igreja Evangélica Geração Novo Tempo, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), não crê que as redes sociais produzem algum tipo de dano mental aos usuários. Para ele, as pessoas utilizam a web de forma errada, o que acaba revelando problemas que elas já têm. Muita gente, acrescenta ele, não sabe lidar com os desafios do dia a dia e usa as mídias como válvula de escape. “Hoje, não fazemos mais nada sem o telefone e a internet. Precisamos entender que estamos na Era Digital e procurar nos adaptar a isso de forma consciente”, alerta Jarbas Dantas.

O ministro defende que o distanciamento de Deus não se dá por causa da rede mundial de computadores. Aliás, ele lembra que a internet permite que as pessoas pesquisem, estudem e leiam – inclusive a Bíblia. “Mas elas não aproveitam bem o tempo. E o Livro Sagrado diz que devemos remir o tempo [Ef 5.16]. Desse modo, precisamos saber realizar tudo sem extravagâncias e procurar o que realmente é importante para darmos prioridade. Devemos fazer todas as coisas de maneira consciente, e isso se aplica, inclusive, ao acesso às redes sociais.”

Pr. Jarbas Rodrigues Dantas: “Hoje, não fazemos mais nada sem o telefone e a internet. Precisamos entender que estamos na Era Digital e procurar nos adaptar a isso de forma consciente” Foto: Arquivo pessoal

De acordo com o Pr. Tony Edson Dias Braga, 36 anos, sair da esfera de influência das redes sociais causa um grande impacto na vida dos jovens, pois eles têm a personalidade forjada pela experiência do mundo real, e não pelo que se vê no ambiente virtual. “À medida que a vida do outro vai se tornando mais interessante, o sentimento de insatisfação, inferioridade e complexos acabam atingindo a mente daquele que está consumindo a informação, e isso o desmotiva”, explica o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) de São José, em Manaus (AM).

Do ponto de vista dele, o acesso às redes precisa acontecer com responsabilidade. “Elas são recursos importantes e essenciais na atualidade. Vivemos momentos em que as redes foram os únicos meios para a transmissão da Palavra. Sendo assim, usá-las com moderação é saudável para todos”, frisa Tony Braga, destacando que o fundamental é saber utilizá-las sem permitir que roubem do cristão a comunhão com o Altíssimo. “Se as redes sociais está distraindo e distanciando a pessoa de Deus, não está sendo utilizada de forma sábia”, sublinha, citando Eclesiastes 3.1: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. “Existe o momento certo para todas as coisas, inclusive para se conectar à internet, estudar, trabalhar e buscar as coisas de Deus”, conclui.

Pr. Tony Edson Dias Braga: “Vivemos momentos em que as redes foram os únicos meios para a transmissão da Palavra. Sendo assim, usá-las com moderação é saudável para todos” Foto: Arquivo pessoal

Protegendo-se na rede

Foto: Jamie Street / Unsplash

A pesquisa da agência Dentsu Aegis Network mostrou que os jovens andam cautelosos com os cliques dados na internet. Segundo o estudo, 43% deles disseram que adotam diversos cuidados para reduzir a quantidade de dados pessoais compartilhados na web. Eles costumam limpar o histórico de pesquisas, e muitos lançam mão dos recursos disponíveis para navegar de forma anônima, uma opção que permite ao usuário acessar sites sem que sejam salvos cookies (pequenos arquivos salvos no computador das pessoas para ajudar a armazenar as preferências e outras informações usadas nas páginas visitadas). Outra maneira que esse público tem achado para se proteger é desabilitar os serviços de localização. Isso limita a utilização de alguns aplicativos, mas impede que empresas, como a Google, tenham acesso a informações que mostrem onde e quando o usuário esteve e por quanto tempo.

(Fonte: Dentsu Aegis Network)


2 Comments

  1. Wagner Silva Tenório de Melo disse:

    Parabéns pela matéria , é um alerta a todos. não devemos ter vícios.
    Eu percebo claramente o que foi aqui abordado,
    pois fui liberto do alcoolismo e vejo as redes sociais como um vício que é mascarado, quando se percebe o viciado está corrompido e sofre para se libertar disso.
    Mas em Nome do Senhor Jesus Cristo tudo é possível!

    • Editor disse:

      Muito grato por seus comentários, caríssimo. Peço que ore por nossa redação e pelo trabalho de toda a nossa equipe digital!

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