Teologia | Revista Graça/Show da Fé
Capa | Atualidade
25/10/2023
Jornal das Boas-Novas – 293
22/12/2023
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Teologia

The ladder or the way to heaven, the concept of enlightenment and spirituality.

Foto: Arte sobre foto de Denis – Gerado por IA / Adobe Stock

Vida eterna

Pastores e teólogos explicam: o Céu e o inferno são reais, mas muitas pessoas não creem na existência deles

Por Patrícia Scott

O evangelho de Lucas registra uma parábola em que Jesus discute o destino de dois homens após a morte: o rico e Lázaro (Lc 16.19-31). O primeiro era uma pessoa de posses, porém insensível às necessidades alheias. À sua porta, vivia um mendigo chamado Lázaro. A penúria do pedinte não comovia o rico, que não dava àquele homem nem mesmo as migalhas que caíam de sua mesa. Ambos morreram, e Lázaro foi para um lugar de paz – o seio de Abraão. O homem abastado partiu para um local quente e de tormento: o inferno, ou hades, no original grego.

Foto: Thinnapat / Adobe Stock

Em outras passagens, as Sagradas Escrituras afirmam claramente a existência do Céu e do inferno. O primeiro é o lugar onde Deus habita com os anjos. É o destino final dos que amam o Pai e aceitam Jesus como Senhor e Salvador, como o próprio Messias afirmou: Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar (Jo 14.2). Ao falarmos do Céu, não nos referimos ao firmamento ou ao Universo, onde estão os planetas, as estrelas e os demais corpos celestiais. Mencionamos uma dimensão espiritual, no contexto das palavras de Paulo: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam (1 Co 2.9).

O Pr. Danyel Reis afirma: “O Evangelho constrange o ser humano, levando-o ao Salvador, que anuncia o arrependimento, o perdão, o amor e a salvação”
Foto: Arquivo pessoal

O Texto Sagrado também demonstra que existe o inferno, um lugar de tormento criado para punir Satanás e seus seguidores: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). Esse local é o destino de quem morre sem Jesus. A Bíblia não descreve com detalhes o inferno, mas relata ser um lugar de grande sofrimento, onde os descrentes, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder (2 Ts 1.9).

A visão das pessoas a respeito do que acontece após a morte tem a ver com a doutrina de cada grupo religioso. Nas culturas ocidentais, influenciadas pelo cristianismo ao longo dos séculos, a tendência da maioria é crer na existência do Céu e do inferno. Entretanto, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que cada vez menos gente crê na existência dessas duas dimensões espirituais.

O Pr. Ediudson Fontes assinala: “A Bíblia não condena o conforto. No entanto, fixar os olhos nisso é estar fora da visão bíblica”
Foto: Arquivo pessoal

O levantamento realizado pela Gallup, empresa global de pesquisa e opinião, revelou que a porcentagem de norte-americanos que creem no Céu e no inferno caiu para os níveis mais baixos registrados nas últimas duas décadas. A crença na existência do Céu sofreu uma redução de 83%, em 2001, para 67%, em 2023. No mesmo período, o percentual daqueles que acreditam na existência do inferno passou de 71% para 59%. Embora seja possível afirmar que a maioria dos estadunidenses crê nessas duas esferas, há uma clara tendência de queda nesses números nas próximas décadas. A Gallup documentou declínios acentuados na frequência à igreja, na confiança na religião organizada e na identificação religiosa nos últimos anos, destaca o relatório da pesquisa, revelando que os frequentadores regulares de igrejas protestantes são os que mais tendem a permanecer, em grande parte, resolutos em suas crenças.

O Pr. Atila Ribeiro pontua: “O Senhor ama o pecador, mas também ama a Sua justiça. É a doutrina do duplo amor, que não permite a impunidade”
Foto: Arquivo pessoal

“Visão bíblica” – O Pr. Danyel Reis, professor do Seminário Bíblico Keryx, acredita que as questões sobre a eternidade precisam ser pregadas enfaticamente nos púlpitos. Ele lembra que o cerne do Evangelho é a morte de Cristo e reforça: crer no sacrifício de Jesus garante aos homens a entrada na eternidade com Deus. Rejeitar essa dádiva é o caminho para a perdição (Mc 16.16).

De acordo com o educador, o cristianismo nacional vem se inclinando a produzir pregações que não apontam diretamente para a mensagem da cruz. Em tom de lamento, Reis afirma: são sermões centralizados no homem, na motivação e em outras questões emocionais, com foco no presente, e não no porvir. “O Evangelho constrange o ser humano, levando-o ao Salvador, que anuncia o arrependimento, o perdão, o amor e a salvação.”

O Pr. Sérgio de Sousa alerta: “Quanto aos ímpios, continuam indo para o hades, onde permanecem atormentados e plenamente conscientes”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Ediudson Fontes, ministro auxiliar na Assembleia de Deus Cidade Santa, na Vila da Penha, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), reforça a ideia de que muitos irmãos em Cristo se concentram apenas no bem-estar mundano. “A Bíblia não condena o conforto. No entanto, fixar os olhos nisso é estar fora da visão bíblica”, assinala Fontes, citando o apóstolo Paulo: Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19). “A fé cristã não se resume ao presente. A eternidade existe.”

Além disso, o ministro lembra que o inferno não é uma invenção cristã para manipular as pessoas. “Não se trata de um assunto alegórico, mitológico nem de mera ficção. Essas verdades bíblicas devem ser levadas a sério. A justiça de Deus diferencia quem não se arrepende e quem se arrepende do erro.”

Foto: Lucianus / Adobe Stock

O Pr. Atila Ribeiro pontua que Deus pune os duros de coração. “O Senhor ama o pecador, mas também ama a Sua justiça. É a doutrina do duplo amor, que não permite a impunidade”, ensina ele, que é diretor do Instituto Teológico Dünamis e vice-diretor do Instituto Teológico Logos, ambos em Cachoeiro de Itapemirim (ES). O ministro recorda que, já nos tempos da Igreja primitiva, a doutrina dos apóstolos incluía o ensino sobre Céu e inferno, conforme haviam aprendido com Jesus. “Os mártires da Igreja morreram convictos de que existia uma recompensa pela fé sincera em Cristo em um lugar preparado para eles na eternidade”, destaca Ribeiro, referindo-se às palavras de Paulo: Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. […] Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor (2 Co 5.1,8). “Os justos entrarão diretamente na presença do Senhor e permanecerão na companhia de Deus, desfrutando do descanso e das bem-aventuranças”, afirma o ministro.

“Repouso perene” – O Pr. Sérgio de Sousa, professor de Teologia na FAESP, a Faculdade Evangélica de São Paulo, ensina que os convertidos a Cristo, ao morrerem, vão para o Paraíso, o terceiro céu, a morada de Deus (2 Co 12.2-4), onde, conscientes e em paz, aguardam a ressurreição. “Antes da obra de Jesus no Calvário, os que haviam morrido crendo na Salvação prometida iam para um lugar chamado seio de Abraão. Ao contrário dos ímpios, não ficavam em tormento, no hades, conforme Lucas 16, versos 22 e 23”, informa Sousa. Segundo ele, com a morte e a ressurreição de Jesus, os justos que estavam naquele local abençoado foram transportados para o Paraíso, o terceiro céu (Ef 4.8). “Quanto aos ímpios, continuam indo para o hades, onde permanecem atormentados e conscientes. Os salvos também têm plena consciência no terceiro céu. Os salvos e os perdidos não ficam dormindo enquanto aguardam a ressurreição dos mortos”.

O mestre em Ciências da Religião, Edimar Ribeiro, lembra: “O homem não vai para o inferno por vontade do Criador, e sim por se negar a crer em Cristo e na salvação nEle”
Foto: Arquivo pessoal

No entanto, o ministro esclarece que os salvos e os perdidos ainda não estão no “estado eterno”, por isso não têm posse de seus corpos. A alma e o espírito estão sofrendo, no hades, ou desfrutando das bem-aventuranças, no terceiro céu, pois a ressurreição ainda não aconteceu (1 Ts 4.13-18; 1 Co 15). “Quando isso ocorrer, o corpo se juntará à alma e ao espírito novamente. Os ímpios, com os corpos inglórios, irão para o fogo eterno, enquanto os salvos, com os corpos glorificados, entrarão definitivamente no repouso perene, a Nova Jerusalém, por toda a eternidade” (Ap 20.11–21.8).

Entretanto, o mestre em Ciências da Religião e doutorando em Teologia, Edimar Ribeiro, lembra que o inferno não foi feito para o homem, mas que, em decorrência da desobediência à Palavra e da rejeição à graça salvadora, não haverá outro destino para os ímpios, senão esse. “O amor de Deus, revelado em João 3.16, está disponível para todos, desde que confessem Jesus como Salvador”, ensina Ribeiro, citando as palavras de Paulo em Efésios 2.8: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. “O homem não vai para o inferno por vontade do Criador, e sim por se negar a crer em Cristo e na salvação nEle.”

A Pra. Rozimar dos Santos afirma: “O tempo do arrependimento é agora. As escolhas atuais acarretarão desfrutar ou não da eterna presença do Senhor”
Foto: Arquivo Graça / Rodrigo Di Castro

A Pra. Rozimar dos Santos, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), em Vargem Grande, na zona oeste carioca, afirma que esse dom gratuito do Senhor é concedido mediante uma decisão do homem durante a jornada dele na Terra: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).

Por esse motivo, a ministra afirma ser necessário que a Igreja trate desse tema nos púlpitos, a fim de que quem não crê mais na existência do Céu e do inferno seja tocado pelo Espírito Santo e receba a salvação. Afinal, a eternidade é real, e todos desfrutarão dela. “A diferença está no local em que isso acontecerá: no Céu ou no inferno. O tempo do arrependimento é agora. As escolhas atuais acarretarão desfrutar ou não da eterna presença do Senhor.”

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