Vida cristã | Revista Graça/Show da Fé
Jornal das Boas-Novas – 254
01/09/2020
Heróis da Fé | Lottie Moon
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Foto: Tolipov / 123RF

OPOSIÇÃO NO LAR

Quando a decisão de seguir Cristo não é bem recebida em casa, o novo convertido enfrenta um duplo desafio: honrar a Deus e aos pais

Por Evandro Teixeira

A Pra. Nadir Cristina da Silveira Oliveira, 40 anos, que lidera a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Centro de Indaiatuba (SP), tinha apenas 11 anos quando entregou a vida a Jesus. Sua mãe sofria de um problema sério na coluna e corria o risco de perder os movimentos das pernas, por isso seria operada. Elas estavam em Belo Horizonte (MG), aguardando a realização da cirurgia, quando participaram de um culto evangélico, e a mãe da pastora foi curada. Com o milagre, o procedimento cirúrgico não foi mais necessário. Então, regressaram à sua cidade de origem, Timóteo (MG), distante quase 200km da capital mineira. Lá, a pequena Nadir e a mãe iniciaram a caminhada com o Salvador no templo recém-inaugurado da Igreja da Graça.

A Pra. Nadir Cristina da Silveira Oliveira, que teve a oposição do pai quando se converteu: “Hoje, eu me sinto imensamente realizada. Tudo o que passei pelo Senhor valeu a pena”
Foto: Arquivo pessoal

Entretanto, o pai da pregadora desaprovou a decisão dela e da mãe, por não gostar de evangélicos. Nadir insistia em ir aos cultos mesmo sabendo que poderia ser penalizada “Perseverei em oração e na leitura da Palavra. Entendi o versículo de Lucas 14.26: Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Com o decorrer do tempo, o comportamento de seu pai foi modificando. Certo dia, Nadir ficou surpresa com a atitude dele em lhe dar a bênção – quando, anteriormente, dissera que nunca mais faria isso, mesmo que ela lhe pedisse.

A partir daquele momento, ele não se opôs mais à escolha espiritual da filha e começou a demonstrar orgulho da menina. Assim, Nadir se sentiu mais à vontade para fazer a obra de Deus. Aos 18 anos, saiu de casa para liderar a primeira Igreja, como pastora. Porém, antes, teve oportunidade de falar do Messias a seu pai e vê-lo dar os primeiros passos na fé. “Hoje, eu me sinto imensamente realizada. Tudo o que passei pelo Senhor valeu a pena”, declara a líder, que já acumula 22 anos de ministério pastoral.

O enfermeiro Lennon Martins Pontes enfrentou a resistência familiar ao aceitar Cristo há 15 anos: “Meus pais e meus irmãos não foram ao meu batismo”
Foto: Arquivo pessoal

O enfermeiro Lennon Martins Pontes, 37 anos, membro da Primeira Igreja Presbiteriana em Nilópolis (RJ), de igual modo, enfrentou a resistência familiar ao aceitar Cristo há 15 anos. “Meus pais e meus irmãos não foram ao meu batismo. Por ser muito ligado à família, eu me senti desprezado.” A mudança de seus atos criou também uma espécie de abismo entre ele e seus entes queridos, pois o rapaz não tinha mais prazer em frequentar alguns lugares e participar de determinadas reuniões sociais.

Então, Lennon sofreu retaliações dos pais e de outros parentes. Por outro lado, reconhece que, no início de sua trajetória cristã, tomou algumas atitudes extremas. Ele achava, por exemplo, que era pecado sentar-se e conversar com a mãe enquanto ela bebia cerveja. Seus pais ainda não se converteram, no entanto, atualmente mais maduro na fé, entende a necessidade de estar mais próximo dos dois, honrando-os, independentemente do comportamento que adotem. Lennon confia que a conversão deles está sob o controle do Altíssimo. “Tenho esperança de que eles virão para Cristo.”

Situação nova – Histórias semelhantes a essas são bastante comuns e representam um desafio para novos convertidos que vivem sob a autoridade dos genitores. Isso porque a exigência bíblica de honrar pai e mãe (Êx 20.12) não está condicionada ao respeito dos mais velhos às decisões dos filhos.

A psicológa Eliane dos Santos Alves, especialista em Terapia Familiar e membro da IIGD em Cuiabá (MT), lembra que, muitas vezes, crer na Palavra põe o recém-convertido em uma situação na qual ele tem de, ao mesmo tempo, honrar a Deus e a seus pais. “Ele precisa conquistar a aceitação em casa e ser exemplo para que sua família se volte ao Senhor”, destaca Alves. Ela assinala que isso é uma “luta e tanto” porque há aspectos emocionais e espirituais envolvidos.

Por sua vez, o pastor e psicólogo Alberi de Souza Rodrigues explica que, à medida que vai sendo discipulada, a pessoa incorpora ao seu cotidiano outros conceitos, os quais podem entrar em conflito com aqueles que antes defendia. “Além disso, em alguns casos, há a resistência familiar devido à notória mudança de comportamento.”

A psicológa Eliane dos Santos Alves lembra que crer na Palavra, muitas vezes, põe o recém-convertido em uma situação na qual ele tem de, ao mesmo tempo, honrar a Deus e a seus pais
Foto: Arquivo pessoal
O pastor e psicólogo Alberi de Souza Rodrigues explica que o novo convertido incorpora ao seu cotidiano outros conceitos, os quais podem entrar em conflito com aqueles que antes defendia
Foto: Arquivo pessoal

Alberi Rodrigues ressalta que, em se tratando de adolescentes, fase em que as identidades estão em formação, e os conflitos são mais evidentes, a ajuda é ainda mais necessária. “Será preciso um suporte maior para superar essa situação”, pontua. Ele frisa que os pais também demorarão um tempo para assimilar as novidades. “Por isso, convém aos filhos respeitá-los, cientes de que essa postura se enquadra na orientação bíblica de honrá-los”, afirma Rodrigues, líder da Igreja do Evangelho Quadrangular de Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ).

De acordo com o Pr. Fábio Fonseca do Nascimento, da Igreja Metodista Betel em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), justamente em razão dessas mudanças tão dramáticas, quem se converte e faz parte de um lar não cristão deve ser bem orientado. Ele acentua que o crente precisará crescer espiritualmente para dialogar com a vida comunitária, compreendendo-a como “um espaço de construção de um reino de paz, amor e justiça, que aponte novos horizontes”. Fábio Nascimento afirma ser importante que a orientação venha da comunidade de fé na qual o sujeito abraçou o Evangelho. “O irmão em Cristo deve ter ciência de que sua opção religiosa não pode ser motivo para distanciá-lo do convívio familiar.”

O Pr. Fábio Fonseca do Nascimento faz um alerta: “O irmão em Cristo deve ter ciência de que sua opção religiosa não pode ser motivo para distanciá-lo do convívio familiar”
Foto: Arquivo pessoal

O pastor reconhece que, mesmo seguindo esses cuidados e as diretrizes do Livro Santo, é possível que haja alguma resistência dos familiares que não conhecem a mensagem da cruz. “O caminho sempre será a aproximação e o fortalecimento dos laços. Esse será o maior testemunho”, garante Nascimento, frisando que a Igreja pode atuar de maneira decisiva, ao construir redes de apoio a esse novo irmão na fé.

Conhecimento de Cristo – Já o Pr. José Carlos Júnior, da Assembleia de Deus Ministério do Belém, em Dourados (MS), considera que o recém-convertido precisa estar preparado para responder, biblicamente, aos questionamentos dos familiares. Para evidenciar isso, ele se baseia em 1 Pedro 3.15b: E estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.

Júnior, doutor em Teologia, acrescenta que, diante da resistência familiar, são fundamentais três atitudes: buscar a paz (Rm 12.18), manter-se em oração (1 Ts 5.17) e dar bom testemunho (1 Tm 3.7), pois esses aspectos são preponderantes para que os pais cheguem ao conhecimento de Cristo. “A mudança de comportamento poderá impactar os que estão ao redor. Ela pode ser a única forma de seus entes queridos conhecerem a Verdade”, orienta. Mesmo que eles se mostrem relutantes, ressalta o pastor, o crente deve perseverar. “Temos de insistir, confiando no poder do Espírito Santo para derrubar as barreiras que os impedem de alcançar a salvação.”

O Pr. José Carlos Júnior: o recém-convertido precisa estar preparado para responder, biblicamente, aos questionamentos
Foto: Arquivo pessoal
A Pra. Fabiana da Silva Gomes observa que o início da caminhada cristã não é fácil, mas salienta: “A obediência não pode contrariar os preceitos das Escrituras”
Foto: Arquivo pessoal

A Pra. Fabiana da Silva Gomes, líder da IIGD no Leme, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), observa que o início da caminhada cristã não é fácil, sobretudo para aqueles que vivem sob a autoridade dos pais. Em seu ponto de vista, essa dificuldade pode ser consequência da pouca maturidade da pessoa. “No começo, achamos que sabemos mais do que aqueles que ainda não se converteram”, expõe a pastora, reafirmando a importância de o novo crente obedecer a seus responsáveis mesmo diante da resistência deles a essa decisão de fé. Contudo, ela ressalta que os recém-convertidos não são obrigados a ter atitudes fora dos princípios bíblicos. “A obediência não pode contrariar os preceitos das Escrituras”, salienta, deixando claro que o novo convertido precisará contar com a sabedoria do Alto para honrar aos pais e ao Criador, conforme determina a Palavra.


Honrar pai e mãe é mandamento

Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá (Êx 20.12).

Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra(Ef 6.1-3).

Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor (Cl 3.20).

Mas, se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus (1 Tm 5.4).

Cada um respeitará a sua mãe e o seu pai e guardará os meus sábados. Eu sou o SENHOR, vosso Deus (Lv 19.3 – ARA).

Ouvi, filhos, a correção do pai e estai atentos para conhecerdes a prudência (Pv 4.1).

(Fonte: Bíblia Sagrada)


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