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Foto: Zac Durant / Unsplash

Mais que sentimento

Manter acesa a chama do primeiro amor deve ser prioridade para todos os servos de Cristo

Por Patrícia Scott

No livro de Apocalipse, a Igreja de Éfeso é muito elogiada pelo Messias, a não ser por um detalhe: Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor (Ap 2.4 – ARA). Nos versos anteriores a esse, a passagem deixa claro que aqueles cristãos haviam sido incansáveis na propagação da mensagem de Cristo, praticando as boas obras e rejeitando os enganadores da fé. No entanto, ainda assim, estavam em desacordo com a vontade do Senhor.

O apóstolo Paulo plantara, entre os anos 54 e 56 d.C., a Igreja de Éfeso, a qual contribuiu bastante para o Evangelho ser conhecido em toda a Ásia (At 19.10). A carta de Paulo aos Efésios foi escrita entre 60 e 65 d.C., aproximadamente, e Apocalipse data de 95 d.C., sendo de autoria do apóstolo João. Portanto, três décadas separam a carta de Paulo e a revelação do último livro do Novo Testamento, recebida por João na ilha de Patmos. É interessante notar que a Palavra não deixa explícito o que seria, de fato, esse primeiro amor nem o que levou os efésios a abandoná-lo.

Em seu livro Primeiro Amor: a chave para a recompensa celestial (Graça Editorial), Jerry e Marilyn O’Dell esclarecem que o fervor evangelístico que consumia a jovem Igreja de Éfeso, nos dias de Paulo, era seu primeiro amor. Entretanto, lembram que, nos dias de João na ilha de Patmos, ele não mais existia: Na época em que o Apocalipse foi escrito, a igreja de Éfeso não estava mais consumida com a grande comissão de nosso Senhor. No princípio, quando Paulo, apóstolo que nunca perdeu o primeiro amor, compartilhava com as pessoas em Éfeso a respeito do que Cristo mais desejava, elas desprezaram seus próprios desejos e foram compelidas, por amor a Ele e em obediência à Sua Palavra, a espalhar as Boas-Novas, tão rapidamente quanto podiam.

Auxiliar na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Mato Grosso do Sul, o Pr. Kelwyn José Cândido da Silva compara o primeiro amor a uma chama que arde no coração do cristão, a qual o impulsiona a ganhar vidas para Jesus, amar a obra de Deus e Sua Palavra, orar e manter o foco nos ensinamentos do Mestre. “O inimigo tenta todo o tempo esfriá-lo. É preciso manter a vigilância, porque a Bíblia diz que o amor de muitos se esfriaria [Mt 24.12]”, afirma.

O Pr. Kelwyn José Cândido da Silva compara o primeiro amor a uma chama e alerta: “É preciso manter a vigilância, porque a Bíblia diz que o amor de muitos se esfriaria” – Foto: Arquivo pessoal

Para Kelwyn da Silva, é importante reforçar que a Igreja de Éfeso advertida pelo apóstolo João no livro do Apocalipse não é a mesma que recebeu a carta de Paulo. “Eles perderam a essência de Jesus. Não havia pecados ou heresias, mas abandonaram o principal”, sentencia o líder, destacando que, para manter a brasa do primeiro amor acesa, é fundamental viver em santidade e em oração e assumir, verdadeiramente, a nova natureza em Cristo. “Dessa forma, entraremos na eternidade para desfrutar do pleno amor na presença do Senhor.”

“Boas obras” – O Pr. Jarvis Brito, da Igreja Vinde Amados Meus de Austin, em Nova Iguaçu (RJ), também acredita que os cristãos de Éfeso não tinham mais uma intimidade profunda com o Redentor. “Éfeso era uma cidade portuária, rica e influente na Ásia Menor, muito estratégica para a propagação do Evangelho. No entanto, os cristãos daquele lugar realizavam a obra do Senhor por religiosidade, no automático”, defende Brito.

O Pr. Jarvis Brito acentua que Éfeso era uma cidade portuária, rica e influente na Ásia Menor e que “os cristãos daquele lugar realizavam a obra do Senhor por religiosidade, no automático” – Foto: Arquivo pessoal

Em sua opinião, aquele povo confiava mais nas suas riquezas e no serviço terreno do que na comunhão com o Pai. “Não desenvolviam intimidade com Ele e o amor ao próximo”, analisa o ministro, assinalando que não adianta estar firme na fé, na sã doutrina e no serviço, se a motivação não for gerada pelo amor ao Criador. “A falta desse sentimento transforma a pessoa em ativista de um segmento religioso, sem experiência com o Todo-Poderoso”, pontua o líder, o qual lembra que não se deve fazer a obra de Deus sem o Deus da obra. “Com a visão correta, compartilharemos o amor do Senhor em nós a partir das boas obras.”

Por sua vez, o Pr. Júlio César de Souza, professor de Teologia na Faculdade Evangélica de São Paulo (FAESP), frisa que a cidade de Éfeso tinha marcas da idolatria e do ocultismo em sua cultura. Ademais, as relações interpessoais eram influenciadas por promiscuidade e heresias filosóficas. “Esses perigos rondavam a Igreja, o que poderia tirar qualquer incauto do seu primeiro amor.” Por isso, Souza salienta que o próprio apóstolo Paulo os advertiu quanto ao perigo dos lobos que haveriam de se infiltrar no meio das ovelhas de Cristo (At 20.29). “Vale lembrar que a Igreja em Éfeso teve como pastores Paulo, Timóteo e João, resultando em uma comunidade cheia de pureza doutrinária. No entanto, havia aqueles que propunham a modernização do cristianismo, que permitiria às pessoas experimentar o melhor da igreja e do mundo”, historia o pastor, destacando que esse tipo de mentalidade liberal teria levado ao esfriamento do primeiro amor. “Justamente esse amor que faz transbordar no coração o desejo de propagar as Boas-Novas da salvação.”

O Pr. Júlio César de Souza lembra que “a Igreja em Éfeso teve como pastores Paulo, Timóteo e João, resultando em uma comunidade cheia de pureza doutrinária” – Foto: Arquivo pessoal

No entendimento do Pr. Rafael Silva, do Ministério Apostólico Plenitude e Vida, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), o primeiro amor consiste em uma comunhão profunda com Deus de obediência, submissão e entrega. “Quando o cristão se volta para o Senhor e cumpre os mandamentos bíblicos, cuida com zelo da obra, ama o próximo e tem compaixão da viúva e do órfão, está mantendo acessa a chama do primeiro amor.” De acordo com ele, a Igreja de Éfeso tinha características positivas apontadas por Jesus, mas Ele a conhecia bem e identificou uma falha que desvalorizava toda aquela dedicação e as obras. “Aqueles irmãos deixaram de viver a essência do Evangelho: o amor. Este deixou de ser prioridade. Então, foram advertidos para se arrependerem e retornarem à motivação correta a fim de serem aprovados diante do Senhor.” [Leia, no final desta reportagem, o quadro Amor na prática]

O Pr. Rafael Silva afirma: “Quando o cristão se volta para o Senhor e cumpre os mandamentos bíblicos, cuida com zelo da obra, ama o próximo e tem compaixão da viúva e do órfão, está mantendo acessa a chama do primeiro amor”  – Foto: Arquivo pessoal

Caminho da fé – Para o Rev. Hernandes Dias Lopes, da Primeira Igreja Presbiteriana em Vitória (ES), a prioridade da vida do cristão deve ser a intimidade com o Senhor. “Não podemos transformar o serviço em um substituto da nossa ligação com Cristo”, alerta, assinalando que os efésios possuíam habilidade para avaliar o outro, porém não percebiam a própria deficiência. “Isso acontece conosco. Sofremos de amnésia espiritual. Só mudamos essa postura com arrependimento, que não é emoção, e sim atitude”, afirma Lopes, destacando que a Igreja de Éfeso não se lembrou de onde caiu ou se arrependeu, conforme orientação de Jesus. “Ela não existe mais. No lugar, há um monte de pedras. O Messias não só faz promessa como também exerce juízo, que começa pela casa de Deus.”

O Rev. Hernandes Dias Lopes frisa que sofremos de amnésia espiritual: “Só mudamos essa postura com arrependimento, que não é emoção, e sim atitude” – Foto: Reprodução

Assim como o arrependimento, o amor a Cristo não é um simples sentimento e, portanto, requer atitudes. É o que pensa a empresária Renata Rinovato Pinto, 27 anos, que sempre pratica as disciplinas espirituais: oração, jejum e leitura bíblica. “Busco viver a vontade de Deus, que é boa perfeita e agradável. Tudo o que faço é para glorificar o Nome do Senhor”, testemunha Renata, acrescentando que o mundo oferece vários atrativos, os quais afastam o cristão do caminho da fé e da salvação. “Jesus é o Alicerce. Estar conectada a Ele é fundamental para não se desviar do primeiro amor rumo à eternidade”, ensina Renata, ressaltando que decidiu viver, todos os dias, para Jesus. “O tempo dedicado à obra do Senhor edifica a minha alma. Estar na presença dEle me traz ânimo para enfrentar as adversidades”, salienta a empresária, membro da Igreja da Graça no Centro de Santos Dumont (MG).

A empresária Renata Rinovato Pinto testemunha: “Busco viver a vontade de Deus, que é boa perfeita e agradável. Tudo o que faço é para glorificar o Nome do Senhor” – Foto: Arquivo pessoal

O obreiro Paulo Moura, 26 anos, que serve ao Senhor na Igreja Internacional da Graça de Deus na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), diz que o cristão precisa assumir o compromisso de conhecer cada vez mais o Salvador. “A intimidade diária com Cristo, gerada a partir da oração e da leitura da Bíblia, me impulsiona a permanecer firme cumprindo o Ide”, afirma ele, referindo-se à ordenança registrada em Marcos 16.15. Segundo Moura, sua motivação está no amor de Deus que o libertou das aflições que o assolavam desde a infância. “Sou grato ao Senhor e, por isso, não canso de evangelizar e de estar a serviço do Reino. Nossa recompensa estará na glória quando desfrutaremos da plenitude da presença do Pai na eternidade.” 


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