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Medicina e Saúde – 286
10/05/2023
Igreja
18/05/2023
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Foto: Bangkok Click Studio / Adobe Stock

Momentos finais

Estudo sugere que seres humanos relembram fatos marcantes de sua história nos instantes que antecedem a morte

Por Ana Cleide Pacheco

O que acontece com a mente humana na hora da morte? Ainda não há uma resposta satisfatória para essa pergunta, porém uma pesquisa inédita, realizada por cientistas de diversos países, concluiu que o cérebro humano passa por intensa atividade nos momentos finais da existência.

Os resultados da sondagem, desenvolvida a partir de um caso médico singular, foram publicados no periódico científico internacional Frontiers in Aging Neuroscience (Fronteiras na Neurociência do Envelhecimento, em tradução livre). Os pesquisadores analisaram o prontuário médico de um homem de 87 anos que deu entrada em um hospital após ter sofrido uma queda na qual bateu com a cabeça.

O psicanalista clínico Fabio Luiz Alves avalia: “Há uma grande margem para avanços a partir de uma amostragem maior. É, sem dúvida, a exploração de um campo desconhecido para a Ciência. Mais estudos e uma ampla investigação precisam ser feitos”
Foto: Arquivo pessoal

Os exames preliminares mostraram que ele apresentava hemorragia intracraniana e, por isso, precisou ser submetido a uma craniotomia – retirada de parte da caixa craniana – a fim de reduzir a pressão interna e drenar a hemorragia. Após o procedimento, uma droga anticonvulsivante foi administrada, e, para monitorar a atividade cerebral, os médicos submeteram o paciente a um eletroencefalograma (EEG). O senhor faleceu no momento em que o exame era realizado, possibilitando assim que toda a sua atividade cerebral fosse observada nos instantes anteriores e posteriores ao último batimento cardíaco.

Ao analisar os dados coletados, os cientistas verificaram que houve um aumento da atividade das ondas cerebrais relacionadas com o processamento de estímulos visuais, táteis e auditivos nos últimos 30 segundos de vida do idoso. Essa condição continuou por alguns instantes após o coração parar de bater e a atividade neuronal, em ambos os hemisférios, ter sido drasticamente reduzida. Essas ondas, chamadas de gama, são mais ativas quando as pessoas estão concentradas, meditando ou sonhando, e também são utilizadas para recuperar memórias.

O Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues salienta: “Os médicos declaram a morte não quando o cérebro de alguém deixa de funcionar, e sim a partir do instante em que o coração para de bater”
Foto: Arquivo pessoal

De acordo com os pesquisadores, a atividade registrada sugere a ideia – bem presente no senso comum – de que, nos instantes anteriores à morte, os indivíduos experimentam uma espécie de flashback, no qual se recordam de vários episódios do passado. Relatos desse tipo estão presentes em testemunhos de pessoas que passaram por experiências de quase morte, conhecidas pela sigla EQM.

Tal levantamento é pouco conclusivo porque levou em consideração apenas um cidadão que estava sob o efeito de drogas anticonvulsivantes. No entanto, segundo o psicanalista clínico Fabio Luiz Alves, 44 anos, a análise é importante para ampliar a compreensão do campo científico a respeito da consciência humana. “Mesmo sendo algo inicial, há uma grande margem para avanços a partir de uma amostragem maior. É, sem dúvida, a exploração de um campo desconhecido para a ciência. Mais estudos e uma ampla investigação precisam ser feitos”, avalia.

O psicólogo Victor Nóbrega afirma: “Pessoas morrem o tempo todo, e a maioria não expressa melhora alguma antes de falecer. No entanto, lembramos mais daquelas que mostraram melhoria do quadro clínico, o que dá a impressão de ser um fenômeno global”
Foto: Arquivo pessoal

O Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, 41 anos, destaca a importância da pesquisa para ajudar os cientistas a determinarem o exato momento em que a vida termina. “Os médicos declaram a morte não quando o cérebro de alguém deixa de funcionar, e sim a partir do instante em que o coração para de bater. Pois, quando isso acontece, as funções cerebrais terminam quase de imediato, e o indivíduo perde todos os seus reflexos”, informa Rodrigues, doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências e mestre em Psicologia e Psicanálise.

Desmistificação da morte – Para o psicólogo Victor Nóbrega, 27 anos, é preciso analisar com cuidado os resultados do estudo, uma vez que há, no senso comum, a ideia de que o corpo humano experimenta algum tipo de recuperação do quadro de saúde instantes antes da morte. “Dentro da Psicologia, chamamos de viés da confirmação. Trata-se de uma tendência de prestarmos mais atenção naquilo que tem significado para nós”, argumenta Nóbrega.

A psicóloga Hosana Helena Lima dos Santos afirma: “Quanto mais incentivarmos as discussões em todos os níveis da sociedade mais os tabus serão minimizados, e o assunto, desmistificado”
Foto: Arquivo pessoal

Ele explica esse ponto de vista dando como exemplo a percepção das pessoas depois da compra de um automóvel. “Elas passam a ter a impressão de que houve um aumento exponencial do número de veículos iguais nas ruas. Na verdade, após a aquisição do carro, passamos a prestar mais atenção nos veículos do mesmo modelo, o que acarreta a sensação de que o contingente deles aumentou.”

Na opinião de Victor Nóbrega, a ideia de que os indivíduos apresentam qualquer melhora nos momentos que antecedem a morte funcionaria de forma semelhante. “Pessoas morrem o tempo todo, e a maioria não expressa melhora alguma antes de falecer. No entanto, lembramos mais daquelas que mostraram melhoria do quadro clínico, o que dá a impressão de ser um fenômeno global.”

O Prof. Edson Pinheiro Pedersane aponta: “A morte é consequência do pecado. No princípio, o ser humano foi criado para ter comunhão com o Criador. Porém, devido à desobediência de Adão, todos ficaram separados do Altíssimo”
Foto: Arquivo pessoal

Para a psicóloga Hosana Helena Lima dos Santos, 42 anos, o incentivo a estudos científicos que envolvam esse e outros temas intrigantes são importantíssimos para desvendar a morte. Membro da Igreja Metodista em Vista Alegre, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), a profissional entende que as descobertas, como a apresentada pelo levantamento, fazem o sujeito refletir e ponderar sobre a finitude da existência. “Acredito que mais pesquisas assim sejam necessárias, pois, invariavelmente, falar sobre a morte causa desconforto. Mas, quanto mais incentivarmos as discussões em todos os níveis da sociedade mais os tabus serão minimizados, e o assunto, desmistificado”, afirma Hosana, citando Eclesiastes 7.2: Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque ali se vê o fim de todos os homens; e os vivos o aplicam ao seu coração.

Longo caminho – O Prof. Edson Pinheiro Pedersane, 60 anos, pastor da Primeira Igreja Batista em Santa Amélia, Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense, lembra que a Bíblia registra que o fim da vida na Terra é fruto da desobediência do homem − o qual desejou ser igual ao Criador (Gn 3.6) −, e é também o último inimigo a ser vencido (1 Co 15.6). “A morte é consequência do pecado. No princípio, o ser humano foi criado para ter comunhão com o Criador. Porém, devido à desobediência de Adão, todos ficaram separados do Altíssimo”, aponta o ministro.

O Pr. Renato Reis Borges assevera: “Lutamos com a nossa humanidade, que é frágil como um vaso de barro e carrega a preciosidade da presença do Pai através do Espírito Santo. Somos filhos do Rei, e isso é uma notícia poderosa, mas, ainda assim, assustamo-nos com a ideia da morte”
Foto: Arquivo pessoal

Por sua vez, o Pr. Renato Reis Borges, 38 anos, da Igreja Raiz, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), salienta que, mesmo os cristãos, os quais têm certeza da salvação em Cristo, sofrem por causa dessa ideia. “Lutamos com a nossa humanidade, que é frágil como um vaso de barro e carrega a preciosidade da presença do Pai através do Espírito Santo. Somos filhos do Rei, e isso é uma notícia poderosa, mas, ainda assim, assustamo-nos com a ideia da morte.” [Leia, no final desta reportagem, o quadro Vida ou morte?]

O neurocientista Igor Duarte, especialista em Geriatria e mestre e doutor em Engenharia Biomédica, concorda que a morte é um mistério para a humanidade. Segundo ele, uma evidência disso é que raramente alguém sonha que morreu. Isso acontece pelo fato de o cérebro não poder produzir fantasias sobre algo que desconhece e pela morte ser uma incógnita. “Em um sonho, quando estamos prestes a morrer, simplesmente acordamos”, observa.

O neurocientista Igor Duarte observa: “No meu ponto de vista, as imagens que passam como um filme nos momentos finais podem servir como uma forma de tornar a morte mais leve. Seria esse um mecanismo inato do ser humano para reduzir o próprio sofrimento”
Foto: Arquivo pessoal

Na visão de Duarte, o estudo publicado no Frontiers in Aging Neuroscience é um importante passo para a ciência e para a sociedade, a fim de desvendar o que ocorre no instante em que a vida chega ao fim. “No meu ponto de vista, as imagens que passam como um filme nos momentos finais podem servir como uma forma de tornar a morte mais leve. Seria esse um mecanismo inato do ser humano para reduzir o próprio sofrimento. A pesquisa é uma excelente contribuição para a área, apesar de ainda termos um longo caminho para percorrer”, conclui.

Vida ou morte?

A Bíblia mostra que o pecado separou o homem de Deus, a fonte de toda a vida. Portanto, ninguém pode escapar da morte e do julgamento do Todo-Poderoso. Contudo, o Senhor providenciou uma solução para esse problema ao enviar Jesus para morrer no lugar da humanidade. O Salvador venceu a morte e ressuscitou para que todos que creem nEle tenham a vida eterna. Veja o que as Escrituras dizem a respeito da morte e da vida em Cristo:

Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gn 2.17)

Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma do poder do mundo invisível.(Sl 89.48)

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16)

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso? (Jo 11.25,26)

Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. (Rm 5.17)

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor.(Rm 6.23)

Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.(Fp 3.20,21)

(Fonte: Bíblia Sagrada)

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