Jornal das Boas-Novas – 297
25/04/2024
Dai graças !
Pastores e teólogos falam da gratidão como reflexo de um relacionamento genuíno com o Senhor
Por Evandro Teixeira
De Gênesis a Apocalipse, a Palavra de Deus instrui os cristãos a serem gratos a Ele. A ordem do apóstolo Paulo aos tessalonicenses é explícita: Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco (1 Ts 5.18). Portanto, biblicamente, ser grato deve ser uma prática diária de todo salvo. Não por acaso, a expressão hebraica to dah(ação de graças) aparece 30 vezes somente no texto original do Antigo Testamento. No Novo Testamento, eucaristia,o termo grego para expressar gratidão,é utilizado 15 vezes.
Segundo a Pra. Fabiana da Silva Gomes, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Leme, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), Deus encoraja Seus servos a serem agradecidos, pois esse gesto contribui para que desfrutem do favor do Senhor. “Quando somos gratos, reconhecemos a bondade do nosso Pai e somos fortalecidos na fé”, observa a líder, pontuando que a falta de gratidão enfraquece o cristão e desencadeia a soberba.
Foto: Arquivo pessoal
A ministra enfatiza que o agradecimento não deve ser somente por aquilo que o servo de Deus percebe como prova do cuidado do Altíssimo. Ao contrário, precisa ser um ato contínuo. “Não devemos agradecer apenas pelas bênçãos conhecidas. Muitas outras nos são concedidas diariamente sem percebermos”, ensina.
Foto: Arquivo pessoal
Para a teóloga Glair Alonso Arruda, doutora em Ciências da Religião e membro da Igreja Batista de Água Branca, na zona oeste de São Paulo (SP), a gratidão deve ser entendida como uma retribuição do favor divino. No entanto, ela ensina que esse conceito vai além, podendo ser aplicado também às situações aparentemente desfavoráveis. “Quando somos gratos ao Senhor, reconhecemos uma dádiva recebida. Esse agradecimento vem imbuído de um sentimento que envolve até mesmo as circunstâncias desagradáveis”, pontua a estudiosa, citando Romanos 8.28: E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. “Agratidão é uma resposta de amor ao amor dAquele que nos amou primeiro”, salienta Glair, assinalando que o agradecimento deve se estender aos semelhantes, sendo um reflexo da genuína fé cristã.
“Injustiça praticada” – O Pr. Silas Rosalino de Queiroz, da Assembleia de Deus em Jardim Presidencial III, na cidade de Ji-Paraná (RO), concorda com Glair Arruda e lembra que a gratidão é um ato de justiça para com o próximo. Em contrapartida, o ministro ensina que a ingratidão se traduz em injustiça, ocasionando consequências negativas para os envolvidos. Segundo ele, quem não reconhece um favor recebido se aprofunda em dureza de coração. Já a pessoa que esperava o agradecimento se sente triste e frustrada. “A principal consequência da ingratidão é privar o ingrato de receber as bênçãos de Deus em decorrência da injustiça praticada contra seu semelhante.”
O Pr. Paulo César Lopes, líder da Igreja da Graça em Lavras (MG), faz coro com Silas Queiroz, reforçando que a gratidão nos relacionamentos interpessoais expressa comunhão com Deus. “Nosso relacionamento com o Senhor influencia as demais conexões que estabelecemos”, diz o ministro, explicando que a gratidão é uma expressão de amor. Por isso, as pessoas precisam entender a relevância de serem gratas a Deus e aos outros, especialmente nestes dias que antecedem a volta de Cristo. Para Lopes, a ingratidão é “uma consequência do aumento do pecado e da frieza dos últimos dias”, conforme Mateus 24.12: E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Vivendo pela Palavra]
Na opinião do Pr. Nilson Anízio Silva, da Igreja Batista de Aracuí, em Castelo (ES), a sociedade atual é egocêntrica, tornando os sujeitos incapazes de entender que a gratidão resulta em bênçãos para quem a pratica: “Gera gentileza e cortesia, dando um novo tom à coletividade”, observa.
Por sua vez, o Pr. Ronaldo Viana da Silva, da Primeira Igreja Batista em São João do Paraíso, na cidade de Cambuci (RJ), no Noroeste Fluminense, acrescenta que a falta de agradecimento gera mágoas e ressentimentos. Segundo o pastor, quando um cristão é impactado pela ingratidão, precisa agir conforme os ensinamentos do Evangelho: perdoar o ingrato, ser consolado pelo Espírito Santo e aprender que errar é humano. “Nossa confiança deve estar em Deus, que é perfeito”, orienta.
“Fruto do amor” – O professor de Teologia Leonardo Mathias da Silva afirma que essa qualidade deve ser manifestada de forma concreta, ainda que mediante um singelo “Obrigado”, para evitar interpretações equivocadas. “O silêncio pode soar negativamente”, afirma o educador.
Entretanto, na opinião do Pr. Eric Costa Dias, líder estadual da Igreja da Graça em Boa Vista (RR), dizer “Obrigado” é uma tarefa delicada. Segundo ele, há pessoas incapazes de demonstrar gratidão, porque identificam esse gesto como um ato humilhante. “Para elas, ao agradecer, estariam se colocando abaixo das outras”, explica o ministro, ensinando que a ingratidão – sobretudo com o Criador – pode comprometer a salvação, conforme registra a parábola do credor incompassivo (Mt 18.23-35).
No texto citado por Eric Dias, o servo que não agiu com a mesma generosidade recebida foi lançado em um lugar de tormento. “Demonstramos nossa gratidão a Deus quando expressamos esse sentimento ao próximo, visto que ele é fruto do amor que recebemos do nosso Pai”, pontua o líder, acrescentando que os gratos desejam permanecer no caminho de Deus. “Na relação com as pessoas, ser grato causa bem-estar, fazendo com que homens e mulheres se tornem seres humanos cada vez melhores”, conclui.
VIVENDO PELA PALAVRA
Ter um coração grato é essencial aos salvos em Cristo, pois nada fizeram para se tornarem alvo desse dom gratuito do Senhor.É o que diz o apóstolo Paulo aos efésios: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus (Ef 2.8). Paulo ressalta que as ações de graças refletem a presença do Espírito Santo na vida do crente. Elas se opõem às obras da carne: E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 5.18-20). Por outro lado, o apóstolo afirma que a ingratidão a Deus é a evidência de uma jornada distante do Criador: Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu (Rm 1.18,21).
A Palavra afirma que render graças ao Senhor é dever do salvo e uma atividade que lhe enche o coração de alegria: Bom é louvar ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, para de manhã anunciar a tua benignidade e, todas as noites, a tua fidelidade (Sl 92.1,2). Demonstrar gratidão ao próximo é uma marca dos que servem ao Senhor. Com ela, os cristãos cumprem o maior dos mandamentos: amar a Deus e ao próximo (Lc 10.27): E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos (Cl 3.14,15). Portanto, a genuína vida cristã deve ser um permanente exercício de gratidão: E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai (Cl 3.17).
(Fonte: Bíblia Sagrada).
