Igreja | Revista Graça/Show da Fé
Jornal das Boas-Novas – 286
18/05/2023
Heróis da Fé | Joseph Alleine – 286
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Heróis da Fé | Joseph Alleine – 286
18/05/2023
Foto: Fa Barboza / Unsplash

Dedicação constante

Pesquisa sugere que mulheres são mais propensas a manter uma rotina diária de oração

Por Evandro Teixeira

O Novo Testamento mostra em diversas passagens a importância da oração privada – momento reservado para falar a sós com Deus. Entre elas, estão: E, quando orares, […] entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará (Mt 6.5,6). E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só (Mt 14.23).

Por se tratar de uma recomendação do próprio Cristo, essa prática continua a ser incentivada entre os servos do Senhor. Porém, um estudo realizado nos Estados Unidos pelo instituto de pesquisas Lifeway, organização dedicada a analisar as tendências da Igreja Evangélica, notou que as mulheres são mais propensas que os homens a dedicar tempo em oração. De acordo com o levantamento, o qual ouviu pouco mais de mil cristãos evangélicos, 48% das mulheres entrevistadas disseram que essa atividade fazia parte do dia a dia delas. Entre os homens, 38% afirmaram o mesmo. Segundo os pesquisadores, o gênero pode exercer influência na decisão de alguém separar ou não alguns minutos de seu dia ao Senhor dos senhores. 

A psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues garante: “Quando os momentos devocionais fazem parte da vida dos crentes em Jesus, envolvendo oração e leitura bíblica, o dia a dia deles é emocionalmente mais equilibrado” – Foto:
Arquivo pessoal

A psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues acredita que essa diferença percentual pode ser atribuída às mulheres por elas serem, no geral, mais organizadas, e, assim, conseguirem administrar melhor o tempo. Além disso, o sexo feminino é mais sensível e afetuoso. Para ela, as brincadeiras de bonecas na infância, por exemplo, conseguem forjar de forma lúdica a noção de cuidado com o próximo. “Ao buscar a Deus, tendem a não apenas pensar em suas necessidades, mas também nas dos outros, tornando-se dedicadas intercessoras.”

A especialista assevera que a comunhão com o Pai celestial se estreita ainda mais à medida que é praticada diariamente, e, como consequência, a fé da pessoa se fortalece. Sem isso, o cristão, seja homem, seja mulher, torna-se frio e pragmático, como um mero religioso. “Quando os momentos devocionais fazem parte da vida dos crentes em Jesus, envolvendo oração e leitura bíblica, o dia a dia deles é emocionalmente mais equilibrado. Esses resultados servem de combustível para fazer desse ato um hábito diário”, garante.

O Pr. Davi dos Santos Almeida concorda que as mulheres se destacam como intercessoras: “Elas são quem mais se empenham em orar pela família, especialmente pelos filhos” – Foto: Arquivo pessoal

Exemplo de Daniel – O Pr. Davi dos Santos Almeida, da Igreja Metodista em Aporá (BA), concorda com a opinião da psicóloga de que as mulheres se destacam como intercessoras. “Elas são quem mais se empenham em orar pela família, especialmente pelos filhos.” O pregador também aponta outras duas características femininas: a dependência de Deus e a capacidade que elas têm de abrir o coração para compartilhar as próprias necessidades com as irmãs em Cristo. Em contrapartida, os homens, por questões sociais e culturais, tendem a ser menos dependentes do Altíssimo. “Eles costumam demonstrar, ainda que aparentemente, ter sempre o controle de tudo”, avalia Almeida, lamentando que, devido a essa postura, os varões não sintam tanta necessidade de passar mais tempo com Deus. 

Por meio da busca de uma maior intimidade com o Senhor, a depiladora Monique Mello Rocha acredita estar mais bem preparada para atuar na igreja, cooperando para o crescimento da obra divina – Foto: Arquivo pessoal

A depiladora Monique Mello Rocha, 41 anos, da Igreja do Evangelho Quadrangular em Santa Eugênia, na cidade de Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, está entre aquelas que não dispensam o momento a sós com o Todo-Poderoso. Ela entende que, ao fazer isso, assume de forma mais sábia o papel de ajudadora do marido, o corretor de imóveis Alexandre Gomes Meireles Coelho, 51 anos. Por meio da busca de uma maior intimidade com o Senhor, a depiladora se vê mais bem preparada para atuar na igreja, cooperando para o crescimento da obra divina. 

Monique adotou para si um estilo de vida cristã fundamentado no exemplo de Daniel, servo que orava três vezes ao dia (Dn 6.10). “Tenho como parâmetro a experiência do profeta”, relata. Antes de dormir, ela faz uma oração. De manhã, antes de sair para trabalhar, alimenta-se da Palavra. E, com frequência, tira um período para jejuar. 

Esse empenho lhe rendeu uma experiência marcante quando teve de cuidar do pai doente. Segundo Monique, eles não se davam muito bem. Por esse motivo, intensificou as orações, estreitando a comunhão com o Criador e intercedendo pela saúde do pai. Daqueles momentos de consagração, surgiu a cura das mágoas que sentia por ele. Aos poucos, os ressentimentos foram sendo dissipados, “dando lugar ao perdão e ao amor que vêm do Espírito Santo”. Em meio àquele período difícil, o pai de Monique, que não era convertido ao Evangelho, confessou Cristo como Salvador e teve a vida transformada, até ser recolhido pelo Senhor. “Deus o levou, mas tivemos tempo de ter uma convivência saudável.”

A vendedora Vânia Lúcia da Silva Araújo afirma que sua motivação para manter um compromisso diário de oração é a busca por uma conexão mais profunda com o Redentor – Foto: Arquivo pessoal

Leitura bíblica, oração e jejum também fazem parte da rotina da vendedora Vânia Lúcia da Silva Araújo, 40 anos, integrante do Mulheres Que Vencem (MQV) na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Piauí. De acordo com ela, sua motivação para manter um compromisso diário de oração é a busca por uma conexão mais profunda com o Redentor. O nascimento da filha, Alícia Beatriz Araújo Reis, hoje com cinco anos, é fruto disso. “Tive uma gravidez de risco e precisei tomar medicações até a 37ª semana. Após 39 semanas, depois de uma cesariana, ela nasceu”, relata Vânia Lúcia, que é casada com o frentista José Henrique Barbosa Reis, 36 anos. De acordo com ela, as orações diárias e a Palavra sustentaram a sua fé durante toda a gestação, especialmente ao refletir sobre um texto bíblico que costuma usar com frequência: Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado (Jó 42.2 – NVI).

Comunhão diária – A pesquisa mostrou também a frequência com que as pessoas vão à igreja e a vida devocional diária delas. Segundo a sondagem, os evangélicos que participam de cultos quatro vezes ou mais, em um mês, são mais propensos a gastar tempo com Deus, no secreto, mais de uma vez por dia (26%). Entre os que vão à igreja três vezes no mês ou menos, esse percentual cai pela metade (13%). 

A psicóloga Margarete de Lourdes Bonuccelli pontua: “Participar das reuniões na casa de Deus é um momento em que nos aproximamos do Altíssimo” – Foto: Arquivo pessoal

A psicóloga Margarete de Lourdes Bonuccelli ressalta que entre homens e mulheres o que varia é o estímulo que recebem para adotar uma rotina de oração, leitura da Bíblia e reflexão sobre a Palavra. “Participar das reuniões na casa de Deus é um momento em que nos aproximamos do Altíssimo”, pontua a profissional, observando, entretanto, que a dedicação aos devocionais diários deve ser desenvolvida pela pessoa, em seu próprio lar.  

A Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa lembra que a participação assídua nos cultos gera fortalecimento do espírito: “Esse vigor espiritual faz com que a busca por mais de Deus seja um comportamento contínuo” – Foto: Arquivo Graça / Salvi Cruz

Na opinião da Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa, líder estadual da IIGD em Goiás, a participação assídua nos cultos gera fortalecimento do espírito, o qual se reflete na comunhão diária com o Senhor. “Esse vigor espiritual faz com que a busca por mais de Deus seja um comportamento contínuo.”

A pedagoga Sandra dos Santos Pinto da Conceição declara: “Precisamos entender o sentido de passar mais tempo com Deus. É estar sempre em oração seja onde estiver” – Foto: Arquivo pessoal

O estudo do instituto de pesquisas Lifeway revelou ainda que os crentes não oram da mesma maneira: muitos usam as próprias palavras, outros preferem preces prontas, como a oração do Pai-nosso (Mt 6.9-13). De acordo com a investigação, entre os evangélicos que vão à igreja para cultuar a Deus, pelo menos quatro vezes por mês, 85% tendem a usar as próprias palavras para falar com o Todo-Poderoso. Já entre aqueles que frequentam as reuniões três vezes por mês ou menos, o percentual é menor: 79%. As mulheres (86%) também são mais propensas a empregar as próprias palavras em suas orações que os homens (79%). 

A pregadora observa que a escolha do tipo de oração ou da maneira de orar tem mais a ver com a maturidade cristã do que com o gênero. “Quanto mais a pessoa conhece o Criador, mais intimidade e liberdade no espírito, com o Senhor, ela vai adquirindo.”

Por sua vez, a pedagoga Sandra dos Santos Pinto da Conceição partilha da mesma opinião que a ministra Juliana Barbosa e afirma que buscar intimidade com o Altíssimo, por meio da oração privada, não depende do fator gênero. “Precisamos entender o sentido de passar mais tempo com Deus. É estar sempre em oração seja onde estiver. O importante é fazer das pequenas oportunidades grandes momentos.”

O Pr. Luiz Carlos Corrêa não enxerga a influência do gênero no estabelecimento da relação diária com o Salvador: “Nossa maior preocupação deve ser levar as pessoas, sejam mulheres, sejam homens, cada dia mais para perto  de Deus”  – Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Luiz Carlos Corrêa, líder estadual da IIGD na Paraíba, também não enxerga a influência do gênero no estabelecimento da relação diária com o Salvador. Ao ser indagado pela equipe da Graça/Show da Fé para opinar acerca do tema, aproveitou para pedir que as comunidades cristãs incentivem seus membros, de ambos os sexos, a adotar uma postura permanente de dedicação ao bom Pastor, sobretudo ofertando parte do tempo a Ele. “Nossa maior preocupação deve ser levar as pessoas, sejam mulheres, sejam homens, cada dia mais para perto de Deus”, conclui.

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