Heróis da Fé | Louis Entzminger | Revista Graça/Show da Fé
Igreja
18/05/2023
Falando de História – 286
18/05/2023
Igreja
18/05/2023
Falando de História – 286
18/05/2023

Heróis da Fé | Joseph Alleine – 286

Fotos: Reprodução / Banner of Truth

Alto preço

O inglês Joseph Alleine enfrentou intensa perseguição, porque preferiu obedecer a Deus, e não ao rei

Por Élidi Miranda*

A vida de Joseph Alleine (1634-1668) foi tão curta quanto marcante. Ele serviu a Cristo incansavelmente em tempos sombrios e de intensa perseguição aos que ousavam permanecer fiéis às Escrituras Sagradas na Inglaterra do século 17. 

Nascido em uma família cristã de Devizes, no Sul da Inglaterra, ele se converteu ao Evangelho aos 11 anos. Ainda adolescente, sentiu o chamado para pregar a Palavra após a morte de seu irmão, Edward, que era pastor. Aos 16 anos, foi estudar Teologia em Oxford, onde teve contato com grandes mestres, como Thomas Goodwin (1600-1680) e John Owen (1616-1683), ambos renomados defensores do movimento puritano, o qual zelava pela fidelidade à Bíblia. Os puritanos acreditavam que a Igreja oficial inglesa, embora protestante, era muito similar à Igreja Católica Romana em diversos aspectos, por isso se opunham aos rituais e às práticas que não tinham embasamento bíblico. 

O jovem Joseph mergulhou nos estudos, mas, além dos livros, dedicava-se à oração e à comunhão íntima com o Senhor. Alleine acordava todos os dias muito cedo, por volta das 4h com esse objetivo. 

Ele era apaixonado pela pregação. Após a formatura, em 1653, assumiu como capelão na universidade e, paralelamente, pregava aos presos, visitava os doentes e ajudava os necessitados. Em 1655, aceitou um convite para ser ministro auxiliar em uma igreja de Tauton, cidade de 20 mil habitantes, também no Sul do país. Na mesma época, casou-se com sua prima, Theodosia Alleine.

O ministério de Joseph e suas pregações eram marcadas por um grande zelo pelo Senhor e um anseio pela salvação dos pecadores. O ensino das Escrituras era uma paixão para ele, e, como dedicado mestre, ministrava aulas não apenas aos domingos, mas também ao longo da semana. Todos os interessados em aprender eram bem-vindos. 

Ato de Uniformidade – Detentor de um espírito pacífico e moderado, Alleine não se envolvia nas acaloradas discussões teológicas e políticas às quais outros puritanos de seu tempo se dedicavam. Desde Henrique VIII (1491-1547), primeiro soberano inglês a romper com a Igreja Católica, o rei era, ao mesmo tempo, chefe do Estado e da Igreja Anglicana. Dessa forma, fazer oposição ao monarca no campo das ideias religiosas equivalia a desafiar sua autoridade civil. E, embora fizessem parte da Igreja, os puritanos eram uma voz discordante. Enquanto o rei defendia a administração de sacramentos e a manutenção de uma hierarquia episcopal − a existência de bispos e de outros cargos −, os puritanos queriam cultos simples e ausência de hierarquia eclesiástica, e criticavam outros aspectos que julgavam não ter respaldo bíblico. 

Havia ainda divergências políticas. Os ânimos se acirraram a tal ponto que o país mergulhou em uma guerra civil. O conflito terminou em 1649, com a decapitação do rei Carlos I (1600-1649). Oliver Cromwell (1559–1658), um parlamentar puritano que havia encabeçado o conflito, tomou o poder, instalando uma ditadura. 

Em 1660, porém, a insatisfação popular com o novo governo levou o Parlamento a restaurar a monarquia e tirar do exílio o herdeiro do trono, Charles II (1630-
-1685). Para o novo rei, o puritanismo era um mal que devia ser cortado pela raiz. Assim, em maio de 1662, os parlamentares aprovaram o Ato de Uniformidade, o qual impunha a todos os ministros ingleses uma série de regras abominadas pelos puritanos e ordenava que os discordantes fossem expulsos de suas paróquias, podendo ser multados e presos.  

Apesar do espírito manso, o zelo de Joseph Alleine pela pregação e pela salvação dos pecadores não o permitiu aceitar aquelas imposições. Desse modo, em 1662, foi destituído do cargo de pastor auxiliar em Tauton, e outros dois mil ministros ingleses puritanos tiveram o mesmo destino. Apesar disso, Joseph continuou a pregar. Ele reunia pessoas fora da igreja todos os dias. A rotina se repetiu por nove meses, até que foi preso. Na véspera de sua prisão, ministrou um culto que durou três horas: Glória a Deus que me considerou digno de sofrer por seu Evangelho, declarou

Mesmo estando na cadeia, multidões se reuniam para ouvi-lo através das grades. Quando foi solto, em 1664, continuou pregando e, por isso, voltou a ser preso em 1665. No presídio, escreveu alguns livros e deixou um legado de fé. Sem conversão, seu ser é vão. Não é uma pena que você seja bom por nada, que seja um peso sem valor para a terra, uma simples verruga no corpo do Universo? De fato, sua existência é vã, a menos que você seja para Deus, escreveu ele na obra Um guia seguro para o Céu (Editora PES).

Contudo, os livros de Joseph Alleine somente seriam publicados após a sua morte. Dentre eles, destacam-se: Preciosas promessas (Editora Éden) e a obra mais famosa do pregador, An alarm to the unconverted sinners (Um alerta aos pecadores não convertidos, em tradução livre). O livro vendeu 20 mil cópias logo após a primeira edição, em 1672. Três anos mais tarde, uma nova tiragem de 50 mil exemplares esgotou rapidamente, e essa obra continua a ser publicada até hoje.

Depois de ser solto pela segunda vez, em 1666, Joseph continuou a pregar, mesmo sob o risco de ser detido novamente. Porém, a saúde do pregador estava debilitada, devido a uma doença contraída na prisão. E, em 1668, aos 34 anos, morreu sem deixar filhos. Suas últimas palavras foram: Cristo é meu, e eu sou dEle, por Sua aliança

Apaixonado por Jesus e por Sua Palavra, Joseph Alleine é um exemplo de servo de Deus que pagou um alto preço para se manter fiel ao seu amado Senhor. (*Com informações de A Puritan’s Mind e Joseph Alleine:
Contender for Conversion)


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *