Falando de História | Revista Graça/Show da Fé
Capa | Escrituras
01/01/2021
Jornal das Boas-Novas – 258
01/01/2021
Capa | Escrituras
01/01/2021
Jornal das Boas-Novas – 258
01/01/2021
Abraão de Almeida

Herodes, Pilatos e o Sinédrio

A Palestina começou a ser governada pelos Herodes uns 40 anos antes de Cristo. Era anteriormente administrada (civil e religiosamente) pelo sumo sacerdote, detentor, ao mesmo tempo, dos dois poderes. Quando da nomeação de Herodes I (chamado de “O Grande”, que viveu de 74 a.C. a 4 a.C.) feita por Roma, os judeus lavraram um veemente protesto por considerá-lo cruel e ambicioso. De fato, ele ordenou a construção de luxuosos edifícios, inclusive a reconstrução do segundo Templo, e, embora se considerasse judeu (e não era), dobrava-se diante dos deuses pagãos. Casou-se com Mariana, filha do sacerdote Simão, porém, após o nascimento de dois filhos, matou-a. Afirma-se que, ao todo, Herodes, O Grande, deu-se em matrimônio dez vezes e assassinou vários membros da família, por suspeita ou capricho. O próprio César Augusto teria dito que era melhor ser filho de um suíno do que de Herodes.

Em meio a muitas perturbações domésticas, “O Grande” construiu teatros e estabeleceu jogos, contrariando o judaísmo. Ao final do seu desastroso governo, quando já havia eliminado vários rivais, entre eles, seus filhos Alexandre e Aristóbulo, e o irmão e o avô de Mariana, nasceu Jesus em Belém de Judá. Então, Herodes cometeu uma de suas últimas atrocidades, mandando matar todos os meninos de Belém e seus contornos, de dois anos para baixo (Mt 2.1-19). Faleceu no ano 4 a.C. com 70 anos de idade e quase três décadas e meia de reinado. A notícia de sua morte provocou vivas demonstrações de regozijo entre os judeus.

Foto: Reprodução

Sendo assim, assumiu o reinado Herodes Tetrarca (ou Antipas). Sua mulher, Herodias, influenciou-o a ponto de exigir a morte de João Batista (Mt 14.1-13). Foi inimigo de Pôncio Pilatos até o dia em que este lhe enviou Jesus para ser por ele interrogado (Lc 23.7-12). Esse Herodes exerceu o tetrarcado da Galileia, segundo disposições testamentárias deixadas por seu pai. Acusado de ligações secretas com os partas, foi banido em 39 d.C. para Lião, na Gália, onde faleceu. [O Império Parta (247 a.C.- 224 d.C.) foi uma das principais potências político-culturais iranianas da Pérsia Antiga]

Herodes Antipas foi, então, substituído por Herodes Agripa I, filho de Aristóbulo e neto de Herodes, “O Grande”, autor das acusações contra Antipas. Enquanto Tibério era o imperador, Agripa I cultivou amizades com Caio, que veio a ser mais tarde o imperador Calígula. Tirando proveito da situação, Agripa I teve seus domínios ampliados com a inclusão da Judeia e Samaria. Também mandou matar Tiago, irmão de João, à espada, e prendeu Pedro, salvo milagrosamente da morte devido às contínuas orações da Igreja (Atos 12.5,11). Agripa morreu no ano 44, com 54 anos de idade, ferido por um anjo do Senhor (At 12.21-23).

Herodes I, mais conhecido como Herodes “O Grande” (74 a.C. – 4 a.C.) Foto: Reprodução

Agripa, ou Herodes Agripa II, era filho de Agripa I. Tinha 17 anos quando perdeu o pai. Fazia seus estudos no palácio imperial, em Roma. No ano 48, teria assumido o pequeno reinado de Calcis. Em 52, foi transferido de Calcis para domínios mais vastos. Em visita a Festo, em Cesareia, esse procurador da Judeia fez-lhe a apresentação de Paulo, que ali estava preso. O apóstolo, diante de Festo, Agripa II e Berenice, fez sua brilhante defesa e anunciou o Evangelho de Cristo (At 25; 26). Agripa II, depois da queda de Jerusalém no ano 70 d.C., foi para Roma, onde foi investido no cargo de pretor. Morreu no ano 100 d.C..

Pôncio Pilatos – A Palestina, na época em que o Messias foi preso e crucificado, tinha, como procurador, Pôncio Pilatos, um homem de meia-idade, distinguido apenas pela ambição e pelo ódio implacável aos judeus. Diz-se que assumiu a Procuradoria no ano 26, já durante o ministério terreno do Nazareno. Antes da nomeação, não passava de um negociante ou funcionário de pequena categoria. Era zeloso de suas funções, e chegara ao posto de governador dos judeus graças à influência de sua mulher Cláudia Prócula sobre as autoridades romanas. Além disso, tinha como amigo Sejano, conselheiro de Tibério César. Talvez, em virtude dessas boas relações, obteve permissão para ser acompanhado ao seu posto pela esposa, o que constituía um privilégio raro.

Pilatos era um ateu declarado e grande oportunista. Adorava os deuses romanos somente porque isso fazia parte de um hábito romano. Sua esposa, além de vítima da grande ambição social, cultivava a superstição religiosa e não se atrevia a interferir nas práticas dos cultos pagãos ou judaicos. Por sua vez, Pilatos nutria grande desprezo pelos judeus. Percorria os seus domínios sempre acompanhado de um pequeno exército de 500 soldados. Quando havia protesto, ele fazia uso arbitrário do jus gladii, o poder concedido pelo imperador para condenar à morte. Com isso, castigou e matou multidões de judeus.

O Panteão de Roma, edifício erguido durante o reinado do imperador Augusto e reconstruído por Adriano por volta de 126 Foto: Red Morley Hewitt / Unsplash

O Sinédrio – Constituído alguns anos antes de Cristo, o Sinédrio era composto de 71 membros, pertencentes a três classes: sacerdotes, anciãos e escribas. Desempenhava as funções de Supremo Tribunal e de Assembleia Legislativa dos judeus. O chefe supremo do Grande Sinédrio era sempre o sumo sacerdote. Quando algum de seus membros falecia, escolhia-se um substituto mediante criterioso processo de seleção em que eram levados em consideração o conhecimento da Lei e a maneira de viver do candidato.

Era grande a autoridade do Sinédrio tanto nos processos civis como nos criminais. Normalmente, o procurador romano aprovava a decisão dos juízes. Nos processos criminais, por exemplo, as condenações resultavam dos depoimentos das testemunhas. Depois, os juízes retiravam-se para se alimentarem, não bebendo vinho, e, após a refeição da tarde, reuniam-se secretamente para tomar as decisões dos julgados. Nos processos criminais, todas as sentenças eram severas. A habitual era a pena de morte em uma das quatro formas: apedrejamento, cremação, decapitação ou estrangulamento. Qualquer sentença de morte, antes de executada, era examinada pelo procurador romano que, ordinariamente, não fazia qualquer objeção.

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *