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Exemplar (em inglês) da Nova Versão do Rei Tiago
Foto: Divulgação
Abraão de Almeida

Versões modernas da Bíblia

Um exemplar da Bíblia de Gutenberg – dos mais raros do mundo – foi comercializado em 1978 pelo negociador de livros Hans P. Kraus (1907-1988), de Nova Iorque, ao Museu Gutenberg, em Mainz, na Alemanha, por 1,8 milhão de dólares [algo em torno de 8,7 milhões de dólares atualmente]. Em 1970, outro Livro Sagrado, também impresso há mais de 500 anos por Johannes Gutenberg, foi adquirido pelo mesmo valor por Arthur A. Houghton Jr. (1906-1990), presidente da Steuben Glass e ex­presidente do Metropolitan Museum of Art.

A descoberta da imprensa contribuiu, de maneira impressionante, para a divulgação da Palavra de Deus em todo o mundo. O criador da tipografia, responsável por fazer uma tiragem de 200 exemplares das Escrituras Sagradas, certamente não poderia imaginar que aquela publicação alcançasse algo em torno de 4 bilhões de cópias vendidas nos cinco séculos seguintes. De acordo com os colecionadores de livros antigos, existem apenas 48 exemplares da Bíblia de Gutenberg: 47 em poder de instituições e apenas um em mãos de particulares. Embora estejam quase todos incompletos, possuem imenso valor pelo fato de serem raros documentos históricos.

A Sagrada Escritura está encontrando uma multidão de novos compradores e leitores. O sucesso de vendas decorreu, por exemplo, de publicações como a Nova Versão do Rei Tiago (NKJV, a sigla em inglês), que contou primeiro com o Novo Testamento, em 1979; seguida dos Salmos, em 1980; e a Bíblia completa em 1982. Fruto de um trabalho de dez anos, executado por 105 estudiosos residentes em vários países, essa versão é a oitava tradução em inglês realizada desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Um porta-voz da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira lembrou, na década de 1980, que os editores das novas traduções do Livro Santo não conseguiam explicar a razão do incrível êxito de vendas, isso porque as pessoas parecem cada vez mais indiferentes ao culto cristão. Mas os profissionais reconhecem que tal paradoxo não deixa de ser uma boa novidade, e não apenas para os comerciantes.

Entre as oito traduções modernas, a Bíblia Boas Notícias vendeu 7 milhões de exemplares em três anos. A Bíblia Viva – que é mais uma paráfrase – teve mais de 23 milhões de exemplares vendidos em oito anos. A Nova Bíblia Inglesa, editada em 1970, comercializou 10 milhões de exemplares em dez anos.

Arthur A. Houghton Jr.
Foto: Rakow Research Library

Edward England (1930-2010), chefe do departamento religioso da editora responsável pela Nova Versão Internacional (NVI), via a necessidade da existência dessas muitas traduções da Escritura Sagrada: Acredito que se trata da mesma obra, apresentada em níveis diferentes. É como ter roupas para diversas ocasiões. A antiga Versão Autorizada do Rei Tiago (ou Bíblia do Rei Tiago) remonta a 1611: é a Bíblia de luxo. A Bíblia Boas Notícias é a Bíblia tipo esportiva. A Bíblia Viva é uma paráfrase, por assim dizer, em pijamas. Quanto à Nova Versão Internacional [cuja primeira edição foi publicada em 1978] é a Bíblia em roupas de homens de negócios.

England citou, como exemplo, as diferentes formas assumidas pelos primeiros versículos de Gênesis. As célebres palavras que remontam a 1611 são: No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo. E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gen 1.1,2). A Nova Versão Internacional diz: No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.

Cortina de Ferro O periódico brasileiro Jornal do Comércio, em sua edição de 23 de outubro de 1979, publicou um interessante texto acerca da entrada da Bíblia Sagrada no Leste Europeu, então sob domínio socialista da União Soviética. O artigo dizia:

A Guerra Fria pode ter acabado, mas a guerra santa entre o Ocidente e o bloco socialista continua. Entre as armas mais poderosas usadas por algumas nações membros da Aliança Atlântica para penetrar na Cortina de Ferro está a Bíblia. Calcula-se que nada menos que 40 diferentes organizações nos Estados Unidos e na Europa estão engajadas em contrabandear cópias das Sagradas Escrituras na Rússia e em outros países comunistas.

Esse tráfico não é novo. Sabe-se que, pelo menos desde a década de 1960, viajantes, quando transitavam pela Europa Oriental, carregavam exemplares da Bíblia e outra literatura religiosa na bagagem de mão. Muitos turistas, desde velhas senhoras de aspecto inocente até estudantes universitários, sofriam de ataques de amnésia ao chegar em solo comunista. Acontecia-lhes então esquecer, em hotéis, lavatórios públicos, táxis ou ônibus, cópias que eram apanhadas pela população daqueles países.

David Hathaway
Foto: Medvedev / Wikimedia

Em 1972, um inglês, David [Gordon] Hathaway, foi sentenciado a dez meses de prisão na Tchecoslováquia por levar quantidades de livros religiosos e Bíblias pela fronteira em um ônibus de turistas. Desde então, guardas de fronteira e inspetores de alfândegas aprenderam como deter ou pelo menos desencorajar esse comércio. Isso compeliu os evangelistas contrabandistas a adotar métodos mais sofisticados. […] Os russos, em feriados à margem do mar Negro e do Báltico, colhem pequenas sacolas de plástico flutuantes ao sabor das marés, para encontrar, dentro delas, Bíblias […] em sua própria língua. […] Até mesmo o não crente comunista tornou-se hoje um pesquisador da verdade cristã nas praias. Uma Bíblia em russo encontra logo um mercado clandestino, enquanto a goma de mascar continua a ser um raro petisco no outro lado da Cortina de Ferro. As autoridades soviéticas estão furiosas com esse assalto em suas praias.

Certos homens, devido à arrogância e ambição, não se detêm diante das armas mais modernas e poderosas, mas recuam ante o poder da Palavra de Deus. O ditador nazista Adolf Hitler (1889-1945) zombava das nações bem armadas que se aliaram para combatê-lo, no entanto, temia um homem que não possuía outra arma senão a Bíblia: o pastor alemão Martin Niemöller (1892-1984). A arma daquele pregador era tão poderosa que estremeceu o homem que fez tremer o mundo.

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

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