Falando de História | Revista Graça/Show da Fé
Capa | Evangelização
25/09/2023
Palavra dos Patrocinadores – 290
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Abraão de Almeida

A página que não foi escrita

Nos últimos artigos, falamos do papel das sociedades bíblicas na expansão do trabalho de tradução e na distribuição da Palavra de Deus ao redor do mundo. Tratamos também das primeiras traduções da Bíblia e das versões renascentistas e modernas desse livro.

Depois de acompanhar as Sagradas Escrituras em sua vitoriosa marcha no afã de falar a inúmeros povos, em muitas terras e em diversas línguas, desejamos afirmar que a página mais importante da história da Bíblia não está ao nosso alcance. Portanto, não a podemos transcrever aqui: ela pertence a Deus, pois só Ele conhece o número dos que se chegaram ao Senhor guiados por Sua Palavra escrita. Só o Criador conhece todas as circunstâncias em que as páginas eternas foram redigidas. Só Ele acompanhou de perto Sua Palavra, velando para que ela cumprisse fielmente Seus nobres objetivos e criando condições para o cumprimento – no tempo oportuno – de toda a profecia, pois Ele vela sobre a Sua Palavra para cumpri-la.

Dante Alighieri (1265-1321) – Foto: Acrogame / Adobe Stock

Contudo, mesmo que nos fosse revelada a história secreta do Texto Sagrado, não teríamos competência para escrevê-la em sua inteira beleza e profundidade. Nós nos limitaríamos a registrar que milhões de cristãos piedosos foram tachados de hereges e martirizados por não negarem a fé no Livro Santo; que homens, mulheres e crianças fiéis viveram errantes pelos desertos, escondidos nas montanhas e cavernas, tudo sofrendo e suportando, para que a Palavra sobrevivesse, trazendo a nós sua divina mensagem de paz e esperança.

Falaríamos também da angústia e dos sofrimentos que os fiéis servos de Jesus suportaram nos obscuros séculos medievais, quando os eclesiásticos, obstinados no fanatismo sectário e declaradamente antibíblico, tudo fizeram para bani-la da Terra. Por outro lado, mencionaríamos ainda a paz que transbordava no coração dos crentes, o sincero louvor e as ardentes orações, que brotavam espontaneamente de suas almas cheias de uma felicidade mais forte que os horrores de uma perseguição implacável. Esses odiados “hereges” nada possuíam nesta vida. No entanto, eram os amados de Deus, possuidores de tudo: uma fé inabalável nas infalíveis promessas do Santo Livro de Deus.

Georg Friedrich Haendel (1685-1759) – Foto: National Portrait Gallery / Wikimedia

Essa gloriosa Escritura, querido leitor, tão popular e acessível a todos, oferece-nos as mesmas palavras que animaram e confortaram nossos irmãos nos séculos anteriores, quando, à força, eram lançados às feras, ou brutalmente pendurados em estacas, a fim de serem queimados vivos pelo “crime” único de amarem a Deus e permanecerem fiéis à Sua Palavra.

Livro de Deus – Permita o Altíssimo que, ao manusearmos o Santo Livro, recordemos as sábias palavras de Dante Alighieri (1265-1321), o maior dos literatos italianos: Nada provoca em tão alto grau a ira celestial como o forçar o Livro de Deus a ceder ante a autoridade humana ou apartá-lo da sua retidão, sem calcular quanto sangue custou o semeá-lo no mundo e quanto proveito recebe aquele que com humildade se aproxima dEle.

Foto: Christianchan / Adobe Stock

Certo homem sonhou que, ao abrir a Bíblia para conferir uma citação, achou todas as páginas em branco. Maravilhado, apressou-se a ir à casa de um vizinho, despertando-o do sono e pedindo que lhe mostrasse sua Bíblia. Mas, quando a recebeu, achou-a também com as páginas em branco. Então, eles disseram: Vamos às bibliotecas e recolhamos dos grandes livros todas as citações das Escrituras e assim faremos nossa Bíblia de novo. Contudo, quando examinaram todos os livros nas prateleiras de todas as bibliotecas, acharam em branco os lugares onde antes havia citações da Escritura Sagrada. Ao despertar, o homem estava com o rosto coberto de suor frio por causa da agonia sentida enquanto sonhava. Quão grandes seriam as trevas neste mundo se não tivéssemos a Bíblia! Os homens seriam como náufragos em alto mar.

Outra vez –O célebre compositor alemão Georg Friedrich Haendel (1685-1759) estava cego e morava em Londres. Certa vez, sobre o seu leito de morte, na hora derradeira, pediu a seu fiel servidor João que lesse o Salmo 91.1-16: Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei. Porque ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa […] Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio! O Altíssimo é a tua habitação. Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. […] Pois que tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque conheceu o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; livrá-lo-ei e o glorificarei. Dar-lhe-ei abundância de dias e lhe mostrarei a minha salvação.

Terminada a leitura, Georg Haendel exclamou: Como é bom! Eis um alimento que satisfaz e restaura! Em seguida, disse: Lê mais qualquer coisa para mim; todo o capítulo 15 da primeira carta de Paulo aos Coríntios. João fez o que o seu mestre ordenou, e, várias vezes, o enfermo o interrompeu para dizer: Para, repete isso outra vez! Alguns instantes depois, Haendel quis que fosse lido para ele, na antologia de cânticos, o que sua mãe amava particularmente: Tenho plena segurança na fé que me une a Cristo. Suas últimas palavras foram: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. Sobre o seu túmulo, na Abadia de Westminster, uma estátua o representa diante de um órgão. Ele tem nas mãos uma partitura musical na qual lemos estas palavras: Eu sei que o meu Redentor vive (Jó 19.25).

Abraão de Almeida
Pastor da Igreja Evangélica Brasileira em Coconut Creek, Flórida, EUA, e autor de mais de 30 livros em português e espanhol. E-mail: abraaodealmeida7@gmail.com

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