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Foto: Pexels / Erik Mclean

Estratégia do inimigo

O ocultismo está cada vez mais presente na mídia, influenciando pessoas a abraçar práticas contrárias à Palavra

Por Evandro Teixeira

As expressões culturais de uma sociedade sofrem diferentes influências. Nesse processo de formação do pensamento coletivo, a religião é parte fundamental – inclusive havia quase um consenso entre filósofos e sociólogos do Ocidente sobre esse assunto. Segundo eles, a fé cristã é um dos pilares mais importantes, pois contribui com princípios morais e religiosos.

Contudo, essa percepção acerca da influência cristã parece estar sendo questionada por uma parcela da população, em particular a europeia, nos últimos anos. Uma prova disso é o aumento de práticas relacionadas ao paganismo, com ampla e constante divulgação por meio de livros, filmes e séries. Esses produtos de mídia, voltados, em sua maioria, para os jovens, promovem e exaltam rituais pagãos de magia, incutindo neles a ideia de que a feitiçaria é algo bom, normal ou aceitável.

Os pesquisadores Jareb e Petra Knott, autores do livro The science of deliverance: how spiritual freedom brings physical healing (A ciência da libertação: como a libertação espiritual traz a cura física)
Fotos: Divulgação / Engage

Como consequência, muitos têm abraçado essas práticas como uma expressão de fé. Um exemplo disso vem do Reino Unido, onde tem crescido o contingente de pessoas que se identificam abertamente com algum ramo do neopaganismo, como a wicca – forma de bruxaria influenciada por crenças presentes na Europa antes do estabelecimento do cristianismo. O número de adeptos neopagãos na Inglaterra saltou de 44 mil em 2001 para 74 mil em 2021, de acordo com o Censo inglês.

A cientista social Rosângela Paes Romanoel explica: “De uma forma sutil, o diabo trabalha na área espiritual, encantando as mentes, a fim de que as pessoas não resistam à ideia de se envolver ainda mais naquele mundo sobrenatural e fascinante mostrado em uma obra de ficção”
Foto: Arquivo pessoal

No livro The science of deliverance: how spiritual freedom brings physical healing (A ciência da libertação: como a libertação espiritual traz a cura física, em tradução livre), os pesquisadores Jareb e Petra Knott concluíram que o fenômeno neopaganista ocorre também em outros lugares do mundo. Eles constataram que grande parte dos indivíduos que hoje se volta para o oculto é influenciada pela forma como o tema é abordado na TV, no cinema e nas plataformas de streaming. Na visão dos autores, o interesse dos jovens pela feitiçaria se deve ao fato de os personagens ligados a essa prática serem retratados de forma cativante em diversas produções audiovisuais. Muitas facetas de nossa sociedade e da cultura midiática nos oferecem pequenos petiscos de bruxaria amigável, declarou Petra Knott, em entrevista ao portal de notícias The Christian Post, referindo-se às obras de ficção de grande sucesso que tratam de temas como a magia, os vampiros e assemelhados. Estão dando ao demônio uma cara simpática. E fazem isso para torná-lo palatável, fazendo parecer engraçado que todo mundo tenha uma varinha mágica, possa dizer abracadabra e fazer coisas divertidas.

O Prof. Rondinele Laurindo Felipe reitera que, em geral, as produções audiovisuais apresentam uma expressão positiva, por vezes até benevolente e intrigante do ocultismo: “Sabemos o quanto as diferentes mídias conseguem alcançar a mente humana”
Foto: Arquivo pessoal

Olhar espiritual – A cientista social Rosângela Paes Romanoel tem a mesma percepção de Jareb e Petra Knott. De acordo com ela, não é preciso fazer uma busca muito detalhada para encontrar filmes e séries com essa abordagem, o que demonstra o quanto a indústria do entretenimento tem favorecido o ocultismo. A especialista explica que os telespectadores dessas produções tendem a replicar as ideias apresentadas nas histórias em suas próprias vidas. Esse comportamento vem crescendo de forma alarmante entre crianças e adolescentes. “De uma forma sutil, o diabo trabalha na área espiritual, encantando as mentes, a fim de que as pessoas não resistam à ideia de se envolver ainda mais naquele mundo sobrenatural e fascinante mostrado em uma obra de ficção.” Para a cientista, trata-se de uma armadilha que pode enredar até mesmo cristãos incautos. Por isso, é preciso que o servo do Senhor busque o direcionamento do Espírito Santo para proteger a si mesmo e a sua família.

O psicanalista e doutor em Ciências Sociais Gleubert Carlos Coliath afirma: “Trata-se de um cenário que favorece a atuação do inimigo”
Foto: Arquivo pessoal

O professor de Ensino Religioso e Filosofia Rondinele Laurindo Felipe reitera que, em geral, as produções audiovisuais apresentam uma expressão positiva, por vezes até benevolente e intrigante do ocultismo. “Sabemos o quanto as diferentes mídias conseguem alcançar a mente humana e moldar comportamentos”, alerta ele, citando a astrologia como outra maneira muito comum de ocultismo bastante difundida na sociedade. Rondinele explica que a leitura do horóscopo é uma forma de superstição, ou crença, na qual os astros do Zodíaco são tomados como referência para nortear a vida das pessoas, prática que se contrapõe aos ensinamentos bíblicos (Dt 18.14;Is 47.13-15). Contudo, a postura dos cristãos não deve ser atacar frontalmente esse tipo de pensamento, pois isso pode ser confundido com intolerância religiosa. “O essencial é viver de maneira que nosso exemplo seja suficientemente revelador da fé que professamos, carregado de compaixão e amor para com todos.”

A psicanalista Rosi Siqueira declara: “Somos aquilo que pensamos. Nossos pensamentos determinam nossas atitudes”
Foto: Arquivo pessoal

De modo semelhante, o pesquisador Jungley de Oliveira Torres Neto, especialista na área de Filosofia da Religião, acredita que o cristão deve ter sobriedade ao falar sobre o ocultismo com outras pessoas, a fim de evitar conflitos. “Precisamos ter cautela e analisar tudo com zelo, para fazer uma abordagem mais coerente”, pondera, lembrando que o medo está na essência do comportamento de quem busca se apegar às práticas pagãs. Afinal, esse sentimento revela uma necessidade de proteção, buscada por alguns no plano metafísico. No entanto, por influência midiática, esses indivíduos acabam encontrando respostas no engano propagado por personagens que são cativantes e afetivos. Jungley Neto observa, porém, que tanto a feitiçaria quanto qualquer tema, por mais absurdo que possa parecer, tende a ser assimilado como algo normal, sobretudo quando são usados recursos visuais, verbais e interativos em sua composição.

O psicanalista e doutor em Ciências Sociais Gleubert Carlos Coliath concorda que o receio pode levar os indivíduos a cultivarem o fascínio pelo oculto e alimentar a curiosidade deles em relação ao sobrenatural. “Trata-se de um cenário que favorece a atuação do inimigo”, afirma Coliath, citando o livro Mais esperto que o diabo (Citadel), do escritor norte-americano Napoleon Hill (1883-1970). Na obra, o autor defende que, ao promover o medo, Satanás consegue influenciar as atitudes das pessoas. Assim, segundo o psicanalista, as crianças formam o grupo mais vulnerável a esse tipo de ataque. “Elas não possuem o discernimento para escolher aquilo que convém ou não consumir. Cabe aos pais selecionarem os conteúdos que estejam de acordo com a crença familiar”, orienta Coliath, apontando  como exemplo negativo os filmes da saga Harry Potter, franquia cinematográfica inspirada nos livros da escritora britânica J. K. Rowling. Na película, a bruxaria é tratada como uma prática cativante, e tal abordagem fez a obra se tornar uma das séries de filmes mais assistidas da história do cinema.

O estudante Daniel Bruno Nogueira da Silva pondera: “Ao consumir esse tipo de conteúdo, as pessoas podem, por exemplo, perder a sensibilidade para discernir entre o bem e o mal”
Foto: Arquivo pessoal

Bem-produzido – Já a psicanalista Rosi Siqueira, especialista em Desenvolvimento Humano, ressalta que a humanidade sempre buscou, e continua buscando, respostas sobre questões existenciais, como a vida após a morte. Em meio a tantos questionamentos, algumas pessoas acabam sendo atraídas pelo sobrenatural. Desse modo, ao simpatizarem com personagens envolvidos no ocultismo, esse estímulo poderá fazer o cérebro produzir comportamentos condizentes com as informações recebidas. “Somos aquilo que pensamos. Nossos pensamentos determinam nossas atitudes.”

O estudante e coordenador regional de adolescentes da Igreja do Evangelho Quadrangular em São João de Meriti (RJ), Daniel Bruno Nogueira da Silva, 23 anos, defende que a romantização de práticas relacionadas à bruxaria seja discutida nas igrejas e mereça mais atenção das lideranças evangélicas. Ele sugere ações, como a promoção de rodas de debates sobre esses temas com a presença de especialistas e pastores. No entanto, Daniel lembra que os perigos do ocultismo não se limitam às questões religiosas: em muitas situações, o personagem retratado como herói não tem atitudes voltadas para práticas virtuosas. “Ao consumir  esse tipo de conteúdo, as pessoas podem, por exemplo, perder a sensibilidade para discernir entre o bem e o mal”, pondera.

O Pr. Douglas dos Santos Paiva conclui: “Como a luz do mundo e o sal da Terra, os cristãos devem influenciar e não serem influenciados”
Foto: Arquivo pessoal

Líder regional da Igreja da Graça em Santa Luzia (MG), o Pr. Douglas dos Santos Paiva entende que, no jardim do Éden, o inimigo já demonstrava sua estratégia de manipulação ao usar uma serpente para enganar Eva (Gn 3). O mesmo ocorre quando, ao ser atraído por um filme bem-produzido, o espectador não se dá conta do perigo contido naquilo que está assistindo. De acordo com o pregador, o combate para esse mal exige um maior preparo dos líderes [Leia o quadro Prontos para a batalha], os quais devem buscar conhecimento sobre os mais diversos assuntos, mantendo-se sempre atualizados. “Como a luz do mundo e o sal da Terra, os cristãos devem influenciar e não serem influenciados”, conclui.

Prontos para a batalha

A Graça Editorial tem alguns títulos destinados a forjar famílias e lideranças nesta guerra contra o império das trevas, o qual luta pelo controle da mente, especialmente dos jovens. Confira:

Vampira até o sangue de Jesus (Shirley Newman) – O livro apresenta o testemunho verídico de Débora Peixe, uma jovem que, ainda na adolescência, foi atraída pelo ocultismo em busca de respostas para questões existenciais. Nesse caminho, aprofundou-se na prática do vampirismo, que a levava a se cortar e a sugar o próprio sangue. Envolvida também com drogas, a garota passava noites em cemitérios e chegou a tentar suicídio. A vida de Débora foi transformada depois de encontrar as respostas para seus questionamentos na Palavra de Deus e crer em Cristo como Salvador. 

Foto: Divulgação

Desmascarando as artimanhas do inimigo (Pedro Okoro) – O autor chama atenção para as estratégias usadas por Satanás a fim de desviar o servo de Deus dos propósitos divinos. Okoro esclarece que essa batalha não pode ser vencida pela força física, e sim pela inteligência espiritual: Esse adversário adapta ciladas e tentações às suas inclinações naturais e aos seus desejos, e muda truques para se adequar ao seu estilo de vida. Ele enfrenta você e lhe resiste para se colocar no caminho e impedir as respostas às suas orações. No entanto, a boa notícia é que Deus lhe deu autoridade para destruir o adversário.

Foto: Divulgação

Lutando contra o medo (Jentezen Franklin) – A literatura ensina que o medo tem uma habilidade especial de enganar e influenciar a vida das pessoas no mundo atual. O objetivo do livro é ajudar o leitor a identificar e derrotar, pela fé, cada fonte de medo que esteja lhe roubando a paz e a alegria. E isso vale para qualquer temor, àqueles relacionados a problemas econômicos, ao crime, à violência ou à morte. Franklin apresenta as armas capazes de tornar o cristão mais confiante para enfrentar o medo e vencê-lo pelo poder da Palavra de Deus. (Fonte: Graça Editorial)

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1 Comment

  1. LUCIANO FERREIRA NASCIMENTO SILVA disse:

    Mas isso e a mas pura verdade o nosso Deus disse e a foça do inferno não prevalecerá contra a Igreja do senhor

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