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Família – 253
01/08/2020
Palavra dos Patrocinadores – 253
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Foto: Iyin John Onaeko / Unsplash

PRIMEIRO ELES?

Pastores e especialistas discutem até que ponto filhos pequenos devem influenciar os pais na escolha da igreja que frequentarão

POR EVANDRO TEIXEIRA

Um levantamento do instituto de pesquisas norte-americano Barna Group mostrou que seis em cada dez casais cristãos com filhos pequenos (58% dos entrevistados) escolheram a congregação com base na qualidade da programação infantil. Em outras palavras, o ministério com crianças é o principal fator que as famílias levam em conta na hora de optar por um templo. Diante do resultado desse estudo, cabe a questão: a vontade dos pequenos deve nortear a escolha da igreja da família? 

Não é fácil responder à pergunta. Daniele Gomes Rogério, líder do ministério infantil da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Ipatinga (MG), acentua que as crianças podem ser, realmente, persuasivas. Mesmo reconhecendo a preocupação dos pais com a formação espiritual de seus pequenos, ela lembra que outros fatores são considerados pelos adultos na hora de decidir onde congregar. “Se não forem bem tratados ou instruídos, por mais que os pequenos gostem de determinado lugar, os pais podem não voltar”, salienta Daniele, que é casada com o líder regional da IIGD em Ipatinga, Pr. Danilo Rogério. 

A líder de ministério infantil Daniele Gomes Rogério é taxativa: “Não são apenas crianças, mas também almas que carecem de salvação. Levá-las ao Criador é nossa missão”
Foto: Arquivo pessoal

Segundo ela, é importante as comunidades cristãs estarem cientes de sua responsabilidade com o ministério infantil. “Não são apenas crianças, mas também almas que carecem de salvação. Levá-las ao Criador é nossa missão.” Por outro lado, Daniele assinala que os pais são os principais responsáveis por orientar a vida espiritual dos filhos. “É nosso papel cobri-los de oração e conduzi-los a Deus todos os dias. Ninguém melhor para interceder por eles do que nós mesmos”, frisa a líder, a qual marca que o exemplo diário é o melhor testemunho. “As crianças aprendem mais por observação do que por qualquer outro ensino.”

Melhor ambiente – A Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa, líder estadual da IIGD em Goiás, concorda que os filhos precisam ter atenção especial dos pais e que estes devem guiá-los no caminho da fé. No entanto, evidencia que a Igreja desempenha um papel de destaque no auxílio às famílias e que, na sociedade atual, o grande alvo do inimigo tem sido deturpar os princípios forjadores do caráter do cidadão. Devido a essa realidade espiritual, a pregadora reafirma a importância de existirem ministérios infantis dedicados totalmente à orientação correta dos pequeninos, tal como declara a Palavra. “Deve haver uma atenção direcionada a eles que atenda às suas necessidades espirituais.”

Sabrine de Almeida Franca Pereira com o marido Júlio César e a pequena Milena: “Percebi o quanto ela gostou. Já vinha sentindo o desejo de retornar para a casa de Deus, e isso reforçou minha decisão”
Foto: Arquivo pessoal

A opinião é compartilhada pela dona de casa Sabrine de Almeida Franca Pereira, 30 anos, membro da IIGD em Caratinga (MG). Mãe da pequena Milena, de três anos, ela acredita que, em se tratando de orientação espiritual, a igreja é o melhor ambiente para criar os filhos. Segundo Sabrine, os pais são movidos por um sentimento de proteção e enxergam o local de culto como um refúgio para seus amados. Ela ressalta que as programações do ministério infantil não são capazes de suprir o papel cotidiano dos pais na formação espiritual de suas heranças concedidas pelo Senhor, mas, certamente, ajudam. “Temos a orientação bíblica de que cabe a nós ensinar nossos filhos a ter uma vida cristã saudável”, enfatiza, fazendo referência a Provérbios 22.6 (Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele). Curiosamente, foi depois de Milena ter participado de um culto infantil que Sabrine e o marido Júlio César decidiram voltar a congregar, pois estavam há algum tempo afastados da igreja. “Percebi o quanto ela gostou. Já vinha sentindo o desejo de retornar para a casa de Deus, e isso reforçou minha decisão.”

A psicóloga Beatriz de Jesus Alves diz que os pais precisam dar sustentação emocional e orienta: “O ideal é criar o filho em um ambiente saudável para todos os membros da família” 
Foto: Arquivo pessoal

Em alguns casos como o de Sabrine, aceitar a vontade dos filhos, para tomar determinadas decisões familiares, pode ter resultados positivos. Contudo, a psicóloga Beatriz de Jesus Alves, alerta que é essencial conter os excessos. De acordo com ela, há pais que permitem que os filhos tomem as rédeas do contexto familiar. “A criança não deve ser colocada sempre em primeiro lugar. Isso, no entanto, não quer dizer que as necessidades reais dela não devam ser atendidas. No sistema familiar, cada um tem o seu papel específico”, salienta a especialista. Ela reconhece que certas demandas dos pequenos devem ser supridas para eles não se sentirem desestabilizados emocionalmente e buscarem outros meios para satisfazê-las. “O ideal é criar o filho em um ambiente saudável para todos os membros da família”, orienta ela, membro da Comunidade Evangélica Ministério Viver em Cristo, em Miguel Couto, Nova Iguaçu (RJ). 

Foto: Nathan Dumlao / Unsplash

“Grande desafio” – Por sua vez, a pedagoga Simone Maia de Carvalho expressa preocupação com o papel das congregações no processo de formação de meninos e meninas. Isso porque, de acordo com ela, há igrejas que não têm um ministério infantil bem estruturado. Nelas, só existem salinhas onde as crianças são deixadas em meio a brinquedos, papel e giz de cera, apenas para não atrapalharem o culto dos adultos. Para a especialista, é indispensável entender que as atribuições do trabalho com a criançada vão muito além das atividades recreativas. “Toda comunidade genuinamente cristã deve valorizar a educação religiosa das crianças”, destaca Carvalho, membro da Igreja do Evangelho Quadrangular do Conjunto Tom Jobim, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ).

A pedagoga Simone Maia de Carvalho destaca: “Toda comunidade genuinamente cristã deve valorizar a educação religiosa das crianças”
Foto: Arquivo pessoal

Entretanto, ela lembra que os pais são os principais pastores na condução do rebanho chamado família. A pedagoga admite que a tarefa dentro de casa não é simples. No entanto, de acordo com a sua compreensão, quando há um alinhamento com a vontade divina, tudo flui de forma natural. “Investir espiritualmente na família é o grande desafio, porém isso influencia os filhos de maneira positiva”, afirma a profissional, sublinhando que negligenciar essa responsabilidade pode gerar danos aos lares e às próprias comunidades cristãs. “Se queremos uma igreja sadia, curada e alicerçada, devemos cuidar das crianças o quanto antes.” 

A pastora e psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues diz que não há exageros quando se trata de escolher um lugar adequado para a formação cristã dos pequenos, mas o conteúdo precisa ser checado
Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

A pastora e psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues, da Igreja do Evangelho Quadrangular em Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ), tem pensamento semelhante ao da pedagoga Simone Maia de Carvalho. Segundo ela, por causa da correria do dia a dia, alguns responsáveis não cuidam, de forma mais efetiva, da orientação espiritual dos filhos. Diante disso, a busca por uma igreja com um ministério infantil bem preparado torna-se um norte a ser considerado. Para ela, não há exageros quando se trata de escolher um lugar adequado para a formação cristã dos pequenos. A respeito disso, adverte acerca de um ponto crucial. “É preciso estar atento sobre o conteúdo passado para eles.” Rodrigues não tem dúvidas de que a casa do Senhor é o melhor ambiente onde os filhos devem ser criados. A igreja que pratica uma teologia séria, assevera ela, pode ajudar na educação religiosa dos pequenos, evitando graves problemas no futuro. A especialista ressalta que até as decisões tomadas pelos pais dependem da qualidade das orientações passadas pelas comunidades cristãs. “Não devemos usar esse espaço, voltado para o louvor e a adoração, para o mero entretenimento, e sim como um lugar de crescimento espiritual e social.”

Pr. Ronaldo Viana da Silva: “Se os responsáveis perceberem que os filhos se sentiram bem em determinada igreja, eles provavelmente não irão procurar outra” Foto: Arquivo pessoal

A opinião da psicóloga é partilhada pelo Pr. Ronaldo Viana da Silva, líder da Primeira Igreja Batista de São João do Paraíso, em Cambuci (RJ), e ele faz um adendo. “A comunidade cristã pode ter uma boa programação infantil, e uma péssima base teológica. O ideal é manter a qualidade nas duas pontas.” O pregador diz, porém, que os pais facilmente se deixam influenciar pelas reações dos pequenos. “Se os responsáveis perceberem que os filhos se sentiram bem em determinada igreja, eles provavelmente não irão procurar outra”, observa. 

O pastor reforça a ideia de que não basta apenas congregar em uma igreja com boa estrutura a fim de garantir a formação cristã dos filhos: o exemplo dos responsáveis é fundamental. “As crianças sabem quando os pais vivem uma farsa religiosa. Esse é o principal cuidado que devemos ter. Precisamos nos portar como verdadeiros cristãos.” Conforme ele explica, se os pequenos não encontrarem um bom modelo que lhes sirva de espelho em casa, optar por uma igreja ao gosto dos filhos só trará resultados pífios para a área espiritual deles tanto na infância quanto na vida adulta. “Isso pode ter como consequência um envolvimento com o pecado e o total afastamento dos caminhos do Senhor. E, diante desse quadro, só nos restará a graça de Deus para resgatá-los dos males promovidos por uma sociedade depravada”, conclui. 


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