Comportamento | Revista Graça/Show da Fé
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01/09/2020
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Foto: Gayatri Malhotra / Unsplash

Novo tempo

Depois da pandemia da covid-19, é necessário manter a fé e a esperança firmadas na Palavra

Por Patrícia Scott

O mundo parou em 2020. O novo coronavírus colocou a população do planeta em isolamento social, medida tomada pelas autoridades de dezenas de países para diminuir o avanço da contaminação. As mudanças foram drásticas e rápidas. Além de ter causado milhares de mortes e bastante sofrimento, a covid-19 deixou milhões de desempregados. Entre aqueles que não perderam o emprego, muitos tiveram de se adaptar para desempenhar suas funções de maneira remota, a partir de casa.

Como consequência, o convívio se tornou um desafio para várias famílias. Até as atividades de lazer ficaram restritas àquelas que podiam ser realizadas no lar. Visitas a entes queridos, em especial aos mais velhos, tornaram-se proibidas, por causa do alto risco de contágio. Paralelamente, as notícias sobre o avanço da enfermidade no Brasil apresentavam uma crescente sensação de insegurança. Com tudo isso, quem escapou do vírus dificilmente passou ileso por outro fator de adoecimento: o estresse. “Quando estamos diante de uma ameaça, ativamos o mecanismo de luta e fuga. Essa reação deixa o organismo preparado para agir. O cérebro lança um comando para a glândula que produz cortisol, o hormônio do estresse, o qual gera, muitas vezes, pânico e ansiedade”, esclarece a psicóloga Mônica Borges.

Passados os piores meses da pandemia, à medida que a vida vai voltando a um “novo normal”, como dizem alguns especialistas, a pergunta agora é: como vamos nos reorganizar depois de tamanha tragédia? Borges responde com um conselho: “O momento é propício para a reflexão. Pensar no que realmente é prioridade, a fim de que transformações reais aconteçam de dentro para fora”. A psicóloga ressalta que precisamos valorizar o que é relevante e investir nisso. “Assim, será iniciada uma nova jornada mental”, prevê.

O conselho é endossado pela psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues. Ela analisa que o período de medo, incerteza, ansiedade, solidão e insegurança causado pelo isolamento social foi extenso. “Foram diversas perdas simultâneas, sem contar que as pessoas não estão conseguindo enxergar com nitidez o futuro.” Ana Lúcia frisa que alguns grupos foram mais afetados, tais como os profissionais da Saúde, os idosos e os que ficaram desempregados. “As terapias em grupo podem ajudar, já que muitos terão, basicamente, as mesmas queixas”, pondera. “Neste momento, é necessário reprogramar a mente.”

A psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues lembra: “Foram diversas perdas simultâneas, sem contar que as pessoas não estão conseguindo enxergar com nitidez o futuro”
Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

A psicóloga explica que todos enfrentarão, em variados graus, as etapas do processo de luto, que dura dois anos, em média. “A primeira fase é a negação, quando o indivíduo custa a reconhecer o que está acontecendo. A segunda é a raiva, seja de Deus, dos governantes, dos médicos.” Segundo ela, a terceira é a da barganha, quando o sujeito tenta negociar para, de alguma forma, reverter o quadro. “A seguir, vem a depressão, que é um período mais longo e doloroso. Por fim, a aceitação”, enumera.

Dependência de Deus – Os conflitos familiares resultantes do convívio contínuo também se mostraram um fator de estresse. Mas, na opinião da psicóloga Marina Prado Franco, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, passar 24 horas em casa ampliou problemas já existentes nas famílias, que antes eram deixados em segundo plano. “As dificuldades de relacionamento só foram intensificadas. Isso gerou brigas constantes, filhos e companheiros ansiosos e deprimidos, e um aumento do número de divórcios”, avalia. Ela assinala que uma lição deve ser apreendida: a solidão é difícil. “Entendendo isso, as pessoas serão mais cooperativas e darão mais valor aos momentos em família, abraços e carinhos, com um novo olhar de gratidão e cuidado.” [Do editor: a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), fundada no início dos anos de 1960 pelo neurologista e psiquiatra norte-americano Aaron Beck, busca entender a maneira como cada um vê, sente e pensa com relação a uma situação que causa desconforto, dor, incômodo, tristeza ou qualquer outra sensação negativa.]

A psicóloga Marina Prado Franco prevê: “As pessoas serão mais cooperativas e darão mais valor aos momentos em família, abraços e carinhos, com um novo olhar de gratidão e cuidado”
Foto: Arquivo pessoal

A vendedora Irani Silva da Mata, 44 anos, enfrentou entraves familiares acarretados pelo isolamento social e teve de administrar medos e até a depressão. “Foi preciso buscar sabedoria em Deus para enfrentarmos as lutas”, testemunha ela, que é obreira da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), no Centro de Governador Valadares (MG). Ela sublinha que esse período conturbado serviu para amadurecer espiritualmente e enraizar sua fé. “Mesmo diante das batalhas, mantive a alegria e a paz. Minha sustentação foi em Jesus, por isso prevaleci.” Irani da Mata afirma que obteve aprendizados extraídos desse momento, e todos evidenciaram sua dependência de Deus. “Não temos controle de nada. Somente Ele pode todas as coisas.”

O empresário William Roberto Alves Pereira: “Consegui estudar a Bíblia com mais calma, meditar nos ensinamentos do Senhor. Quando o Mestre está no barco, é possível enfrentar qualquer tempestade”
Foto: Arquivo pessoal

O empresário William Roberto Alves Pereira, 44 anos, foi bastante afetado pela ansiedade, por causa das alterações bruscas na rotina diária. Na hora de voltar à normalidade, ainda que estivesse acostumado com a correria do dia a dia, sentiu-se ansioso. Como saldo positivo da quarentena, William salienta a disponibilidade maior de tempo para ler as Escrituras. “Consegui estudar a Bíblia com mais calma, meditar nos ensinamentos do Senhor. Quando o Mestre está no barco, é possível enfrentar qualquer tempestade”, acentua o empresário. Ele aproveitou para fazer um alerta e uma constatação. “Cristo está voltando, porém muitos não acreditam nisso. A covid-19 proporcionou um despertar espiritual no país”, afirma ele, membro da Igreja da Graça em Jardim Monte Belo, em Londrina (PR).

Contato social – As igrejas, de fato, desempenham papel de bem-estar preponderante, segundo o Pr. Luciano Ramos da Silveira, da IIGD na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). “Os cuidados com a saúde mental estão enraizados no Livro Sagrado”, ensina ele, citando 3 João 1.2: Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma. O líder ainda evidencia as palavras do profeta Jeremias: E tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e transformarei em regozijo a sua tristeza (Jr 31.13b). “A saúde mental está incluída no plano da salvação. Faz parte da nossa missão como pregadores do Evangelho. Estamos redescobrindo a Igreja e a sua verdadeira essência. Desse modo, vamos valorizando mais as pessoas que nos foram confiadas.”

Pr. Luciano Ramos da Silveira: “A saúde mental está incluída no plano de salvação. Faz parte da nossa missão como pregadores do Evangelho. Estamos redescobrindo a Igreja e a sua verdadeira essência”
Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

O Pr. Marlon Guedes, da IIGD em Vista Alegre, zona norte carioca, destaca que, com a quarentena, o povo de Deus voltou a fazer o culto doméstico. “É importante que isso não se perca. É o retorno ao nascimento da Igreja, conforme relata o livro de Atos”, pontua. O pregador salienta que o calor humano será bem mais valorizado a partir de agora. “Um abraço, um beijo, um aperto de mão. O contato social será mais significativo.”

O Pr. Marlon Guedes: “As mídias digitais deixaram marcas e permanecerão como diferencial para a propagação do Evangelho e no relacionamento dos pastores com suas ovelhas”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião de Guedes, o isolamento social gerou um movimento de busca de modernização das congregações. Elas tiveram de se adaptar para usar os diversos meios de comunicação, em especial a internet, a fim de continuar falando de Jesus. “As mídias digitais deixaram marcas e permanecerão como diferencial para a propagação do Evangelho e no relacionamento dos pastores com suas ovelhas.” No entanto, o pastor enfatiza que, independentemente dos meios utilizados, a pregação do Livro Santo é a única maneira de auxiliar o homem neste momento de tantas incertezas. “A pessoa se torna mais ousada e confiante. Isso vem da fé que ela recebe ao ouvir a Palavra”, observa ele, referindo-se a passagens bíblicas como a do apóstolo Paulo aos romanos: Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo (Rm 15.13).


5 Comments

  1. Maria de Fátima da Silva disse:

    Gostei muito desta matéria é muito importante refletir que sobre cada colocação dos Prs e os profissionais da área humana.As pessoas com certeza vão valorizar mais o convívio familiar e social.

  2. Francilene Viana da Silva disse:

    Gostei muito, ainda me recuperando, com a graça de Deus e muita oração estou aqui, está revista fará a diferença, buscar a Deus é fundamental principalmente para aqueles que conseguiram a vitória, senhor Jesus Cristo obrigado

  3. João Vitor disse:

    Boa noite! Seria possível conseguir entrar em contato com a psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues, por favor ou saber se ela tem consultório?

    • Editor disse:

      Caríssimo,

      Eis os contatos (públicos) da psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues:

      Instagram: papo_de_consultorio e analucia1007
      E-mail: aclinicapsi@gmail.com
      Telefone: (21) 987991543

      Que Deus te abençoe!

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