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Foto: Towfiqu Barbhuiya / Unsplash

Economia do lar

Questões ligadas a finanças podem afetar a saúde dos relacionamentos familiares

Por Evandro Teixeira

A família é uma unidade social criada por Deus, conforme Gênesis 2.24: Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Contudo, por ser construída a partir de relacionamentos interpessoais, não está livre de conflitos. As fontes de desentendimentos entre marido e mulher são inúmeras, mas existe um aspecto da vida moderna que tem desestruturado vários casais: o dinheiro. Questões de ordem financeira podem afetar a estabilidade do núcleo familiar, como mostrou uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e pelo Banco Central (BACEN). De acordo com o levantamento, desentendimentos ligados à administração das finanças é motivo de briga em 58% das famílias do país.

No entanto, as consequências de problemas referentes à gestão do orçamento doméstico podem ser ainda mais graves. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57% dos divórcios ocorridos no Brasil, na última década, foram motivados por questões que envolviam dinheiro – a falta dele, obviamente. Segundo o IBGE, problemas financeiros estão entre os maiores causadores de separações em território nacional.

O pastor e economista Níger Silva Martins ensina: “Organizar o orçamento familiar é o ponto de partida para deixar as contas em dia e alcançar metas” – Foto: Arquivo pessoal

O pastor e economista Níger Silva Martins, líder da Igreja de Nova Vida Ministério É de Deus, em Cascadura, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), reconhece que podem ocorrer diversos conflitos, a depender da forma como o casal lida com a administração do dinheiro. “Sobretudo por não existir, na maioria dos lares, uma orientação correta sobre esse assunto”, pontua. Ele assinala que o descontrole na economia do lar está diretamente vinculado à incapacidade de as famílias desenvolverem competências básicas para a alocação dos recursos, gerando, com isso, um desequilíbrio. “Organizar o orçamento familiar é o ponto de partida para deixar as contas em dia e alcançar metas”, ensina.

Porém, para pôr a casa realmente em ordem, é necessário adquirir algum conhecimento de Educação Financeira. É o que defende o engenheiro e estudioso na área de Finanças Ricardo Fadini, co-fundador do Graninha Kids, um site de educação financeira voltado para a criançada. Para o especialista, a falta de conhecimento das famílias nesse assunto é um problema cultural. Ele defende, ao contrário do que muitos possam pensar, que tanto a escassez quanto o excesso de recursos podem gerar dores de cabeça. “A família se torna refém do dinheiro a partir do momento em que cada membro, individualmente, vive em função dele, não havendo, em especial entre os cônjuges, qualquer parceria.”

Ricardo Fadini, co-fundador do Graninha Kids, um site de educação financeira voltado para a criançada, afirma que a falta de conhecimento das famílias nesse assunto é um problema cultural – Foto: Arquivo pessoal

Na opinião de Fadini, o aprendizado sobre o tema deveria começar nas escolas. Ele avalia que a falta de orientação na infância faz a maioria dos adultos não ter controle sobre os seus gastos e, por isso, acabar acumulando dívidas. Segundo ele, a maior parte dos brasileiros só vive para pagar boletos. “Não possuem uma planilha de receitas e despesas nem se planejam antes de fazer uma compra”, complementa.

Poupar e investir – De fato, os brasileiros entendem pouco do assunto. É o que revela uma análise da agência de classificação de risco para investimentos Standard & Poor’s. O estudo, que mediu o grau de educação financeira em 140 países com base em mais de 150 mil entrevistas, colocou o Brasil na 74ª posição, atrás de nações mais pobres, como Madagascar, Togo e Zimbábue. A investigação demonstrou que apenas 35% dos brasileiros sabem como investir e multiplicar o próprio dinheiro.

Outro levantamento, levado a efeito pelo SPC Brasil nas 27 capitais brasileiras, apontou que 60% dos 804 entrevistados nem sempre sabem os valores que gastaram com juros, tarifas e encargos bancários. Também revelou que quase a metade deles (47,2%) não calcula com frequência o quanto estão pagando de juros quando fazem uma compra a prazo.

E a pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e pelo Banco Central (BACEN), no início desta reportagem, mostrou também que 69% da população nacional não têm o hábito de poupar, pois gasta tudo ou até mais do que ganha.

O Pr. Renato Dotta afirma que o sucesso em todas as áreas da vida depende essencialmente do quanto o cristão age segundo a vontade do Senhor: “podemos prosperar” – Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Renato Dotta, líder da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Alagoas, afirma que as lideranças precisam orientar os cristãos a cuidar bem das finanças familiares. Em sua opinião, é essencial mostrar-lhes que o crente em Cristo, por exemplo, não deve ser esbanjador. “Como pastor, não prego apenas que Deus nos faz prosperar. Também ensino como podemos prosperar”, diz ele, destacando que o sucesso em todas as áreas da vida depende essencialmente do quanto o cristão age segundo a vontade do Senhor.

O descontrole financeiro está na contramão das orientações bíblicas que auxiliam o servo de Deus a viver os propósitos dEle nessa área. Conforme orienta a psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues, é necessário que o texto citado na abertura desta matéria seja aplicado também à vida financeira dos casais. Parafraseando a passagem de Gênesis 2.24, ela diz: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e terão ambos um só orçamento”. “É essencial esquecer o pensamento individual e adotar formas conjuntas de aproveitar a renda familiar da melhor maneira possível”, explica. A especialista deixa claro que, se marido e mulher têm fontes de renda distintas, manter o dinheiro em contas separadas é uma postura que deve ser evitada a todo custo. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Sete princípios sobre finanças]

A psicóloga Ana Lúcia Moreira Rodrigues explica: “É essencial esquecer o pensamento individual e adotar formas conjuntas de aproveitar a renda familiar da melhor maneira possível” – Foto: Arquivo pessoal

Membro da Igreja do Evangelho Quadrangular em Santa Eugênia, Nova Iguaçu (RJ), Ana Lúcia Rodrigues afirma que a questão financeira vai além do saber administrar bem ou mal o dinheiro. “Existe todo um simbolismo de poder e status com o qual marido e mulher terão de lidar”, pontua a psicóloga. Ela ressalta que, por causa disso, pode haver uma “disputa” entre os cônjuges baseada no “quem pode mais”. Planejar a vida financeira do casal, em conjunto, frisa a profissional, é um passo importante que deve ser dado já no início do relacionamento.

“Oração e diálogo – Rita de Cássia Gomes de Macena, 55 anos, e Cosme Pereira de Macena, 61, estão casados há três décadas e meia. Entretanto, esse longevo relacionamento já sofreu sério abalo em razão de uma crise financeira. Há vários anos, os dois ficaram desempregados ao mesmo tempo, o que gerou um problema sem precedentes para a família. “A dificuldade foi tamanha que ficamos sem ter o que comer”, lembra-se Rita, destacando que sua preocupação maior era com os filhos pequenos.

Sem dinheiro, as contas foram se acumulando, e ambos viviam graças à ajuda de pessoas próximas que iam suprindo as necessidades básicas da família. No entanto, o clima de tensão causado pela absoluta falta de recursos ajudou a fomentar muitas discussões entre eles. Felizmente, como já eram cristãos, os desentendimentos tiveram fim no momento em que começaram a orar e a dialogar. Assim, uniram-se para enfrentar a situação em comum: o desemprego. “Depois que buscamos o Senhor, as portas se abriram. Eu e meu marido começamos a trabalhar”, recorda-se Rita de Cássia, atualmente auxiliar de serviços gerais e membro da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ).

O Pr. Douglas dos Santos Paiva declara: “Realizamos orações e atos de fé, crendo que não há nada impossível para o nosso Pai celeste” – Foto: Arquivo pessoal

Mesmo nos casos em que existem educação e planejamento financeiro, as famílias podem atravessar períodos de instabilidade. É o que pensa o Pr. Douglas dos Santos Paiva, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Santa Luzia (MG). Ele sublinha que nenhum casal está livre de enfrentar problemas financeiros e explica que, não sem motivo, na IIGD, prega-se bastante sobre a relevância de o cristão buscar no Todo-Poderoso a solução para as crises e orar pela prosperidade em todas as áreas, inclusive a financeira. “Realizamos orações e atos de fé, crendo que não há nada impossível para o nosso Pai celeste”, declara o pastor. Ele cita o exemplo de Isaque, que, em meio a uma grande fome, alcançou a prosperidade, em Deus: E semeou Isaque naquela mesma terra e colheu, naquele mesmo ano, cem medidas, porque o SENHOR o abençoava (Gn 26.12).

Sete princípios sobre finanças

Foto: Visual Stories – Micheile / Unsplash

A Palavra nos ensina bastante sobre dinheiro, apresentando diversas lições preciosas a respeito da gestão de recursos. Confira, então, alguns dos princípios bíblicos que nos permitirão alcançar a prosperidade financeira:

Com trabalho e sem preguiça – Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado (Pv 6.9-11).

Planejamento financeiro – Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar (Lc 14.28-30).

Contas em dia – A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei (Rm 13.8).

Sem gastos desnecessários – Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares (Is 55.2).

Reserva de dinheiro – Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato o devora (Pv 21.20).

Investimentos e multiplicação de bens – Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado (Mt 25.29).

Pagador de impostos – Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra (Rm 13.7).

(Fonte: Bíblia Sagrada)


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