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Comportamento

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Foto: Courtney – peopleimages / Adobe Stock

Remédio completo

Pastores e especialistas mostram a importância do perdão para restaurar os laços familiares e curar dores físicas e emocionais

Por Patrícia Scott*

A família foi criada por Deus, que assim ordenou: Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gn 2.24). No entanto, apesar de essa instituição ter sido estabelecida pelo Senhor, devido ao pecado, ela se tornou imperfeita assim como todos os seus integrantes. Nesse ambiente formado por indivíduos falhos, surgem os primeiros traumas emocionais nas crianças, que, muitas vezes, carregam essas marcas ao longo da vida. Também no lar podem ocorrer brigas e divergências motivadas por ciúmes ou outros traços pecaminosos da natureza humana.

A neurocientista Sibeli Arsenio destaca: “Perdoar diminui o nível de estresse, alivia a ansiedade, a depressão, aumenta a autoconfiança, a autoestima e reduz a ruminação mental”
Foto: Arquivo pessoal

Por sua vez, as Sagradas Escrituras oferecem um antídoto para esses males: o perdão, capaz de promover cura e libertação. Há diversos exemplos bíblicos de pessoas que escolheram perdoar seus ofensores e foram abençoadas. Uma delas é José, que tem a história relatada a partir do capítulo 37 de Gênesis. Ele era o  filho preferido de Jacó, e isso causava inveja nos outros irmãos dele. Movidos por esse sentimento, os jovens venderam José como escravo para um grupo de mercadores que se dirigia para o Egito.

Na nova terra, José enfrentou momentos difíceis, inclusive na prisão, ordenada a partir da notícia de um crime que não havia cometido. Entretanto, em meio às lutas, permaneceu temente a Deus. Muitos anos depois, o Senhor o exaltou, elevando-o à posição de governador do Egito. Naquela ocasião, uma grande fome atingiu a região, mas, por causa de José, o país possuía mantimentos de sobra.

A neurocientista Patrícia Pedro ressalta que a falta de perdão prejudica os relacionamentos, podendo ocasionar o isolamento social e a diminuição da autoestima e da autoaceitação: “A pessoa pode ficar presa ao passado e ter dificuldades de seguir em frente”
Foto: Arquivo pessoal

Diante daquela situação calamitosa, Jacó se viu obrigado a enviar seus filhos ao Egito para comprar alimentos. Assim, José reencontrou os irmãos. Com o coração limpo pelo perdão, declarou: Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face. E beijou todos os seus irmãos e chorou sobre eles; e, depois, seus irmãos falaram com ele (Gn 45.5,15).

No artigo Quando o perdão é verdadeiro, postado no portal Ongrace, o Missionário R. R. Soares afirma que o cristão deve estar pronto para perdoar, não importando o tamanho da ofensa: Se você foi vítima de alguma injúria, não se deixe levar pela tentação de fazer o ofensor sofrer por tudo o que lhe fez. Não deixe nenhuma maldade habitar o seu coração, pois, se isso acontecer, inevitavelmente, você cairá no laço do inimigo. Contudo, se ficar na carne e quiser receber pelo prejuízo que sofreu, ao se vingar do ofensor, não receberá a recompensa do Senhor no dia da redenção. Ainda de acordo com R. R. Soares, Jesus foi claro ao afirmar que conceder o perdão faz Seu Pai nos perdoar de igual modo (Mt 6.15). No texto, há um alerta: Mas, se negar perdoar a quem o ofendeu, por sua vez, o Pai não poderá redimi-lo, pois você não seguiu o mandamento divino. Pense bem: você nunca cometeu uma ofensa? Provavelmente, também tem muitos erros dos quais precisa arrepender-se; então, você é quem decide se será perdoado ou não.

O Pr. Almeida Júnior lembra que, dependendo da ofensa, só com a ajuda do Espírito Santo é possível liberar o perdão: “É necessário orar para que o Senhor derrame amor no coração. Somente a partir do amor de Deus é possível perdoar”
Foto: Arquivo pessoal

Doenças físicas – Além das implicações espirituais, o perdão tem consequências no mundo natural. A neurocientista Sibeli Arsenio explica que a capacidade de perdoar está associada a melhorias nas emoções e no bem-estar geral e ajuda o indivíduo a viver mais. “Perdoar diminui o estresse, alivia a ansiedade, a depressão, aumenta a autoconfiança, a autoestima e reduz a ruminação mental”, destaca a especialista, assinalando que tal atitude gera resiliência, desenvolve a empatia, melhora o humor e a qualidade do sono.

Já a neurocientista Patrícia Pedro ressalta que a falta de perdão prejudica os relacionamentos, podendo ocasionar o isolamento social e a diminuição da autoestima e da autoaceitação. “A pessoa pode ficar presa ao passado e ter dificuldades de seguir em frente”, acrescenta Patrícia, apontando que o corpo sinaliza quando as emoções estão adoecidas por meio da somatização – processo em que um estado mental ruim se manifesta na forma de dores e enfermidades. “Podem surgir problemas cardíacos, úlcera, depressão, compulsão alimentar, nódulos e até tumores”, enumera a especialista.

O Pr. Sadam Lima salienta que o perdão tem o poder de libertar o ser humano das “ataduras” emocionais que geram mágoa e ressentimento: “Quando alguém opta por perdoar, a culpa que estava embutida no outro é retirada”
Foto: Arquivo pessoal

Entretanto, alcançar os benefícios espirituais, emocionais e físicos advindos da prática do perdão não é uma tarefa simples, admite o Pr. Almeida Júnior, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Santa Catarina. De acordo com ele, dependendo da ofensa, só com a ajuda do Espírito Santo, é possível liberar o perdão. “É necessário orar para que o Senhor derrame amor no coração. Somente a partir do amor de Deus é possível perdoar”, ensina o ministro. Porém, ele salienta que negar o perdão é o mesmo que se deixar vencer pelo diabo, conforme registrado em 2 Coríntios 2.10: E a quem perdoardes alguma coisa também eu; […] para que não sejamos vencidos por Satanás.

O Pr. Sadam Lima, líder estadual da Igreja da Graça no Amazonas, sinaliza que o perdão tem o poder de libertar o ser humano das “ataduras” emocionais que geram mágoa e ressentimento. “Quando alguém opta por perdoar, a culpa que estava embutida no outro é retirada”, enfatiza, lembrando as palavras do apóstolo Paulo em Colossenses: Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também (Cl 3.13). [Leia, no final desta reportagem, o quadro Orientações bíblicas]

O Pr. Paulo Andreussi reforça que o entendimento da salvação em Cristo é fundamental para a prática do perdão
Foto: Arquivo pessoal

“Obra de Cristo” – O Pr. Paulo Andreussi, fundador do Instituto Pense Família, organização que capacita líderes de casais, opina que, do ponto de vista humano, perdoar parece injusto. “O correto seria a pessoa pagar pelo que deve. Mas essa mentalidade é movida pelo orgulho e pela soberba”, alerta o pregador, reforçando a ideia de que o entendimento da salvação em Cristo é fundamental para a prática do perdão. “A consciência de que nossos pecados foram levados na cruz por Aquele que, por nós, pagou um alto preço torna a pessoa mais humilde e quebrantada”. Ele salienta que perdoar é uma prática vital no meio familiar, por ser o núcleo no qual as pessoas mais convivem e constroem os principais elos emocionais. “Um casamento só é restaurado a partir do perdão. Uma família em que os membros não praticam esse ato está fadada à destruição”, adverte o ministro.

Sob a mesma perspectiva, o Pr. Josué Gonçalves, presidente do Ministério Amo Família, especializado no aconselhamento de casais, ensina que o perdão é tão relevante que o Senhor Jesus o incluiu na oração do Pai-nosso (Mt 6.9-13) e na parábola do credor incompassivo (Mt 18.23-35). “Jesus mostra a mesquinharia e a loucura de quem não quer perdoar”, lembra. Para o ministro do Evangelho, todo perdão concedido é um tijolo que resistirá aos momentos de dificuldade e abrigará a glória de Deus. “O perdão é um anúncio permanente da obra de Cristo. Sempre que pedimos perdão, ou perdoamos, anunciamos que o preço foi pago”, ensina Gonçalves, esclarecendo que perdoar é um remédio não somente para a vida em família, mas também para a convivência na comunidade. “Quando perdoamos, liberamos o ofensor e confiamos a Deus a justiça”, acrescenta.

O Pr. Josué Gonçalves lembra: “Jesus mostra a mesquinharia e a loucura de quem não quer perdoar”
Foto: Arquivo pessoal

O pastor reforça que o perdão é exigência do Altíssimo e que a família deve ser construída sobre Aquele que Se entregou pela humanidade, repartiu os Seus tesouros com ela e lhe garantiu a vida eterna e uma herança gloriosa. “Toda casa deve ser construída sobre a Rocha [Mt 7.24-27]”, afirma o pastor, ressaltando que uma família saudável começa com um casal que tem comunhão com Deus e extrai do Céu o combustível para sua existência. E cuja vida está voltada para o Senhor. “A partir dEle, flui todo poder de amor para perdoar e para pedir perdão, sempre que necessário”, conclui.

ORIENTAÇÕES BÍBLICAS

O perdão é uma prática importante para a saúde física, emocional e espiritual do ser humano. Por isso, destacamos dois títulos da Graça Editorial que ajudam os cristãos a colocarem esse princípio tão fundamental em ação. Confira:

Evite a armadilha da ofensa, de Kenneth W. Hagin – Nessa obra, o pastor e conferencista norte-americano aborda o problema da ofensa, que, quando não devidamente tratado, cria barreiras na família e na igreja. De acordo com o autor, para vencer essa armadilha, é preciso tomar posse da Palavra de Deus e de tudo o que ela diz a respeito do assunto.

Divulgação / Graça Editorial

Meu amor, eu te perdoo!, de Dr. Gary e Barbara Rosberg – Os autores mostram, de forma prática, os passos necessários para liberar o perdão e ter uma vida conjugal saudável. A obra aborda o perdão bíblico autêntico e ensina os leitores a praticarem o amor e a reconstruírem a confiança.

Divulgação / Graça Editorial

(*Colaborou Élidi Miranda, com informações de Graça Editorial)


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