Entrevista | Revista Graça/Show da Fé
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Foto: Divulgação / Jerusa Kessler

“Lugar de treinamento”

Educadora familiar destaca os aspectos necessários para a construção de um lar cristão, saudável e feliz

Por Patrícia Scott

Carolina Salles, 31 anos, é terapeuta infantil, psicopedagoga clínica e educadora familiar (profissional que orienta os pais na educação dos filhos). Com larga experiência na área, atendendo em consultório físico e virtual, e bastante atuante nas redes sociais, ela utiliza a internet para auxiliar centenas de famílias na construção de lares mais sadios.

A especialista afirma que, diante de tantas incertezas, dúvidas e medos provocados pela covid-19, crianças e adolescentes precisam de mais atenção. “O diálogo entre pais e filhos é fundamental para a construção de um relacionamento sólido baseado na confiança e no respeito”, pontua, enfatizando que um momento crucial na educação das crianças é a forma de apresentação da fé cristã. “Uma postura religiosa pesada acaba afastando os filhos”, alerta a profissional, a qual orienta os pais a ter uma vida genuína diante do Senhor, pautada pelo amor. Casada com o Pr. Junior Silva, 32 anos, e mãe do pequeno Gabriel (cinco meses), ela congrega na Assembleia de Deus em Guaíba (RS).

Nesta entrevista à reportagem de Graça/Show da Fé, a terapeuta fala sobre desafios e dilemas das famílias na atualidade.

Qual é a melhor forma de lidar com as perdas neste período de pandemia?

Cada indivíduo reage à perda de um jeito. É importante vivenciar as fases desse momento e permitir-se sentir a dor da separação. Um luto negado, uma dor ocultada, pode, posteriormente, virar adoecimento. A Bíblia é clara: existe tempo para rir e para chorar [Ec 3.4: Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar]. Ela também nos orienta a chorar com os que choram [Rm 12.15: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram].

Quais são os desafios das famílias em uma sociedade pós-moderna?

Preservar o conceito de família, esvaziado no decorrer das décadas, tendo clareza do plano original de Deus ao unir o homem e a mulher, dando-lhes a graça de serem pais. Uma família firmada na Palavra e curada consegue conduzir o lar, onde cada um cumpre seu papel e sabe sua missão.

Em que medida a família é importante para o desenvolvimento saudável dos pequeninos?

A criança constrói a personalidade a partir de referências, principalmente observando como os responsáveis lidam com seus dilemas emocionais. A família é o lugar de treinamento para as habilidades sociais que precisam ser conquistadas. Quando esse ambiente proporciona um treinamento negativo, deixa sequelas graves que acompanham o pequeno até a fase adulta. Por outro lado, se a família deixa marcas positivas, no que diz respeito a uma fé sadia e a uma vida equilibrada, os filhos constroem memórias positivas que servirão como guia, proporcionando-lhes segurança em sua caminhada.

De que modo o relacionamento dos pais pode influenciar a forma como os filhos irão conviver com o cônjuge deles?

O significado de amar e ser amado se traduz dentro do âmbito familiar. Por exemplo: crianças ou adolescentes que vivem em um contexto de grandes conflitos e insultos conjugais estabelecerão a noção de que isso é casamento. No futuro, essas impressões farão com que, muitas vezes, submetam-se a ligações abusivas e destrutivas. O contrário também é verdadeiro: filhos que crescem em um ambiente espiritual e emocional bom têm mais chances de se tornarem adultos bem-sucedidos.

A dependência parental do marido ou da esposa pode prejudicar o matrimônio. Como o casal deve resolver esse embate?

As Escrituras Sagradas declaram: Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne[Gn 2.24 – ARA]. Deixar, nesse caso, não significa parar de conviver, e sim se tornar autônomo e independente. Entretanto, para muitas pessoas, não é tão simples romper essa dependência excessiva dos pais e avançar no próprio relacionamento familiar, o que atinge a vida conjugal. Os papéis não estão bem organizados. Nesses casos, é comum haver interferência dos pais, causando conflitos no casamento. A maneira de resolver essa questão é caminhar rumo ao processo de maturidade. Ambos assumirão, sem a interferência de outros, a responsabilidade pela própria família com o Salvador.

Para ser exemplo, é preciso estar presente no dia a dia com os filhos. Que conselho daria aos pais que precisam conciliar múltiplas tarefas e a família?

Estudem, capacitem-se para serem pais. Busquem entender, nem que seja o básico, o desenvolvimento infantil e as habilidades para criar um filho firmado na fé. Estabeleçam prioridades na educação. Mesmo em meio aos afazeres, se os pais planejam diariamente um tempo, ainda que curto, mas com qualidade, é possível suprir as necessidades dos filhos. Isso nunca será fácil, porém não é impossível.

Qual é a melhor forma de introduzir os filhos nos caminhos do Senhor?

Desde o nascimento, o aprendizado se dá quase todo a partir da imitação. Ninguém ensina um bebê a falar. Ele simplesmente escuta a linguagem tantas vezes que começa a imitar e fala naturalmente. Isso significa que, para educarmos os filhos nos caminhos de Cristo, é necessário viver de forma genuína diante do Altíssimo no ambiente familiar. Durante a infância, é preciso ir “costurando” memórias de experiências vivas com Deus na vida dos filhos. Com isso, daremos a eles um repertório espiritual e a convicção de que o Criador é real.

Carolina Salles
Terapeuta, psicopedagoga clínica e educadora familiar

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