Entrevista | Revista Graça/Show da Fé
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Foto: Divulgação

Tudo é possível

Neurocientista diz que descobertas recentes sobre o funcionamento cerebral comprovam a capacidade humana de desenvolver fé

Por Patrícia Scott

Muita gente acredita que a ciência e a fé cristã são incompatíveis. Por outro lado, para vários pesquisadores, as duas áreas podem ser complementares. Um deles é o neurocientista Igor Duarte, 42 anos. Doutor em Engenharia Biomédica pela Universidade de Mogi das Cruzes (SP) e especialista em Neurociência Clínica pela Faculdade Unyleya, Duarte defende, por exemplo, que a neurociência comprova o livre-arbítrio. Para ele, a decisão humana é iniciada no inconsciente. “Na fração de segundo entre a decisão e o circuito que fará a ação, no intervalo, o consciente age. É quando ocorre a decisão final, que está sob o comando do ser humano”, descreve.

Nesta entrevista à Graça/Show da Fé, ele explica como se dá a parceria entre fé e ciência e destaca algumas recentes descobertas que demonstram a capacidade humana de crer.   

Qual é o foco da neurociência?

Ela busca estudar os fenômenos que envolvem o cérebro e o sistema nervoso. Nos anos de 1990, com o surgimento da tecnologia de ressonância magnética, abriu-se a janela para estudar a relação entre cérebro e comportamento. E, nos últimos anos, diversas áreas passaram a se interessar por esse campo de estudo. Todas fazem parte das neurociências, no plural. Médicos, por exemplo, desejam saber quais os melhores medicamentos para amenizar a dor dos pacientes, pois a percepção da dor é cerebral. Assim, uma parte das neurociências estuda medicamentos e seus efeitos no cérebro. As empresas, em contrapartida, querem saber quais os fatores necessários para o cérebro realizar uma escolha [uma compra]. 

Como as neurociências entendem a fé?

A fé é uma escolha do cérebro, que pode ser espontânea ou forçada. Quando digo forçada, refiro-me ao fato de o cérebro não encontrar resposta para o fenômeno a não ser um poder sobrenatural. Assim, nasce a fé. Aconteceu comigo. Para o meu cérebro, não existia a possibilidade de algo acontecer na minha vida por meus próprios meios. Então, resolvi fazer como muitas pessoas e alcancei a graça, da mesma forma como elas estavam alcançando. A fé é racional. Quando ela é ativada no cérebro, é possível animar aquele que está abatido, desanimado.

As neurociências podem auxiliar no desenvolvimento da fé?

Fé é coisa do cérebro, um órgão extremamente complexo. Quando o cérebro resolve acreditar em algo, subentende-se que ele esgotou as possibilidades de lidar com a situação e não há outro caminho senão crer. A Bíblia diz que tudo é possível ao que crê [Mc 9.23]. Pois bem: tudo é possível ao que tem cérebro!

O funcionamento mental de homens e mulheres é diferente?

O cérebro de ambos os sexos é igual em formato. O tamanho varia um pouco: o dos homens é maior. Mesmo assim, não dá para afirmar que se trata de um cérebro masculino ou feminino baseado apenas na forma e tamanho. Por essa ótica, os cérebros são iguais. Porém, a partir dos anos de 1990, começaram os estudos em tempo real por meio de ressonância magnética. Foram identificadas pequenas variações de funcionamento. Essas não são consenso, principalmente entre aqueles que estão engajados na luta de gênero, mas as diferenças existem.

As neurociências podem auxiliar na propagação do Evangelho?

Claro que sim. Há oito tipos de inteligência, e uma delas é a verbal, em que as mulheres são superiores. Elas são melhores na comunicação verbal, em razão do sistema cerebral. Jesus sabia disso. Ele sabe de todas as coisas. Acredito que foi um dos motivos para Ele aparecer inicialmente para Maria Madalena. Ela deveria levar a notícia a todos. Vejo, por exemplo, com muito bons olhos o trabalho de evangelizar em presídios. Mas, em vez de pregar para a população carcerária diretamente, considero muito mais efetivo, do ponto de vista das neurociências, evangelizar esposas, mães e filhas que estejam prontas para a visitação. São as mulheres que irão evangelizar a população carcerária.

A Bíblia fala em meditar. Quais são os benefícios dessa prática?

Diversas culturas fazem a meditação, que consiste em sincronizar padrões de pensamentos e respiração. Os benefícios são inúmeros, como o combate ao estresse e à ansiedade. Uma oração silenciosa tem o mesmo efeito. No entanto, é recomendável um ambiente silencioso que não tome a atenção do cérebro.

Estudos indicam que a oração proporciona bem-estar mental, físico e emocional. Como as neurociências explicam essa questão?

Sabe-se que, ao receber uma oração, a pessoa se sente melhor. Sentindo-se bem, há melhora da imunidade, e, com isso, podem ocorrer os efeitos secundários.
A oração age diretamente no sistema límbico, conhecido como cérebro emocional, e deixa o indivíduo motivado. 

Fé e ciência podem caminhar lado a lado?

A fé nasceu antes da ciência. Elas caminharam por muito tempo lado a lado, mas, nos últimos anos, parece que se separaram definitivamente. No entanto, é apenas uma falsa percepção. Muitos cientistas têm estudado a fé. Hoje, médicos convidam religiosos para ciclos de orações nos leitos hospitalares porque reconhecem que isso tem um efeito positivo. Vejo um futuro cada vez mais aglutinado entre ciência e fé.

Como desmentir a ideia de que a ciência é contrária à fé?

Existe uma propaganda falsa de que elas são antagônicas ou inimigas. Na verdade, há o preconceito de algumas pessoas contrárias à fé ou às ciências. Somente ampliando o debate sobre o tema, podemos desmitificá-lo. O físico, matemático e astrônomo Isaac Newton [1643-1727] cria em Deus, assim como o físico Albert Einstein [1879-1955], o qual chegou a dizer que queria entender como Deus pensa. Muitos cientistas contemporâneos também creem nEle, mas há o interesse de um grupo tentando separar fé e ciência.

Igor Duarte
Neurocientista

2 Comments

  1. Rita Cássia de Souza. disse:

    Eu gostei desta reportagem,pois eles estão comprovando Que DEUS sempre foi e será Superior a tudo.

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