Sociedade | Revista Graça/Show da Fé
Brasil
01/08/2022
Família – 278
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Foto: balazschristina / 123RF

Papéis bem definidos

Assim como as igrejas, famílias precisam de uma liderança

Por Evandro Teixeira

O apóstolo Paulo, em sua primeira carta a Timóteo, fala sobre os deveres de bispos e diáconos, destacando a importância primordial de todo líder saber governar seu lar (1 Tm 3.2-5): Convém, pois, que o bispo […] governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?). No entanto, esse não é requisito apenas para os obreiros que se dedicam integralmente ao ministério, mas um exemplo que também deve ser seguido por todo servo de Deus.

O escritor e advogado evangélico Chad Napier avalia que o líder deve servir de exemplo e dar instruções que ajudem na caminhada espiritual dos demais membros da família Foto: Divulgação / Crosswalk

Em artigo postado no portal cristão norte-americano Crosswalk, o escritor e advogado evangélico Chad Napier discorre sobre a importância de existir uma liderança espiritual no lar, reconhecida e respeitada, da mesma forma que há na igreja. Na avaliação do articulista, esse líder deve servir de exemplo e dar instruções que ajudem na caminhada espiritual dos demais membros da família. A Bíblia é taxativa ao afirmar que essa função de liderança na casa cabe ao homem, como Paulo enfatiza em Efésios 5.23: Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. Entretanto, na atualidade, quando as mulheres buscam protagonismo em tantas áreas, a liderança masculina pode não ser assim tão bem compreendida. [Leia, no final desta reportagem, o quadro intitulado Mensagem às famílias]

A psicóloga Glauce Medeiros Cecílio da Costa pontua: “Ninguém lidera sozinho. A dinâmica não é de superioridade e competição, e sim de diálogo e comunhão” Foto: Arquivo pessoal

Contudo, para uma boa compreensão do assunto, a psicóloga Glauce Medeiros Cecílio da Costa, membro da Assembleia de Deus em Petrópolis (RJ), entende que o papel do homem e da mulher no lar devem ser bem definidos. Assim, embora a Bíblia afirme ser do homem o papel de liderança, ela destaca a importância da mulher como auxiliadora, conforme está registrado em Gênesis 2.18: E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.

Segundo a especialista, a harmonia entre marido e mulher é necessária para que exista uma liderança masculina realmente eficaz. “Ninguém lidera sozinho. A dinâmica não é de superioridade e competição, e sim de diálogo e comunhão”, pontua Glauce da Costa. Ela descreve liderança como a capacidade de influenciar outros na execução de objetivos propostos. E, em sua opinião, para atingir esses alvos, o líder precisa ter as ferramentas certas para obter o resultado esperado, como uma boa comunicação. “Precisa entender as reais repercussões de suas ações e buscar se reformular quando se mostrar necessário.”

A teóloga e psicopedagoga Mirian Alves Maurício reafirma que a função de cada membro da família deve ser estabelecida de acordo com a Palavra e deve seguir a orientação do Espírito Santo Foto: Arquivo pessoal

Papéis específicos – A teóloga e psicopedagoga Mirian Alves Maurício, da Assembleia de Deus em Marechal Hermes, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), reafirma que a função de cada membro da família deve ser estabelecida de acordo com a Palavra e deve seguir a orientação do Espírito Santo. Em seu ponto de vista, essa liderança, para ser operante e competente, precisa ser guiada pelo Senhor, tendo como base o amor e a sabedoria. “Sem imposição nem manipulação para obter o que se pretende. Esse é um dos erros cometidos por alguns pais quando assumem a responsabilidade de um lar.”

A pedagoga Bruna Mathias acredita que o tema da autoridade deveria fazer parte da formação dos pastores e observa: “Há certa omissão das igrejas sobre a importância dessa questão” Foto: Arquivo pessoal

Segundo Mirian Maurício, a Igreja possui uma função pedagógica imprescindível e relevante no sentido de ajudar homens e mulheres a desempenhar seus papéis específicos em casa. “O conhecimento da Palavra de Deus também é indispensável no sentido de formar os líderes do lar”, destaca. A teóloga lembra que a Bíblia apresenta alertas, inclusive mostrando exemplos que não devem ser seguidos, como o do sacerdote Eli. A psicopedagoga recorda que ele honrava seus filhos demasiadamente (1 Sm 2.29), embora os dois demonstrassem não conhecer o Senhor (1 Sm 2.12), e, por isso, quando o sacerdote tentava discipliná-los, não tinha autoridade para tal (1 Sm 2. 23-25). E, assim, Deus decretou juízo contra Eli e sua casa (2 Sm 2.30-36; 3.12-14). “Como Igreja do Senhor, precisamos pregar e ensinar a Palavra de forma genuína a fim de produzir famílias edificadas.”

O Pr. Egberto Afonso da Silva Teixeira, com a família, destaca que busca fortalecer seu lar, realizando cultos devocionais: “Juntos, louvamos, adoramos e lemos a Palavra de Deus. Depois, peço que cada um expresse o que entendeu do texto bíblico e trago alguns esclarecimentos sobre o assunto” Foto: Arquivo pessoal

Pensamento semelhante tem a pedagoga Bruna Mathias, membro da Igreja Metodista Betel em Santa Cruz, zona oeste carioca. Para ela, o tema da autoridade deveria fazer parte da formação dos pastores. “Há certa omissão das igrejas sobre a importância dessa questão”, observa, assinalando que hoje, nos lares, há uma geração desafiadora que necessita de bons líderes. Segundo Bruna, os liderados de nosso tempo – ou seja, os filhos – tendem a ser mais questionadores, o que exige da liderança argumentos bem fundamentados acerca da verdade do Evangelho.

Mais fortalecidos – Ao longo de seu ministério, o Pr. Egberto Afonso da Silva Teixeira, 55 anos, da Igreja do Evangelho Quadrangular na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), afirma que sempre encarou o desafio da liderança familiar com dedicação. E destaca que uma das formas que tem encontrado para fortalecer sua família na Palavra vem sendo a realização do culto devocional em casa. “Juntos, louvamos, adoramos e lemos a Palavra de Deus. Depois, peço que cada um expresse o que entendeu do texto bíblico e trago alguns esclarecimentos sobre o assunto”, explica o líder, assinalando que, como resultado, vê os filhos se fortalecerem na fé, renovarem-se na presença do Altíssimo e, dessa forma, adquirirem maturidade espiritual.

O Pr. Octávio Costa Flores afirma que a sua casa é uma extensão de seu ministério pastoral: “Procuro trazer reflexões sobre o estado do nosso coração e acerca dos nossos pensamentos, pedindo a Ele que seja sempre o centro de nossa vida” Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Octávio Costa Flores, 38 anos, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Timóteo (MG), pondera que, ao assumir o papel de líder, o esposo precisa adotar a mesma postura de Cristo com a Igreja. Citando o texto de Efésios 5.23, Flores destaca que o homem precisa estar atento às necessidades da família e deve zelar pelo bem-estar espiritual de todos os membros. Casado com a dona de casa Renata Martins Flores, 39 anos, e pai de Vinicius Martins Flores, 19, e Davi Martins Flores, 12, o pregador afirma que a sua casa é uma extensão de seu ministério pastoral. Por isso, todas as noites, a família se reúne para conversar e orar ao Senhor. “Procuro trazer reflexões sobre o estado do nosso coração e acerca dos nossos pensamentos, pedindo a Ele que seja sempre o centro de nossa vida. Além disso, oro com eles e faço referências às ministrações feitas nos cultos”, comenta o ministro, assinalando que tem visto os filhos sendo mais responsáveis com suas atitudes e preocupados em não desagradar a Deus.

A Pra. Eristélia Bernardo Martins lembra que possíveis divergências tornam ainda mais imprescindível a presença de um líder bem preparado que seja capaz de garantir o equilíbrio no lar Foto: Arquivo pessoal

Liderança da mulher – Contudo, uma liderança forte, estruturada, que tenha uma ajudadora idônea, não torna uma família livre de divergências. É o que observa a Pra. Eristélia Bernardo Martins da IIGD de Santa Rita, em Governador Valadares (MG). Por outro lado, em sua opinião, as possíveis divergências tornam ainda mais imprescindível a presença de um líder bem preparado que seja capaz de garantir o equilíbrio no lar.

Mas, mesmo entendendo que, segundo a Palavra, cabe ao homem assumir essa liderança, a ministra reconhece que, em alguns núcleos familiares, esse papel pode ficar a cargo da mulher. Ela lembra que, nos dias atuais, há muitas famílias que não contam com a presença masculina, como acontece nos casos em que a mãe é solteira ou viúva. “Essa mudança de gênero na liderança do lar não afetará essencialmente o resultado se essa responsabilidade for executada conforme a orientação bíblica”, observa.

O Pr. Narciso Vaneli lembra que, nesses casos em que o esposo não é cristão, a mulher deve buscar em Deus a conversão dele, mas, ao mesmo tempo, terá de assumir o protagonismo, em especial, na liderança espiritual da família Foto: Arquivo pessoal

Pensamento semelhante tem o Pr. Narciso Vaneli, líder regional da IIGD em Governador Valadares (MG). Segundo ele, a mulher também poderia exercer es-
­sa liderança eventualmente, tal como descrito em
1 Coríntios 7.14 (Porque o marido descrente é santificado pela mulher, e a mulher descrente é santificada pelo marido. Doutra sorte, os vossos filhos seriam imundos; mas, agora, são santos). O líder lembra que, nesses casos em que o esposo não é cristão, a mulher deve buscar em Deus a conversão dele, mas, ao mesmo tempo, terá de assumir o protagonismo, em especial, na liderança espiritual da família. Segundo ele, quando se tratar de um marido omisso, a mulher, entendendo seu papel de auxiliadora, deve ajudá-lo a reconhecer a sua condição de líder. Para Vaneli, assumindo a sua responsabilidade, reconhecendo erros e fragilidades e crescendo na fé, o marido poderá resolver os problemas gerados pela omissão. “Uma liderança alicerçada na Palavra pode produzir grandes milagres”, conclui.

Mensagem às famílias

Divulgação / Graça Editorial

O livro Ministrando à sua família (Graça Editorial), o qual reúne uma série de sermões dos pastores norte-americanos Kenneth E. Hagin (1917-2003) e Kenneth Hagin Jr., aborda diversas questões essenciais para o fortalecimento do núcleo familiar cristão. De acordo com os autores, as famílias estão sob ataque constante de Satanás e do sistema mundano. Na obra, eles apresentam as armas espirituais necessárias para os líderes dos lares formarem ambientes cristãos espiritualmente estruturados.

Um capítulo do livro, intitulado O papel do pai cristão, trata da liderança masculina na família, indicando que, segundo a Palavra, o núcleo familiar deve vir em primeiro lugar, antes de todas as demais obrigações do homem de Deus, conforme
1 Timóteo 5.8: Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel.

Os autores enfatizam também que a responsabilidade do marido excede o fornecimento de alimentos, roupas e abrigo para sua família. Segundo Hagin e Hagin Jr., Deus exige do cabeça do lar um comportamento exemplar: Lembre-se: seus filhos não aprendem apenas das palavras que você fala; aprendem, também, das suas ações e atitudes. E não poderão aprender das ações ou atitudes dos pais, se os pais ficarem ausentes do lar!

(Fonte: Graça Editorial)


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