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Foto: Syda Productions / Adobe Stock

Excelente obra

Líderes da Igreja da Graça no Brasil e no exterior falam sobre o ministério em tempo integral

Por Evandro Teixeira

Em 1 Coríntios, capítulo 12, verso 4, a Bíblia não deixa dúvidas ao afirmar que existe uma variedade de dons e ministérios – habilidades concedidas por Deus, a fim de promover a edificação da Igreja e o crescimento de Seu Reino. O apóstolo Paulo diz em Efésios: E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11,12).

O Pr. Maiquel Marques lembra que seu chamado ocorreu quando ainda era muito jovem, recém-convertido:“Ao ler o Texto Sagrado, sentia que a mensagem revelada pelo Senhor deveria ser passada para as outras pessoas”
Foto: Arquivo Graça / Rodrigo Di Castro

Entretanto, ao tratar especificamente do ministério pastoral, Paulo destaca algumas características em 1 Timóteo 3, versículos 1 a 7, explicando que o líder precisa ter uma conduta inatacável em casa e perante a sociedade. Ele deve se preparar bem para essa obra, tornando-se apto para ensinar (v. 2). Fiéis a essas recomendações do apóstolo, representantes da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) compartilham, nesta reportagem, seu chamado e sua trajetória até o ministério pastoral, além dos desafios inerentes a essa jornada.

O Pr. Maiquel Marques, 42 anos, líder estadual da Igreja da Graça no Rio de Janeiro, contabiliza 21 anos de atuação na pregação da Palavra. Seu chamado ocorreu quando ainda era muito jovem, recém-convertido na IIGD em Caxias do Sul (RS). “Ao ler o Texto Sagrado, sentia que a mensagem revelada pelo Senhor deveria ser passada para as outras pessoas”, recorda-se. Assim, logo se envolveu com a obra de Deus e, à medida que se dedicava, adquiria conhecimento e se preparava para cumprir o chamado divino, evidenciando para todos a sua vocação pastoral.

A Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa pontua: “Todos os membros são importantes e podem exercer uma função na obra”
Foto: Arquivo pessoal

No entanto, para seguir esse caminho, Maiquel renunciou a uma promissora carreira como jogador de futebol. “Nunca questionei meu chamado”, relata ele, assinalando que estava ciente das lutas inerentes à vida pastoral. Sabedor de que o servo de Deus não está livre dos ataques do diabo, frisa que a capacidade para superar tais barreiras vem do próprio Senhor, como registra 2 Coríntios 3.5,6: Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica. Ele reconhece que, na caminhada, teve o apoio de pessoas levantadas pelo Senhor para a condução do ministério. “São aquelas com quem contamos nos momentos difíceis e abrimos nosso coração. Assim, podemos ouvir uma palavra e receber uma oração”, observa.

O Pr. Éric Costa Dias trocou o militarismo pelo exército de Cristo: “No dia em que me tornaria soldado, deixei o quartel para atender ao meu chamado”
Foto: Arquivo pessoal

Confirmação bíblica – Na mesma perspectiva, a Pra. Juliana Viana de Sousa Barbosa, 46 anos, líder estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus em Goiás, acentua que todos os ministérios devem ser valorizados e incentivados, por serem essenciais na edificação e crescimento do Corpo de Cristo. “Todos os membros são importantes e podem exercer uma função na obra. Porém, cabe a cada um descobrir e assumir seu chamado”, pontua a pregadora, destacando que a passagem de 1 Timóteo 3.1-7, no verso 1, enfatiza a carreira pastoral (Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja). Por outro lado, “a cobrança é proporcional ao patamar do cargo ocupado, conforme Lucas 12.48: […] E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá”.

No pastorado há 25 anos, ela ingressou no ministério quando havia poucas mulheres em cargos de liderança. Esse aspecto quase a fez desistir dessa vocação. Entretanto, convicta da direção de Deus, perseverou. “Eu era professora e trabalhava com Educação Infantil. Quando tive a confirmação do meu chamado na Palavra, decidi deixar o emprego, a fim de pregar o Evangelho”, recorda-se.

O Pr. León Costa, com sua esposa, Vanilda, também pastora: eles deixaram uma empresa de construção civil para ingressar no ministério pastoral
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Éric Costa Dias, 45 anos, líder estadual da Igreja da Graça em Roraima, também teve de abrir mão da profissão para abraçar a vida ministerial: trocou o militarismo pelo exército de Cristo. “No dia em que me tornaria soldado, deixei o quartel para atender ao meu chamado”, revela ele, convertido ao Evangelho em 1995, aos 16 anos.

Entusiasmado, naquele ano mesmo, procurou o líder de sua igreja e se ofereceu para ser obreiro voluntário. Nos primeiros dias, teve certeza de sua decisão. “Ao olhar para o meu pastor, desejei ser como ele”, confessa Éric. Conforme se envolvia na evangelização, passou a se identificar mais com o ministério da pregação e do cuidado das pessoas.

Foto: Arte sobre foto de Lilya Zakharchuk / Gerado com IA / Adobe Stock

Assim, em julho de 1997, aos 18 anos, ele assumia a Igreja da Graça em Mairiporã (SP). “A certeza de nossa vocação nasce de um desejo que nos preenche”, comenta o ministro, ensinando que a maior confirmação para esse chamado deve nascer da Palavra. “Sem esse respaldo, a pessoa pode até exercer o ministério pastoral, mas dificilmente permanecerá nele”, adverte.

Certeza da vocação – O Pr. León Costa, 46 anos, lidera a Igreja Internacional da Graça de Deus em Lima, no Peru. Ele abandonou sua profissão para assumir o ministério em tempo integral. O ministro havia conhecido Jesus na IIGD em Sinop (MT), em 2003, mas, logo depois, mudou-se para a Espanha. Na época, ainda namorava Vanilda Pereira da Silva, hoje com 43 anos, que se tornaria sua esposa. Casaram-se em 2006 e, no ano seguinte, quando foi inaugurada uma Igreja da Graça naquele país, o casal começou a se envolver com a obra.

O Pr. Rogério Postigo esclarece que, se a pessoa deseja exercer o pastorado, deve estar certa de que foi preparada por Deus para isso: “Há um preço a
ser pago”

Foto: Arquivo Graça / Rodrigo Di Castro

Em 2010, León e Vanilda foram consagrados ao pastorado. E León, que tinha uma empresa de construção civil, foi desafiado pelo Missionário R. R. Soares em 2015 a assumir a liderança da IIGD na Argentina. Eles aceitaram a convocação e não se arrependeram. Os dois deixaram a empresa para se dedicar integralmente ao evangelismo naquele país. “Eu me senti realizado ao receber essa missão. Apesar das lutas inerentes à vida pastoral, sempre tive convicção de que o Senhor havia me vocacionado para o ministério. Ele nunca se equivoca.”

O Pr. Rodrigo Santos, 46 anos, que deixou o Brasil para levar a Palavra à Índia e, depois, à África do Sul, faz coro com León Costa. Sua história no Evangelho começou em 1996, a partir do convite de um amigo para ir à uma reunião da Igreja da Graça em São Gonçalo (RJ). Depois de sua conversão a Cristo, ele passou a participar dos evangelismos e se tornou obreiro. Em 1999, Rodrigo foi consagrado ao ministério pastoral e assumiu uma pequena congregação na mesma cidade. Depois de passar por outras localidades país afora, foi designado pelo Missionário R. R. Soares a assumir o evangelismo na Índia e, posteriormente, no continente africano.

O Pr. Jamil Ribacki admite que enfrentou alguns questionamentos acerca de seu chamado: “É normal esse pensamento. As experiências acumuladas ajudaram a me fortalecer e reafirmar minha vocação”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião do Pr. Rogério Postigo, 54 anos, líder estadual da IIGD em Minas Gerais, se a pessoa deseja exercer o pastorado, deve estar certa de que foi preparada por Deus para isso. “Há um preço a ser pago”, esclarece Postigo, que chegou ao ministério quando tinha apenas 18 anos. Três décadas e meia depois, ele não se arrepende da escolha, mas reconhece ainda mais a enorme responsabilidade que pesa sobre os ombros do líder. Ele considera imprescindível falar abertamente sobre a realidade da vida ministerial, pois, na era das mídias digitais, há uma glamorização em torno do ministério. “As redes sociais mostram o que os internautas querem exibir, não refletindo nossa vivência diária.”

O Pr. Jamil Ribacki, 42 anos, líder estadual da IIGD em São Luís (MA), soma 19 anos de pastorado. Convertido desde 2003, admite que, no início, enfrentou alguns questionamentos acerca de seu chamado. Entretanto, ele menciona que Moisés passou pela mesma situação quando reclamou com Deus por considerar seu cargo pesado demais (Nm 11.11). “É normal esse pensamento. As experiências acumuladas ajudaram a me fortalecer e reafirmar minha vocação.”

Foto: AIGen / Gerado com IA / Adobe Stock

De acordo com Ribacki, é essencial que o pastor esteja consciente do seu chamado, com o objetivo de cumpri-lo até o fim, deixando um legado para as futuras gerações. “Espero ser lembrado como um líder marcado por uma luta diária para manter sua comunhão com o Senhor. Assim como grandes nomes da Bíblia, temos de deixar bons exemplos, que possam influenciar positivamente a vida dos crentes que ainda virão.”


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