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Em busca do equilíbrio

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Foto: Syda Productions / Adobe Stock

Em busca do equilíbrio

Pastores e especialistas apontam caminhos para fugir das armadilhas do consumo desenfreado

Por Evandro Teixeira

Há séculos, o profeta Isaías questionava: Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? (Is 55.2). Na primeira frase, o mensageiro de Deus se refere ao consumo – obtenção de bens ou serviços em troca de dinheiro, a fim de suprir uma necessidade. Entretanto, no trecho seguinte, ele enfatiza o gasto com futilidades. Em geral, essas aquisições ocorrem por impulso e podem afetar os recursos financeiros do comprador.

O consumismo é um problema que vem se agravando por causa da popularização da internet e da comodidade das compras on-line – incentivadas por ofertas e promessas de descontos alardeadas em uma infinidade de anúncios publicitários. Para piorar esse quadro, os algoritmos dos navegadores e aplicativos são programados para aprender sobre o comportamento e os gostos do usuário, oferecendo-lhe mais produtos condizentes com seus padrões de aquisição.

A cientista social Tânia Foster lembra que a publicidade pode manipular a vontade dos consumidores: “Diante das facilidades oferecidas pelo mercado, todos encontram condições que lhes pareçam financeiramente favoráveis para adquirir bens”
Foto: Arquivo pessoal

Nesse cenário, o comprador é facilmente seduzido, como observa a cientista social Tânia Foster. Segundo ela, a publicidade pode até manipular a vontade dos consumidores. Essa estratégia de marketing ocorre quando leva alguém a perceber como essencial um aparelho celular de última geração, mesmo o valor ultrapassando a remuneração mensal do comprador. Com a possibilidade de parcelamento no cartão de crédito, o “sonho de consumo” se torna realidade. “Diante das facilidades oferecidas pelo mercado, todos encontram condições que lhes pareçam financeiramente favoráveis para adquirir bens”, pontua Foster.

Nessa atmosfera de facilidades, é preciso cuidado para não cruzar a linha entre consumir por necessidade e para satisfazer um desejo ou uma compulsão. “Convém adotar um planejamento sobre o consumo”, sugere, lembrando que o descontrole pode sinalizar um distúrbio mental ou emocional.

A cientista social Rosângela Paes Romanoel lembra que muitas pessoas têm uma visão equivocada a respeito da prosperidade: acham que ser próspero é adquirir bens
Foto: Arquivo pessoal

Gastar exageradamente pode ser indício de oniomania, transtorno psicológico que se caracteriza pela compulsão por comprar. Essa condição está descrita na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e pode comprometer a qualidade de vida. Na verdade, esse desejo desenfreado está centrado apenas no momento da aquisição de algum produto. Nesse caso, o objeto perde a importância depois de adquirido, reacendendo na pessoa o ímpeto de comprar outra vez. Especialistas em Saúde Mental acreditam que tais ações são tentativas de aliviar carências e angústias.

Necessidade de autoafirmação – Acredita-se que a oniomania atinja apenas 3% da população. Entretanto, há quem defenda que esse percentual seja maior. No entendimento da cientista social Rosângela Paes Romanoel, isso acontece porque muitas pessoas têm uma visão equivocada sobre a prosperidade: acham que ser próspero é adquirir bens. Entendem que, quanto maior a capacidade de consumo, mais elevado o nível de felicidade.

Foto: DavidPrado / Adobe Stock

De acordo com a especialista, as igrejas devem ajudar nessa conscientização. Ela sugere que o tema seja abordado nas palestras para casais, mostrando as consequências negativas do descontrole financeiro, apontado como uma das causas de divórcio. “Quando bem orientados, os pais também podem instruir seus filhos, levando-os a se tornarem consumidores equilibrados”, pondera Rosângela, membro da Assembleia de Deus em Uberaba (MG).

O Pr. Alcir Guimarães, da Igreja Batista da Lagoinha no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), acredita que o consumo desregrado está relacionado à necessidade de autoafirmação. Segundo ele, os indivíduos ostentam bens para mostrar que estão em uma situação financeira melhor. Nesse processo, “ao usarem uma roupa de grife, pensam estar transferindo para si o status que a peça representa”.

O Pr. Alcir Guimarães acredita que o consumo desregrado está relacionado à necessidade de autoafirmação e que os indivíduos ostentam bens para mostrar que estão em uma situação financeira melhor
Foto: Arquivo pessoal

O pastor reconhece que, dependendo da atividade profissional, estar bem-vestido pode ser necessário e estratégico, desde que as roupas coincidam com a condição financeira de quem as usa. “O problema reside em buscar a identificação com uma realidade que não lhe pertence na prática.” Em sua leitura, um servo de Deus que age como um consumidor desequilibrado precisa buscar ajuda, a começar por estabelecer uma relação mais pessoal com o Senhor para definir prioridades, respeitando o orçamento.

O Pr. Carlos Alexandre Pontes (ao lado de sua esposa, Carla) enfatiza a importância de as famílias possuírem uma reserva financeira, seguindo o conselho dado por José, no Egito
Foto: Arquivo pessoal

Segundo Guimarães, mesmo que a pessoa tenha uma situação financeira favorável, o acompanhamento de gastos deve ser mantido. “O ideal seria pensar em aumentar o poder de investimento e agir com cautela ao adquirir bens. O segredo não está no que a pessoa ganha, mas naquilo que ela consegue guardar”, ensina o líder, que trabalha como contador. “O caminho é ter despesas controladas, maximizar os investimentos e minimizar os gastos essenciais e não essenciais”, orienta. [No final desta reportagem, leia o quadro Sucesso nas finanças]

Equilíbrio emocional – O Pr. Carlos Alexandre Pontes, líder do ministério Casais que Vencem (CQV), na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Manaus (AM), também enfatiza a importância de as famílias possuírem uma reserva financeira. Ele afirma que o conselho dado por José, no Egito, no texto de Gênesis 41, versículos 35 e 36, serve de modelo para todo cristão: E ajuntem toda a comida destes bons anos […] para os sete anos de fome que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.

O Pr. Edson Tadeu: os pais devem proteger os filhos da publicidade de produtos destinados ao público infantil, não deixando que fiquem expostos a anúncios de TV e às redes sociais
Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

No entanto, o ministro alerta que, quando constituir a reserva financeira, o cristão precisa ser sábio e preservar os gastos relacionados ao bem-estar da família. De acordo com ele, pelo menos 20% do orçamento devem ser guardados. Do restante, 50% precisam ser destinados às despesas com a família e a casa, e 30%, para o lazer. “Uma boa orientação e bons exemplos podem produzir consumidores equilibrados.” Segundo ele, para conseguirem manter as finanças “no azul”, os casais precisam de equilíbrio psicológico. “Tendo vivido privação em algum momento, as pessoas, como forma de compensação, tendem a comprar desordenadamente por falta de controle emocional”, explica.

O Pr. Edson Tadeu Ferreira da Silva Júnior, líder regional da Igreja da Graça em Rio das Ostras (RJ), entende que a educação é o melhor caminho para reverter esses males. Para ele, cabe, sobretudo às famílias, a iniciativa de formar consumidores conscientes. Edson afirma que os pais devem proteger os filhos da publicidade de produtos destinados ao público infantil, não deixando que eles fiquem expostos a anúncios de TV e às redes sociais. “Esse contato pode ativar o desejo consumista”, avalia o líder, lembrando que os pais devem cuidar para que eles mesmos não se tornem consumistas e seus filhos repliquem essa atitude.

O gestor de pessoas Cleiton Pinheiro diz que o pior efeito do consumo desenfreado é o endividamento, e conclui: “A prosperidade está relacionada à qualidade de vida, paz interior e intervenção divina em nossa existência”
Foto: Arquivo pessoal

Para o gestor de pessoas Cleiton Pinheiro, evangelista da Adalpha Church, em Baureri (SP), o pior efeito do consumo desenfreado é o endividamento. Ele ressalta que a acumulação de dívidas, além de ser financeiramente desgastante, afeta a saúde física e emocional do indivíduo e de sua família. A leitura da Bíblia e a oração diárias são o segredo do bem-estar. “A prosperidade está relacionada à qualidade de vida, paz interior e intervenção divina em nossa existência. Essas correlações só podem ser compreendidas à luz dos princípios bíblicos”, conclui.

SUCESSO NAS FINANÇAS


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