Heróis da Fé | Evan Roberts | Revista Graça/Show da Fé
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Foto: Reprodução

Coração quebrantado

Evan Roberts era um jovem leigo e desconhecido quando Deus o levantou para liderar o avivamento no País de Gales

Por Élidi Miranda*

Por mais de uma década, dos 15 aos 26 anos, ele não perdeu um culto ou uma reunião de oração. Todas as suas noites eram preenchidas por esses compromissos. Em cada uma delas, o coração de Evan Roberts (1878-1951), nascido e criado na cidade de Loughor, no Sul do País de Gales, fervia com um desejo: ser cheio do Espírito Santo. Por dez ou onze anos, orei por um avivamento. Podia passar a noite toda acordado lendo ou falando sobre avivamentos. Foi o Espírito Santo que me moveu a pensar sobre isso, declarou Roberts em um depoimento publicado no jornal galês Western Mail, em dezembro de 1904. Alguns meses antes dessa publicação, a vida do rapaz dera uma guinada sem precedentes.

Em setembro de 1904, Roberts ingressara em um seminário teológico em Newcastle Emlyn, no Sudoeste do país. Contudo, ele não se concentrava nas aulas. A busca pela presença do Pai celestial lhe cativava os pensamentos. A resposta ao seu clamor de tantos anos chegou durante um culto realizado na Igreja Metodista Calvinística de Blaenannerch, cidade próxima a Newcastle Emlyn. Naquela manhã, chamou a atenção do jovem uma frase proferida pelo pregador convidado, o Rev. Seth Joshua (1858-1925): Senhor, quebranta-nos! De acordo com o relato do próprio Evan Roberts, o Espírito Santo havia colocado em seu coração uma ênfase sobrenatural naquelas palavras.

A presença divina era tão intensa naquela manhã que Roberts – relataria mais tarde – estava a ponto de explodir. De joelhos, com os braços sobre o assento do primeiro banco à esquerda do púlpito, ele começou a chorar. Lágrimas e suor intensos lhe cobriam o rosto. Em meio ao choro copioso, as únicas frases que conseguia dizer eram: Senhor, quebranta-me! Senhor, quebranta-nos! Enquanto a congregação entoava uma canção, Roberts foi tomado por uma grande alegria, paz e zelo pelas almas perdidas. Era algo inexplicável. Hoje, poderíamos dizer que ele fora batizado no Espírito Santo, porém a expressão não era corrente na época.

Os historiadores do Avivamento Galês – que se estendeu até 1906 – consideram esse culto em Blaenannerch o marco inicial desse movimento. Apesar disso, sabe-se que o terreno já vinha sendo preparado. Em Gales, havia igrejas reformadas por todos os lugares. As pregações eram irretocáveis, entretanto faltava fervor aos pregadores, e vários membros de igreja eram cristãos apenas nominais.

O Rev. Seth Joshua, mencionado anteriormente, era um ministro do Evangelho insatisfeito com as próprias pregações e começara a pedir unção ao Espírito Santo. Isso contagiou tanto os jovens de sua igreja que eles passaram a viajar pregando santidade e vida no Espírito. Os historiadores consideram que ações como as de Joshua prepararam a “fogueira”, no entanto Roberts foi a centelha que ateou fogo ao avivamento.

Influência irresistível – Evan Roberts nasceu em uma família metodista. Seu pai trabalhava em uma das muitas minas de carvão existentes no país. Aos nove anos, Evan foi trabalhar nas minas. Converteu-se a Cristo aos 13, e, por volta dos 15, começou a orar por um avivamento para a Igreja de seu tempo.

Aos 26 anos, um mês após o culto em Blaenannerch, ele voltou à sua cidade natal. O Todo-Poderoso lhe havia mostrado em visão que deveria levar a mensagem a respeito do avivamento a seus conterrâneos.

Mesmo sem saber acerca do assunto e não sendo conhecido, o pastor de sua igreja permitiu que ele falasse à mocidade naquela semana. Na primeira reunião, havia apenas algumas pessoas, mas, no final da semana, o culto estava lotado, com gente de todas as idades, sedentas por mais de Deus. Os presentes eram instados por Roberts a declarar Cristo como Salvador, confessar seus pecados e a clamar pela presença do Espírito.

Registro da última reunião avivalista de Evan Roberts, realizada na cidade de Anglesey: inspiração para o Avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles, nos Estados Unidos (1906-1907) Foto: Reprodução

Nas reuniões, não raro, o ambiente era descrito como temível e cheio de uma influência irresistível. Pessoas se tornavam convictas de seus pecados de modo tão contundente que choravam e clamavam em agonia, confessando-os diante do Criador. O fenômeno rapidamente se espalhou. Cultos com essas características passaram a acontecer em toda aquela nação. Quando isso sucedeu, Roberts deixou de anunciar que estaria em determinada reunião, pois temia ser idolatrado. Se comparecesse a algum culto, somente dirigia a palavra aos presentes se fosse direcionado pelo Altíssimo. Do contrário, permanecia em oração ou cantando com a congregação.

As reuniões não seguiam uma ordem nem tinham hora para acabar. A Igreja cantava sem dirigente e instrumentos; orações eram feitas espontaneamente, e ocorriam confissões públicas de pecados, sob a direção do Espírito. J. Edwin Orr, um dos historiadores do Avivamento de Gales, relata a experiência de Merathan Lewis, uma das testemunhas daqueles acontecimentos. Em 1904, ele tinha sete anos e ia com seus pais a essas reuniões. Ele conta que, certa vez, a família chegou à igreja às 16h para o culto, e o lugar já estava lotado. Eles permaneceram ali até 2h da madrugada, quando voltaram para casa. O pai de Lewis foi para o trabalho na manhã seguinte e, ao retornar, reuniu a família para ir à igreja novamente. Quando ali chegaram, descobriram que a reunião da véspera ainda estava em curso.

Para a maioria dos historiadores, o Avivamento do País de Gales terminou em 1906. Contudo, seus efeitos foram bastante duradouros e significativos. Somente nos seis primeiros meses do movimento, estima-se que mais de cem mil pessoas tenham se convertido ao Senhor. Bares foram esvaziados e faliram. A polícia ficava ociosa, e, nos tribunais, havia poucos casos para serem julgados.

Apesar do fim daquele movimento, as igrejas continuaram cheias e seus reflexos se fizeram sentir em outras nações. Gales inspirou o Avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles, nos Estados Unidos (1906-1907). E este, por sua vez, deu origem ao movimento pentecostal, cujos efeitos podem ser sentidos até hoje, em todo o planeta. Não por acaso, o próprio Evan Roberts assim resumiu o que houve em Gales: “Quebrante a Igreja e salve o mundo” é o lema desse avivamento. (*Com informações de Arauto da Sua Vinda, The Revival Library e Goodreads)


6 Comments

  1. Aluizio pereira matias disse:

    Estas literaturas são muito importantes isto é muito bom deixa a gente mais crentes com desejos de conhecer mais a Deus. Como diz as escrituras, conhecereis a verdade é a verdade vos libertará..

  2. Celso disse:

    História inspiradora. Quebranta-nos Senhor ??

  3. Josefa goncalves da hora disse:

    Quebranta-me Senhor
    Quero ser cheia do Espírito Santo.

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