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30/01/2023O maior pregador
Antes das grandes cruzadas evangelísticas, Rodney “Gipsy” Smith se destacou por levar multidões a Cristo
Por Élidi Miranda*
Ao longo do século 20, diversos evangelistas se destacaram por realizar grandes concentrações para pregar o Evangelho. Multidões se reuniam mundo afora para ouvir pregadores, como os norte-americanos Billy Graham (1918-2018) e T. L. Osborn (1923-2013), o alemão Reinhard Bonnke (1940-2019), entre outros. Bem menos famoso, o britânico Rodney “Gipsy” Smith (1860-1947), mais conhecido como Gypsy [cigano, em inglês] Smith, também fez história.
Nascido em um acampamento cigano no norte de Londres (Inglaterra), ele era o quarto filho de uma família de seis irmãos. Em sua casa, ninguém sabia ler ou escrever, pois, na época, os ciganos não frequentavam escolas. Seu pai, Cornelius Smith, fazia cestos e outros artesanatos para vender e complementava a renda da família tocando violino nos pubs locais, onde aproveitava para beber. Vez por outra, era preso.
Na última passagem pela cadeia, Cornelius ouviu falar de Cristo por intermédio de um capelão, e aquela mensagem o impactou. Quando a esposa Mary ficou doente por ter contraído varíola, ele lhe falou do Senhor, e ela se entregou ao Altíssimo. Inclusive, faleceu cantando uma antiga canção cristã que havia aprendido quando criança. Rodney era pequeno na ocasião, mas a imagem da mãe entoando aquele hino no leito de morte jamais lhe sairia da memória.
A partir de então, o Evangelho passou a transformar todos os integrantes da família. Cornelius parou de beber e começou a frequentar uma igreja metodista. Com seus dois irmãos, que também haviam se entregado ao Salvador, tornou-se pregador itinerante. Seus filhos foram se convertendo um a um.
Contudo, Rodney somente creu em Jesus aos 16 anos. Ele estava visitando Bedford, cidade inglesa onde viveu John Bunyan, autor do clássico cristão O peregrino. Diante da estátua do autor, Rodney – um excelente vendedor, mas dado a praticar pequenos furtos – sentiu que sua vida de pecado precisava sofrer uma mudança radical.
De volta a Londres, o jovem cigano fez sua pública profissão de fé durante o culto em uma igreja metodista local. A partir desse momento, passou a se dedicar a aprender a ler e a escrever para que pudesse conhecer as Escrituras. Mesmo não dominando bem as letras, Rodney sentia o chamado para pregar a Palavra de Deus. Então, começou a elaborar seus primeiros sermões. Uma plantação de nabos, perto da tenda da família, foi sua primeira plateia.
Um ano depois de convertido, em 1877, Rodney conheceu William Booth (1829-1912), fundador do Exército de Salvação, que o convidou a se juntar às fileiras de sua organização. Logo, o rapaz se tornaria líder de uma congregação em Chatham, cidade situada ao sul de Londres. Rapidamente, a audiência dominical passou de 10 para 250 pessoas. Com isso, o jovem cigano foi transferido para Hull, no Nordeste da Inglaterra, onde reunia, semanalmente, milhares de pessoas que desejavam ouvi-lo.
Em 1879, o evangelista se casou com Anne Pennock e, em 1882, deixou o Exército de Salvação. Em seguida, foi convidado para pregar em diversas cidades do Reino Unido e a organizar cruzadas evangelísticas que atraíam centenas de cristãos. Seu estilo coloquial e direto era bem recebido por todos os públicos, das pessoas mais simples às grandes autoridades. Certa vez, pregando na imponente Catedral de São Paulo, em Londres, declarou: [Esta catedral] não passa de um monte de pedras glorificadas se Cristo estiver fora daqui. E minha velha tenda cigana é uma catedral quando Cristo está dentro dela.
Reunindo multidões – Depois de percorrer parte do Reino Unido, Rodney recebeu convites de outras partes da Europa e dos Estados Unidos. Durante uma pregação na capital francesa, pelo menos 150 integrantes da elite da cidade creram no Messias. O pregador também falava a estudantes, em grandes universidades, com a mesma desenvoltura com que se dirigia aos ciganos analfabetos dos acampamentos que visitava, sempre que podia, para apresentar o Evangelho aos seus.
Sua fama continuou a crescer, especialmente nos EUA, país que visitava com frequência. Em 1896, na cidade de Boston, no estado norte-americano de Massachusetts, realizou uma cruzada que reuniu 116 mil pessoas. Ali, Rodney Smith foi aclamado como o maior evangelista do mundo. No entanto, o servo de Deus rejeitava esse e qualquer título que pudesse tirar a honra e glória do próprio Cristo. Em uma ocasião, disse: Você pode escalar até as estrelas e ter o sol para brincar, a lua para pular e as estrelas para jogar, mas, se deseja curar homens de coração quebrado e cheios de culpa, terá de voltar ao Evangelho.
Rodney Smith escreveu vários livros, entre eles, uma autobiografia. Gostava de cantar e tinha uma ótima voz. Por isso, chegou a gravar alguns hinos. Viajou pelos cinco continentes, sempre reunindo multidões e anunciando-lhes a Palavra. Estima-se que ele tenha cruzado o Atlântico 45 vezes até sofrer um ataque do coração, a bordo do navio Queen Mary, em 1947, aos 87 anos, a caminho dos Estados Unidos.
O funeral do evangelista aconteceu em Nova Iorque, encerrando sete décadas ininterruptas de ministério e proclamação da Palavra. Milhares de pessoas ao redor do globo ouviram o Evangelho por intermédio de um homem que nunca se deixou levar pelas glórias humanas. Na verdade, apesar de tudo o que realizou, Rodney Smith permaneceu tão humilde quanto aquele jovem cigano analfabeto que se convertera aos 16 anos. Pregando para uma plantação de nabos ou para a mais seleta plateia, suas palavras eram o Evangelho, e, suas ações, reflexos do caráter do Salvador. (*Com informações de Wholesome Words, Evangelical Magazine e Lights 4 God).