Igreja | Revista Graça/Show da Fé
Falando de História – 249
01/04/2020
Perfil | Pra. Juliana Viana
01/04/2020
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Foto Arquivo pessoal

Perto do povo

Presença pastoral em atividades evangelísticas favorece a participação dos membros e a receptividade dos não convertidos

Por Evandro Teixeira

Ao contar a parábola da ovelha perdida, Jesus revela o grande amor de Deus pelos pecadores: […] Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou? (Mt 18.12). O exemplo desse pastor deveria ser seguido por todos os líderes evangélicos, segundo um levantamento do instituto de pesquisas norte-americano Barna. De acordo com o estudo, as pessoas tendem a ter uma percepção positiva dos pastores quando seu ministério não se restringe às quatro paredes do templo: 66% dos adultos ouvidos consideram que a atuação do líder fora dos limites da igreja – em atividades evangelísticas externas, por exemplo – acarreta benefícios para a comunidade. Esse percentual sobe para 91% quando se levam em conta apenas os cristãos entrevistados.

O Pr. Octávio Costa Flores, à frente da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) na região centro-norte de Timóteo (MG), acredita que, fora dos templos, os líderes se tornam mais próximos daqueles que não frequentam a congregação e podem contribuir positivamente para a salvação dos que estão afastados de Deus. Ele destaca o exemplo de Jesus e Sua influência na decisão de Zaqueu de renunciar a uma vida desonesta, conforme registrado em Lucas 19.8: E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.

O Pr. Octávio Costa Flores (de óculos) com a esposa, Renata, e a equipe de evangelismo da Igreja da Graça na região centro-norte de Timóteo (MG): “Existem pessoas perdidas e sem forças para ir a uma igreja. Por isso, a evangelização faz toda a diferença”
Foto: Arquivo pessoal

Na igreja que ele dirige, acontecem projetos evangelísticos. Um deles é o Eu e Minha Casa Serviremos ao Senhor, inspirado em Josué 24.15, que consiste na realização de cultos nos lares. “Existem pessoas perdidas e sem forças para ir a uma igreja. Por isso, a evangelização faz toda a diferença.” Os pastores, nesses cultos, são vistos como referência pela Igreja e pela comunidade, na visão do Pr. Octávio Flores. Segundo ele, esse tipo de ação permite que as pessoas afastadas da fé vejam em tais pregadores um modelo de vida (bem) diferente daquele vigente na sociedade. “Estamos em uma época na qual muita gente está focada apenas no trabalho e na conquista de bens materiais, abrindo mão de uma vida de comunhão com Deus.”

Mais seriedade” – O Pr. Francisco José Gomes Rodrigues, líder regional da IIGD em Iguatu (CE), compartilha da mesma opinião de Flores. Para Rodrigues, essa aproximação dos líderes deixa evidente a importância de as pessoas cuidarem não apenas de si mesmas, mas também dos outros. “Conhecer a necessidade da comunidade e poder ajudar é gratificante. E minha maior motivação é poder contribuir para a divulgação da Palavra de Deus”, declara o pastor, citando Mateus 25.44,45:Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.

O Pr. Francisco José Gomes Rodrigues (com o microfone) à frente da equipe de evangelismo da Igreja da Graça em Iguatu (CE): “Conhecer a necessidade da comunidade e poder ajudar é gratificante. E minha maior motivação é poder contribuir para a divulgação da Palavra de Deus”
Foto: Arquivo pessoal

A cada 15 dias, o Pr. Francisco Rodrigues sai às ruas com os membros da Igreja para evangelizar. Ao final, é realizado um culto na praça. O fruto desse trabalho está na quantidade de vidas que vêm sendo alcançadas. O líder observa, ainda, que a presença pastoral nessas ações estimula a participação dos membros. “Acredito que dá mais seriedade ao trabalho e mostra a dedicação da liderança. Precisamos estar mais presentes na vida daqueles que estão do lado fora do templo.”

Na visão do Pr. Donisete Correa, líder regional da Igreja da Graça em Franca (SP), a participação dos pastores em ações evangelísticas favorece a construção de uma relação mais sólida com as pessoas da comunidade e inspira outros a se envolverem em tais práticas. “Todos ajudam no resgate das ovelhas e saem fortalecidos espiritualmente”, destaca Correa. Ele reforça a ideia de que a participação da liderança nas atividades evangelísticas aumenta a confiança dos membros nos dirigente da Igreja. “Em vez de apenas dizer às ovelhas que evangelizem, ele dá o exemplo e mostra como isso deve ser feito.”

Fortalecimento espiritual – Para o Pr. Daniel Augusto da Silva, líder regional da IIGD em Itajubá (MG), estar perto da comunidade permite conhecer as carências das pessoas de uma forma geral. “Assim podemos adaptar a abordagem do evangelismo à realidade local e oferecer o acolhimento adequado”, observa. De acordo com Silva, a presença da liderança durante a ação evangelística mostra que ela está seguindo o exemplo de Jesus, que não se limitava em pregar somente nas sinagogas. “É necessário ter sede de almas. Atualmente, poucos estão sendo movidos por esse propósito”, lamenta-se, referindo-se a Mateus 9.37 (A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros). O crescimento da obra de Deus, ressalta o pastor, não se dá apenas pelo número de novos convertidos, mas também pelo fortalecimento espiritual de todos os envolvidos.

De acordo com o Pr. Luís Antônio Alves Raymundo, líder regional da IIGD em Piripiri (PI), cerca de 70% dos habitantes de sua cidade não são evangélicos. E, por isso, é essencial investir em pregações fora da congregação para reduzir o número de ovelhas afastadas de Deus. O pregador alerta que as lideranças precisam estar atentas para não se aterem demais às tarefas internas da Igreja, não administrarem mal o tempo e, assim, negligenciarem o trabalho de buscar os perdidos. “O povo carece da presença do Senhor. Temos de sair dos templos para anunciar a Palavra. Estamos obtendo bons resultados ao fazermos isso em nossa Igreja”, informa ele, assinalando que, como fruto das ações evangelísticas da Igreja da Graça em Piripiri, vários cidadãos de lá têm conhecido o poder do Evangelho. “Muitos têm posto a fé em prática e recebido o milagre”, afirma o pastor, que também não descuida dos visitantes. “Quando participam dos cultos, declaram sentir-se acolhidos.”

Cheiro de ovelha” – Na Igreja da Graça em Caratinga (MG), a evangelização é conduzida pelo pastor auxiliar Everaldo Gonzaga. Segundo ele, é perceptível a diferença na receptividade das pessoas quando há a participação dos pastores. “Ficam mais à vontade para pedir oração e orientação. Elas os enxergam como figuras capacitadas para ajudá-las.” Gonzaga diz que tal reação demonstra ser relevante o pastor estar mais próximo da comunidade. Para explicitar seu ponto de vista, faz uma comparação com o que acontecia no ministério de Cristo. “A presença pastoral traz conforto espiritual. Era isso que as pessoas viam em Jesus, por causa do Seu interesse em ajudar o necessitado”, comenta. O líder assinala que, se o pastor não estiver presente na vida do povo, não terá sucesso como ganhador de almas. “Vemos muitos desamparados nos aguardando além das paredes do templo.”

A Pra. Eristélia Bernardo Silva Martins, líder da IIGD em Caratinga (MG) e participante ativa das ações evangelísticas da Igreja, acrescenta que os pastores devem agir motivados pela missão de cumprir o que está escrito em Marcos 16.15: E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. “Temos de seguir o exemplo do Mestre. O pastor precisa ter muitas ovelhas e saber onde elas estão”, argumenta, citando também Provérbios 27.23 (Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre o gado). “Pastorear de forma efetiva exige do líder ganhar a confiança dos liderados. E, por isso, é tão importante estar próximo deles.”

Em meio às ações evangelísticas, ela tem vivenciado experiências profundas e marcantes com o Senhor. Em certa ocasião, Eristélia orou por uma senhora que tinha câncer e a convidou para ir ao culto da cura divina na Igreja. A mulher compareceu à reunião, e a líder clamou por ela novamente. Logo surgiram os primeiros sinais de melhora, e, posteriormente, a cura daquela mulher foi confirmada por meio de exames médicos. Um familiar dela, que estava cego, ao saber do milagre, foi à Igreja e voltou a enxergar depois de oito meses sem ver. Para a pastora, eventos assim são fruto do comprometimento da liderança, a qual não se furta a sair do templo à procura daqueles que não podem ou não querem ir à casa de Deus. “Esse é o nosso papel. É impossível cuidar das pessoas sem essa proximidade”, conclui.


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