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Brasil
01/08/2022
Família – 278
01/09/2022
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Foto: Bruno Aguirre / Unsplash

Uma só carne

Pastores e especialistas explicam as chaves para manter um casamento saudável, à luz da Palavra

Por Patrícia Scott

O matrimônio está em alta no Brasil: a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN-Brasil) mostram que, de 2020 a 2021, o número de casamentos cresceu 21%. A expectativa é de que, em 2022, essa taxa de crescimento seja ainda maior. Contudo, paradoxalmente, o ano de 2021 foi marcado pela realização de 80.573 divórcios no país – recorde da série histórica iniciada em 2007 –, um número 4% maior em relação a 2020, quando foram lavradas 77.509 escrituras de divórcios. No total, foram 2,8 mil separações a mais em 2021 em comparação com 2020.

A pedagoga Maria Zelina da Silva Thurler assinala que casamento é sinônimo de companheirismo, cumplicidade e unidade: “É saber que o cônjuge é o melhor amigo, aquele em quem se pode confiar em todos os momentos. Casamento acarreta mudança de vida, e a aliança entre os dois deve predominar” Foto: Arquivo pessoal

As Escrituras declaram que o casamento é uma instituição criada por Deus. Ao falar sobre esse tema, o próprio Jesus afirma: Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem (Mc 10.6-9). Entretanto, como se trata da convivência de duas pessoas com temperamentos e histórias de vida diferentes, vários problemas podem acontecer. “Cada um leva para o relacionamento toda uma trajetória: medo, abuso, abandono, preconceito e baixa autoestima – o que acaba resultando em discussões”, enumera a pedagoga Maria Zelina da Silva Thurler, líder do Ministério Casados para Sempre na Igreja da Montanha, em Olaria, na cidade de Nova Friburgo (RJ), na Região Serrana.

Derek Prince (1915-2003) Foto: Divulgação

Na opinião da especialista, para haver harmonia entre os cônjuges, é preciso que cada um abandone as respectivas bagagens do passado. “O que é possível à medida que um deseja fazer o outro feliz. Com essa compreensão, haverá um coração perdoador e a disposição de ressignificar os erros, para que possam caminhar na mesma direção”, defende Thurler. Ela assinala que casamento é sinônimo de companheirismo, cumplicidade e unidade. “É saber que o cônjuge é o melhor amigo, aquele em quem se pode confiar em todos os momentos. Casamento acarreta mudança de vida, e a aliança entre os dois deve predominar. Os outros relacionamentos são secundários”, recomenda. 

O servidor público Reginaldo Ruhbi Braga Gonçalves, ao falar de sua esposa, Charlenny: “Sou realizado, e meu casamento é perfeito. Não significa que as brigas não aconteçam, porém resolvemos sob a orientação dos ensinamentos do Senhor” Foto: Arquivo pessoal

Compromisso total – Em seu livro Casados para sempre, o autor britânico Derek Prince (1915-2003) afirma que a aliança entre o marido e a mulher é um compromisso total, ilimitado e estabelecido por Deus. Entender esse princípio mudou a união do servidor público Reginaldo Ruhbi Braga Gonçalves, 39 anos, com a administradora Charlenny Gomes da Silva, 37. Eles estão casados há 14 anos, mas, antes disso, viveram juntos por cinco anos, em regime de união estável. [Leia, no final desta reportagem o quadro Aos pés da cruz].

A fisioterapeuta Márcia J. Vieira Tanaka destaca: “Nossa intimidade com o Senhor se reflete na forma como conduzimos nossa caminhada juntos. Conseguimos amadurecer, graças aos ensinamentos da Palavra. Meu marido é maravilhoso, parceiro de oração” Foto: Arquivo pessoal

Contudo, antes de se converterem ao Evangelho, Reginaldo e Charlenny não estavam bem. Com uma convivência bastante conflituosa, eles quase se separaram. “Conhecemos Jesus, e aí entendemos a necessidade de legalizar a união”, afirma ele, líder do ministério de casais da sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Roraima. A partir de então, eles compreenderam que Deus abençoa aqueles que Lhe obedecem. “Passamos a nos comprometer um com o outro, o que trouxe amadurecimento. Sou realizado, e meu casamento é perfeito. Não significa que as brigas não aconteçam, porém resolvemos sob a orientação dos ensinamentos do Senhor”, celebra Reginaldo.

A psicanalista Claudia Abranches alerta que homem e mulher no casamento devem ter funções específicas, ligadas às características físicas, psíquicas e emocionais de cada um Foto: Arquivo pessoal

A fisioterapeuta Márcia J. Vieira Tanaka, 29 anos, é casada há dois anos com o engenheiro civil, Lucas Tanaka, 27. Ela concorda que a presença de Deus e a obediência às Escrituras são essenciais para a manutenção de uma união realmente estável e feliz. “Nossa intimidade com o Senhor se reflete na forma como conduzimos nossa caminhada juntos. Conseguimos amadurecer, graças aos ensinamentos da Palavra. Meu marido é maravilhoso, parceiro de oração, e ainda tenho o privilégio de servir a Deus ao lado dele”, destaca Márcia, que atua no ministério de louvor da sede distrital da IIGD em Brasília (DF). 

Papéis específicos – Indagada sobre o assunto, a psicanalista Claudia Abranches alerta que homem e mulher no casamento devem ter funções específicas, ligadas às características físicas, psíquicas e emocionais de cada um. “Eles são diferentes, e é exatamente essa diferença que permite que ambos se complementem. É claro que um pode ajudar o outro no papel que não é o seu, de acordo com a necessidade, e nisso há parceria e companheirismo”, afirma. A especialista destaca que, à luz da Bíblia, a responsabilidade da mulher no casamento é respeitar o marido e viver de acordo com a sabedoria que vem do Alto, segundo Provérbios 14.1 (Toda mulher sábia edifica a sua casa, mas a tola derriba-a com as suas mãos). “O próprio Deus a capacitou para isso. É muito longe de ser um peso. É apenas uma questão de escolha”, pondera Abranches, que também é líder do ministério de família da Igreja Batista Rio2Park, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). A psicanalista lembra que ao homem cabe o papel de amar e cuidar da esposa, como Cristo ama e cuida de Sua Igreja, conforme Efésios 5.25. “Assemelhar-se no amor e no cuidado de Jesus é negar a si mesmo.”

O Pr. Leandro Serrano lembra: “O que é realizado de bom ou de ruim para com o cônjuge primeiro atinge a Cristo. É importante saber falar, calar, respeitar e se impor, quando for o caso, na hora certa e da maneira correta” Foto: Arquivo pessoal

Por sua vez, o Pr. Leandro Serrano, da Igreja União Evangélica Pentecostal, em Inhoaíba, na zona oeste carioca, lembra que, para manter uma união saudável, o casal deve ter Jesus como Mestre e Centro da relação. “O que é realizado de bom ou de ruim para com o cônjuge primeiro atinge a Cristo. É importante saber falar, calar, respeitar e se impor, quando for o caso, na hora certa e da maneira correta.”

Relacionamento de unidade – Já o Pr. Eladir Amaral, da Igreja da Graça em Nova Aurora, na cidade de Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense, explica que o Senhor colocou o homem como cabeça da família e recai sobre ele a grande responsabilidade de prover o sustento dela. Porém, o pastor ressalta que, em um relacionamento saudável, é importante o casal andar em concordância e decidir tudo em conjunto. “Assim, não há brechas para o inimigo nem ocasião para dúvidas e desconfianças.”

O Pr. Eladir Amaral explica que o Senhor colocou o homem como cabeça da família e que recai sobre ele a grande responsabilidade de prover o sustento da família Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Richard Vieira, da Igreja da Graça em Pinheiro Machado (RS), concorda com Amaral. “Quando Deus uniu o homem e a mulher, Ele estava pensando em um relacionamento de unidade, sem confusão ou desordem, de completa sintonia, como se fossem um.” Segundo o ministro, o casal precisa aceitar que o papel de um não é mais importante que o do outro, pois o Senhor planejou o casamento para o bem tanto do homem quanto da mulher. Por isso, o pregador ensina que, se uma das partes está insatisfeita, o divórcio não é a única solução viável. “É necessário identificar o motivo para buscar a solução na Palavra do Senhor. O amor é a única maneira para o início e a permanência de uma união, porque o amor é o elo da perfeição”, afirma, citando o texto de Colossenses 3.14 (E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição).         

O Pr. Richard Vieira explica: “Quando Deus uniu o homem e a mulher, Ele estava pensando em um relacionamento de unidade, sem confusão ou desordem, de completa sintonia, como se fossem um” Foto: Arquivo pessoal

Para o líder, o casamento deve glorificar o Altíssimo, e, para isso, não pode haver desunião, inveja, egoísmo, mentira e impureza no lar. “O Senhor é exaltado quando há a manifestação do cumprimento da Sua Palavra, quando há o respeito pelos limites. Não se trata de ser o casal perfeito ou possuir a família perfeita, e sim em andar no caminho dAquele que é perfeito”, conclui.

Aos pés da cruz

Dois livros publicados pela Graça Editorial tratam, com sólida base bíblica, do casamento, de como o Senhor deseja que marido e mulher se portem. Confira:

Casamento & família: uma visão para o viver familiar, de Frederick K. C. PriceDe modo simples, o autor revela profundas verdades a respeito do objetivo principal do casamento, os papéis do marido e da esposa, assim como a importância da presença do pai e da mãe no lar, e a criação dos filhos, segundo parâmetros bíblicos. De acordo com o evangelista norte-americano Frederick Price (1932-2021), diante de Deus, o matrimônio é algo sério: não se trata de um contrato ou uma associação, mas de uma aliança eterna que impactará quem se decidir por ele. Por isso, de acordo com Price, homem e mulher precisam conhecer os direitos e os deveres do casamento e da construção de uma família. Ele esclarece que vale a pena experimentar a plenitude que Cristo conquistou na cruz também na vida familiar e ser, assim, um exemplo do maravilhoso amor de Deus.

Casados para sempre, de Derek Prince – Nessa obra, o autor britânico Derek Prince (1915-2003) afirma que o sinal de um casamento próspero não é a falta de tensões e problemas, e sim a existência de um relacionamento capaz de superá-los. O escritor ressalta três pontos que considera principais: primeiro, a religião não produz, necessariamente, casamentos felizes; segundo, um relacionamento errado entre marido e mulher impede a comunhão com o Altíssimo, e terceiro e mais importante, a aliança é um compromisso alicerçado por termos estabelecidos por Deus, não pelo homem. A aliança do casamento cristão, de acordo com Prince, é feita aos pés da cruz.

(Fonte: Graça Editorial)


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