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08/08/2022
Heróis da Fé | Paul W. Brand
01/09/2022
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Heróis da Fé | Paul W. Brand
01/09/2022
Foto: Arquivo Graça / Arley Alves

Legado de fé

Morreu, aos 82 anos, o Pr. Samuel Coutinho, amigo e companheiro do Missionário R. R. Soares em seus primeiros anos de ministério

Por Evandro Teixeira

“Um homem de Deus, dedicado à pregação da Palavra”. Essa é umas das formas como amigos e familiares se referem ao Pr. Samuel Coutinho da Fonseca, que descansou no Senhor em 22 de agosto de 2022. Aos 82 anos, o pregador esteve internado durante uma semana, por causa de uma grave pneumonia, até que veio a falecer.

Por décadas, Samuel Coutinho foi o principal líder da Igreja Cruzada do Caminho Eterno, fundada em 1975. De família presbiteriana, nasceu em 13 de fevereiro de 1940, em Natividade (RJ), no norte do estado. Contudo, ainda bem jovem, decidiu deixar a casa dos pais para residir com uma tia em Duque de Caxias (RJ), na Baixada da Fluminense. Mas foi na cidade do Rio de Janeiro que conheceu e se tornou amigo do jovem Romildo Ribeiro Soares, que, mais tarde, ficaria conhecido, em todo o Brasil e em diversas partes do planeta, como o Missionário R. R. Soares.

O Pr. Samuel Coutinho, ao lado do Missionário R. R. Soares, falando no evento 40 Anos de Unção, na praça Campo de Bagatelle, na zona norte de São Paulo (SP), em 4 de abril de 2015
Foto: Ministério Público do Estado do Piauí

Presente à cerimônia de sepultamento do amigo, o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) falou sobre a longeva amizade entre eles, a qual teve início ainda em 1974. Eles se conheceram nos cultos da Igreja Pentecostal de Nova Vida. “Louvo a Deus por tê-lo conhecido. Havia entre nós uma confiança completa, como dois irmãos unidos por Deus para fazer a obra. Ele era uma pessoa destemida, que não tinha medo de situações adversas. Agora, está com o Senhor, mas nos reencontraremos um dia”, declarou R. R. Soares. 

Ainda em 1974, a convite do próprio Samuel Coutinho, o jovem Romildo passou a congregar em um dos templos da Casa da Bênção. A congregação era liderada pelo missionário Cecílio Carvalho Fernandes, que faleceu em 2001. Ali, eles desenvolviam diversas atividades evangelísticas nas quais o Senhor sempre operava milagres, curas e libertações. Em reconhecimento ao trabalho dos dois, em 13 de abril de 1975, ambos foram consagrados ao pastorado pelo missionário Cecílio.

O Pr. Samuel Coutinho da Fonseca Júnior declarou: “Temos de levar esse pensamento adiante. Como filhos, sentiremos a falta dele certamente. Porém, sabemos que ele está guardado nos braços de Deus”
Foto: Rodrigo Di Castro

Era o início de uma longa estrada ministerial. Porém, seguindo o direcionamento do Espírito Santo, tempos depois, Samuel e Romildo deixaram a Casa da Bênção para fundar a Cruzada do Caminho Eterno. Era uma igreja nova, com líderes destemidos e ansiosos por manifestar a glória de Deus, onde sinais e maravilhas testificavam a ação do Espírito Santo. O próprio R. R. Soares escreveu o estatuto, dando início ao ministério. As reuniões aconteciam no extinto cinema Marajó, na Freguesia, bairro da zona oeste carioca, às terças e quintas-feiras, sábados e domingos, pela manhã. O trabalho cresceu rapidamente, e, apenas no primeiro mês de existência, ao todo, 96 pessoas decidiram ser batizadas nas águas.

Trabalho frutífero – Entretanto, em 1977, embora permanecesse a amizade, o Missionário R. R. Soares se distanciou da Cruzada do Caminho Eterno, que passou a ser conduzida apenas pelo Pr. Samuel Coutinho. Soares começou a alugar outros cinemas para fazer reuniões e estreou seu primeiro programa na TV, ainda em 1978. Até que, em junho de 1980, fundou a IIGD. Por sua vez, sob a liderança de Coutinho, a Igreja Cruzada do Caminho Eterno continuou seu ministério frutífero marcado por manifestações de cura e libertação.

Marta Coutinho da Fonseca, irmã do pastor Samuel Jr., afirma: “Há pessoas que, nesta situação, não suportariam tamanha perda. Mas o Senhor nos fortalece”
Foto: Rodrigo Di Castro

Por isso, na cerimônia de sepultamento, os feitos do líder foram lembrados por parentes e amigos. Seu filho, o Pr. Samuel Coutinho da Fonseca Júnior, 52 anos, comentou que, nos últimos anos de vida, já com a saúde debilitada pela idade, seu pai passou a ficar mais tempo com a família. No entanto, estava sempre preocupado com a obra, que não poderia parar. Na opinião de Samuel Jr., esse é um dos legados deixados pelo pai. “Temos de levar esse pensamento adiante. Como filhos, sentiremos a falta dele certamente. Porém, sabemos que ele está guardado nos braços de Deus”, declarou Júnior, que, sob a bênção do pai, fundou a Igreja Mundial da Fé – Ministério Vida Eterna, no Largo do Tanque, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ).

O mesmo sentimento de Samuel Jr. é compartilhado por sua irmã, Marta Coutinho da Fonseca, 54 anos. Ela lembra que sempre teve o cuidado de obedecer a tudo o que seu pai orientava e destacou a preocupação que ele demostrava com a salvação dos filhos. Além disso, expressou o quanto Deus estava lhe dando forças naquele momento tão difícil. “Há pessoas que, nesta situação, não suportariam tamanha perda. Mas o Senhor nos fortalece.”

Algumas recomendações – Nos últimos dois meses de vida, o Pr. Samuel Coutinho havia sentido um declínio na saúde. Seu filho se recorda de que, antes mesmo de ficar doente, quando o tema morte vinha à baila, o pai costumava fazer recomendações acerca dos procedimentos para o próprio funeral. Antecipando-se ao dia em que o Senhor o chamaria para a Glória, ele constantemente pedia que ninguém chorasse, já que estaria com Cristo. Sobre o cortejo fúnebre, no entanto, havia uma orientação especial: o hino Segura na mão de Deus deveria ser cantado pelos presentes enquanto seu corpo fosse conduzido ao local da sepultura. Cumprindo o desejo do líder, assim foi feito.

O Pr. Samuel Coutinho, com sua esposa, Eula, em foto registrada no dia 21 de março de 2005, na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Paulo
Foto: Arquivo Graça / Michel Kohol

Antes de sua morte, o Pr. Samuel também já havia pensado na sucessão ministerial. Em seu coração, Deus confirmou que essa missão de dar continuidade a seu ministério caberia a seu neto, o Pr. Daniel Rodrigo Coutinho, 26 anos, filho de Marta. O líder já tinha certeza desse chamado para o jovem mesmo no período em que Daniel esteve afastado do Evangelho, dos 16 aos 24 anos. A irmã dele, Raquel Coutinho de Fonseca Martins, atualmente com 21 anos, também estava longe dos caminhos do Senhor naquela época. Certa ocasião, ao ser questionado sobre a postura deles com relação à vida cristã, o Pr. Samuel disse, convicto, que eles voltariam a servir a Deus.

Não demorou muito para isso acontecer. De volta à casa do Pai celeste, em 2020, eles decidiram viver apenas para o Altíssimo. O envolvimento de Daniel com a obra do Senhor começou quando ele decidiu auxiliar o ministério do avô, porém apenas na parte técnica: na iluminação da igreja. Segundo o jovem, embora soubesse de seu chamado, fugia dessa responsabilidade. Olhando para si mesmo, não acreditava que pudesse ser pastor.

O Pr. Samuel Coutinho gostava de passar muitos dias em um sítio da família na cidade de Guapimirim, na região serrana do Rio de Janeiro. Viúvo desde 2015, quando faleceu sua esposa, Eula, ele apreciava a companhia da natureza. Por isso, só vinha ao Rio de Janeiro aos domingos, por causa dos cultos. No entanto, após sofrer um assalto na propriedade, decidiu ficar mais na cidade, com a família. Nesse tempo, porém, já não estava bem de saúde. E, por isso, Daniel esteve com o avô quase diariamente, e era o responsável por levá-lo de carro às consultas médicas, exames e outros compromissos. Nesse período, a convivência com o avô serviu para confirmá-lo no ministério. Assim, aconteceu que, em um determinado culto, o Pr. Samuel sentiu a direção do Espírito Santo para consagrar Daniel ao pastorado.

O Missionário R. R. Soares, ao lado de Samuel Coutinho da Fonseca Júnior, filho mais novo de Coutinho, e, à direita, na foto, o Pr. Daniel Rodrigo Coutinho, filho de Marta Coutinho
Foto: Rodrigo Di Castro

Ao falar da responsabilidade de suceder o Pr. Samuel Coutinho, o jovem líder reconhece não ser uma missão simples. Mas sua inspiração vem da biografia de seu avô e da convicção do próprio chamado. Ao buscar uma referência na Palavra de Deus para esse momento, Daniel lembra a história de Salomão, que assumiu o lugar de seu pai, o rei Davi. Com tamanha responsabilidade pesando sobre seus ombros, o jovem monarca pediu ao Todo-Poderoso apenas uma coisa: sabedoria. Naquela mesma noite, Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: [] Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? (2 Cr 1.7-10). “Não esperava, mas assim quis o Senhor. Então, caberá a mim dar continuidade ao legado deixado pelo meu avô. Creio que Deus me capacitará para também realizar grandes obras e conduzir muitas vidas ao Reino dEle”, declarou o jovem pastor, casado com Mayara Aparecida de França Coutinho, 24 anos.


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