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Foto: Ben White / Unsplash

Frutificai, e multiplicai-vos

Na contramão do que ensina a Palavra de Deus, casais optam por não ter filhos

Por Evandro Teixeira

As Escrituras Sagradas deixam claro que gerar descendência é o projeto do Criador para a família. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra (Gn 1.28). Nos tempos bíblicos, ter filhos não era uma opção para os casais. Pelo contrário: a impossibilidade de gerá-los se tornou um drama na vida de muitas mulheres, como Sara, a esposa do patriarca Abraão (Gn 11.29, 30). Afinal, o Texto Sagrado afirma que a capacidade de produzir descendência é uma manifestação da bênção divina, conforme registra o Salmo 127.3: Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Herança bendita]

Entretanto, chama a atenção atualmente o aumento do número de casais que não querem ter filhos – decisão que se reflete nas taxas de natalidade, que seguem em queda, ano após ano, em diversas partes do planeta. Esse fenômeno ocorre, em especial, no Ocidente. Nos Estados Unidos, por exemplo, um levantamento realizado há alguns meses pelo instituto de pesquisas Pew Research Center demonstrou o crescente desinteresse dos norte-americanos em se tornarem mães e pais.

O estudo ouviu 3.866 adultos com idades de 18 a 49 anos. Entre os entrevistados que não têm filhos, 44% informaram que não estão propensos a tê-los em momento algum da vida deles – 7% maior que o registrado em 2018, em levantamento semelhante. O motivo da recusa em gerar descendentes, citado pela maior parte dos entrevistados (56%), é simples: eles não querem. Mas pode haver outras razões, tais como problemas médicos (19%), questões financeiras (17%), não ter um parceiro (15%), idade (10%) e até os problemas ambientais, como as mudanças climáticas (5%).

A técnica em Enfermagem Francilene Furtado Franco Silva, com o marido, o pastor auxiliar Alandro Pereira da Silva e as duas filhas, Júlia e Laura: “Crendo na provisão de Deus” – Foto: Divulgação / Suzana Aires

No Brasil, uma análise parecida – porém, mais antiga, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – indicava que a proporção de famílias formadas por casais sem filhos havia aumentado de 15% para 20% entre os anos de 2005 e 2015. Na contramão da tendência atual, a técnica em Enfermagem Francilene Furtado Franco Silva, 31 anos, tem duas filhas: Júlia, de quatro anos, e Laura, 6 meses, e já planeja uma terceira gestação. Casada há nove anos com Alandro Pereira Silva, 32, pastor auxiliar na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Teresina (PI), ela frisa que ter filhos sempre foi o desejo deles. “Vimos muita gente ir contra a nossa decisão, usando diversos argumentos, como questões financeiras e perda de liberdade.” Francilene reconhece que ser mãe e criar os filhos é um desafio, mas, ao lado do marido, decidiu que nada seria obstáculo para que experimentassem a bênção de tê-los. “Fomos avante, crendo na provisão de Deus. Ouvir nossos pequenos dizerem que nos amam e acompanhar diariamente a evolução deles não tem preço.”

Apesar de acalentarem o sonho de se tornarem pais desde o início do casamento, Francilene e o esposo aguardaram o “momento certo” para aumentar a família. Um dos itens do planejamento, feito pelo casal antes do nascimento da primeira filha, foi a compra de um carro, para facilitar a locomoção com a pequena.

Foto: Larry Crayton / Unsplash

Consequências coletivas – Na visão da cientista social Rosângela Paes Romanoel, esperar por circunstâncias mais favoráveis para dar início à prole é uma atitude compreensível e louvável. Ela destaca que, especialmente a partir da crise econômica global gerada pela pandemia da covid-19, é necessário ter determinados cuidados na hora de decidir aumentar a família. No entanto, a especialista sublinha que, muito antes das mudanças na conjuntura mundial, já existia uma tendência entre alguns casais de “adotar” animais de estimação como filhos – prática totalmente estranha à Bíblia. “Alguns veem isso como uma forma de ‘experimentar a paternidade’.”

A cientista social Rosângela Paes Romanoel lembra que “A atitude comum dos casais cristãos é optar por ter filhos, pois veem sua prole como bênção de Deus” – Foto: Pexels / Rodnae Productions

Rosângela Romanoel explica que a decisão de optar por animais domésticos é fomentada, entre outros motivos, por questões financeiras: é mais barato criar um pet do que uma criança. Contudo, aqueles que creem na Palavra, de acordo com ela, tendem a agir de modo diferente. “A atitude comum dos casais cristãos é optar por ter filhos, pois veem sua prole como bênção de Deus.”

Ela ainda ressalta que a decisão de ter um bebê – e quando fazê-lo – é algo que compete exclusivamente a cada casal. Contudo, quando muitas famílias optam por não ter filhos, assinala a cientista social, isso fatalmente resultará em uma redução da natalidade, a qual pode gerar graves consequências coletivas. Do ponto de vista social, pode significar o fim de certos costumes e conhecimentos que são passados de geração em geração. Sob o aspecto econômico, a diminuição da população jovem pode gerar um cenário desastroso no futuro. “Haveria mais pessoas idosas do que aquelas economicamente ativas, e, assim, poderia vir a causar um colapso na previdência social de qualquer nação.”

A pedagoga Sandra dos Santos Pinto da Conceição analisa: “Há pessoas que veem a realização pessoal, ou seja, obter uma carreira bem-sucedida, como prioridade” – Foto: Arquivo pessoal

A pedagoga Sandra dos Santos Pinto da Conceição, membro da Igreja Batista Herança da Graça, em São Gonçalo (RJ), concorda com Rosângela. Em sua opinião, além de ter consequências futuras na área econômica, o aumento do número de casais sem filhos denota o quanto a humanidade hoje caminha na contramão dos propósitos divinos. E, apesar de reconhecer o peso do aspecto financeiro, Sandra entende que, em diversos casos, a verdadeira motivação para evitar que a família cresça é o egoísmo. “Há pessoas que veem a realização pessoal, ou seja, obter uma carreira bem-sucedida, como prioridade. Trata-se de um projeto que, no entendimento desse grupo, seria difícil de executar com o nascimento de um filho.”

A psicanalista Rosi Siqueira afirma ser preciso ponderar sobre a saúde emocional da família interessada em trazer uma criança ao mundo: “Que tipo de lar acolherá esse ser humano?” – Foto: Arquivo pessoal

Uma carne A psicanalista Rosi Siqueira, especialista em Desenvolvimento Humano, afirma ser preciso ponderar sobre a saúde emocional da família interessada em trazer uma criança ao mundo. “Que tipo de lar acolherá esse ser humano?”, questiona ela, asseverando ser necessária uma reflexão crítica dos pais a respeito do número de filhos que estariam dispostos a gerar e criar. Na visão da profissional, em algumas situações pontuais, a melhor opção poderá ser renunciar à paternidade.

Siqueira lembra também que existem as pressões sociais, vindas principalmente dos parentes, os quais cobram dos recém-casados a chegada do primogênito. Por causa disso, alguns casais, mesmo sem estarem prontos para dar esse passo, sentem-se na obrigação de aumentar a família a fim de satisfazer o ego de terceiros. Ela informa, inclusive, que há casamentos que acabam se desfazendo porque um dos cônjuges é estéril. Isso acontece, segundo a especialista, quando homem e mulher não conseguem entender o real significado do casamento, conforme Gênesis 2.24: Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. “Um lar precisa ser planejado e construído com amor, dignidade e respeito. Qualquer decisão deverá ser avaliada com maturidade e fé em Deus.”

O Pr. Octávio Costa Flores avalia que a redução do número de casais com filhos na atualidade favorece o desenvolvimento de uma sociedade ainda mais individualista – Foto: Arquivo pessoal

Para o Pr. Octávio Costa Flores, líder da IIGD em Timóteo (MG), a redução do número de casais com filhos na atualidade favorece o desenvolvimento de uma sociedade ainda mais individualista. Nela, diz ele, as pessoas rejeitam a obrigação de cuidar de alguém para não empenhar amor e dedicação nessa tarefa. Por outro lado, Flores deixa claro que esses casais sem filhos estão perdendo de vista aquilo que é o maior prazer dos pais: contemplar as conquistas dos filhos. “Aos 18 anos, eu me casei e tive meu primogênito aos 19. Após seis anos, veio o segundo. Filhos são para a vida toda. Quando estivermos mais velhos, veremos que não existe nada melhor do que vê-los em volta da mesa.”

Herança bendita

Na Palavra de Deus, há várias referências à composição familiar, formada por pai, mãe e filhos. Contudo, mais do que simplesmente dar origem a uma nova prole, os mais velhos têm o dever de ensinar aos jovens o temor ao Senhor para que seus filhos sejam abençoados, de modo que, de geração em geração, o Altíssimo seja conhecido.

– Ter descendentes é bênção para os pais:
Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas na mão do valente, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta (Sl 127.3-5).

Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao SENHOR (Sl 128.1-4).

Coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais (Pv 17.6).

– Pais abençoados devem ensinar aos filhos o temor ao Senhor:

E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te (Dt 6.6, 7).

Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele (Pv 22.6).

E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor (Ef 6.4).

– As bênçãos dos pais podem se estender aos filhos:

Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma […] e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te […] para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra (Dt 11.18-21).

Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e o fruto dos teus animais, e a criação das tuas vacas, e os rebanhos das tuas ovelhas (Dt 28.4).

Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão. Compadece-se sempre, e empresta, e a sua descendência é abençoada (Sl 37.25, 26).

– Filhos que honram seus pais são abençoados:

Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá (Ex 20.12).

Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor (Cl 3.20).

Mas, se alguma viúva tiver filhos ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus (1 Tm 5.4).

(Fontes: Bíblia Sagrada)


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