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Foto: Luan Cabral / Unsplash

Bem-estar emocional

Pesquisa aponta que a religião e a espiritualidade têm impacto positivo sobre a saúde mental dos jovens

Por Patrícia Scott

Ao longo dos últimos anos, estudos científicos têm demonstrado os benefícios da religião para o bem-estar mental e físico. Um dos mais recentes foi conduzido pelo sociólogo Josh Packard, do Springtide Research Institute (Instituto de Pesquisas Springtide), dos Estados Unidos. O objeto do levantamento foi a geração Z – jovens de 13 a 25 anos – e sua relação com a espiritualidade. A pesquisa intitulada O Estado da religião e dos jovens 2022 ouviu quase dez mil indivíduos que moram nos EUA para saber acerca das crenças, dos comportamentos, dos relacionamentos e da saúde mental deles.

O sociólogo Josh Packard conclui que a religião e a espiritualidade atuam como antídotos poderosos contra doenças mentais dessa nova geração
Foto: Divulgação / Springtide Research Institute

Com base nos dados recolhidos, Packard concluiu que a religião e a espiritualidade atuam como antídotos poderosos contra doenças mentais dessa nova geração. De acordo com o sociólogo, o inquérito sugere ainda que os jovens crentes em algum poder superior são mais propensos que os demais a serem bem-sucedidos em diversas áreas da vida, felizes e mentalmente saudáveis.

Dentro desse contexto, o psicanalista Paulo Velasco reitera o que muitos estudos têm indicado: a espiritualidade diminui a ansiedade, a depressão e o estresse. “É uma importante aliada da saúde mental e, consequentemente, do bem-estar físico”, assegura o especialista, assinalando que quando praticada em comunidade, como em uma igreja, há ainda outras vantagens, entre elas, o benefício do suporte social. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Outros achados]

O psicanalista Paulo Velasco sobre a espiritualidade: “É uma importante aliada da saúde mental e, consequentemente, do bem-estar físico”
Foto: Arquivo pessoal

Por sua vez, a neurocientista Juliana Niza explica que o cérebro sofre mudanças na presença de bons pensamentos, especialmente aqueles relacionados à religião ou à espiritualidade. “Essas alterações proporcionam uma sensação de tranquilidade e acalmam o coração. Existe uma cascata de neurotransmissores, incluindo a dopamina, que regula o centro do prazer”, ensina Niza, destacando que, quando as pessoas abraçam alguma religião, ocorrem transformações na vida delas, inclusive no comportamento. “O físico e o emocional reagem a tudo o que é projetado na mente”, afirma a especialista, citando uma informação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que 80% das doenças são psicossomáticas. “Ou seja, a origem está na psique humana. Tudo o que a pessoa conserva como padrão de pensamento, de informação, envia ao organismo e interfere em outras áreas.”

A neurocientista Juliana Niza informa: “Tudo o que a pessoa conserva como padrão de pensamento, de informação, envia ao organismo e interfere em outras áreas”
Foto: Divulgação

Grandes desafios – Na opinião daPra. Carla Pontes, líder estadual do ministério Jovens Que Vencem (JQV), da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Amazonas, de um modo geral, a juventude caminha na direção da religião e da espiritualidade, principalmente porque espera resolver situações familiares, emocionais e psicológicas. “É grande o número de jovens depressivos, ansiosos, com medo e em pânico. Isso abre possibilidades para a pregação da Palavra.”

Segundo Pontes, depois de alcançá-los com as Boas-Novas, a Igreja pode ajudar esses jovens a manter a fé, à medida que lhes oferece não somente cultos e estudos bíblicos, mas também atividades ministeriais com as quais possam se envolver. “Quanto mais estiverem com as mentes ocupadas a serviço do Reino de Deus, mais ficarão alicerçados nos caminhos da Palavra”, argumenta a líder, ressaltando que as novas gerações não têm vergonha da fé que professam, pelo contrário, têm prazer em mostrar para o mundo o Senhor a que servem. “São jovens de oração que participam de vigílias e estão compromissados com as verdades do Evangelho de Cristo.”

A Pra. Carla Pontes lembra que a juventude caminha na direção da religião e da espiritualidade, principalmente porque espera resolver situações familiares, emocionais e psicológicas: “Isso abre possibilidades para a pregação da Palavra”
Foto: Arquivo pessoal

Já o Pr. Marcelo Aguiar, da Igreja Batista em Mata da Praia, Vitória (ES), lembra que a juventude está sedenta da Verdade. “E ela só pode ser encontrada nas Escrituras. Por isso, continuamos a ver jovens buscando sentido para a vida e entregando o coração para Jesus”, pontua, citando o Salmo 119.9: Como purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Na opinião do pregador, a fé cristã é benéfica em todas as idades, mas contribui muito particularmente com os jovens ao equipá-los com a sabedoria e a disposição necessárias para enfrentar uma fase de grandes desafios.

Aguiar destaca que eles não se importam muito com tradições, instituições e formalidades. “Valorizam a comunhão. Se virem que as figuras de referência têm comunhão com Deus, tenderão a querer viver a mesma experiência”, opina o ministro, acrescentando que um dos grandes desafios da liderança hoje é saber ouvir os jovens. “É preciso atentar para os questionamentos deles e responder às perguntas com sinceridade, apontando para a solução que está em Cristo. Fornecer bons exemplos é também fundamental. Os mais experientes precisam apresentar-lhes uma fé coerente e saudável, para que se mantenham no caminho dos ensinamentos de Jesus.”

O Pr. Marcelo Aguiar lembra que a juventude está sedenta da Verdade: “E ela só pode ser encontrada nas Escrituras. Por isso, continuamos a ver jovens buscando sentido para a vida e entregando o coração para Jesus”
Foto: Arquivo pessoal

Mudança de mente – Por sua vez, o Pr. Rubens França, líder estadual do ministério Jovens Que Vencem (JQV) da Igreja da Graça no Acre, acredita que, ao manter-se nos caminhos do Evangelho, o jovem se blinda das várias ilusões do mundo, as quais geram muitos sofrimentos mentais. “Eles entendem que não precisam de subterfúgios para encontrar alegria e felicidade. Compreendem que necessitam apenas da presença de Cristo”, descreve França, assinalando que os líderes devem levar os rapazes e as moças à verdadeira comunhão com o Pai a partir da leitura bíblica e da oração. “Assim, a fé e a confiança ficarão alicerçadas, e, consequentemente, a mente estará saudável.”

O Pr. Uri Barros assegura: “Muitos têm buscado apoio emocional por causa de diversos traumas. E a religião e a fé preenchem essa necessidade”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Uri Barros, da Assembleia de Deus Ministério do Belém, na Lapa, zona oeste de São Paulo (SP), afirma que o grande segredo da fé cristã está em sua capacidade de gerar esperança. “Muitos têm buscado apoio emocional por causa de diversos traumas. E a religião e a fé preenchem essa necessidade”, assegura o pregador, frisando que os jovens de hoje têm sede da Palavra, mas são questionadores. “Caso não tenham informações convincentes, procurarão em outros lugares, porque estão ávidos por respostas.” Por isso, segundo ele, as lideranças precisam estar preparadas para lidar com essas demandas. “O Evangelho tem o poder de mudar vidas e transformá-las para a glória de Deus.”

O Pr. Marcolino Florêncio Neto lembra: “Não é possível desejar desfrutar das benesses do Céu sendo cidadão da Terra, amante das coisas mundanas”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Marcolino Florêncio Neto, da Assembleia de Deus Amor e Vida, no Mutuá, em São Gonçalo (RJ), concorda com o ministro assembleiano, acrescentando que a busca pela verdadeira espiritualidade não é superficial e gera profundas mudanças de mentalidade e de comportamento. “Não é possível desejar desfrutar das benesses do Céu sendo cidadão da Terra, amante das coisas mundanas.” Para Marcolino Neto, o grande desafio atual é manter os jovens avivados. “A chama da fé é apagada com facilidade. Portanto, é necessário haver relacionamento com Deus. Quando os jovens estão alicerçados em Jesus, eles são impulsionados, encorajados e ousados. Assim, conseguem ter uma mente saudável”, conclui.

Outros achados

Diversos estudos científicos têm demonstrado a conexão entre religião e saúde mental. Abaixo, estão listados três exemplos recentes:

Melhores casamentos e amizades – Um estudo conduzido pelo Grupo Barna, dos Estados Unidos, demonstrou que a maior parte dos cristãos praticantes norte-americanos (61%) se consideram muito bem-sucedidos em seus casamentos e nas suas amizades. O percentual dos estadunidenses não cristãos que afirmam o mesmo é bem menor: apenas 28%.

Mais felizes – Uma pesquisa realizada por Frank Newport, do Instituto Gallup Senior, também dos EUA, concluiu que a frequência aos cultos religiosos tem um impacto importante e positivo na forma como as pessoas enxergam a vida. De acordo com o levantamento, 67% dos entrevistados que vão à igreja toda a semana se consideram muito satisfeitos com a própria vida. Entre aqueles que frequentam as celebrações menos de uma vez por mês, apenas 48% apresentam o mesmo nível de satisfação.

Mentalmente saudáveis – A mesma pesquisa do Gallup Senior mostrou que 44% dos adultos que vão à igreja toda semana consideram excelente seu estado de bem-estar mental e emocional. Quando os pesquisadores agruparam os participantes por idade, gênero e renda, nenhum grupo teve um percentual tão alto de indivíduos considerando-se em excelente estado de saúde mental e emocional – nem mesmo aqueles que tinham melhor condição financeira.

(Fonte: Faithwire)

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