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01/11/2021
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Foto: Arte sobre foto de Judith Frietsch / Unsplash

Perigo atual

Bíblia revela que, nos últimos dias, muitos abandonariam a genuína fé cristã para seguir ensinamentos enganosos

Por Patrícia Scott

Em sua primeira carta a Timóteo, jovem pastor de Éfeso, o apóstolo Paulo usa palavras muito duras para falar sobre duas pessoas: Himeneu e Alexandre. O pregador diz textualmente que os entregou a Satanás para que aprendessem a não blasfemar (1 Tm 1.20). Na segunda epístola, Himeneu é citado novamente, em associação com outra pessoa, Fileto. Sobre eles, Paulo afirma que se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns (2 Tm 2.18).

Nas Escrituras, o ato de afastar-se das doutrinas genuinamente bíblicas é chamado de apostasia. A palavra vem do grego apóstasis, que significa estar longe de e se refere ao afastamento definitivo e deliberado de algo. O termo é usado pelo menos duas vezes no Antigo Testamento, sempre significando desvio ou separação da Lei de Moisés (Jr 8.5 e Ez 37.23). “Na nação de Israel, já havia judeus apóstatas, que seguiam a ídolos e religiões pagãs”, informa o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, da Primeira Igreja Presbiteriana de Recife (PE). Ele explica que o próprio Paulo foi acusado de apostatar, quando alguns apontaram que o ensino da justificação pela graça, realizado pelo apóstolo, estava afastando os judeus dos ensinamentos mosaicos.

O Pr. Alexandre Albino lembra que muitos desses apóstatas se afastaram da fé em Jesus e das doutrinas bíblicas para seguir ensinamentos filosóficos humanistas e sociais, colocando-os no mesmo patamar das Sagradas Escrituras Foto: Arquivo pessoal

Por outro lado, do ponto de vista da Igreja, ensina o Rev. Nicodemus, a apostasia é evidenciada, principalmente, nas cartas de Paulo. Ao escrever a Timóteo, o apóstolo, além de citar nominalmente Himeneu e Alexandre, fala de pessoas que estavam abandonando a fé para seguir doutrinas de demônios (1 Tm 4.1-3). “Ele também cita algumas mulheres infiltradas na igreja que criam na doutrina de falsos mestres [2 Tm 3.6]”, acrescenta Lopes, assinalando que as Escrituras relacionam um grande afastamento de Deus ao tempo do fim. “Sempre houve apostasia, mas Jesus predisse e Paulo ensinou que, durante esse período que estamos vivendo, os últimos dias, a apostasia seria acentuada. Isso termina com a vinda do Senhor para buscar aqueles que permaneceram firmes.”

O Rev. Augustus Nicodemus Lopes informa que “na nação de Israel já havia judeus apóstatas, que seguiam ídolos e religiões pagãs”, e lembra que o próprio Paulo foi acusado de apostatar Foto: Arquivo pessoal

Dia do Juízo – Na visão do Pr. Fábio Lima, da Igreja Caminho da Vida, em Cavalcanti, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), é perceptível o crescente afastamento do ser humano em relação ao Criador e aos ensinamentos de Sua Palavra. “O perigo da apostasia é que, quando o Dia do Juízo chegar, e chegará, Deus separará os que permaneceram na fé daqueles que a abandonaram”, afirma, citando Mateus 25.46: E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna. “Quando olhamos ao nosso redor, vemos a apostasia, principalmente pela maldade.”

O pastor lembra que muitos daqueles que têm se afastado de Deus, um dia estiveram nas igrejas, envolvidos na obra, mas depois esfriaram. No entanto, o líder ressalta que existem aqueles os quais apostataram da fé, mas permanecem dentro das comunidades cristãs. “Não creem em toda a Bíblia e distorcem os ensinamentos para manterem práticas enganosas”, alerta.

O Pr. Fábio Lima alerta: “O perigo da apostasia é que, quando o Dia do Juízo chegar, e chegará, Deus separará os que permaneceram na fé daqueles que a abandonaram” Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Alexandre Albino, da Igreja Batista, no bairro N. S. de Fátima, em Nilópolis (RJ), faz coro com Lima. Ele lembra que muitos desses apóstatas se afastaram da fé em Jesus e das doutrinas bíblicas para seguir ensinamentos filosóficos humanistas e sociais, colocando-os no mesmo patamar das Sagradas Escrituras. “Isso é hipocrisia e mentira”, define Albino, deixando claro que esses apóstatas têm a mente cauterizada, voltada apenas para suas vontades e seus desejos. “Na verdade, perderam a comunhão com Deus e, assim, deixaram de viver as promessas do Senhor. Ficam distantes da cruz e alguns ainda influenciam outros para o mesmo caminho. Isso acontece, porque não estão enraizados na Rocha.”

O antídoto para esse problema, de acordo com o Pr. Adriano da Silva Moreira, da Igreja em Parque Eldorado, Duque de Caxias (RJ), é fazer com que as pessoas conheçam e vivam as verdades da Palavra de Deus. “Esse é o caminho seguro para não adentrar nas heresias e abandonar a fé”, garante o líder, ligado à Associação de Pastores, Obreiros e Igrejas em Obra de Restauração (APOIORT). Adriano Moreira elenca algumas consequências da apostasia – “quebra de comunhão com o Senhor, afastamento da verdade (que é Jesus), falsa segurança e perdição eterna” – e ressalta que o compromisso das lideranças evangélicas deve ser sempre ensinar com precisão o que dizem as Escrituras Sagradas.

O Pr. Adriano da Silva Moreira afirma que é preciso fazer com que as pessoas conheçam e vivam as verdades da Palavra de Deus: “Esse é o caminho seguro para não adentrar nas heresias e abandonar a fé” Foto: Arquivo pessoal

Pelo ouvir – O Pr. Paulo César Lopes, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Lavras (MG), alerta que Jesus, ao mencionar antecipadamente a apostasia, desejava blindar e preparar o povo para esse mal. “O diabo tem o intuito de roubar o que é essencial na vida do cristão, a fé”, sustenta Lopes, ressaltando que não há como guardar a fé sem observar os mandamentos do Pai no coração. “O caminho a ser percorrido é meditar na Palavra dia e noite. Assim, o cristão terá o cuidado de resguardar os ensinamentos do Senhor”, assegura, fazendo referência ao texto de Josué 1.8: Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás.

O Pr. Paulo César Lopes lembra que não há como guardar a fé sem observar os mandamentos do Pai no coração: “O caminho a ser percorrido é meditar na Palavra dia e noite” Foto: Arquivo pessoal

O líder lembra que o maligno investe contra o cristão justamente para fazê-lo se distanciar da presença do Senhor e de Sua Palavra. “As Escrituras Sagradas declaram que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”, ressalta ele, citando a conhecida passagem de Romanos 10.17. O pastor esclarece que o processo de afastamento da Palavra está descrito em Tiago 1.14,15. “Cada um é atraído pela sua própria concupiscência, a qual dá abertura para o pecado, que gera a morte. Assim, alguns apostataram por se entregarem aos próprios desejos carnais, o que traz o desligamento com o Senhor, a quebra da aliança.”

O Prof. de Teologia Luiz Curvelo, da Escola Teológica Assembleia Nova Jerusalém (ETANJ), no bairro Parque Vila Maria Baixa, em São Paulo (SP), ensina que a apostasia tem relação com infidelidade, desobediência, engano, falsidade, incredulidade, deslealdade e inconstância. Curvelo admite que a apostasia é um problema importante, mas esclarece que ela serve de alerta para os cristãos sobre o iminente retorno de Cristo. De acordo com o professor, a Igreja da pós-modernidade deve aguardar o retorno próximo do Messias, com a visão voltada para os propósitos do Reino. [Do editor: Pós-modernidade é um conceito da Sociologia que representa o ambiente social e cultural do fim da década de 1980, quando da queda do muro de Berlim e do início do desmantelamento da União Soviética, até os dias atuais]

O Prof. de Teologia Luiz Curvelo admite que a apostasia é um problema importante, mas esclarece que ela serve de alerta para os cristãos sobre o iminente retorno de Cristo Foto: Arquivo pessoal

Luiz Curvelo lembra que o ensino de novas doutrinas e o aumento da maldade são eventos que apontam para o cumprimento das profecias neotestamentárias sobre os últimos dias. “Elas [as profecias] alertam para o aumento das práticas egoístas como sinal para a iminente volta de Jesus [Leia o quadro O que a Bíblia diz]. Não sabemos quando, mas guardamos a esperança na Sua vinda”, alegra-se.

O que a Bíblia diz

No Antigo Testamento, o povo de Israel se afastou diversas vezes de sua aliança com Deus. É o que diz o texto de Neemias 9.26: Porém se obstinaram, e se revoltaram contra ti, e lançaram a tua lei para trás das suas costas, e mataram os teus profetas, que protestavam contra eles, para que voltassem para ti; assim fizeram grandes abominações.

No Novo Testamento, o próprio Jesus experimentou uma “fuga” de seguidores, após proferir um discurso contundente: Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele (Jo 6.66). Judas, o traidor do Mestre, pode ser considerado um apóstata(Lc 22.47,48). Na Igreja primitiva, a deserção da comunhão dos santos geralmente estava associada a heresias e ao temor das perseguições. No primeiro caso, havia um abandono da fé genuína. O apóstolo João chama essas pessoas de anticristos e, a respeito delas, afirma: Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos; por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós (1 Jo 2.18,19). No que se refere ao temor da perseguição, é possível que este seja o motivo da recomendação feita pelo autor da carta aos Hebreus: Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns (Hb 10.25a).

Segundo o Novo Testamento, o conceito de apostasia está diretamente ligado ao fim dos tempos: Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências (Jd 1.17,18). Da mesma forma, o apóstolo Paulo adverte Timóteo: Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência (1 Tm 4.1,2). (Fonte: Bíblia Sagrada)


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