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Heróis da Fé | David Brainerd
05/12/2022
Palavra dos Patrocinadores – 281
30/12/2022
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Foto: Arte sobre foto de Pexels / Portrenk

Raiz do problema

Livro publicado pela Graça Editorial ajuda o leitor a compreender o pecado e combatê-lo em sua origem

Por Evandro Teixeira

Desde que superou a dependência em pornografia, o pastor, escritor e palestrante norte-americano Steve Gallagher tem dedicado sua vida a ajudar outros homens a vencerem o pecado sexual. Fundador do Ministério Vida Pura, por meio do qual milhares de pessoas já foram libertas dessa compulsão, Gallagher é autor de diversos títulos, alguns deles publicados no Brasil pela Graça Editorial.Entretanto, o ministro não se prende apenas a esse tema, tendo escrito outras obras sobre a vida cristã. Recentemente, a editora publicou uma delas: Eu, a raiz do pecado. Nesta, Gallagher aborda a origem não apenas das transgressões de ordem sexual, mas também de toda e qualquer ação pecaminosa. Segundo ele, a ideia de escrever sobre esse assunto nasceu de observações registradas ao longo de mais de 40 anos de experiência em aconselhamento pastoral. No livro, o ministro constata que nos Estados Unidos as verdades pregadas pelas Escrituras Sagradas estão sendo substituídas, aos poucos, por ensinamentos mais alinhados com o mundo. Os efeitos dessa nova mentalidade, diz o pastor estadunidense, têm sido o crescimento desenfreado do pecado entre os cristãos.

O pastor, escritor e palestrante norte-americano Steve Gallagher, autor do livro Eu, a raiz do pecado, defende que, para haver uma transformação na vida do homem, o ego e o orgulho, que compõem a raiz de todo erro, precisam sofrer um golpe fatal
Foto: Divulgação

Essa literatura é norteada por algumas premissas centrais. O autor compara o interior do homem a um santuário, onde informações, opiniões e decisões são processadas. Porém, com a entrada do pecado no mundo, esse espaço sagrado foi corrompido e passou a ser governado por um tirano chamado Eu. Para Gallagher, a mistura tóxica de orgulho e ego cria uma “estufa” na qual os pecados de vários tipos podem se desenvolver. Diante desse cenário, o escritor defende que, para haver uma transformação na vida do homem, o ego e o orgulho, que compõem a raiz de todo erro, precisam sofrer um golpe fatal. Ele assevera que o orgulho merece um cuidado especial: Esse sentimento domina o mundo e, infelizmente, permanece sendo um grande desafio, mesmo para o mais comprometido cristão. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Experiências compartilhadas]

O Pr. Flávio Cosme dos Santos, líder da Igreja Presbiteriana Renovada em Nova Mutum (MT), concorda com essa analogia. De acordo com Santos, sem o devido controle, especialmente do Espírito Santo, ego e orgulho podem se estabelecer sobre a vida de qualquer pessoa. No entanto, o ministro esclarece que vencer essa situação se torna desafiador por representar, de fato, uma luta do ser humano contra a sua natureza. “Infelizmente, é difícil separar o homem de seu eu pecador.”

O Pr. Flávio Cosme dos Santos afirma que é desafiador travar essa luta contra a própria natureza: “Infelizmente, é difícil separar o homem de seu eu pecador”
Foto: Arquivo pessoal

Faces da mesma moeda – Já o psicanalista Wilton Joscel afirma que o eu é formado pelas relações entre pensamento, sentimento e comportamento, os quais, por sua vez, compõem a personalidade de cada indivíduo. Em contextos e situações em que é possível pensar e planejar as ações, as pessoas não se mostram por completo, demonstram apenas quem elas gostariam de ser. No entanto, em determinadas ocasiões, como momentos de estresse em eventos inesperados, suas reações tendem a ser mais instintivas e podem revelar o que o especialista chama de “verdadeiro eu”. “Na maior parte das vezes, as pessoas acabam se revelando por não conseguirem se organizar mentalmente antes de agir”, afirma Joscel, deixando claro que o ego e o orgulho são duas faces da mesma moeda. “Enquanto o primeiro está associado à vaidade e à autoafirmação, o segundo aponta para a autossatisfação”, explica.

Em sua obra, Steve Gallagher observa que os seres humanos tendem a apontar os outros como orgulhosos e egocêntricos, mas nunca fazem uma autoavaliação a fim de encarar a si mesmos. Para o psicanalista Joscel, esse comportamento é bastante comum, e ele o define como hipocrisia. “Isso acontece quando o indivíduo abomina nos outros as mesmas atitudes naturalizadas nele mesmo”, avalia o profissional, informando que esses elementos, por serem inerentes à configuração humana, não são facilmente extirpados da estrutura psíquica. Ele acrescenta ainda que todas as formas de orgulho podem gerar danos catastróficos. “Para lidar bem com esse sentimento, é preciso ser capaz de gerenciá-lo a partir da organização dos próprios pensamentos.”

O psicanalista Wilton Joscel deixa claro que o ego e o orgulho são duas faces da mesma moeda: “Enquanto o primeiro está associado à vaidade e à autoafirmação, o segundo aponta para a autossatisfação”
Foto: Arquivo pessoal

Já o Pr. Luís Rogério de Oliveira, auxiliar na Assembleia de Deus em Petrópolis (RJ), destaca que o orgulho se ramifica em vários braços, como a altivez, a arrogância e o narcisismo. “Movidas por esse sentimento e a fim de satisfazer o seu eu, as pessoas são capazes de agir sem respeitar a moral e a ética”, alerta, citando 1 João 2.16: Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.

O Pr. Luís Rogério de Oliveira destaca que o orgulho se ramifica em vários braços, como a altivez, a arrogância e o narcisismo: “Movidas por esse sentimento e a fim de satisfazer o seu eu, as pessoas são capazes de agir sem respeitar a moral e a ética”
Foto: Arquivo / AD Petrópolis

Oliveira também faz menção ao “orgulho espiritual” que atinge especialmente os religiosos, os quais tendem a se julgar mais santos e piedosos do que os outros. “Atualmente, ainda existem pessoas que se ufanam por suas práticas religiosas e por sua pretensa superioridade espiritual”, lamenta ele, apontando uma das parábolas de Jesus, na qual o Mestre critica um fariseu, que, à luz de seu ego religioso, coloca-se
em um patamar de santidade superior ao de um cobrador de impostos (Lucas 18.9-14). O pregador mostra que o texto bíblico demonstra qual deve ser a verdadeira postura de um servo de Deus: humildade em vez de orgulho. Digo-vos que este [o publicano] desceu justificado para sua casa, e não aquele [o fariseu]; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado (v.14).

O pastor e psicólogo Alberi de Souza Rodrigues afirma que é preciso se autoavaliar e reconhecer a incapacidade de mudar sozinho: “A humildade faz com que a pessoa, ao ter conhecimento de si mesma, admita que, sem Deus, ela não alcançará a mudança pretendida”
Foto: Arquivo pessoal

O pastor e psicólogo Alberi de Souza Rodrigues, da Igreja do Evangelho Quadrangular no bairro Santa Eugênia, em Nova Iguaçu (RJ), concorda com o Pr. Luís Rogério de Oliveira. De acordo com Rodrigues, é preciso se autoavaliar e reconhecer a incapacidade de mudar sozinho. “A humildade faz com que a pessoa, ao ter conhecimento de si mesma, admita que, sem Deus, ela não alcançará a mudança pretendida.”

Própria vontade – A Profª. Keles Firmina Rosa Soares, mestre em Educação, acrescenta que o orgulho, muitas vezes, nasce dentro do seio familiar. Ela ressalta que, desde cedo, diversos pais orientam os filhos a serem os melhores em tudo, estimulando a competitividade. Porém, a docente alerta que cabe aos adultos incentivarem os filhos a serem dedicados aos estudos e a outras tarefas. Porém, sem colocar sobre eles a obrigação de ocuparem uma posição superior em relação aos semelhantes. Keles Soares lembra que o excesso de competitividade pode gerar nos pequenos um espírito orgulhoso. Ainda de acordo com a mestra, as crianças tendem a refletir as características de seus responsáveis. “Pais orgulhosos criarão filhos orgulhosos. Nossa natureza pecaminosa vai querer estar sempre acima. E isso nos leva ao erro.”

A Profª. Keles Firmina Rosa Soares alerta: “Pais orgulhosos criarão filhos orgulhosos. Nossa natureza pecaminosa vai querer estar sempre acima. E isso nos leva ao erro”
Foto: Arquivo pessoal

Na opinião da educadora, esse sentimento impede a pessoa de reconhecer suas falhas. Para ilustrar essa afirmação, Soares cita Hamã, personagem bíblico mencionado no livro de Ester. Ela recorda que ele, por se achar superior aos judeus, queria promover um genocídio e eliminá-los (Ester 3.6). “Esse relato mostra que o orgulho é um pecado que leva o homem a cometer outros erros”, alerta Keles, frisando que o cristão não está totalmente livre das mazelas do orgulho e, por isso, vive uma constante luta entre o Espírito e a carne. Segundo ela, nessa guerra, se o eu estiver em evidência, a pessoa agirá conforme a própria vontade, criando uma barreira que impedirá o reinado de Cristo dentro dela. Esse é o ponto central da questão exposta por Steve Gallagher em seu livro, um tema atual e necessário, que precisa ser discutido pela Igreja do Senhor na pós-modernidade.

Experiências compartilhadas

Foto: Divulgação / Graça Editorial

Ainda na adolescência, Steve Gallagher se tornou dependente em pornografia. Entretanto, o pecado sexual, que começou como uma forma de diversão, passou a aprisioná-lo. Somente depois de conhecer Cristo, ele conseguiu se libertar dessa prática nefasta. Com base nessa superação, Gallagher fundou o Ministério Vida Pura e escreveu diversos livros sobre esse tema. Três deles foram lançados pela Graça Editorial. Confira:

Das profundezas do pecado sexualNessa obra, o autor conta em detalhes como Deus o libertou da dependência em pornografia, no qual esteve preso por 12 anos.

No altar da idolatria sexual – O livro é um estudo sobre compulsão sexual. Nele, Gallagher descortina a gravidade desse pecado, mostrando que
Jesus Cristo é a resposta para o problema.

Guia bíblico para o aconselhamento de compulsivos por sexo O escritor reúne os dados necessários àqueles que buscam a libertação de pessoas dominadas pelo pecado sexual. 

(Fonte: Graça Editorial)


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