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Teologia

The hands of a farmer close up pour a handful of wheat grains in a wheat field. Generative Ai

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Mordomos de Deus

Pastores e especialistas discutem a centralidade do dízimo e ensinam como devolvê-lo ao Senhor

Por Evandro Teixeira

A entrega do dízimo é uma ordenança bíblica e uma das formas de demonstrar fidelidade a Deus. Esse ato é mencionado, pela primeira vez, em Gênesis 14.20, quando Abraão entregou ao sacerdote Melquisedeque a décima parte de tudo o que tinha. A atitude do patriarca, por sua vez, sugere que essa prática era conhecida antes de ser instituída legalmente por Moisés, a fim de servir de sustento para os levitas, que não possuíam terras e se dedicavam exclusivamente ao serviço do culto no tabernáculo (Nm 18.19-24).

Na Bíblia, há diversas referências ao dízimo, à entrega da décima parte da renda, mas, entre tantas, a passagem de Malaquias 3.10 se tornou emblemática acerca do assunto: Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança.

Em seu livro Perguntas e respostas sobre o dízimo (Graça Editorial), o Missionário R. R. Soares explica por que essa contribuição é tão importante: Se o filho de Deus não for dizimista, jamais prosperará
Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

Ao tratar do tema em seu livro Perguntas e respostas sobre o dízimo (Graça Editorial), o Missionário R. R. Soares explica por que essa contribuição é tão importante. Se o filho de Deus não for dizimista, jamais prosperará, informa o autor, assinalando que, quando deixa de entregar o dízimo, o cristão desobedece ao Senhor e abre espaço para o diabo operar em sua vida. [No final da reportagem, o quadro Princípios eternos mostra que a ordenança referida pelo Missionário é reforçada nos livros de outros autores publicados pela Graça Editorial.]

Foto: Drobot Dean – Adobe Stock

O assunto ainda suscita divergências e dúvidas entre membros de diversas igrejas, como evidenciou um estudo realizado recentemente nos Estados Unidos pelo instituto Lifeway Research, empresa especializada em levantamentos voltados para o meio cristão. A pesquisa revelou que a maioria dos evangélicos (77%) considera que o dízimo é um mandamento bíblico. No entanto, os evangélicos entrevistados possuem opiniões variadas sobre como e onde entregar essa contribuição.

O pesquisador Scott McConnell, diretor-executivo do Lifeway Research, declarou: Acreditar que Deus deseja que você dê o dízimo e entregá-lo efetivamente são duas coisas diferentes. […] Conforme muitas exortações nas Escrituras, entregar suas finanças a Deus não é fácil na prática
Foto: Divulgação / Lifeway Research

A sondagem revelou que, embora a maioria dos fiéis acredite que o dízimo é bíblico, apenas metade (51%) doa 10% ou mais dos seus rendimentos à igreja que frequenta. Destes, 31% dão o dízimo (10%), e 19% doam mais do que esse percentual. A pesquisa também mostrou que mesmo quem trata o dízimo como uma obrigação mensal não faz essa contribuição todos os meses: 22% tentam, mas nem sempre conseguem ser fiéis a esse compromisso; 16% contribuem regularmente com um valor inferior ao dízimo, e 9% alegam que, por causa da situação financeira, não teriam como doar qualquer percentual. Acreditar que Deus deseja que você dê o dízimo e entregá-lo efetivamente são duas coisas diferentes. […] Conforme muitas exortações nas Escrituras, entregar suas finanças a Deus não é fácil na prática, declarou o pesquisador Scott McConnell, diretor-executivo do Lifeway Research, em texto publicado no portal da companhia.

A Pra. Ivone Dias da Silveira pontua que a entrega do dízimo sinaliza a gratidão pelas bênçãos recebidas: “O dízimo é sinal de nossa submissão, adoração e fidelidade ao Senhor em amor por tudo o que Ele nos fez”
Foto: Arquivo pessoal

Toda Escritura A Pra. Ivone Dias da Silveira, coordenadora e professora da Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade) no Rio de Janeiro, pontua que a entrega do dízimo sinaliza a gratidão pelas bênçãos recebidas. Citando Levítico 27.30 (Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores são do Senhor; santas são ao Senhor), ela assinala que esse ato representa uma devolução do que pertence a Deus: Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam (Sl 24.1).

Foto: Tatiana Prokopchuk / Gerado com IA / Adobe Stock

Apesar das referências bíblicas respaldarem o dízimo, certos cristãos teimam em dizer que o tempo de cumprimento dessa ordenança passou, pois vivemos na Nova Aliança. “É uma visão equivocada”, explica a  pastora Ivone, observando que a prática de devolver 10% da renda ao Senhor é um ato de obediência fundamentado nas Escrituras. “O dízimo é sinal de nossa submissão, adoração e fidelidade ao Senhor em amor por tudo o que Ele nos fez.”

O teólogo Joan Portela Teixeira diz que o cristão deve entregar a décima parte de sua renda ao Criador: “A obra do Senhor continua e deve ser feita pelo povo de Deus de forma sistemática, generosa e proporcional, como compromisso com o Reino do Pai celestial”
Foto: Arquivo pessoal

O teólogo Joan Portela Teixeira, pastor auxiliar na Assembleia de Deus em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), acrescenta que nenhuma passagem bíblica sugere a extinção do dízimo. Segundo ele, a exemplo de Abraão, o cristão deve entregar a décima parte de sua renda ao Criador. “A obra do Senhor continua e deve ser feita pelo povo de Deus de forma sistemática, generosa e proporcional, como compromisso com o Reino do Pai celestial.”

O ministro assembleiano ressalta que o Senhor Se importa com o coração do ofertante, pois, na Bíblia, ofertas foram rejeitadas pelo Altíssimo, porque não O honravam. “Deus quer que Seu servo saiba que tudo pertence a Ele. Pensamos ser donos, mas somos apenas mordomos. O Senhor deseja que confiemos nEle.”

O Pr. Marcelo Vial Ferreira enfatiza que o fato de o cristão não ser um dizimista fiel compromete a comunhão dele com o Criador: “Seria como servir ao Pai celestial pela metade, sem experimentar completamente Suas bênçãos”
Foto: Arquivo pessoal

Reino de Deus – O Pr. Marcelo Vial Ferreira, da Quarta Igreja Batista em Cardoso Moreira (RJ), enfatiza a advertência de Malaquias sobre a negligência na entrega do dízimo: Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação (Ml 3.8,9). Na visão de Ferreira, o fato de o cristão não ser um dizimista fiel compromete a comunhão dele com o Criador, pois contraria Mateus 6.33: Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. “Seria como servir ao Pai celestial pela metade, sem experimentar completamente Suas bênçãos.”

Há ainda quem tenha dúvidas sobre onde entregar o dízimo. De acordo com a pesquisa citada no início desta reportagem, a maioria (90%) dos crentes norte-americanos entende que o dízimo pode ser dado à igreja; 55% acreditam que o valor deve ser doado a um ministério cristão; 42% acham que é possível doá-lo a um indivíduo necessitado, 34% pensam que pode ser entregue em outra igreja e 25% considera justo doar o dízimo a uma instituição de caridade secular.

A Pra. Luciana Galdino de Moura afirma que é inapropriado a pessoa administrar o próprio dízimo e escolher como usá-lo: “Ele não nos pertence. Devemos entregá-lo cientes de que a nossa parte foi feita. Se quisermos ajudar trabalhos específicos, podemos fazer ofertas”
Foto: Arquivo pessoal

Porém, de acordo com a Pra. Luciana Galdino de Moura, da Igreja do Evangelho Quadrangular do Planalto, em Natal (RN), o cristão deve levar sua contribuição à comunidade evangélica da qual é membro. Para a ministra, é inapropriado a pessoa administrar o próprio dízimo e escolher como usá-lo. “Ele não nos pertence. Devemos entregá-lo cientes de que a nossa parte foi feita. Se quisermos ajudar trabalhos específicos, podemos fazer ofertas”, argumenta a pastora, explicando que, mesmo sendo apenas um frequentador assíduo de uma igreja, o indivíduo pode se tornar dizimista, se assim desejar e entender corretamente essa ordenança.

Na visão da ministra, o ensinamento sobre o dízimo começa na infância. “Pais e líderes devem explicar às crianças como ele funciona na prática”, destaca Luciana, citando suas lembranças pueris nos caminhos do Senhor: “Ainda pequena, eu me alegrava em contribuir com os dízimos e as ofertas da mesada que recebia dos meus pais”, recorda-se.

O Pr. Antonio Carlos de Brito Mendes lembra que o amor é o que deve sensibilizar o cristão a devolver o dízimo: “Ao fazer isso, o crente em Jesus demonstra que ama a Deus acima de todas as coisas, inclusive dos bens materiais”
Foto: Arquivo pessoal

Vivam do Evangelho Na visão do Pr. Antonio Carlos de Brito Mendes, da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Taguatinga Norte, em Taguatinga (DF), o amor é o que deve sensibilizar o cristão a devolver o dízimo. “Ao fazer isso, o crente em Jesus demostra que ama a Deus acima de todas as coisas, inclusive dos bens materiais”, pontua.

Mendes observa que Moisés ordenou que o dízimo serviria para o sustento dos levitas. O ministro esclarece que essa contribuição continua a ser investida na obra de Deus, inclusive para manter os pastores que trabalham em tempo integral, conforme registrado em 1 Coríntios 9.13,14: Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.

O Pr. Walquir Alves Moreira aponta que cabe ao cristão devolver o dízimo na igreja onde congrega, a fim de manter o ministério que o alimenta espiritualmente
Foto: Arquivo pessoal

Para o Pr. Walquir Alves Moreira, líder regional da Igreja da Graça em Bauru (SP), cabe ao cristão devolver o dízimo na igreja onde congrega, a fim de manter o ministério que o alimenta espiritualmente. De acordo com ele, não basta ser fiel a Deus apenas financeiramente. Nesse sentido, Jesus citou diversas vezes os doutores da Lei, que, mesmo fazendo suas contribuições, negligenciavam outras práticas importantes: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas (Mt 23.23).

O Pr. Diogo Bulhões de Morais alerta: “Quando se aproximam do Senhor desejando comprar favores, as pessoas deturpam essa prática. A Bíblia não ensina que podemos manipular o Criador com nossas ofertas”
Foto: Arquivo pessoal

O Pr. Diogo Bulhões de Morais, da IIGD no Centro de Anápolis (GO), concorda com Moreira e observa que essa prática deve se pautar na devoção e em contribuir voluntariamente para a obra do Senhor: “A Bíblia fala em dar com satisfação, não por nos sentirmos obrigados”, assinala Morais, citando 2 Coríntios 9.7: Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.

Segundo o líder, é preciso refutar a ideia de que se negocia com Deus ao entregar o dízimo. “Quando se aproximam do Senhor desejando comprar favores, as pessoas deturpam essa prática. A Bíblia não ensina que podemos manipular o Criador com nossas ofertas”, salienta Diogo Morais. Ele lembra que o Texto Sagrado enfatiza a motivação do doador. “Devolver essa quantia com a intenção errada enfraquece seu propósito espiritual”, conclui. 

Princípios eternos

Além do livro Perguntas e respostas sobre o dízimo, do Missionário R. R. Soares, citado no início desta reportagem, a Graça Editorial tem uma série de títulos sobre finanças. Seguem dois deles:

Foto: Divulgação / Graça Editorial

O retorno: como se beneficiar da lei da semeadura (Rick Thomas)A obra aponta princípios bíblicos que, se colocados em prática, possibilitam a realização de sonhos e a semeadura de frutos a serem colhidos perpetuamente. Alguns temas abordados no livro são: Os dez princípios da semeadura; As declarações que trazem abundância; A chave para produzir a cem por um; e O que fazer hoje para garantir uma colheita eterna.

Foto: Divulgação / Graça Editorial

Chaves bíblicas para a prosperidade financeira (Kenneth E. Hagin) O autor ensina que Deus deseja que Seu povo prospere financeiramente, pois deixou registradas na Palavra diversas chaves que possibilitam essa realização. Hagin afirma que, por ignorar tais princípios, muitos cristãos jamais experimentam a prosperidade como Deus preparou para eles.

(Fonte: Graça Editorial)


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