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Foto: Pexels / Rodnae Productions

Palavras e atitudes

Além de pregar o Evangelho, espera-se do crente em Jesus um comportamento exemplar, condizente com as Escrituras Sagradas

Por Evandro Teixeira

Oapóstolo Pedro escreve em sua primeira carta: Tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus […] pelas boas obras que em vós observem (1 Pe 2.12). Já o apóstolo Paulo, dirigindo-se aos cristãos de Corinto, destaca: Vós sois a nossa carta, […] conhecida e lida por todos os homens (2 Co 3.2). A Tito, o apóstolo recomenda: Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; […] para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós (Tt 2.7,8). Tais passagens – e muitas outras contidas na Palavra – demonstram a necessidade de o cristão ser uma testemunha de Jesus por meio de ações que demonstrem seu compromisso com Ele. Sendo assim, todas as instâncias de sua vida devem ser pautadas pelas Escrituras, de modo que aqueles que estão à sua volta sejam influenciados por seu bom testemunho, como diz Jesus no Evangelho de Mateus: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.16).

A Pra. Laís Bessa lembra que, guiado pelo Livro Santo, o crente em Cristo é levado a praticar os ensinamentos do Senhor em todas as esferas da existência: “amar o Eterno sobre todas as coisas” – Foto: Arquivo pessoal

Os princípios de Deus devem ser a bússola que orienta o cristão em todos os momentos, como pontua a Pra. Laís Bessa, líder da Igreja Metodista no Centro de Santa Maria Madalena (RJ), município do Norte Fluminense. A líder lembra que, guiado pelo Livro Santo, o crente em Cristo é levado a praticar os ensinamentos do Senhor em todas as esferas da existência. “Ser um bom servo significa amar o Eterno sobre todas as coisas.”

De fato, os Evangelhos deixam claro que o próprio Jesus ensinou que o maior de todos os mandamentos era amar a Deus acima de tudo e aos outros como a si mesmo (Mt 22.36-40). Por outro lado, o Mestre também frisou que, nos últimos tempos, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriaria (Mt 24.12). “Esse é o motivo de alguns deixarem de ser verdadeiros cristãos”, pondera o Pr. Milton Hideki Awane, líder regional da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Ponta Grossa (PR). Ele assinala que cabe a todo ministro do Evangelho pregar acerca dos princípios bíblicos relativos à moral e à ética da Palavra de uma forma clara e específica. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Transformação completa]

O Pr. Milton Hideki Awane assinala que cabe a todo ministro do Evangelho pregar acerca dos princípios bíblicos relativos à moral e à ética da Palavra de uma forma clara e específica – Foto: Arquivo Graça / Solmar Garcia

Jesus foi bastante direto em Seus ensinamentos sobre como o cristão deve se comportar diante do mundo. É o que Ele ordena em Mateus 7.12: Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. Anteriormente, no mesmo evangelho, Ele já havia exortado seus ouvintes com as seguintes palavras: Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus (Mt 5.20). Ele, aliás, explica esse princípio, lançando mão de vários exemplos cotidianos, um deles relacionado ao quinto mandamento (Não matarás, citado em Êxodo 20.13). De acordo com o Mestre, matar é pecado, mas quem se encoleriza contra seu irmão também está em falta perante o Senhor. Portanto, da mesma forma que não se deve tirar a vida do semelhante, não se pode guardar mágoa ou rancor de alguém (Mt 5.21-26).

O estudante Marcos Adriano da Silva Sebastião lembra: “Precisamos ter comunhão com o Senhor, ler a Bíblia, orar e participar dos cultos a fim de ter um comportamento mudado e moldado” – Foto: Arquivo pessoal

Comportamento oposto – O estudante Marcos Adriano da Silva Sebastião, 27 anos, obreiro da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em São Lourenço (MG), defende que, se alguém declara ser servo de Deus, deve esforçar-se para ter uma postura totalmente baseada na Palavra. “Precisamos ter comunhão com o Senhor, ler a Bíblia, orar e participar dos cultos a fim de ter um comportamento mudado e moldado.” Em sua opinião, o cristão necessita ter consciência de que, ao adotar um comportamento equivocado, não apenas ele será alvo de críticas, mas também o Nome de Jesus.

Marcos Sebastião se recorda de uma situação em que seu comportamento foi colocado à prova. A fim de fazer uma limpeza no quintal de sua casa, ele decidiu atear fogo em alguns materiais. No entanto, a fumaça incomodou sobremaneira um dos vizinhos, que, revoltado, chegou a xingá-lo. O homem esperava que o obreiro revidasse à altura, mas isso não aconteceu. Pelo contrário: o jovem apagou a fogueira e foi pedir desculpas ao vizinho que, surpreso e constrangido, acabou igualmente se desculpando pelos xingamentos. “Não podemos nos esquecer de que somos cristãos. Quando coisas assim ocorrem, corremos o risco de tomar atitudes equivocadas”, alerta.

O gerente de loja Agnelo Cardoso Silva afirma: “O verdadeiro cristão tem de atrair e influenciar as pessoas por meio de seu testemunho, não se envergonhando do Evangelho” – Foto: Arquivo pessoal

Desde a sua conversão, o gerente de loja Agnelo Cardoso Silva, 39 anos, da Igreja da Graça no bairro Buenos Aires, em Teresina (PI), mudou sua maneira de agir em relação aos colegas de trabalho. Transformou-se em uma pessoa tolerante e perdoadora. Certo dia, em conversa com um dos companheiros, ouviu algo que o deixou muito feliz. O colega enfatizou que Agnelo tinha, entre suas qualidades, não guardar mágoa das pessoas e continuar a tratá-las bem, mesmo depois de eventuais discussões de trabalho. “Foi bom ouvir isso, porque, antes da minha conversão, há nove anos, meu comportamento era o oposto”, frisa o gerente, acrescentando que amar a Deus em primeiro lugar fez dele uma pessoa melhor. “O verdadeiro cristão tem de atrair e influenciar as pessoas por meio de seu testemunho, não se envergonhando do Evangelho, e sim contagiando o mundo com sua submissão ao Altíssimo.”

Somente aquele que, de fato, passa pelo processo de transformação em Jesus consegue mudar efetivamente seu comportamento, defende o Pr. Raimundo Nonato Silva Viana, líder da Igreja da Graça onde Agnelo é membro. Segundo o ministro, uma vez que o homem aceita Cristo, arrependendo-se de uma vida de pecado, recebe a virtude para viver em santidade, priorizando a fé e iluminando o próximo com seu testemunho. Para o ministro, esse é o único meio de expressar a transformação gerada pelo poder de Deus.

O Pr. Raimundo Nonato Silva Viana pontua: “O bom cristão se esforça para abandonar o pecado e pede ajuda ao Senhor para, todos os dias, conseguir se manter no caminho estreito que conduz ao Eterno” – Foto: Arquivo pessoal

O pastor Raimundo observa que as questões morais acabam se destacando em termos de comportamento porque servem como base para mostrar reais mudanças de vida. Desse modo, em sua Igreja, o líder prioriza a aplicação de estudos bíblicos direcionados à moral, tendo Jesus Cristo como maior Exemplo. “O bom cristão se esforça para abandonar o pecado e pede ajuda ao Senhor para, todos os dias, conseguir se manter no caminho estreito que conduz ao Eterno”, pontua.

A psicóloga Elienai do Pinho Medeiros esclarece que a relação do humano com o divino não é linear e, em algumas situações, as atitudes de um cristão poderão ficar aquém do esperado: “O cristão deve buscar ser um servo de Deus melhor diariamente” – Foto: Arquivo pessoal

Conhecimento assimilado – Embora reconheça a importância de o cristão ter um comportamento moralmente exemplar, a psicóloga Elienai do Pinho Medeiros esclarece que a relação do humano com o divino não é linear. Sendo assim, em algumas situações, as atitudes de um cristão poderão ficar aquém do esperado. Porém, esse argumento, alerta ela, não deve ser usado como desculpa para justificar práticas antibíblicas. “Ciente disso, o cristão deve buscar ser um servo de Deus melhor diariamente”, pondera.

A psicóloga faz uma distinção entre duas relevantes palavras: ética e moral. A primeira se refere ao conjunto de normas e regras a serem seguidas. Já a segunda tem a ver com a parte da ética que é absorvida e se torna inerente ao comportamento humano. “Quando o servo de Deus não reflete de modo racional acerca das doutrinas bíblicas, ele se torna um cristão apenas ético”, observa a especialista. Ela esclarece que, dessa maneira, o conhecimento do que é certo pode até estar sendo assimilado intelectualmente, mas não a ponto de se refletir em atitudes.

A Pra. Fabiana da Silva Gomes lembra que muitos ainda são novos na fé, estão crescendo no conhecimento e não atingiram o nível de maturidade espiritual para a produção dos frutos esperados – Foto: Arquivo pessoal

A Pra. Fabiana da Silva Gomes, líder da Igreja da Graça no Leme, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), também destaca a dificuldade de certos irmãos agirem como cristãos exemplares. No entendimento dela, muitos ainda são novos na fé, estão crescendo no conhecimento e não atingiram o nível de maturidade espiritual para a produção dos frutos esperados.

Ela lembra que os irmãos da Igreja primitiva passaram a ser chamados de cristãos por realizarem as mesmas obras de Jesus. Embora não fossem perfeitos, eles serviam ao Mestre de todo o coração, conforme está descrito em Atos 11.26: E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. “Torna-se um real seguidor de Cristo aquele que, apesar das suas imperfeições, procura viver a Palavra. Aqueles que se dizem cristãos devem andar como Jesus andou. Isso irá despertar outros irmãos na fé os quais ainda não entenderam que foram chamados para experimentar uma nova vida”, conclui.

Transformação completa

Os termos ética e moral não aparecem na Bíblia, pois são oriundos da filosofia grega. Entretanto, as Escrituras Sagradas apresentam diversos ensinamentos que formam um conjunto de princípios éticos que devem ser seguidos por todas as pessoas. Cabe destacar, ainda, que, na perspectiva da Palavra, tais preceitos e sua aplicação têm características peculiares.

Em primeiro lugar, a fonte de toda a ética bíblica é ela mesma: Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra (2 Tm 3.16,17).

Em segundo lugar, o ser humano não é capaz, por si mesmo, de obedecer a todos os princípios éticos contidos na Bíblia. Somente pela pregação da própria Palavra de Deus e pela conversão a Cristo, ele tem o poder de obedecer a eles. Isso porque a conversão é uma mudança profunda, que o torna participante da própria essência do Criador, como declara o apóstolo Pedro (2 Pe 1.4): Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo.

Contudo, essa não é uma obra acabada: trata-se de um processo de transformação contínuo. Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18). A ética neotestamentária é, portanto, um reflexo terreno, observável, da conversão.

Por outro lado, cabe registrar que mesmo as ações baseadas na mais pura moral bíblica (boas obras) não são capazes de conduzir o homem à salvação. Afinal, elas são um resultado da redenção em Cristo, e não sua causa, como explica o apóstolo Paulo aos efésios: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus (Ef 2.8).

Entretanto, o servo fiel deve buscar, diligentemente, conhecer todos os princípios éticos e morais contidos na Bíblia assim como praticá-los em seu dia a dia. É o que assevera o autor da carta aos Hebreus: Orai por nós, porque confiamos que temos boa consciência, como aqueles que em tudo querem portar-se honestamente (Hb 13.18). Também é o conselho que o apóstolo João dá em sua terceira carta: Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus (3 Jo 1.11). (Élidi Miranda, citando a Bíblia Sagrada)


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