Vida Cristã | Revista Graça/Show da Fé
Medicina e Saúde – 271
01/02/2022
Carta do Pastor à ovelha – 273
01/04/2022
Medicina e Saúde – 271
01/02/2022
Carta do Pastor à ovelha – 273
01/04/2022

Setenta vezes sete

Foto: flynt / 123RF

Perdoar é um mandamento bíblico que alivia a alma e abençoa aqueles que o colocam em prática

Por Marcelo Santos

Oevangelho de Mateus retrata uma emblemática história. Jesus ensinava sobre o perdão quando o apóstolo Pedro questionou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete (Mt 18.21,22). Em outras palavras, o Mestre pretendia ensinar ao discípulo que, na vida cristã, não deve existir limites para perdoar. Portanto, essa passagem é uma das chaves para entender a importância do perdão.

Segundo o Dicionário Houaiss, perdão é o ato pelo qual uma pessoa é desobrigada de cumprir o que era de seu dever por quem competia exigi-lo. Não por acaso, o Missionário R. R. Soares, em uma das mensagens ministradas por meio de suas redes sociais, afirma que não cabe ao servo de Deus alimentar ódio por quem quer que seja: Sofremos até o prejuízo porque Deus nos recompensa. O que você quer? A recompensa do homem? Uma indenização por calúnia, injúria e difamação? Ou aquela recompensa que o Senhor lhe dará? Quando liberamos perdão a quem nos ofende, liberamos a vida do ofensor e a nossa de qualquer ressentimento.

Em seu livro As três palavras mais poderosas (Graça Editorial), o pastor e teólogo britânico Derek Prince (1915-2003) enfatiza a necessidade de o cristão praticar o perdão a fim de receber a plenitude das bênçãos divinas: Se não perdoarmos, o inimigo terá legalidade para agir contra nós, e sofreremos sérias consequências. No entanto, quando liberamos o perdão aos que nos causam mal, nossas orações ganham poder, e conseguimos anular qualquer impedimento para a cura, abrindo caminho para as bênçãos do Senhor em nossa vida.

O perdão é capaz de transformar vidas e recriar laços, deixando muitos incrédulos boquiabertos diante de seu poder restaurador. Alguns títulos distribuídos no Brasil pela Graça Filmes tratam de histórias assim. [Leia, ao final desta reportagem, o quadro Vidas que edificam]. Algumas dessas narrativas são casos reais, como o relato do pastor e advogado L., 46 anos, ministro auxiliar de uma igreja pentecostal da zona norte do Rio de Janeiro (RJ). Em 2011, ele descobriu que a esposa, A., hoje com 45 anos, tinha um relacionamento extraconjugal. “Foi uma situação arrasadora”, revela o pastor, relembrando que passou três dias sem dormir e sem comer assim que soube do que acontecera.

No entanto, após esse período, por intermédio do Espírito Santo, ele teve certeza de que a esposa estava arrependida e queria a restauração do casamento. “Sempre entendi que o perdão deveria ter um peso maior do que a vergonha ou do que qualquer transgressão.” Convicto de que aquela era a vontade de Deus para sua família, ele se dispôs a perdoar A., por amor a Deus, a ela e ao filho do casal, então com 11 anos. “Minha intenção era restaurá-la como mulher e preservar a integridade emocional do meu filho, para ele não ser impactado negativamente.”

Segundo L., sua convicção vinha de sua fé inabalável em tudo o que a Palavra diz a respeito do perdão. “A Bíblia não é somente o Livro Sagrado ou o fundamento teológico, mas a Palavra de Deus! O perdão é imperativo”, assegura, deixando claro, no entanto, que o caminho para obedecer às Escrituras não foi fácil. Na época, L. já estava no ministério pastoral, e a família vivia na casa anexa à igreja em que ele atuava como auxiliar.

Devido ao problema conjugal, ele foi afastado de suas funções, e, por isso, tiveram de deixar o imóvel. “Foi difícil e doloroso. Passamos noites em claro. Além do esposo traído, tive de ser o pastor dela”, ressalta. Ele confessa que foi penoso lidar com os olhares de reprovação e de desconfiança das pessoas. “Tive essa experiência: sofrer o impacto do preconceito, do afastamento, do isolamento. No entanto, o perdão nos conduziu a essa jornada de restauração emocional, afetiva, espiritual e conjugal”, pontua.

Passados mais de dez anos daquela experiência, o pastor e sua esposa não escondem o que viveram. Para ele, a história de restauração de sua família serve como ensinamento para pessoas que tenham enfrentado problemas semelhantes. “Esse foi o resultado de nossa luta. O pecado nos rouba a dignidade. O perdão nos devolve. Minha esposa foi restaurada. Meu filho foi protegido”, avalia. [Do editor: Achamos melhor não divulgar os nomes dos envolvidos para preservar a família e a igreja em questão]

A aposentada Maria Geralda Azevedo informa: “Quando entendi que deveria perdoar a ofensa e seguir adiante, minha vida melhorou. Fiquei curada e voltei a ser feliz” – Foto: Marcelo Santos

“Fiquei curada” – No entanto, nem todo perdão leva à restauração de relacionamentos. Contudo, perdoar uma ofensa é o único jeito de seguir adiante com o coração livre de sentimentos ruins e com a bênção de Deus. Foi o que aconteceu com a aposentada Maria Geralda Azevedo, 71 anos. Membro da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) em Ribeirão das Neves (MG), enfrentou uma situação que trouxe profunda dor ao seu coração. “Era muito amiga de uma vizinha, que me fazia várias confidências. Trabalhávamos juntas. Porém, certa ocasião, talvez influenciada por outras pessoas, ela começou a me acusar de espalhar coisas sobre sua vida”, relata a aposentada, a qual se sentiu imensamente triste e injustiçada com as acusações. “Chorei bastante. Nunca disse nada sobre ela a ninguém. Guardava todos os segredos. Porém, ela me acusou e cortou relações comigo”, lamenta-se.

Tamanha injustiça fez Maria Geralda entrar em depressão. Sentia-se cansada, em completo desânimo. Os efeitos do adoecimento da alma se refletiam no seu físico, e, com frequência, tinha palpitações no peito. Tentou conversar com a amiga e explicar que suas acusações eram infundadas. Desejava restaurar a amizade, entretanto a mulher estava decidida naquele rompimento. Maria Geralda procurou o pastor de sua Igreja, que a aconselhou a liberar perdão para amiga. “Quando entendi que deveria perdoar a ofensa e seguir adiante, minha vida melhorou. Fiquei curada e voltei a ser feliz”, informa.

A aposentada Ana Lúcia Ribeiro afirma: “Liberei o perdão com a intenção de pôr a Palavra de Deus em prática” – Foto: Marcelo Santos

Situação semelhante ocorreu com a também aposentada Ana Lúcia Ribeiro, 61 anos. Assim que conquistou o direito de parar de trabalhar, começou a vender produtos que ajudam no emagrecimento. “Eu tinha alguns sócios que não honraram os compromissos comigo. Sofri de insônia, angústia, ansiedade e pressão alta.” Convertida ao Evangelho desde 2018, na IIGD no bairro Cidade Antônio Estevão Carvalho, na zona leste da capital paulista, ela tomou a decisão de perdoar. “Liberei o perdão com a intenção de pôr a Palavra de Deus em prática.” Ao vencer aquele sentimento ruim que a dominava, Ana Lúcia vivenciou outros milagres. “Tenho um irmão que não falava comigo desde os 18 anos. Pedi perdão pelos problemas que tivemos. Hoje, temos nossa relação restaurada, graças a Deus”, alegra-se.

Cerne do Evangelho – O Pr. Fábio Luiz Joaquim da Silva, da Igreja da Graça em Sapopemba, na zona leste de São Paulo (SP), revela que, em seu ministério, já aconselhou pessoas nessa área diversas vezes. “Perdoar nunca é fácil e, quando envolve traição, é mais difícil ainda”, constata ele, ao recordar-se da história de um casal que atravessava uma gravíssima crise conjugal. “Os dois achavam que tinham casado errado. Não se perdoavam”, descreve.

O Pr. Fábio Luiz Joaquim da Silva constata: “Perdoar nunca é fácil e, quando envolve traição, é mais difícil ainda” – Arquivo Graça / Marcelo Santos

O pastor relata que eles foram ministrados por outro líder, o qual lançou mão da passagem de João 18.10, texto bíblico relativo ao momento em que Pedro corta a orelha do servo do sumo sacerdote Malco. De acordo com Fábio, aquele casal foi convidado a aplicar essa passagem em seu casamento da seguinte forma: ainda que ambos tivessem cometido muitos erros, Cristo era poderoso para acertar todas as suas atitudes equivocadas do passado. “Pedro cortou a orelha do servo do sumo sacerdote, e o Senhor corrigiu a falha da ação de Pedro. Cristo coloca as coisas no lugar”, informa o pregador, frisando que eles aceitaram aquela palavra, e tudo se resolveu. “Hoje, estão juntos e felizes.”

Por esse e outros exemplos, o ministro enfatiza que o perdão não é um sentimento, e sim uma decisão. “A pessoa que espera sentir alguma coisa para liberar o perdão nunca conseguirá fazê-lo. Perdoar é crer na Palavra. Mediante o que lemos a esse respeito na Bíblia, conseguimos perdoar. Não caminhamos pelo que sentimos, mas pelo que cremos”, ensina. Ele sublinha que o dever de perdoar está no cerne do Evangelho, conforme Mateus 6.14,15: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. “Tenho de procurar fazer o que gostaria que fizessem por mim. Se quero que o Senhor me perdoe, devo agir da mesma forma”, conclui.


Vidas que edificam

A Graça Filmes possui diversos títulos que trazem histórias emocionantes acerca do perdão. Confira alguns:

:: O preço maior
A história de Graham Staines (Aneesh Daniel)

:: Restaurados
(Eric Welch)

:: Eu te perdoo
(Christopher S. Clark e Patrick Henry Parker)

:: Virtudes da graça
(Tom Simes)

:: Trajetória de um campeão
(Judd Brannon)

:: Em busca da verdade
(Kevan Otto)

(Fonte: Graça Filmes)


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *