Entrevista | Revista Graça/Show da Fé
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Foto: Arquivo pessoal

Educação com propósito

Presidente da AECEP destaca a importância de formar uma geração com base nos princípios da Palavra de Deus

Por Patrícia Scott

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á 26 anos, a Associação de Escolas Cristãs de Educação Por Princípios (AECEP) nasceu para atender às demandas dos colégios cristãos: apoio para se estabelecerem e oferecerem aos alunos educação de qualidade embasada nos preceitos da Palavra. Atualmente, a organização conta com muitas instituições de ensino e inúmeros educadores associados na maioria dos estados brasileiros. “Todos engajados na visão de mobilizar escolas, famílias, igrejas e a comunidade para formar uma geração com caráter cristão e competência para edificar nações”, ressalta o mestre em liderança organizacional Roberto Rinaldi Jr., 67 anos, cofundador e presidente da AECEP. A instituição estrutura, organiza e compartilha conceitos e práticas pedagógicas e de gestão escolar com base na Abordagem Educacional por Princípios (AEP), um modelo educacional que tem como norte os ensinamentos da Bíblia. Nesta entrevista à Graça/Show da Fé, Rinaldi fala sobre os desafios e avanços da AECEP e do ensino religioso e faz um balanço da educação brasileira.

Quais são as principais frentes de trabalho em que a AECEP tem atuado?
Temos um acervo literário amplo sobre a AEP em português e treinamentos à distância que já formaram centenas de professores. Com nossos parceiros, fizemos ações missionárias em países da África e em regiões carentes do Brasil, alcançando milhares de crianças, e estabelecendo núcleos de transformação social. Há um contingente de milhares de alunos e educadores bem posicionados sobre princípios de vida e governo com base bíblica para resistir às mazelas de uma cultura relativista e secularizada.

E os principais desafios da organização na atualidade?
Inicialmente, fazer a AECEP ser compreendida como uma associação que promove uma abordagem educacional específica, comprometida com qualidade acadêmica, e não como uma instituição para educação religiosa. Depois, o desafio é a capacitação dos educadores participantes, uma vez que nossa filosofia e prática educacionais são muito distintas da formação pedagógica oferecida nas faculdades, que têm viés socialista e consumista. E, de forma continuada, atuar no engajamento das famílias para entenderem o valor dessa educação e participarem ativamente, como principais responsáveis pela formação de seus filhos.

Que balanço faz da educação no Brasil?
No sistema público, principalmente, vemos que o Estado assumiu essa responsabilidade, historicamente, orientado ao pragmatismo, à política e à ideologia, e não ao cultivo do desenvolvimento do indivíduo em sua plenitude. Há, ainda, o uso da educação para atender à agenda particular do governo dominante e perpetuá-lo. Tudo isso reduz o propósito e o alcance da educação. O Brasil gasta relativamente bem nessa área, porém esteve mais entretido em apresentar programas partidários e produzir estatísticas quantitativas. O padrão educacional é muito baixo no ensino básico em geral. Evoluímos a passos lentíssimos como nação. O professor é pouco valorizado. Essa cultura acaba permeando as faculdades de pedagogia que os formam. É um ciclo vicioso, que se desdobra nos indicadores nacionais vergonhosos da nossa educação.

O que precisa ser feito para que o Brasil tenha uma educação efetiva?
É preciso haver uma conscientização geral acerca da situação, sobre o que está errado com a nossa educação. Isso a partir das lideranças sociais, eclesiásticas e públicas, tendo interesse genuíno em desenvolver a próxima geração para o país que desejamos construir. A expectativa não pode estar só no governo. Deve ser responsabilidade, primeiramente das famílias, das igrejas e dos empresários. Não adianta estar escrito Ordem e Progresso na bandeira se não formamos um povo que pensa e age coerentemente com esse ideal. Sem a visualização do bem que desejamos e nos inspira – sem o entendimento das relações de causa e efeito que nos propiciam chegar lá –, não há mudança sustentável. No médio prazo, poderia começar pelas igrejas, que, no passado, eram as grandes responsáveis pela educação. Elas têm condições de entender a necessidade de investir na formação plena do indivíduo, para refletir a glória de Deus com boas obras. Como igrejas são feitas de famílias, estas seriam instruídas para assumirem sua responsabilidade na educação, diretamente junto às escolas de confiança e às próprias igrejas. Como o Brasil é predominantemente cristão, seria uma forma valiosa para iniciar o movimento pela mudança na qualidade e no propósito da educação.

Deve haver ensino religioso nas escolas em sua opinião?
Por definição, o Estado é laico. Como patrocinador do ensino público, não deveria haver um posicionamento religioso específico, embora mais de 85% de nossa população se declare cristã. A educação não é uma atividade destituída de base filosófica, pois todo conhecimento e o próprio educador estão apoiados em pressupostos que têm um cunho filosófico ou religioso. A família, como responsável primária pela educação dos filhos, deve assegurar que eles recebam educação integral coerente com seus valores e suas crenças, o que não pode ser garantido pelo Estado. Por outro lado, uma educação de cunho essencialmente acadêmico, físico ou social, sem uma base moral e espiritual, será sempre incompleta na formação do indivíduo.

Qual é a importância do ensino confessional?
Uma escola pública normalmente refletirá algo do sistema de governo vigente, que pode vir carregado de orientação e conteúdo ideológicos, não necessariamente partidários, mas frutos da cultura ou da linha filosófica predominante. Por isso, reconhecemos o direito constitucional da escola confessional. Recomendamos aos pais que busquem uma escola que tenha posicionamento coerente com seus valores e suas crenças.

Roberto Rinaldi Jr.
Mestre em Liderança Organizacional e presidente da AECEP


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