Entrevista | Revista Graça/Show da Fé
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04/03/2023
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30/03/2023
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Foto: Arquivo pessoal

Glória futura

À luz da Palavra, pastor ensina por que o cristão deve viver com os olhos na eternidade

Por Patrícia Scott

As Sagradas Escrituras deixam claro que existe vida após a morte e registram que os acontecimentos do futuro estão relacionados às escolhas que as pessoas realizam no plano terreno, como se decidem crer ou não em Cristo como Salvador. Para entender um pouco esse tema tão caro à fé cristã, Graça/Show da Fé conversou com o Rev. Jair de Almeida Júnior, 53 anos, professor de exegese de Novo Testamento no Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição, em São Paulo (SP).

Mestre em Novo Testamento pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e líder da Igreja Presbiteriana no Jardim da Glória, zona sul da capital paulista, Jair de Almeida lembra que a vida eterna deve balizar a existência do cristão, uma vez que o destino final dele é estar na presença do Senhor para sempre.

O pastor explica que, após morrer, o salvo em Cristo passa pelo estado intermediário da alma, habitando com Deus no Céu, enquanto o corpo é dissolvido na Terra. Nesse momento, esclarece o teólogo, o cristão aguarda a redenção completa – a ressurreição, que somente acontecerá no Último Dia. “Então, no estado intermediário, o crente é semelhante aos anjos, no sentido de ser espiritual, habitando no Reino de Deus”, acrescenta.

Casado com Adriana e pai de dois filhos – João Marcos (28) e Rebeca (24) –, nesta entrevista, Almeida Júnior explica o que a Bíblia ensina sobre a vida eterna.

Como o cristão deve compreender a salvação?

É estar com o Pai agora, para estar ao lado dEle por toda a eternidade. É viver com Deus e para Ele. O crente precisa entender que ser salvo pelo Senhor é o retorno a uma vida plena e de comunhão perfeita com o Criador. Ela começa parcialmente nesta vida, mas é intensificada rumo à perfeição no momento da morte e na ressurreição final.

É importante o crente em Jesus pensar sobre a vida eterna? Por quê?

Sim. É a beleza e glória dela que levam o cristão a não viver para este mundo, não buscar as coisas desta Terra. O apóstolo Paulo diz que o peso da glória que está preparada para nós é muito maior do que os sofrimentos do tempo presente [Rm 8.18]. Não há comparação entre a intensidade da glória futura com o sofrimento de agora. A glória é bem maior!

Sob essa perspectiva, de que maneira devemos viver?

O cristão deve olhar para este mundo com o desejo de morrer para ele e viver para Deus. O conhecimento acerca da vida eterna é indispensável para o desenvolvimento da consciência cristã. O próprio Jesus ensina a pedir que seja feita a vontade de Deus, assim na Terra como no Céu [Mt 6.10]. A vontade do Pai deve ser o foco do servo do Senhor.

Na eternidade, será possível reconhecer as pessoas?

Provavelmente, sim. O cristão terá a memória de todas as coisas desta Terra, mas isso não o impulsionará à tristeza. O homem perfeito tem a perspectiva da glória de Deus, e não dos apegos humanos. Todas as tristezas daqui enfatizarão a alegria da eternidade e mostrarão o valor da salvação em Jesus. No monte da transfiguração, Moisés e Elias apareceram [Mt 17.1-4]. Eles foram reconhecidos por Pedro, Tiago e João. Aqueles servos conservavam a identidade mesmo depois da morte. Isso mostra que haverá essa preservação da memória e das próprias identidades no novo Céu e na nova Terra. A parábola do rico e Lázaro reforça essa ideia [Lc 16.19-31]: o rico se lembra dos familiares e pede ao pai Abraão que mande Lázaro de volta para adverti-los, a fim de eles não terem o mesmo fim triste.

Como se dará a ressurreição dos salvos em Cristo?

Acontecerá no Grande Dia. Será o retorno ao mesmo corpo, com uma matéria incorruptível. Como aconteceu com Cristo quando Ele ressuscitou com uma matéria eterna, imortal. O corpo terreno não pode viver a eternidade. Portanto, a morte se tornou uma necessidade para a nossa salvação. O corpo precisa ser decomposto e refeito, no Último Dia, em matéria incorruptível.

De que maneira serão formados o novo Céu e a nova Terra?

Não há qualquer texto nas Escrituras Sagradas sugerindo que Deus fará uma nova criação. A Terra sofreu os efeitos da queda moral do homem, mas não o juízo, porque ela não peca. No entanto, é atingida pelos efeitos do juízo de Deus para os homens. Em Romanos 8.22, Paulo diz que a criação geme e suporta angústias, aguardando a redenção humana.

Todo mal será lançado no inferno, e assim a Terra voltará ao patamar inicial edênico. É a restauração. Não será uma simples funilaria. A criação original era muito diferente da atual: era perfeita!

Ocorrerá um desfazer para fazer, porém na mesma matéria desta criação. Não haverá um mundo que se tornará nada para que Deus comece a fazer novamente todas as coisas. Esta Terra será refeita e transformada em matéria eterna. Possivelmente, a Nova Jerusalém está sendo construída no Éden, que não foi destruído, mas separado para ser reintegrado à criação, ao modelo de perfeição, na volta de Jesus.

Como será a vida em meio a esta Terra restaurada?

Com uma comunhão perfeita. Imagine os homens agindo integrados, em rede, em uma sociedade onde seria impossível alguém fazer algo que possa causar dano, ainda que inconsciente, ao outro. Será uma ordem inimaginável. É o retorno a uma comunhão com Deus, onde todos viverão unidos no Senhor. Como diz Paulo em 1 Coríntios 15.28: Deus seja tudo em todos.

Jair de Almeida Júnior
Pastor, teólogo e professor

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