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Foto: Reprodução / Mittelrhein – Museum Koblenz

Confusões idiomáticas

Achados arqueológicos apontam a existência da Torre de Babel e o surgimento dos diferentes idiomas a partir de uma língua ancestral

Por Élidi Miranda*

No mundo, são falados hoje cerca de três mil idiomas. Porém, segundo a Bíblia, no princípio, a humanidade falava uma língua apenas (Gn 11.1). Contudo, um acontecimento mudou essa realidade. Diante da ambição dos homens de construir uma torre com um cume que tocasse os céus, Deus interveio, confundindo as línguas e dispersando os envolvidos no audacioso projeto: E o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua […] Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim, o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade (Gn 11.6-8).

Pesquisas têm apontado a existência de uma língua-mãe, comum a idiomas falados na Antiguidade na Europa e na Ásia: o proto-indo-europeu. Há também, na Arqueologia, diversos indícios de que a torre realmente existiu. Ela seria um zigurate, que é uma construção em forma piramidal, erguida em honra a alguma divindade. Muitas dessas construções já foram escavadas pelos arqueólogos na Antiga Mesopotâmia, atual Iraque.

O historiador Nick Iakovidis, da Universidade de Atenas,
na Grécia
Foto: Reprodução / Twitter

Em 1872, o famoso pesquisador do Museu Britânico George Smith (1840-1876) descobriu um tablete com inscrições cuneiformes sobre certo zigurate que, em lugar de agradar, havia irritado os deuses. Em uma noite, eles deitaram abaixo o que o homem havia construído e impediram o seu progresso. Eles [os construtores] foram espalhados, e sua língua se tornou estranha, diz o texto, segundo a tradução feita por Smith.

Sua versão foi confirmada pelo assiriólogo Samuel Noah Kramer (1897-1990), da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Depois de examinar cuidadosamente a inscrição, concluiu que o relato bíblico sobre a Torre de Babel tem uma fonte demonstrável na literatura cuneiforme. Em outro tablete, analisado pelo também assiriólogo Oliver Gurney (1911-2011), da Universidade de Oxford, no Reino Unido, lê-se que, no passado, havia harmonia entre os idiomas da Suméria, quando todo o universo, em uníssono, [adorava] a Enlil [um dos deuses sumérios relacionados à criação] em uma só língua.

Dois mil anos – Existem vestígios de inúmeros zigurates no Iraque, mas algum deles poderia ser a Torre de Babel? De acordo com o historiador Nick Iakovidis, da Universidade de Atenas, na Grécia, a resposta é sim. Ele acredita que, quando o autor de Gênesis fala em torre cujo cume toque nos céus (Gn 11.4), está, na verdade, informando o nome da edificação. Em outras palavras, o autor está mencionando o templo pelo nome real, destaca Iakovidis, em texto publicado no portal History of Yesterday.

O arqueólogo alemão Robert Koldewey (1855-1925) Foto: Reprodução / L. Jessen

Babel – origem do termo Babilônia – é, possivelmente, uma junção das palavras bab e ilu, que significam portal de Deus em uma antiga língua suméria. A palavra pode se referir à cidade que estava sendo construída paralelamente à torre (Gn 11.8). Porém, acima de tudo, Babel aparece no texto de Gênesis como uma referência à palavra hebraica bavel, que significa confusão (Gn 11.9).

Note-se que, em 1913, o arqueólogo alemão Robert Koldewey (1855-1925) encontrou as ruínas de um zigurate enorme na região da Antiga Mesopotâmia. Além dele, havia uma inscrição em pedra que registrava o nome do construtor: o rei babilônico Nabucodonosor, que governou entre 605 e 562 a. C.. O prédio se chamava Etemenanqui, que denota Casa da Fundação do Céu e da Terra. A relação com a torre cujo cume toque nos céus, citada em Gênesis 11.4,foi imediata. No entanto, havia um problema: o monarca citado vivera cerca de dois mil anos após o relato de Gênesis.

O geógrafo e arqueólogo Tom Meyer, professor de Estudos Bíblicos da Universidade Bíblica Shasta, na Califórnia (EUA) Foto: Divulgação

Em entrevista recente ao portal de notícias britânico Express, o geógrafo e arqueólogo Tom Meyer, professor de Estudos Bíblicos da Universidade Bíblica Shasta, na Califórnia (EUA), lembrou que, na verdade, Nabucodonosor não construiu, mas restaurou o Etemenanqui. Um registro histórico mostra que o exército de Senaqueribe, da Assíria, que invadira a Babilônia em 689 a.C., depois de saquear a cidade, destruiu completamente um templo chamado Etemenanqui. Outros registros sugerem que a mesma torre já fora reconstruída anteriormente, segundo Meyer. Hamurabi, que governou a Babilônia entre 1792 e 1750 a.C. (ou seja, mais de mil anos antes de Nabucodonosor), teria sido um dos restauradores daquele templo.

Embora ainda não seja possível provar a ligação direta entre o Etemenanqui e a torre de Gênesis, as evidências mostram que Babel realmente existiu e que as diversas línguas surgiram a partir dela. (*Com informações de canal Evidências, History of Yesterday e Express)


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