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Carta Viva – 256
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Perfil | Rozi Santos
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Em transformação
Pré-adolescência é uma fase que requer atenção especial da família e da Igreja
Por Patrícia Scott
Eles não são crianças nem adolescentes: estão em uma fase de transição. Vivem em uma avalanche de transformações no corpo e na mente, com o início da puberdade, a qual leva a uma série de conflitos emocionais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse estágio é chamado de pré-adolescência e vai dos 10 aos 14 anos. À semelhança dos pequenos, os pais nem sempre sabem como lidar com as novas questões que se apresentam. Para piorar, a companhia dos tutores já não é mais bem-vinda como antes. Os colegas passam a ter proeminência na vida dos filhos, pois os adolescentes sentem necessidade de ser aceitos por seus pares e pertencer a um grupo. “Nessa fase, há uma tendência a dar muita importância aos amigos. Ocorre um distanciamento dos pais, o que pode trazer desentendimentos, porque eles não aceitam esse afastamento e tentam forçar uma aproximação”, pontua a psicóloga Laryssa Cunha.
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Segundo a especialista, apesar dessa distância, o diálogo entre pais e filhos continua sendo fundamental nessa fase e deve continuar a existir. Para que o menor se sinta à vontade para conversar, é preciso que o adulto compreenda que ele está passando por mudanças e criando uma identidade própria. Ela ressalta ser válido o adulto usar o contato visual e demostrar ao filho que está perto para escutar e valorizar as suas experiências. “É importante não buscar o conflito e tentar se colocar no lugar da criança. Os pais precisam lembrar-se de que já passaram por essa etapa e do quanto ela foi difícil. É primordial que os responsáveis mostrem que estão ao lado do filho, não contra ele”, aconselha Cunha. [Leia, no final desta reportagem, o quadro Dicas para os pais]
Variações de humor, rebeldia e desinteresse pelos estudos podem se manifestar nesse período de metamorfose. Para a psicopedagoga Luciana Brittes, é fundamental identificar por que e com que frequência isso acontece. “Se a criança é ocasionalmente rebelde, agressiva, tudo bem. Faz parte do comportamento de indivíduos que estão entrando na pré-adolescência”, avalia a profissional. Por outro lado, ela alerta: se a rebeldia e a agressividade forem rotineiras, podem indicar um problema mais grave, por exemplo, o transtorno opositor desafiador, mais conhecido pela sigla (TOD). “Se for o caso, os pais devem procurar um especialista para definir o diagnóstico.”
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Para Luciana, se o problema da rebeldia interferir nos estudos – e não houver a presença de qualquer transtorno –, cabe aos pais auxiliar na organização dos trabalhos escolares. Ela indica a montagem de um cronograma de atividades, junto com o pré-adolescente, levando em conta as sugestões dele. “É preciso estipular horário e local para a realização das tarefas e estabelecer metas, seguindo os limites do menor, e variar as metodologias utilizadas”, recomenda a profissional, a qual sugere oferecer possibilidades de estudo com ferramentas tecnológicas, como aplicativos, e a realização de atividades mais lúdicas. “São exemplos de ações que farão com que o pré-adolescente volte a se sentir animado e estimulado a estudar”, garante.
“Orientação bíblica” – Na igreja, eles também buscam seu espaço, desejam ser vistos e reconhecidos. Não querem participar das atividades do departamento infantil, no entanto não estão suficientemente maduros para frequentar as reuniões dos adolescentes. Para suprir essa lacuna, a Igreja Batista Fontes, no bairro Jardim Independência, em Campinas (SP), desenvolve um trabalho com esse público. São 20 pessoas envolvidas no ministério, que contam com a participação de cerca de 100 pré-adolescentes. “Uma das principais atividades desenvolvidas é a Escola Bíblica. Também temos grupos de discipulado, semanalmente, além das programações quinzenais, como jogos, sorvetada e piquenique”, conta o Pr. Lucas Rathlef Lisboa, líder do ministério, o qual indica que há um grande desafio a ser vencido. “Alguns pais ficam decepcionados, pois esperam que eduquemos seus filhos. Entretanto, a orientação bíblica é que eles sejam os responsáveis. Somos colaboradores, não substitutos.”
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A parceria entre família e igreja é imprescindível também na opinião dos líderes regionais de pré-adolescentes da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), no centro de Três Corações (MG). Estefânia Barros e o marido, Emerson Antônio de Barros, lideram 70 pré-adolescentes da região. “É primordial os pais incentivarem seus filhos a participarem do projeto, de maneira que se mantenham firmes na fé e não se desviem dos caminhos do Senhor”, pondera Estefânia, a qual relata que, durante as atividades semanais do ministério, meninas e meninos são separados e encaminhados para dois grupos: Quartinho Rosa e Papo Reto Teen, respectivamente. “A cada encontro, desenvolvemos um tema diferente, inserindo dinâmicas, atividades, desafios, estudo bíblico, louvor e oração”, informa a líder, destacando a relevância de fazê-los crescer no Evangelho. “Entendemos que, se os pré-adolescentes forem instruídos a praticarem a Palavra, no futuro, serão bons obreiros, pastores, levitas, além de excelentes cidadãos.”
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Na visão do Pr. Joelson Lemos, superintendente da União de Adolescentes da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, em Porto Alegre (RS), todo investimento na pré-adolescência é um “gasto” a menos na fase adulta. “É fundamental tratá-los como adolescentes iniciais, franqueando, para cada um deles, a oportunidade de se desenvolver biológica, psicológica, social e espiritualmente.” Segundo Lemos, no momento, há cerca de mil pré-adolescentes cadastrados na união de adolescentes liderada por ele. “Desenvolvemos várias atividades, como o Dia da Princesa, o Dia do Guri, o Projeto Filhos de Issacar [nos moldes dos escoteiros] e o Devocional Teen, além da Escola Bíblica Dominical.”
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Conhecimento da Palavra – Negligenciar essa faixa etária e suas necessidades pode acarretar uma grande evasão de pré-adolescentes das igrejas. Para evitar isso, a sede estadual da IIGD em São Paulo tem dado atenção especial a eles. “Implementamos um canal de comunicação coerente com esse público sem infantilizá-lo e, ao mesmo tempo, criamos um elo de amizade entre eles e os mais velhos. Assim, estes, que já têm maturidade espiritual, discipulam os teens”, relata Kim Arés Stedten Ferreira, um dos coordenadores do departamento na sede estadual e na IIGD em Santo Amaro, na zona sul da capital paulista.
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No entendimento de Kim, esses menores são confrontados com argumentos, ideias e padrões de comportamento antibíblicos, e, para refutá-los, precisam conhecer o Texto Sagrado. “Nos cultos semanais, compartilhamos o Evangelho com mensagens temáticas, como ansiedade, perdão e crise de identidade. Utilizamos recursos visuais e sonoros, e eles têm a oportunidade de expressar seus pensamentos.”
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Na IIGD na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ), o departamento de pré-adolescentes , de igual modo, é muito atuante. “Precisamos fazê-los entender que são capazes, que podem avançar, com base na Palavra. Muitos são inseguros e ansiosos”, analisa Naiele Lyra da Conceição, uma das coordenadoras do ministério. Na visão dela, é necessário que esses pequenos saibam quem são em Cristo, quais os propósitos do Altíssimo para eles nos campos ministerial, profissional e sentimental. “É primordial investir neles, a fim de que o Senhor molde o caráter e o comportamento deles.” Além disso, para Naiele, é imprescindível eles “mergulharem” na presença do Pai celestial diariamente. “Assim, terão a fé alicerçada”, garante, deixando claro que, apesar de todas as mudanças e dificuldades, os pré-adolescentes encontrarão, na Palavra, a melhor estratégia para vencer os desafios desse período.
Dicas para os pais
:: Estejam próximos, pois, embora pareça que os pré-adolescentes querem distância, eles desejam manter alguma proximidade com seus responsáveis.
:: Demonstrem interesse e tentem ser mais participativos: descubram quem são seus melhores amigos, as músicas e os filmes preferidos, quais atletas, artistas e influenciadores digitais eles admiram.
:: Mantenham a conversa em dia.
:: Não minimizem os sentimentos deles. Para um adulto, as preocupações do pequeno podem parecer bobas, mas, como nessa idade os hormônios estão à flor da pele, tudo é vivido intensamente.
:: Brinquem com eles, pois ainda gostam de videogames e de jogos de tabuleiro. Há a possibilidade de fazerem atividade ao ar-livre ou investir em um hobby que possam praticar juntos. Isso fortalecerá os vínculos e a relação de confiança entre pais e filhos.
:: Criem uma rotina em parceria com eles. Isso faz com que pais e filhos se sintam seguros. As atividades, obrigações e os horários devem ser definidos.
(Fonte: Leiturinha e Extra)