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Foto: Jadon Bester / Peopleimages / Adobe Stock

De mãe para filho

Pesquisa aponta que ensinamentos maternos a respeito da fé cristã impactam os filhos até a vida adulta

Por Ana Cleide Pacheco

O texto de Provérbios 22.6 é taxativo: Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele. Entretanto, em um mundo cada vez mais conectado, no qual os dispositivos eletrônicos ditam comportamentos tão distantes dos padrões divinos, os pais cristãos ainda influenciam na formação de seus filhos? Segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, a resposta é sim.

A última edição do levantamento anual State of the Bible (Estado da Bíblia) mostrou: a maioria das crianças que crescem com mães cristãs permanecem crentes em Jesus quando se tornam adultas. O estudo da Sociedade Bíblica Americana (SBA), o qual não levou em conta a figura paterna, ouviu quase três mil pessoas nos 50 estados dos EUA. O inquérito revelou que 73% dos entrevistados seguiram a religião aprendida com as genitoras na infância.

Foto: JenkoAtaman / Adobe Stock

O trabalho evidenciou também o poder de atração exercido pela fé cristã entre pessoas que são criadas em lares não religiosos. De acordo com a análise, 32% dos interrogados que se desenvolveram sem qualquer crença religiosa, hoje, declaram-se cristãos. Em comparação, o percentual dos que foram instruídos por mulheres cristãs e se dizem, atualmente, não religiosos é menor: 19%. A história cristã está repleta de mães fiéis. A Bíblia conta que a fé de Timóteo foi influenciada por sua mãe, Eunice, e sua avó, Loide [2 Tm 1.5]. O bispo Agostinho [354-430] reconheceu as poderosas orações de sua mãe, Monica. Os reformadores John Wesley [1703-1791] e Charles Wesley [1707-1788] ficaram gratos pela orientação de sua mãe, Susanna. Esses são apenas alguns dos exemplos mais proeminentes. Milhões de outras histórias poderiam ser contadas, ainda hoje, destacou o relatório da SBA.

O Pr. Igor de Moura Cardoso, com a esposa, a pedagoga e intérprete de libras Djaine Maia Cardoso, e os filhos Levy e Natã, destaca: “As crianças têm os pais como espelho, pois eles dão início à formação do caráter, da personalidade e do comportamento delas”
Foto: Arquivo pessoal

Mesmo considerando que a pesquisa tenha sido realizada nos Estados Unidos, há quem defenda a tese de que, se ocorresse no Brasil, o resultado da sondagem seria semelhante. É o que pensa o Pr. Igor de Moura Cardoso, 43 anos, auxiliar na sede estadual da Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) no Rio de Janeiro. “As crianças têm os pais como espelho, pois eles dão início à formação do caráter, da personalidade e do comportamento delas”, destaca o ministro, citando como evidência as brincadeiras em que elas fingem ser adultas e imitam o que observam no contexto familiar. “Como pais cristãos, devemos instruir nossos filhos à luz da Bíblia, obedecendo a ela. Desse modo, nossas crianças serão adultos fiéis a Cristo.”

Esposa de Cardoso, a pedagoga e intérprete de libras Djaine Maia Cardoso, 41 anos, defende que as mães têm uma conexão maior com os filhos, e isso facilita a transmissão da fé e dos valores cristãos. “Acredito que, por causa dessa aproximação, a mulher tem liberdade de agir como líder espiritual de seus rebentos. Fui instruída desde pequena na Palavra e, hoje, faço o mesmo com meus filhos. Essa é nossa missão”, explica a mãe de Levy, 19 anos, e Natã, 14.

A pedagoga Tânia Barbara de Jesus Ramos diz que a fé ensinada às crianças precisa ser genuína: “Quando os pais são verdadeiramente convertidos, eles se tornam modelos a serem seguidos”
Foto: Arquivo pessoal

“Fruto da promessa” A pedagoga Tânia Barbara de Jesus Ramos, 63 anos, líder regional do ministério infantil da Igreja da Graça em Madureira, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), ressalva que a fé ensinada às crianças precisa ser genuína. Para ela, somente assim os pequeninos experimentarão o agir do Espírito Santo. “Quando os pais são verdadeiramente convertidos, eles se tornam modelos a serem seguidos”, comenta a especialista. Mencionando o versículo que abre a reportagem, Tânia Ramos destaca que as Escrituras orientam os responsáveis a educar os filhos no caminho – enquanto caminham com eles. “Portanto, pais convertidos educam durante essa jornada e, como consequência, colhem o fruto da promessa do Altíssimo.” A pedagoga acredita que, se houver algum desvio do Evangelho na maior idade, o Senhor cumprirá a promessa dEle, e a pessoa voltará, tal como aconteceu com Sansão. “No final, seja qual for o percurso, o destino é o Céu, o ajuste com Deus, o cumprimento do propósito dEle e Seu Nome sendo glorificado.”

No entanto, diante de uma sociedade cada vez mais digital, repleta de smartphones, tablets e notebooks, há quem vislumbre uma redução significativa da influência das mães sobre os pequeninos. Na opinião da administradora de empresas Kátia Vicentini Silva, 48 anos, para evitar que a tecnologia tome o lugar dos pais, as famílias precisam investir na formação religiosa das crianças. Membro da Igreja Batista do Povo, em Vila Mariana, zona sul de São Paulo (SP), e com vasta experiência no ministério infantil, ela acredita que os responsáveis podem ajudar os filhos a adquirir informações confiáveis e saudáveis sobre a fé. “Ao mesmo tempo, devem encorajá-los a buscar conhecimento e autonomia na formação de suas crenças”, opina.

A professora de natação e hidroginástica Priscila Amorim de Carvalho Venâncio salienta que existem dois modos de ensinar aos mais novos: o primeiro, é conversando; o segundo, por meio de atitudes
Foto: Arquivo pessoal

Já a professora de natação e hidroginástica Priscila Amorim de Carvalho Venâncio, 47 anos, salienta que existem dois modos de ensinar aos mais novos: o primeiro, é conversando; o segundo, por meio de atitudes. “Em nossa casa, separamos um momento diário para o ensino bíblico, e isso implica, muitas vezes, deixar de fazer outras atividades. É um tempo de qualidade, longe das redes sociais e dos celulares”, informa a docente, que é casada com o engenheiro civil Cristiano Joaquim Venâncio, 47 anos, e mãe de Drielli, 19, e Kevin, 16. Ela enfatiza que sempre utiliza a versão impressa da Bíblia, mas, de vez em quando, lança mão de aparelhos eletrônicos para assistir a um filme ou brincar com jogos bíblicos. “Também mostramos aos nossos filhos a maneira como vivemos. Eles nos observam, portanto estamos sempre lhes ensinando algo – positivo ou negativo”, compartilha Priscila, membro da Igreja Batista do Morumbi, zona oeste da capital paulista.

A psicopedagoga Lilian Cristina Lima Lopes dos Santos afirma: “Enquanto pais, e como parte da Igreja de Cristo, precisamos viver as verdades do Livro Sagrado, permitindo que ele nos transforme”
Foto: Arquivo pessoal

A psicopedagoga Lilian Cristina Lima Lopes dos Santos, 48 anos, dos quais 34 são dedicados ao ministério com crianças, concorda que o comportamento dos pais tem uma grande influência sobre a formação dos pequeninos. “Em João 8.32, lemos: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Enquanto pais, e como parte da Igreja de Cristo, precisamos viver as verdades do Livro Sagrado, permitindo que ele nos transforme”, ensina Lilian, ressaltando que o mundo tem oferecido muitas distrações, ideologias e crenças à nova geração. “Vivemos em uma guerra espiritual. Basicamente, o propósito das redes sociais é ‘colocar em rede’, ou seja, unir e conectar pessoas. Sendo assim, os pais devem ser parceiros dos filhos, estando atentos aos conteúdos acessados, alertando-os sobre os benefícios e os malefícios que estes proporcionam”, alerta a profissional, a qual congrega na Primeira Igreja Batista de Mesquita (RJ), na Baixada Fluminense.

A Profª Erika da Costa Pereira Rosa atesta: “O mundo tem andado na contramão do Reino de Deus. Por isso, as crianças necessitam ser orientadas biblicamente”
Foto: Arquivo pessoal

“Sem medo” Para a Profª Erika da Costa Pereira Rosa, 43 anos, as congregações precisam contribuir nesse processo. No ponto de vista dela, crianças e adolescentes devem perceber que a Igreja leva as necessidades deles a sério e que os líderes vivem o que pregam com integridade. “O mundo tem andado na contramão do Reino de Deus. Por isso, as crianças necessitam ser orientadas biblicamente, pois é nesse período, segundo especialistas, que se forma a base da personalidade. Então, o que lhes ensinamos se torna fundamento de ações, de comportamentos e de ideias”, atesta Erika, líder do ministério infantil da Igreja Evangélica Ministério Pisom, em Mesquita (RJ).

A especialista em comportamento humano Kátia Cristina Gonçalves Sampaio alerta: “A Igreja precisa se posicionar. É necessário olhar para os jovens, conversar na linguagem deles, abordando todos os assuntos, sem medo”
Foto: Arquivo pessoal

A especialista em comportamento humano Kátia Cristina Gonçalves Sampaio, 47 anos, está de acordo que o papel das igrejas é fundamental nestes tempos desafiadores para as famílias, mas alerta: “A Igreja precisa se posicionar. É necessário olhar para os jovens, conversar na linguagem deles, abordando todos os assuntos, sem medo”. Para Sampaio, ao fazer uma classificação hipotética dos principais temas que influenciam a juventude na atualidade, certamente a sexualidade estaria em primeiro lugar. Outras questões, sublinha ela, carecem de atenção e precisam ser abordadas tanto no ambiente eclesiástico quanto em casa. “A Igreja deve mostrar, à luz da Palavra, o certo. É um desafio, mas é necessário enfrentá-lo”, defende a profissional, que congrega na Primeira Igreja Batista do Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro (RJ). Kátia Sampaio lembra que é missão das comunidades de fé e dos pais promover o fortalecimento da identidade cristã genuína nas crianças, nos adolescentes e nos jovens. “Costumo dizer que identidade requer intimidade e afirmo que estamos lidando com uma geração que tem dúvidas acerca da sua própria identidade. Contudo, se ela tiver intimidade com o Senhor, tais questionamentos serão superados pela certeza de quem são em Cristo. E cabe às famílias, aos líderes e à Igreja levar os jovens a esse conhecimento”, conclui.

Foto: Liza5450 – Kieferpix / Adobe Stock

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